Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

26 janeiro 2018

Colegas da #USP - CUIDADO COM FISHING!

Acabei de receber email abaixo - cuidado! Não clique, os links são fraudulentos!

O problema é que o email engana bem - a linguagem, incluindo os gongorismos e erros gramaticais, são exatamente o tipo de coisa que costumamos receber da burocra da USP. Os criadores de malware estão de parabéns - mas não vire vítima!


Prezado(a) Uspiano(a)

A criação do Gabinete Paralelo da USP representa uma ferramenta a mais, para que a gestão reitoral da Universidade, a se iniciar no próximo dia 29 de janeiro, possa ser efetiva, ética e transparente. Divulgar o artigo (clique aqui para ler), cujo teor é autoexplicativo, representa serviço de utilidade pública para os uspianos. Solicita-se sua leitura, bem como sua atenção para a página fb.com/uspgabineteparalelo e o e-mail usp.gabineteparalelo@gmail.com, por meio do qual poderá ser: (i) feita inscrição para continuar a receber informações do Gabinete Paralelo; bem como (ii) transmitido, mesmo anonimamente, comportamentos e abusos éticos e jurídicos de autoridades da USP.

Afinal, é útil disseminar: (i) uma vez mais, o e-mail usp.poderdisciplinar@gmail.com, meio eficiente para receber informações sobre irregularidades e abusos no âmbito do exercício do poder disciplinar da USP (https://www.conjur.com.br/2017-out-12/olhar-economico-regime-disciplinar-usp-assunto-interesse-todos); e (ii) o artigo “A Universidade de São Paulo, os políticos e os salvadores da pátria”, Revista Eletrônica Conjur, 28 de dezembro de 2017 (https://www.conjur.com.br/2017-dez-28/olhar-economico-universidade-sao-paulo-politicos-salvadores-patria).

Atenciosamente,

Gabinete Paralelo da USP
http://fb.com/uspgabineteparalelo

Conversa com colegas sobre artigo bolivarianístico

Conversa no Facebook com colegas da Poli sobre o artigo de Mark Weisbrot no NYTimes. Escrevi 4 posts, colo aqui sem reproduzir os textos dos interlocutores, agora chega - voltou à otimização sem derivadas.

1 - O autor do artigo de opinião não é confiável. É só consultar artigos anteriores para verificar que ele erra (o que é normal, nenhum problema nisso), nunca reconhece erros, e continua dando opiniões semelhantes como se os erros anteriores nunca tivessem servido para aprender nada.

O NYTimes errou em dar espaço para uma voz não confiável. Um caso semelhante nos EUA foi a NPR entrevistar Stephen Moore recentemente, outra mercador de opiniões que nunca reconhece erros crassos após ser desmentido pelos fatos.

Talvez haja algo correto no artigo, mas minha recomendação é não analisar. Citando Millôr: "O perigo de uma meia verdade é você dizer exatamente a metade que é mentira".

2 - No caso do Weisbrot, até dá para especular que o think tank dele receba contratos bolivarianos. Mas é pura especulação: também é possível que o viés seja individual e idiossincrático.

A imprensa séria de maneira geral não recebe jabaculê. Existem veículos completamente aparelhados, partidários e não confiáveis, cujo número e influência cresceu bastante desde mais ou menos os anos 1990. Os mais fortes e viesados são de direita e extrema-direita, mas há para outros gostos.

3 - A imprensa estrangeira é fraca sobre o Brasil porque 1) O Brasil é meio periférico então de fato eles não investem muito e 2) Nós sabemos muito sobre o Brasil então qq reportagem de fora parece curta e superficial. De modo geral q imprensa de um país X parece pouco informada quando ao país Y para os conhecedores desse último - há exceções. Comentaristas sobre assuntos internacionais que tem uma noção do que falam são raros nos jornais brasileiros - existem mas são raros.

Na época em que eu conheci correspondentes do WSJ no Brasil eles eram muito bons. Acho que os que conheci foram todos demitidos, seja por excesso de competência, seja por não afinarem ideologicamente, seja por falta de $ do Journal mesmo....

4 - Me parece que você não compreendeu o conceito de "hearsay". O que não é admitido em tribunais anglo são afirmações do tipo "ouvi fulano dizer que sicrano teria ditou ou feito X". A razão para a não admissibilidade é que tais afirmações não foram feitas no tribunal; o autor teria que ser ouvido pela justiça.

É diferente do testemunho: "eu assinei, eu vi, eu recebi". Testemunho naturalmente é uma das provas mais fortes, a menos que a idoneidade do autor seja contestada - mentir em juízo é crime em si.

Não tenho certeza sobre a admissibilidade do "hearsay" na justiça brasileira; acho que não é 100% clara. Testemunho tem forte valor legal, claro, apesar da preferência da justiça brasileira por documentos escritos.

