Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

31 outubro 2012

Currículo da Poli - engenharia elétrica

Como os leitores desse blog podem saber, a Poli está discutindo currículos de graduação. A proposta de flexibilização que mencionei foi aprovada em algumas instâncias. Aproveitando as mudanças curriculares, os diversos cursos dentro da engenharia elétrica querem unificar os currículos até o 3o ano, o que considero bom.

O problema é que cada departamento enxerga a unificação do currículo como uma oportunidade para introduzir as disciplinas lecionados por seus docentes para um número maior de alunos. A discussão já está demorando muito e foca exclusivamente conteúdos que os departamentos querem que sejam ensinados em sala de aula. Com isso, chegamos a uma proposta na qual o 2o e 3o ano tem mais de 28 créditos de aula por semestre, tendo sido eliminado o espaço para as disciplinas eletivas e os interessantes laboratórios de práticas de eletricidade, cursos focados em projetos dados aos alunos de 2o ano.

Hoje um professor disse que "os alunos da Poli não têm maturidade para tomar decisões, e por isso temos que fornecer currículos extensos e rígidos para eles". Disse o que quis, ouviu o que não quis. A verdade. E a verdade dói. Com isso, ganhei um inimigo, ou mais. Mas isso não vem ao caso.

O que quero pedir aos alunos e ex-alunos que me leem é que identifiquem das matérias na tabela abaixo as que mais necessitam ser removidas do currículo proposto. Notem que algumas são velhas conhecidas, enquanto outras são metástases de disciplinas desfuncionais. Em alguns casos o conteúdo é óbvio, em outros fica como lição tentar adivinhar exatamente. Para cada disciplina, as recomendações podem incluir "considere como fundamental para engenharia elétrica e deve ser ensinada nos 3 primeiros anos", "elimine do currículo", "pode virar optativa", "pode ser interessante para alunos de quarto ou quinto ano de alguma ênfase", ou outras recomendações.

As discussões estão tendo quase nenhuma participação estudantil - na verdade a 1a vez que vejo alunos foi hoje, porque eu estava dando uma prova na sala de computadores ao lado e alguns dos meus alunos vieram escutar e deram algumas opiniões. Então a opinião de alunos e ex-alunos é fundamental. Me respondam nos comentários por favor.

Notem que são 28 matérias se eu contei certo, portanto 4 semestres inteirinhos para serem comprimidos em 2 anos, nos quais ainda deveriam caber os assunto básicos como físicas e matemáticas, além de eletivas e disciplinas de projeto.


Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 5
Grupo 6
Eletromag.
Circuitos I
Intro. Eletrônica
Sistemas Digitais I
Sistemas e Sinais
Química
Ondas e Linhas
Circuitos II
Eletrônica I
Sistemas Digitais II
Controle
Energia Meio Amb.
Conversão
Lab. Circuitos I
Lab. Eletrônica I
Lab. Digital
Lab. Controle
Intro. Eng. Elétr.
Lab. Conversão
Lab. Circuitos II
Lab. Eletrônica II
Algor. e Estrut.
Intro. Redes e Com.
Res. Mat.

Variáveis Compl.

Lab. Programação

Fen. Transp.

Circuitos III




30 outubro 2012

Energy of hurricanes

According to the Wikipedia entry, the power of ONE cyclone is estimated at 10^15 Watts, that is to say, 200 times the electrical power generated worldwide.

Even if climate change produces a small number of extra hurricanes and typhoons a year, burning carbon fuels generates a lot more power in the form of hurricanes than in the form of electricity. An incredible form of leverage!

This mechanism would not work if it were true that humans cause hurricanes by allowing people of the same sex to marry, or that global warming is caused by Fernando Henrique Cardoso's neoliberal policies. These arguments may not be scientifically tenable but who knows?

28 outubro 2012

Vote cedo, e vote sempre

Votei 2 vezes hoje, então vou escrever sobre um assunto que aparece a cada eleição: no Brasil o voto é obrigatório. Assim diz a Constituição, e assim diz a tradição: se não fosse obrigatório, ninguém levava a sério. Votar é um direito, e também é um dever. Muito simples.

Não deixa de ser uma imposição, especialmente as punições para quem deixou de votar. Em geral reclama contra o voto obrigatório quem sabe não estar fazendo grande coisa pelo país, e procura alguma picuinha para culpar o país por sua pouca eficácia. Não somos forçados a votar em um candidato, nem outro, podemos anular o voto. Comparecer às urnas ocupa poucos minutos, justificar a ausência é fácil, e a multa em caso de não comparecimento é simbólica. Ou seja: o fardo para o cidadão é leve, não justifica maiores reclamações e muito menos uma emenda constitucional.

Mas a figura da multa é antipática. O voto é obrigatório mas o cidadão não precisa ser punido por não votar. Sem falar na visita ao cartório eleitoral, com funcionários pagos por nós para prestar um serviço indesejado, às vezes sem muita amabilidade. 

