Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

21 maio 2016

Imprensa aparelhada na Rússia e na China

A máquina de propaganda russa parece bem ineficiente. Seu foco é internacional - a imprensa interna é quase toda controlada e coagida pelo governo. A audiência internacional que assiste ou lê matérias da RT e veículos aparentados é um traço. No Brasil devem ser as caixas de ressonância da imprensa aparelhada nacional, mas o número é tão pequeno que nem dá para fazer estatística. Segundo quem conhece, o objetivo da máquina de propaganda russa é desembolsar recursos - a propaganda em si é só um pretexto.

Já o "Fifty Cent Party" chinês tem como objetivo principal espalhar boas notícias que enalteçam o Partido Comunista. O debate com os críticos e agressões a governos estrangeiros é de menor importância. Parece que o sistema chinês é maior e mais bem sucedido, ou ao menos mais eficiente na produção de matérias. Informações sobre audiência não são facilmente disponíveis.

A mídia aparelhada brasileira é um pouco diferente. Não duvido que um dos objetivos principais seja "desembolsar para embolsar", como na Rússia. Ma so objetivo principal é interno, como na China. Ela dedica mais esforços a atacar os adversários, a jogar excremento em todas as direções para dificultar a localização da sujeira, e subsidiariamente à construção de narrativas falsas e positivas para o Partido. Como ficará a mídia aparelhada com a mudança do governo? Ainda é cedo para ver as consequências.

04 maio 2016

Fim da liberdade acadêmica na USP?

A reitoria da USP encaminhou aos professores uma proposta de regimento tendente a restringir a liberdade de investigação e opinião na universidade. O ponto que pode ter consequências absolutamente desastrosas para a universidade é Artigo 201 do Regimento Geral:
"Artigo 201 – A permanência em um determinado regime de trabalho não é definitiva, podendo o docente, a qualquer tempo, por decisão prévia do Conselho do Departamento, ouvido o CTA, com anuência da CERT, ser transferido de um regime de trabalho para outro." 
Essa redação dá para os conselhos e comissões, entre outros poderes, o de transferir um docente de tempo integral para turno completo, o que significa na prática que a universidade obriga o docente a buscar outro emprego e corta o apoio a seu trabalho de pesquisa. Não havendo limitação no regulamento, esse poder pode ser usado para excluir da vida intelectual e científica alguém cujas opiniões ou linhas de pesquisa sejam divergentes das dos conselhos e comissões.

Podemos conceder o benefício da dúvida aos autores da proposta, e assumir que não foi essa a intenção do trecho. Acredito sim que a intenção de toda o processo foi apenas redigir um estatuto detalhista e gerar papel, justificando a carga burocrática dos autores e aumentando-a para todos os demais docentes, e que os redatores da proposta não analisaram o conteúdo do documento nem perceberam suas implicações. Mesmo assim a ameaça é grave.

Indo direto ao ponto: o poder concedido pelo artigo cita é contrário à liberdade de pesquisa e opinião. Acredito que não será fácil exercer pressões através desse artigo, mas sua mera existência é uma ameaça à vida intelectual e científica dentro da universidade. É indispensável retirar esse artigo da proposta em discussão.

02 maio 2016

Voltando ao ensino na Poli

Parece que estamos enfrentando uma emergência. Correm os boatos de que alguma comissão, ninguém sabe exatamente precisar qual, vai dar um jeito de obrigar todos os cursos a oferecerem pacotes fechados no 5o ano, sem possibilidade de eletivas ou alternativas.

Isso é contrário a tudo que foi discutido e aprovado pela Escola Politécnica como um todo, mas "parece" que é do interesse de certos caciques, que através dos currículos fechados mantém seu poder de distribuir carga didática sem ter a preocupação com o futuro profissional dos estudantes. Isso já aconteceu dentro da engenharia elétrica, onde uma proposta originalmente positiva foi deturpada, resultando um um currículo rígido, inchado, e ultrapassado.

Escrevi para os colegas que me contaram isso as frases abaixo, mas não enviei a mensagem:

Parece um golpe. Não foi isso que foi aprovado pela congregação. "Parece" que alguma comissão está dando um jeito de fazer valer a preferência dos canalhas em cima dos interesses dos alunos. Não sei como se poderia fazer para evitar esse desastre, e também não sei se vale a pena fazer parte de uma organização onde os mais canalhas conseguem impor sua vontade por meio de subterfúgios, sem discussão nem oposição.
Não sei como proceder. Talvez seja o caso de pular fora e deixar a canoa afundar. Será que alguém com mais habilidade ou poder político consegue mobilizar alguma força contra esse estrago premeditado numa das pouca unidades de ensino relativamente funcionais da USP? Não sei.

Para referência vou listar alguns links anteriores sobre o assunto.

http://fmpait.blogspot.com/2013/05/curriculos-da-poli.html
http://fmpait.blogspot.com/2013/09/curriculo-de-engenharia-eletrica-na_18.html
http://fmpait.blogspot.com/2013/09/curriculo-de-engenharia-eletrica-na.html
http://fmpait.blogspot.com/2013/10/proposta-de-curriculo-de-engenharia.html
http://fmpait.blogspot.com/2012/10/curriculo-da-poli-engenharia-eletrica.html