Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

13 julho 2007

Perseguição stalinista anti-corintiana

Procuradores da república tomam partido da KGB em sua perseguição contra o dono do Corinthians. Decretam prisão do asilado político Berezovski e de seu laranja Kia, seguindo acusações dos policiais da KGB que hoje dominam o Kremlin. Enquanto isso, centenas de peemedebistas e outros ladrões continuam soltos no congresso. Leiam a notícia na Folha de S. Paulo (exige assinatura) ou no Estadão:

http://www.estadao.com.br/esportes/futebol/noticias/2007/jul/12/180.htm

Veja também a defesa dos acusados para os jornais ingleses:

Russia moved closer to getting its hands on President Vladimir Putin's arch foe, Boris Berezovsky, yesterday after a Brazilian judge issued a warrant for the London-based billionaire's arrest on money laundering charges. (...) Mr Berezovsky swiftly denied the allegations.

"I have no doubt that the Brazilian story is an extension of the Kremlin's politicised campaign against me," he said.

Carta à Folha de S. Paulo

Prezados,

O argumento apresentado no artigo "A disfuncionalidade da universidade pública" pelo Prof Dagnino é contraditório e usa dados falsos.

Segundo o autor, "a universidade acompanha uma tendência mundial em que 70% do gasto em pesquisa é privado (deste, 70% é realizado por multinacionais)". Essa afirmação é errônea. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 60% dos fundos para pesquisa realizada em universidades vêm do governo federal (dados obtidos no documento National Patterns of R&D Resources: 2004 Data Update, NSF 06-327 | September 2006, disponível em http://www.nsf.gov/statistics/nsf06327/). No Brasil a fração dos fundos de pesquisa provenientes de fontes governamentais é muito maior.

Porém, caso fosse verdadeira, a afirmação feita pelo autor serviria para contradizer o argumento principal do artigo, que pode ser resumido usando suas próprias palavras:

"a universidade periférica não serve nem à elite econômica e política, que a ocupa e controla, nem ao que se vem chamando de movimentos sociais (...) "disfuncionalidade", que se traduz no fato de as empresas hoje pouco demandarem conhecimento localmente produzido..."

As duas afirmações centrais do artigo, que 1) a universidade não serve aos interesses do setor privado; e 2) é o setor privado que financia a pesquisa na universidade, estão em flagrante contradição. Adicionalmente, a afirmação de que estamos numa "economia que cresce sem empregar" é falsa, como sabem os leitores do noticiário econômico dessa Folha.

Numa coisa o autor tem porém razão: as "elites" que se interessam pela manutenção do modelo de universidade pública vigente são mesmo os burocratas encastelados em seus feudos departamentais. A exemplo do Dr Dagnino, esses intelectuais se acomodam em repetir disparates evidentes em jargão pseudomarxista, em lugar de se dedicar ao trabalho sério de realizar estudos que tenham relevância para o progresso da ciência ou para o povo brasileiro.

Sinceramente,

Felipe Pait
R Paulistânia 520-131
05440-001 S Paulo SP
3813-4946

03 julho 2007

Proposta de regimento de pós-graduação da USP

Recebi de um colega a proposta da pró-reitoria de pós-graduação para o novo regimento da USP para a pós-graduação, documento que já foi discutido em uma primeira reunião na CPG/EPUSP. Abaixo segue uma mensagem que enviei aos colegas sobre o assunto. A proposta me parece absolutamente desastrosa. Embora esse tipo de literatura não seja exatamente do meu agrado, estou achando bom levantar o assunto porque imagino que muitos colegas tenham uma opinião parecida com a minha. Então ponho no blog. A proposta mesmo não diz nada que mereça uma leitura mais demorada, o que ela não diz é o mais esclarecedor.


Prezados,

A proposta omite vários aspectos fundamentais, dos quais vou dar quatro exemplos.