Um aperfeiçoamento que pode ser feito por regulamentação ou lei ordinária, sem mudança na Constituição, é o seguinte: quem não vota nem justifica a ausência fica isento de qualquer multa ou punição, bastando para isso que escreva de próprio punho uma carta endereçada à Justiça Eleitoral explicando o motivo de não ter votado. Qualquer explicação serve: doença, cansaço, viagem, desafeto ou ojeriza aos candidatos; protesto, bebedeira, ou pura preguiça; contanto que manuscrita e assinada. Isso dá ao eleitor a oportunidade de extravasar suas frustrações e exercitar as nobres artes da caligrafia epistolográfica. 

A Justiça Eleitoral deve arcar com as despesas de postagem  e até promover um concurso premiando as melhores justificativas. Vão ter o que fazer e se divertir. Por outro lado, prestigiando quem vota, o eleitor que comparece à urna ganha uma cocada, doce de goiaba, ou bananinha. Gera diversão, e emprego!

22 outubro 2012

Ameaças dos ministros

No programa politico hoje, o ministério da Dilma em peso ameaçando o eleitor paulistano de forma implícita mas pouco sutil: ou votam no PT, ou então o governo federal não manda dinheiro nenhum para S Paulo. Para quem prestou mais atenção nos detalhes, diversas contradições que não vale a pena enumerar. Mas o ponto principal ficou claro: ou votam no candidato afinado com o partido do governo federal, ou os impostos que o paulistano paga continuam sendo desviados exclusivamente para outros estados.

Parece propaganda de um candidato desesperado, não de alguém que lidera as pesquisas confortavelmente. Se o eleitor paulistano, tradicionalmente independente e orgulhoso, prestar alguma atenção às ameaças, Haddad perdeu as eleições no programa de hoje.

14 outubro 2012

Kleztival

Não esqueçam de ir ao 3o Festival de Música Klezmer, até 21 de outubro, em diversos locais da cidade. Links para o programa no site do Instituto de Música Judaica Brasil e no Guia da Folha. Na foto, Beny Zekhry tocando com Frank London dos Klezmatics e outros.

13 outubro 2012

Comentário no blog da Raquel Rolnik


Há tantos erros nesse artigo que talvez fosse mais fácil tentar achar os acertos. Mas vamos aos principais.

1 - A região mais central de S Paulo historicamente foi a que votou contra a ditadura, contra Jânio e contra Maluf. Isso não surpreende, porque as pessoas que tiveram oportunidade de estudar mais se defendem melhor da pressão das ideias reacionárias. O PT ganhou os votos na periferia, que tendia a votar nos candidatos mais à direita, pela força de suas ideias e simplificação da apresentação.

O artigo confunde esse ponto usando um conceito inadequado, de "voto anti-petista", o que se explica pelo usa da janela "histórica" curta de menos de 10 anos, somada ao uso rígido da dicotomia direita-esquerda, que não representa adequadamente o pensamento do eleitor.

2 - As sutilezas da variação da porcentagem de votos nos últimos 4 anos não indicam uma mudança secular do padrão de comportamento do eleitor, e são melhor explicadas como opções dependentes das qualidades dos candidatos. Em particular, Haddad é um candidato muito melhor que Marta Suplicy. Essa não é a minha opinião particular - fio a opção do Lula, um dos maiores entendidos em política brasileira!

3 - O fenômeno Russomanno foi uma "bolha" que estourou. Se a eleição tivesse sido alguns dias depois, ele teria ficado em 4o ou 5o lugar, talvez a velocidade da queda de intenção de voto. O fenômeno se explica pelo fato que muitos eleitores decidem na última hora e antes disso dizem qualquer nome que conhecem, e não tem maior significado quanto às grandes questões urbanas.

Acho que esses 3 são os principais erros. Agradeço a atenção.

11 outubro 2012

Inspeção veicular em S Paulo

Acabei de fazer a inspeção do meu Fiat do século passado (anno 1999) na Controlar. A inspeção veicular em S Paulo é rápida, eficiente, e barata. Bom trabalho da prefeitura de S Paulo. Comparação, em Massachusetts a inspeção anual é feita em postos de gasolina, e custa o dobro. Aqui foi necessário montar toda a estrutura das inspeções - acredito que os responsáveis avaliaram corretamente que a inspeção descentralizada feita em oficinas mecânicas já existentes não iria funcionar. O preço está bem razoável.

@sgoldbaum me indica que o contrato da empresa responsável pelo programa Controlar está sob investigação, que não é claro que o programa melhorou a qualidade do ar, e que há distorções no programa.

Capacidade técnica a empresa tem: agendamento e inspeção são eficientes. Nem todos os carros são cobertos, mas a qualidade do ar tem melhorado apesar do aumento do número de carros circulando. Para garantir isso a inspeção é indispensável, porque um carro irregular polui mais do que centenas ou milhares de carros com equipamento antipoluição adequado. O prefeito Kassab está certo em declarar que o programa beneficia a saúde do cidadão, conforme citado no artigo acima.

