Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

29 julho 2010

College completion around the world

Nick Kristof calls attention to the College Board's Completion Report. It's written mostly from a US perspective but the graphs are useful worldwide. In page 6 of the Executive Summary, we can see that the US is near the top in percentage of older people with some kind of college degree, behind Russia and Israel and together with Canada. However for younger people the rates stayed around 40% in the US, which is now in the middle of the pack, together with most Western European countries and way behind Canada, Korea, Russia, and Japan. Brazil is falling farther behind the worst performing European countries and the other South American ones included in the survey.

Data across countries may not be totally comparable, but the graphs are revealing. A college education is particularly important in places where high schools are not of a very high or homogeneous quality, such as Brazil or the US. It may well be the case that a Dane or a German who is not academically inclined will do just fine with a high school education only. However an American or a Brazilian who is not pushed academically probably did not attend a good high school either, so rates of college completion become more significant. The US statistics include 2-year colleges, and most college education is Brazil is supposedly professional. If you are familiar with them, you will agree that a significant fraction of private for-profit universities in Brazil offer degrees that are comparable to an American community college.

The most striking data is the increase in college education among Koreans, from 10% for the 55-64 year olds to 55% for the 25-34 year olds. Since the 1960s, Koreans have been investing in education, while Brazil has been subsidizing shipbuilding, ironworks, car factories, and electronics manufacturers. Guess who makes better ships, steel, cars, and electronics - the companies with the educated workers, or the ones which received government subsidies?

The Full Report has many more US-centered statistics, with state-by-state breakdowns, and besides being less interesting has glaring inconsistencies. While it is merely unlikely that Mississipi leads the country in percentage of high-school graduates going to college, it is completely impossible that only 6 states have a percentage of 25- to 34-year-olds with an associate degree or higher which is above the US average, in the 5 cases by a small amount, while 45 states have a lower percentage than the US average, many of them by a large margin as stated in page 13.

28 julho 2010

Mapa da violência

Segundo o Mapa da Violência do Instituto Sangari, o número de homicídios no estado de S Paulo caiu 50% entre 1997 e 2007. Nos demais estados somados, subiu 50%. São Paulo deixou de ser um dos 5 estados mais violentos e hoje é um dos 3 estados com menor número de homicídio por pessoa. Segundo dados mais recentes, a criminalidade em S Paulo continua alta, mas está da mesma ordem de grandeza que na Argentina. México, e Estados Unidos. No resto do Brasil, continua fora do gráfico.

É difícil não fazer a ligação: para tirar os bandidos da rua, é bom começar tirando os bandidos do governo.

21 julho 2010

Ignorativas

No início do ano escrevi a carta abaixo, tendo recebido resposta ignorativa. Trata-se de um instrutivo exemplo de escrita acadêmica.

From: Felipe M Pait
Date: 4 February 2010 11:53:10 AM EST
To: anafanic@usp.br
Subject: Seu artigo "Dinâmicas urbanas na metrópole de S Paulo"

Prezada Profa. Ana Fani Alessandri Carlos,

Como parte de meus trabalhos de investigação a respeito de concepções dinâmicas do conceito de espaço-tempo em diversas áreas do conhecimento, me deparei com seu artigo intitulado "Dinâmicas urbanas na metrópole de S Paulo," que obtive através do sítio abaixo, e gostaria de fazer algumas perguntas.

No seu conceito, em que consiste a abstração total do "espaço-tempo," e de que forma as avenidas e túneis reforçam a tendência de redução a essa abstração? O germe desse produtivismo que leva à abstração já estaria presente nos mecanismos de circulação viária pré-capitalista, tais como as vias romanas, as estradas dos reis aquemênidas que conectavam as satrapias da Pérsia, e talvez mesmo as trilhas e picadas do Brasil pré-cabralino?

Essas questões se referem ao primeiro dos 2 parágrafos que cito abaixo. Acredito que poderia encontrar uma resposta a elas no parágrafo subsequente, porém infelizmente não o compreendi. Se for possível fornecer uma resposta, ainda que parcial, a algumas de minhas indagações, e uma explicação do segundo parágrafo que cito abaixo, eu seria muito grato.

