Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

10 outubro 2017

O terceiro ano da engenharia elétrica na Poli

Há indicações claras de que a dedicação e o desempenho acadêmico dos alunos do 3o ano da engenharia elétrica na Poli caiu significativamente nesses últimos 2 anos. Algumas hipóteses explicativas:
  1. Os alunos estão cada vez piores. Podemos descartar essa explicação, que já vem sido oferecida há décadas, observando que a queda se deu de forma bastante abrupta.
  2. Os professores e as matérias pioraram rapidamente. Essa hipótese não explica as mudanças notadas nos cursos que observo, cujos conteúdos, equipamentos, e professores se mantiveram inalterados.
  3. As matérias que ensino eram oferecidas apenas para os alunos das ênfases controle e eletrônica, e com a reforma curricular chamada EC3 viraram obrigatórias também para computação e energia. Os estudantes dessas áreas seriam mais fracos do que os demais. Pode haver alguma correlação, a ênfase Automação & Controle há anos é a mais procurada, mas as diferenças entre os alunos não são tão pronunciadas, se é que existem.
  4. A EC3 aumentou muito a carga horária dos estudantes da elétrica, que agora fazem 9 matérias por semestre, e ficam com falta de tempo ou energia para se dedicarem a mais um assunto. Sem dúvida esse problema, apontado desde o início da discussão das mudanças por estudantes e pelos professores compromissados com a qualidade de ensino, é parte das dificuldades observadas. Devemos acrescentar que turmas e salas estão superlotadas por causa do aumento do número de matérias obrigatórias.
  5. Na estrutura curricular antiga os alunos que faziam a matéria "Laboratório de Controle" haviam optado por ela como parte da escolha da ênfase dentro da engenharia elétrica. Portanto tinham comprometimento com o assunto, "skin in the game", vestiam a camisa. 
Hoje os estudantes veem as matérias do 3o ano como um ritual imposto pela burocra, pelo sistema Júpiter, mesmo se não conhecem a história da criação de disciplinas obrigatórias, que serviu para que os departamentos "ocupassem espaços" na grade horária. Na minha opinião essa última é de longe a maior causa dos problemas que estamos observando.

Confirmação: hoje dei prova para metade da minha turma do 3o ano. Quando a outra metade ia começar acabou a luz no prédio de engenharia elétrica inteiro; como que universidade não havia se dado ao trabalho de mandar alguém tentar averiguar a razão da falta de eletricidade, resolvemos adiar o resto da prova para os próximos dias. Mas o #fato é que a maioria dos alunos sabem o que está fazendo; porém se confundem e complicam com a profusão de matérias e provas.

06 outubro 2017

Leitura rápida dos programas dos candidatos a reitor

Chapa 1 – Vahan Agopyan (Escola Politécnica) – reitor / Antonio Carlos Hernandes (Instituto de Física de São Carlos) – vice-reitor: Texto genérico e escorregadio. Situacionista de uma sequência de administrações calamitosas. Se distancia da administração anterior, da qual o candidato a reitor fez parte, junto com o atual reitor.

São coautores do plano de recrudescimento burocrático da atual administração e da repressão aos projetos de engenharia executados por professores.

Chapa 2 – Maria Arminda do Nascimento Arruda (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) – reitora / Paulo Borba Casella (Faculdade de Direito) – vice-reitor: Escondido entre trechos de linguagem barroca, tem conteúdo, ora progressista, ora reacionário. Uma leitura extremamente cuidadosa talvez pudesse identificar quais trechos são de cada tipo. Talvez.

Como mérito, consta que a candidata a reitora tenha batido o candidato polpotista a diretor de sua faculdade com a promessa de se manter no cargo até o fim do mandato, sem concorrer a reitorias ou prós ou vices. É a candidata dos sindicatos que na tal eleição a chamaram de farsante, elitista, e a acusaram de conduzir a polícia para desmantela a universidade a mando do reitor. Isso tudo parece ter relação com confrontos entre partidos políticos da esquerda totalitária e genocida com a esquerda meramente autoritária e corrupta.

Chapa 3 – Ildo Luís Sauer (Instituto de Energia e Ambiente) – reitor / Tércio Ambrizzi (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) – vice-reitor: às habituais generalidades e citações de diplomas legais, seguem dúzias de prioridades. Estabelecer uma cultura, incentivar, estimular, estudar a criação, apoiar, fomentar, orientar, buscar, melhorar, ampliar, aperfeiçoar, propor, garantir, discutir, valorizar, criar comitê. Tá.

Pontos positivos fora do programa: dizem que o candidato a reitor foi demitido pela Dilma porque se opôs à infame compra da refinaria Pasadena; mais importante, ele almoça no restaurante chinês como todo mundo. A maioria dos reitores e reitoráveis raramente é visto em pessoa.

Chapa 4 – Ricardo Ribeiro Terra (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) – reitor / Albérico Borges Ferreira da Silva (Instituto de Química de São Carlos) – vice-reitor: Kantiano. Foge às falsas dicotomias (o vulgar Fla-Flu). Inicia com as perguntas fundamentais. Identifica corretamente os problemas fundamentais: o corporativismo e a burocra. Texto conciso e adequado.

O programa da Kantiana Chapa 4 é de longe o melhor. Merece nota A. Nota C para o texto da Chapa 1: objetivos não estão claramente identificados, e transparece duplicidade na formulação do programa. Os programas das Chapas 2 e 3 são excessivamente longos. O da Chapa 3 apresenta um número excessivo de propostas prioritárias imprecisamente identificadas, cuja execução e verificação são difíceis. O da Chapa 2 tem excesso de gongorismos pouco objetivos, sugerindo tentativa de agradar a grupos de interesse através de palavras-código de apelo ideológico extremista, e não está assinado. Nota R para ambos os programas: reprovados sem direito a crédito.

Não sou muito fã de Kant mas não há comparação na qualidade dos programas. Não sou capaz de avaliar outros méritos dos candidatos, mas com base nos documentos apresentados é muito difícil imaginar como as Chapas 1, 2, ou 3 possam convencer racionalmente as faculdades que seus entendimentos sobre a universidade têm justificativa. Ipso facto, pelo Princípio de Peter, devem compor a lista tríplice, encabeçada pela mais medíocre e burocrática delas.