Quanto ao resto das acusações do Ministério Público, não sei. Boa parte são filigranas legais, que não interessam nem a mim nem ao cidadão comum, embora sirvam para gerar emprego para advogados e polemistas políticos. Contrato perfeito no Brasil não há, nem negócio público insuspeito. Os promotores que apresentem suas denúncias, os advogados da prefeitura que preparem contratos rigorosamente dentro da lei, o ministério público que investigue irregularidades, e os juízes que decidam - cada um faz seu trabalho. Uns defendem a saúde do cidadão, outros servem ao lobby dos automóveis, e outros só querem aparecer.

Como cidadão, o que me interessa é que no total geral o programa é bom e barato. 

09 outubro 2012

Partido do Kassab

O partido novo do Kassab é o grande vencedor das eleições: elegeu mais prefeitos do que o antigo pefelê teve na eleição anterior. Se bem que muitos são prefeitos de cidades pequenas, nunca antes na história desse país um partido cresceu tão rápido. Beneficiou-se do colapso do antigo partido, mas também do PMDB e do partido Verde. Os verdes estavam numa boa trajetória, mas as pininbas entre Penna e Marina fizeram o partido retroceder vários anos.

O prefeito paulistano avaliou corretamente que estava limitado pelas deficiências dos ex-arenistas, e fez um excelente trabalho político montando o novo partido. Continuamos sem saber qual necessidade do Brasil ou que demanda do eleitor esse novo partido atende, mas o fim do pefelê não vai me provocar lágrimas.

Infelizmente para isso Kassab se descuidou do emprego de prefeito. Exemplo: obras do largo da Batata pararam depois que o metrô ficou pronto. Metrô é caro, praça custa pouco, não há desculpa senão desleixo ou peior.

O eleitor paulistano avalia corretamente que seu funcionário descuidou do serviço nos últimos anos.

07 outubro 2012

A Bucha

Os presidentes do Brasil que estudaram na Faculdade de Direito de S Paulo foram, a maioria deles pelo menos, membros da Bucha, uma sociedade secreta quase tão antiga quanto a faculdade. A wikipedia diz até que a Bucha tem relação com a Skull & Bones, sociedade secreta de Yale da qual são membros os presidentes Bush pai e filho, mas essa afirmação não é substanciada.

Durante a ditadura Getúlio a Bucha entrou em completo segredo. Nunca mais se ouviu falar dela. O único presidente da Faculdade de Direito desde 1930 foi Jânio, que provavelmente não foi membro da sociedade secreta liberal.

Será que ela ainda existe? Será que o Haddad foi membro da Bucha, uma sociedade liberal? O que isso significaria para o Brazil? Absolutamente nada, mas daria um romance.

Nunca antes na história desse país....

Com a eleição de hoje, são 30 anos que eu voto para prefeitos, governadores, presidentes, senadores, deputados, e vereadores. A partir de 1982, a única eleição fajuta, de cartas marcadas, foi para presidente em 1985.

Nunca antes na história desse país um cidadão teve direito de eleger seus representantes por tanto tempo.

(Há algum exagero na frase acima: houve eleição de 1894 a 1926. Mas faz tanto tempo que se eu não escrevesse ninguém ia lembrar, e se eu não fizer a conta ninguém vai perceber que foram 33 anos. Ninguém fora o leitor do blog, digo ;-)

Votei em alguns políticos bons, outros nem tanto. Os constituintes do PMDB que elegi escreveram uma Constituição muito melhor que os meio político brasileiro. Graças a ela o estado de direito consegue se defender até agora das tentativas de subversão por políticos e juristas, algumas delas objeto de posts nesse blog que defende solitariamente nossos direitos constitucionais: abcd.

No total geral, estou satisfeito.

05 outubro 2012

Fallacy of the political commentator

American voters respond to the state of the economy. When unemployment is going down, support for the incumbent president increases. When unemployment increases, voters move towards the opposition.  There seems to be consensus about this fact, which is largely true for several other countries.

Now the way to measure unemployment is through the report on jobs which is published monthly. So far so good.

From this the professional commentators seem to have concluded that voters will change their opinion on a given date of the month, with basis on the fall of the jobless rate. The enormity of this fallacy is unbelievable. Homework: identify the Latin name of this erroneous mode of reasoning.

04 outubro 2012

Debate do Grêmio Politécnico

Debate sobre educação organizado pelo Grêmio Politécnico: vieram 2 dos 3 debatedores, e a audiência completa.


Debate sobre educação no Grêmio Politécnico. Presença do engenheiro que dá aulas, prof Piqueira da Poli, do diretor Aguiar do colégio Bandeirantes, e anfiteatro cheio de estudantes. Ausência ou atraso da filósofa Marilena Chauí. Debatedores presentes têm visão positiva e propositiva da educação no Brasil. Aguiar diz que se ficarmos entre Serra e Haddad temos propostas boas e honestas para ensino na cidade de S Paulo. Piqueira discorda e acha indispensável pagar melhor os professores, o resto das propostas interessa pouco. ENEM tem utilidade. Mas indefinição se avalia ensino ou seleciona alunos para faculdade causa confusão. Ensino médio especializa cedo demais por culpa do vestibular Fuvest e das exigências das burocras universitárias.