"As políticas urbanas privilegiando a abertura de avenidas e a construção de túneis visando à ampliação da circulação viária se assentam na integração submissa à lógica capitalista que impõe o produtivismo, o qual reforça a tendência a reduzir “espaço-tempo” à sua abstração total; neste caso o tempo se reduz a uma expressão quantitativa, enquanto o espaço se torna simples elemento da circulação do capital reduzido ao tempo de percurso, isto é de desvalorização do capital. Nessa perspectiva, anula-se o espaço transformando em tempo, mas mais do que isso, na prática esse processo revela a usurpação do uso da cidade para a realização da vida humana. A imposição dessa nova relação espaço-temporal (construída enquanto abstração) não se fará sem problemas, ou melhor, sem aprofundar as contradições.

A cidade articulada à rede mundial caminha para a homogeneização que pode ser lida na morfologia, na arquitetura onde os lugares cada vez mais articulados ao mundo da produção econômica entrando em choque com suas particularidades históricas (fundadas na acumulação dos tempos na estrutura urbana); por outro lado, revela também a extensão do mundo da mercadoria –e nesta condição todos os espaços se tornam passíveis de serem transformados em valor de troca (essa intercambialidade guarda o fundamento da homogeneização). Mas também e contraditoriamente, como conseqüência da relação do estado e do impacto de suas alianças com o capital a homogeneização, entra em confronto com a produção de uma hierarquia entre os lugares na rede mundial –uma valorização diferenciada dos lugares em função de sua capacidade de criar condições e os meios necessários à reprodução continuada em nova fase."

http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/edicion/lemos/04alessand.pdf

Uma outra indagação é mais distante do conteúdo do referido trabalho, e se refere ao minha própria pesquisa a respeito de quais são as geometrias no espaço-tempo mais adaptadas aos problemas de engenharia de controle, comunicação, e otimização. Os buracos de minhoca (wormholes em inglês) conjecturados pelo físico teórico estadunidense John Wheeler, também conhecidos como pontes de Einstein-Rosen, se constituem em soluções compactas e topologicamente triviais, porém não simplesmente conexas, das soluções de Schwarzschild para as equações do campo da relatividade. Será que essas estruturas poderiam ser vistas como uma sublimação das tendências centralizadoras e mundializantes colocadas no seu artigo, contrastando com a interpretação de que a universalização do tempo tende a abolir o espaço?

Saudações acadêmicas,

Felipe Pait
pait@usp.br
Escola Politécnica da USP

20 julho 2010

Os cientistas

O @sgoldbaum me chamou atenção para um artigo do Roney Cytrynowicz sobre as enciclopédias em fascículos que faziam sucesso entre os geeks dos anos 70. Eu colecionei algumas delas. Acho que era mais minha mãe que gostava do conceito.

A melhor era "Os cientistas". O único arrependimento que eu tenho na vida é não ter feito todos os kits. Aliás quem bolou foi o Isaías Raw, que é primo de uma prima da minha tia. As outras enciclopédias nós já ultrapassamos agora no século 21. A wikipedia é melhor para a molecada de hoje. "Os cientistas" ainda não foi superado, em parte nenhuma do mundo até onde sei. Se alguém conhecer alguma coleção estrangeira semelhante, ponha nos comentários. Deve haver, eu desconheço.

Se nos anos 70 em vez de insistir em ensino burocrático, vestibular e cursinho, o Brasil tivesse decidido que todos os alunos de colégio iam fazer as experiências dos kits, hoje o país seria uma grande potência tecnológica e econômica. 90 milhões de kits, uma para cada brasileiro nascido depois da copa que o Pelé ganhou para os 90 milhões em ação na época, teriam custado menos que o subsídio para uma indústria qualquer: automóvel, siderurgia, armamento, vinho, você escolhe a mais improdutiva, mais custosa, ou mais poluente.