1 - Idioma. A proposta aparentemente reconhece a importância do intercâmbio internacional, assunto do Capítulo 3 Título 5. Um obstáculo à cooperação internacional é o idioma da redação de teses e dissertações. A maioria das universidades bem sucedidas internacionalmente têm tendido à flexibilização nesse ponto. Os argumentos contra a aceitação de outras línguas são quase todos irrelevantes, e o maior cuidado deve ser aceitar apenas línguas que não diminuam significativamente o universo de pesquisadores habilitados a avaliar as contribuições. Proponho a seguinte redação:

"Serão aceitas teses e dissertações nas quatro línguas mais difundidas nos meios acadêmicos do continente americano, a saber, português, inglês, espanhol, e francês. Quando apropriado serão aceitas também nas línguas indígenas nativas do Brasil."

A segunda frase me parece o mínimo absoluto que a pós-graduação da USP pode fazer pela inclusão de membros de etnias que têm difícil acesso à universidade. As exigências de que o candidato "estrangeiro" demonstre proficiência em português e de que as teses em dupla titulação sejam redigidas em português são especialmente disparatadas.


2 - Procedimento para queixas e solução de disputas. A proposta não contempla um procedimento oficial para queixas e solução de problemas. Devemos lembrar que na pós graduação o poder dos orientadores sobre os estudantes é quase absoluto. Em raros casos ocorre a percepção de que há abuso desse poder. Não imagino que as queixas seriam freqüentes, mas a simples possibilidade de recurso a uma "ouvidoria" iria contribuir muito para que o sistema seja visto como imparcial e justo por todos os integrantes, o que atualmente não é o caso.


3 - Liberdade de expressão. Não há no documento nenhuma menção à liberdade de expressão, que é o valor principal da academia. Talvez para alguns colegas nas áreas científicas e de engenharia esse conceito possa parecer remoto, porém existem muitos relatos de trabalhos de pós-graduação que foram prejudicados por contrariarem os dogmas vigentes em um ou outro departamento ou subárea do conhecimento. Formalmente acho que esses casos seriam discutidos em uma ouvidoria como a mencionada acima, mas é absolutamente indispensável que a regimento da pós-graduação afirme o comprometimento do programa com a autonomia da investigação acadêmica.


4 - Integridade e ética. O regimento tem que conter um compromisso com a integridade e ética na investigação científica, repudiando o plágio, a coação das investigações, experimentos anti-éticos com seres humanos, entre outros pontos. O silêncio da proposta de regimento em relação à ética é ensurdecedor.


Talvez o maior problema com o regimento proposto é que ele mantém e aprofunda o sistema de órgãos, conselhos, colegiados, comissões, e outras estruturas burocráticas embricadas com funções semelhantes. Isso leva a procedimentos pouco ágeis que emperram o trabalho intelectual, e cria para o corpo docente tarefas e reuniões pouco profícuas. Tanto no conteúdo como na forma da redação, o documento se aprofunda em engendrar instâncias burocráticas, em lugar de estabelecer uma base administrativa para o desenvolvimento intelectual. Para aqueles, que como quase todos os colegas que conheço, acreditam que a excessiva burocratização dos diplomas regimentais é o maior óbice estatutário à consecução das atividades-fim da universidade, a proposta vai se mostrar como um enorme passo para trás.


Para terminar, na linguagem acadêmica corrente as palavras "tese" e "dissertação" são usadas intercambiavelmente. A distinção entre "dissertação de mestrado" e "tese de doutorado" (ou seria o oposto?) é pedante. Adicionalmente, o índice nas páginas I a V está completamente errado.

Sinceramente,

F Pait


Who might have guessed that on 2 Jul 2007, around 10:03 AM, Roberto Moura Sales would write:

Prezados Professores do PTC,

O arquivo anexo contém a proposta da pró-reitoria de pós-graduação para o novo regimento da USP para a pós-graduação.
Este documento já foi discutido em uma primeira reunião na CPG/EPUSP. Vários pontos foram levantados e
serão levados pelo Prof. Paulo Miyagi nas próximas reuniões do Conselho de Pós-Graduação.

Solicito que me enviem seus comentários. A próxima reunião da CPG/EPUSP será no dia 20/08.

Roberto Moura Sales.