22 janeiro 2018

Ópera dos 3 bilhões de vinténs

D. Inácio do Oiapoque ao Chuí - A Ópera dos 3 bilhões de vinténs.

Um distante principado na América do Sul, no século IXI (é "ichi" mesmo, não 9, nem 10, nem 11).

Dona Marisa van de Silva, corajosa nobre neerlandesa, contralto.
Barão A. de B., riquíssimo potentado local, barítono.
Acadêmica Oiapoque, a filósofa-geral da República da Lodoméria, soprano.
Senhor Inácio, um plebeu, baixíssimo.
Juó Bananere, ajudante-de-ordens, tenor falsete.
Mercador O. de Brecha, o próprio Barão A. de B. disfarçado.
General O. de Brecha, comandante supremo da cavalaria, irmão do Barão A. de B, não canta, nem dança.
Infante Inacinho, filho de D. Marisa e D. Inácio, mudo.
7 militantes mascarados; coro dos sindicalistas; viúvas dos sindicalistas vivos; estudantes de dialética; soldados; beleguins; guarda bolivariana.
(Dom Ferdinando, o primeiro cidadão, nunca aparece.)

Ato 1,
Cena 1: Um palácio nas Laranjeiras.
7 militantes mascarados, liderados por D. Marisa, invadem a residência do Barão A. de B. Distribuindo livros doutrinários e cantando canções de protesto, conseguem persuadir os vigias a facilitarem a entrada na sala do tesouro, e saem com o cofre do Barão, que sem perceber nada, canta no chuveiro a ária "Rouba mas faz". No pátio do palácio, D. Marisa e os mascarados distribuem $ do cofre aos sindicalistas. Dança dos ducados de ouro. Enquanto os militantes fogem, o Barão sobe à sacada, enrolado numa toalha, e finge jurar vingança.

Cena 2: Um calabouço nas Geraes.
D. Marisa lamenta a traição de um dos seus companheiros e promete vingança. Jura que nunca se casará com um ignorante em dialética materialista. Recebe a visita da Acadêmica Oiapoque, que discorre sobre a Teoria da Relatividade dos Crimes. Ária "Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão".

Cena 3: O Pátio de uma Montadora na Borda do Campo.
Seu Inácio se lamenta dos sucessos políticos e amorosos do príncipe Ferdinando. Juó Bananere, um sindicalista, entra no escritório e traz a notícia da prisão de D. Marisa. Seu Inácio se compadece de D. Marisa e concebe um plano para resgatá-la. Juó Bananere é incumbido das tratativas. Brinde de 51. Ária "Si, Barone Costaverde".

Ato 2,
Cena 1: O Pátio de uma Montadora na Borda do Campo.
Seu Inácio beija as viúvas do sindicato, que contribuem suas joias para o resgate. O mercador O. de Brecha, que ninguém mais é do que o Barão A. de B. disfarçado, entra no escritório e se dispõe a ajudar. Seu Inácio se retira cantando "Nunca saberei de nada". O ajudante-de-ordens Juó Bananere e o mercador cantam o dueto "Lá meteremo as mano", em dialeto. O mercador leva o dinheiro para o General nas Laranjeiras, enquanto Seu Inácio se dirige às Geraes com os sindicalistas e os estudantes. D Marisa é libertada, sob aclamação geral ao herói da hora, Seu Inácio. D. Marisa se lembra da jura feita no cárcere.

Cena 2: A Sala Magna da Congregação da Faculdade da Margem Esquerda do Rio dos Jerivás, também conhecida como palácio de D. Ferdinando.
Seu Inácio tem aulas de dialética com a Acadêmica Oiapoque. No intervalo das aulas, ele lamenta a cultura de D. Ferdinando, seu rival. Os estudantes jogam truco. Coro "Ai Tatu! Tatuzinho! Me abre a garrafa, me dá um pouquinho". Nas Geraes, D. Marisa estuda ciência política. Chega a notícia de que D. Ferdinando foi enviado em uma missão francesa.

Cena 3: O Pátio de uma Montadora na Borda do Campo.
Os sindicalistas liderados por Seu Inácio e os soldados liderados pelo General O. de Brecha formam 2 filas para depositarem seus votos numa só urna. Quando a urna fica cheia, é jogada na água. Seu Inácio e o General (movendo os lábios sem cantar) se juntam no dueto "Quem for contra a democracia, eu prendo e arrebento", enquanto D. Marisa chega em silêncio. O Mercador se revela como Barão A. de B., irmão do General que inexplicavelmente tem o nome de família de seu pseudônimo, e declara apoiar Seu Inácio. O General remove a farda e veste o pijama. Coro "Quero que vocês me esqueçam nesse inverno".