19 julho 2010

Juntos pela devastação ambiental

No Estadão de hoje, os argumentos da direita a favor da devastação ambiental. De cunho nacionalista, socialista, e xenófobo, são bem parecidos com os argumentos da esquerda estalinista. Resumindo: o Brasil tem a obrigação de depredar seu patrimônio ambiental porque quem é contra são os índios, os estrangeiros, e, mais perigosos de todos, os cientistas.

O artigo escrito por um filósofo - uma cara que se sente a vontade para dar sua opinião ignorando os fatos - repete o besteirol sobre países ricos terem destruído suas florestas. A ciência florestal moderna se origina em grande parte das experiências dos japoneses e alemães. Esse povos quase destruíram suas florestas, o que teria sido catastrófico, mas reverteram a destruição através do replantio. Se tivessem seguido as recomendações que a direita e a esquerda brasileira nos fazem, de destruir a cobertura florestal para obter um retorno financeiro imediato, hoje falaríamos da Alemanha e do Japão como falamos sobre o Haiti ou talvez sobre a ilha de Páscoa. Seriam populações miseráveis, senão extintas. Para dar um outro exemplo, o US Forest Service administra 800 mil km2 de terras públicas para preservação e usos variados. Sem ele os Estados Unidos seriam um enorme desastre ambiental.

Ignorar cientistas e dar ouvidos e políticos e ideólogos já é perigoso em questões de economia. Em questões ambientais e de saúde pública, o dano pode ser irreversível.

18 julho 2010

Cientistas estrangeiros no Brasil

A Folha entrevistou 4 cientistas estrangeiros que trabalham no Brasil: um argentino, um americano, um alemão, e um chinês (acesso requer assinatura). O título do artigo, "fuga de cérebros tem via na contramão", exibe um pouco do complexo de inferioridade que pelo menos 3 dos 4 criticam. São boas entrevistas, eles gostam do Brasil e dos colegas, e se irritam com a burocracia e o corporativismo. Como todos nós. Nada como um artigo confirmando nossas opiniões, não?

16 julho 2010

Um espectro ronda o Brasil

É o espectro do Malufo-Dilmismo. Está difícil de aguentar. Os braços armados da Dilma no congresso propõem censura aos blogs, e substituição da ciência pela devoção ao materialismo dialético. Leia esse trecho de carta do deputado comunista Aldo Rebelo: "O cientificismo positivista que você opõe à minha devoção ao materialismo dialético como uma ciência da natureza não terá o condão de me converter à doutrina de fé que é a teoria do aquecimento global."

Ciência não vale nada, é só simulação em computador imperialista, como se lê no Engels. O obscurantismo comunista, agora em defesa da depredação ambiental.

08 julho 2010

World cup post mortem

There are 2 more games to be played, but I hope these will be my final thoughts. The Dutch deserve to win, although they appeared to have the benefit of knowing that van Bommel would not get a card unless and until he asked for one. Not only based on past unrealized glories: they won all games because they never stopped playing for a win - not when they were ahead, not when they were behind, not when a tie would have been enough. They neither feared the strong teams nor misunderestimated the weak.

Uruguay is welcome back to the top. Even more than the Dutch, they kept playing until the final whistle, and just barely lost to a stronger side. Uruguay was drawn in the only group with more than token opposition. Forlán was the most decisive player in the tournament. When he could no longer run he left space for a fresher player, and it almost worked. His and Suárez exit will not be forgotten. Uruguay's playing is what we watch soccer for.

Germany reverted to its usual bureaucratic game, which has brought them many uninspiring wins. The quarterfinal game, which I did not watch, was a fluke. The surprise is how invertebrate the team was in the semifinal. They seemed to be content with the defeat. The coach took out any player that dared try to make a forward pass. Paul the Octopus would have shown more spine, and better judgement.