Ato 3,
Cena 1: A Sala Magna da Congregação da Faculdade da Margem Esquerda do Rio dos Jerivás, também conhecida como palácio de D. Ferdinando.
O agora D. Inácio se prepara para a coroação. A Acadêmica Oiapoque canta a famosa ária "Quando ele fala, o mundo se ilumina". Os estudantes de dialética jogam uma mão de truco e tiram o casal maior. Juó Bananere oferece o brinde "Chateaux Domaine de la Grande Romanée-Conti Açu" ao casal maior. D. Marisa e D. Inácio são coroados rainha e rei.

Cena 2: Um palácio nas Laranjeiras.
Beleguins leem uma vasta lista de calúnias contra D. Inácio. O sindicalistas se movimentam contra o neo-liberalismo. D. Inácio acusa D. Ferdinando. O Infante Inacinho se exila, sob a proteção do Leão de Damasco, velho amigo da Acadêmica Oiapoque. D. Inácio se recolhe a Ibiúna e reflete sobre o poder enquanto bebe uma aguardente de poire. Juó Bananere bebe um caldo de cana. D Marisa das Pontes governa sozinha.

Cena 3: Uma escola de samba, que é o próprio calabouço nas Geraes, com o resto dos cenários misturados.
Continua a leitura das calúnias pelos beleguins, agora liderados por Juó Bananere. D. Marisa se recolhe à Ilha Porchat. O Baile da Ilha Porchat. D. Inácio percorre o país em um ônibus, enguiçado no pátio da montadora. D. Ferdinando, ausente, ministra aulas na Sorbonne. Os sindicalistas e os soldados formam filas para encher uma nova urna. O Infante Inacinho retorna de Damasco com a guarda bolivariana, composta por soldados, sindicalistas, estudantes, viúvas, e beleguins. Juó Bananere e a Guarda põem os beleguins remanescentes para correr e aclamam Inacinho imperador. É carnaval.

Saving some links

"Crowdfunded" journalism, Kremlin-style, goes full Protocols. http://www.unz.com/article/its-time-to-drop-the-jew-taboo/?utm_content=buffer22594&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer http://russia-insider.com/en/its-time-drop-jew-taboo/ri22186

Palestinian activists boycott women's march - not Jew-free. http://www.latimes.com/local/lanow/la-me-ln-palestinian-protest-20180120-story.html

@ggreenwald on the warpath against Bollywood. RT @mehdirhasan: Bollywood disgraces itself. Yet again. https://t.co/znNwGALNPb

12 janeiro 2018

Vai haver greve na USP em 2018?

Através de análise bayesiana dos acontecidos durante a último quarto de século, podemos afirmar com confiança maior que 95% que haverá greve na Filosofia da USP durante todo o mês de junho desse ano. É o que diz o histórico. O último ano de copa e eleição nacional sem greve longa foi 1998 - o da greve nacional dos petroleiros, que fracassou. Nos anos olímpicos, de eleição local, as greves são algo menos confiáveis. Note que a Copa que vai desbancar o Brasil do pódio da corrupção ludopédica vai de meados de junho a meados de julho.

Esse post é fornecido como serviço público, para professores e estudantes de unidades que seguem a liderança paredista da maior universidade do Brasil. A comunidade politécnica e de outras escolas tradicionais pode ignorar as greves ao fazer sua agenda.

Segue o histórico das greves na USP durante os 5 lustros recentes.
Greve USP 2016: 12 maio - 19 julho, 67 dias.
Greve USP 2014: 27 maio - 19 setembro, 119 dias.
Greve USP 2012: estudantil, extemporânea, durante as férias de verão 2011-2012.
Greve USP 2010: 5 maio - 31 junho, 57 dias.
Greve USP 2009: 5 maio - 31 junho, 57 dias.
Greve USP 2007: (estudantil, extemporânea) 3 maio - 22 junho, 51 dias.
Greve USP 2006: 8 junho - 3 julho, 23 dias.
Greve USP 2004: 27 maio - 27 julho, 2 meses.
Greve USP 2002: 29 abril - 15 agosto, 106 dias.
Greve USP 2000: abril - junho, 54 dias.
Greve USP 1998: junho, muito curta.
Greve USP 1996: 3 junho - 17 junho, 2 semanas.
Greve USP 1994: 10 maio em diante, mais de 1 mês, 37 dias.
Mais info.

(Correção: a versão anterior desse post omitiu referência à greve de 2009, importante por ter sido uma das poucas greves em ano ímpar e por ter sido pretexto para a aplicação de censura pela reitoria.)

Antes de 1994 os dados escasseiam - os jornais não estavam na internet, e o Boletim Adusp número 1 é de julho de 1994. A pesquisa exigiria mais tempo, os dados abaixo são parciais.

Greve USP 1988: 58 dias. A grande greve. Entre 1987 e 1988 havia greve toda hora.