Spain showed the qualities that brought the Furia a long series of undistinguished defeats. The players are more interested in showing off their skill than in going for the goal. They pass the ball sideways rather than to a better placed teammate who may score, a tactic that gains them favor with less discriminating supporters. The coach, more afraid of being blamed for a defeat than he is interested in winning, at the end tried to snatch a defeat from the hands of victory by taking out his best players. This is how Spain was eliminated in the previous cups. A more combative side like Uruguay or Paraguay would have punished Spain with at least an equalizer, but mollusk-like Germany was already defeated.

Brazil had 3 superior backs - Juan, Lúcio, and Maicon - and 3 skillful but irregular forwards - Robinho, Kaká, and Fabiano. In between, 4 players so nondescript that none had even a nickname. Granted, any team that cannot draft a Domingos da Guia, or a Zito, or a Gérson, needs a Dunga, a Beckenbauer, or some garden-variety bastian. A couple of them perhaps, but all of 4 invite disaster. A firm opponent can neutralize such a team without much trouble, and a single error ends the tournament. Dunga could not bring himself to a riskier formation even when there was nothing left to lose.

Since 1974 Brazil has oscillated between improvisation and bookish devotion to foreign schools. With the worthy exceptions of Telê and Felipão, the post of coach has alternated between amateurs such as Zagallo and phys ed teachers such as Cláudio Coutinho and Parreira. Dunga qualifies in both camps. If their principles had been followed, Pelé and Garrincha would not have played in 1958 because they were untested, and Pelé would have been excluded in 1970 because he was past his prime. In the same way that Falcão did not play in 1978, and Romário did not play in 1990 and was almost excluded in 1994, Brazil's creative alternatives were not in S Africa. I take no satisfaction in the fact that my worst fears about the age of Dunga were fully realized.

The saddest case is Argentina. "Gegen diesen Idioten muss ich verlieren!" Maradona must have screamed, like Aaron Nimzovich. He had qualities as a coach, and also defects. Dealt a hand with too many great forwards and too few strong backs, the qualities lost. It is a pity.

06 julho 2010

Sem lembrar a alegoria

Comprei na liquidação duas camisas
De puro linho chinês:
Uma laranja, uma azul celeste.
Qual uso hoje?

02 julho 2010

O Brasil perdeu de si próprio, e da Fifa

Só 2 adversários derrotaram o Brasil no futebol: a Hungria e a Holanda. A Holanda de 74, não essa. Todas as outras vezes o Brasil perdeu de si próprio. Inclusive hoje. Mas esse jogo estava acertado. A Fifa quer tirar uma vaga da América do Sul para a próxima copa. Se o Brasil chegasse na final, não ia conseguir. O juiz roubou, e os holandeses já sabiam antes. Um bom time não time comete 2 pênaltis, nem chuta direto a canela, se não souber que o juiz não vai marcar. Uma coisa é errar num lance, outra é errar consistentemente.

De qualquer modo, o Brasil deveria ter ganho. O Ganso não teria feito gol contra nem sido expulso. Nem o Ronaldinho, nem o Neymar. Perdemos de nós mesmos. Será o fim da era Dunga?

Acabou a greve na Usp

Depois de uma bem sucedida invasão do berçário e uma mal sucedida invasão dos computadores, o sindicato terminou a greve conseguindo apenas o pagamento das horas paradas. Se tivessem desconto por horas não trabalhadas, o salário ia para zero. Então depois de 2 meses de greve tem um mês de férias, daí eles voltam a não trabalhar. Questão de justiça social.

01 julho 2010

Professor, ouça o Tostão!

Um dos prazeres da Copa é ler o Tostão. Todo professor devia ler:
"Cristiano Ronaldo atuou sozinho na frente de costas para o gol... Jogando assim, nem Pelé brilharia.... Robinho joga melhor no Santos e na seleção brasileira [porque] o técnico do Manchester City empobrece o futebol. Ao colocar Robinho fixo pela esquerda, sem a liberdade de se movimentar por todos os lados, o treinador atrapalha seu talento. Para fazer o que o técnico quer, ele prefere o medíocre Bellamy."
O professor pode ter um Cristiano Ronaldo ou um Robinho na sala. Deve usar a experiência para organizar um pouco as aulas, e deixar a molecada se movimentar.