Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

27 setembro 2012

Políticos na sinagoga

Existe desde pelo menos a redemocratização o hábito, talvez um pouco polêmico, de políticos em campanha visitarem sinagogas no Yom Kipur. Em geral eles escolhem os lugares grandes nos horários mais solenes, quando são vistos pelo maior número de judeus eleitores. As visitas são respeitosas e eles não abrem a boca, muito menos para pedir votos. Atualmente, autoridades eleitas às vezes fazem essas visitas nos anos ímpares, quando não há eleição.

Por 2000 anos os judeus tivemos relações de temor ou ao menos desconfiança com as autoridades. No Brasil de hoje, os políticos nos visitam, na pior das hipóteses, para pedir votos, como pedem a todos os cidadãos. Na melhor interpretação, tomam tempo dos dias atarefados apenas para mostrar respeito pelos judeus, e desta forma pela liberdade de religião e consciência em geral.

Não há o que discutir. Essas visitas são apenas positivas, e de tão positivas talvez sejam desnecessárias. Também não há problema em não mostrar a cara. Para os políticos judeus, sugiro que para ganhar votos e credibilidade com o eleitorado daria mais certo continuar na sinagoga rezando depois que os demais políticos se retiram para outras visitas e afazeres. A única outra coisa é que fiquei torcendo para o Haddad vir no final do jejum trazendo uns kibinhos, o que infelizmente não aconteceu. Ficam as sugestões para a próxima campanha.

Avaliação de professores: desisto

Becker-Posner desistiram de avaliar professores. Eles estão falando de primário, ginásio, e colégio, não de universidade, mas na minha opinião os argumentos deles se aplicam à universidade brasileira. É impossível medir a qualidade do trabalho de professor, e salários variáveis só conduzem a política de escritório.

A única coisa a fazer é usar critérios sérios para contratação, dar bons salários para todo mundo, e prêmios e bônus para quem se destaca. Se Posner escreveu isso, também desisto de buscar um método de avaliação de professores. Não vou ser eu que vou ensinar latim para o papa.

No mesmo blog Becker escreveu cautelosamente que talvez seja possível avaliar professores pela taxa de variação das notas em exames. Há 5 argumentos contrários:
1, que exames são medidas muito incertas;
2, que não são específicos;
3, que o esforço gasto na preparação para exames tem efeito negativo no aprendizado;
4, que a sugestão talvez faça sentido para alfabetização e aritmética mas não se aplica à universidade e nem a bons colégios; e
5, que derivada amplifica ruído na malha fechada e controle derivativo puro nunca é bem sucedido.

Juntos os 5 argumentos são definitivos. Posner ganhou a discussão. Ponto final.

18 setembro 2012

4 paths to success, 1 to failure

Four are the paths to success: genius, which is the most unusual; the path of diligence, which is the most righteous; the path of luck, which is the most uneven; and the path of dishonesty, of which we do not speak.

Success in business, but also in many other areas, is often a combination of the 4 paths, in varying degree and intensity.

The path to failure, in contrast, consists always in the incorrect judgement of which of the paths led to success, in oneself and in others. Confucius would doubtlessly have told Mitt Romney about that.

13 setembro 2012

11 setembro 2012

As propostas falam por si

Para quem precisa de alguma ajuda para decidir votar contra Mitt Romney basta consultar suas para educação. A exposição do conselheiro da campanha aparece em artigo no NYTimes. A parte crucial é a seguinte:
A Romney education adviser, Scott Fleming, said that in his first year as president, Mr. Romney would work to make financial aid available ... to fewer students.
Mr. Romney’s running mate, Representative Paul D. Ryan of Wisconsin, is the author of the House’s 2013 budget proposal, which would ... let the tuition tax credit expire.
In addition, private lenders and banks — rather than the government — would return to issuing federally subsidized college loans.
Mr. Fleming also said that Mr. Romney would act quickly to eliminate the Education Department’s “gainful employment” rule for college career programs. The regulation, introduced last year with for-profit colleges as the primary target, withholds grants and loans from institutions that do not provide training and credentials that translate to a “recognizable” profession.
Fim da dedução para taxas escolares é aumento de impostos. Rotear os empréstimos concedidos pelo governo através de bancos privados é desperdício - os bancos cobravam taxas significativas por serviços supérfluos, uma vez que os fundos são federais. E eliminar os regulamentos serviria para permitir que escolas lucrem com cursos inúteis ou fraudulentos subsidiados pelo governo federal.

Ou seja: o objetivo não é cortar impostos nem diminuir os gastos do governo, muito menos aumentar sua eficiência. O objetivo republicano é apenas e tão somente desviar dinheiro público para organizações que os apoiam. A desonestidade, a mendacidade, e a corrupção dos republicanos ficam melhor expostas nas palavras dos assessores da campanha do que nos discursos dos democratas. Num post anterior comparei Romney com Maluf. Mas as propostas de campanha parecem mais as de um Valdemar Costa Neto.

08 setembro 2012

How to save the Euro

While struggling with a class of matrices that appears useful in the study of elliptic partial differential equations, I found out that a much simpler problem, that of saving the Euro, admits a solution, and that it is unique.

Italy and Spain must set a date 2 years in the future to hold a referendum on whether to continue using the Euro. The governments will promise to campaign for the Euro while making all preparations for an orderly transition back to separate currencies. This gives an deadline for European financial authorities to get the economies back on track.

So far, the authorities have not shown they feel the problem is theirs. They have been happy procrastinating and pushing unsound austerity measures designed to clear their own conscience by blaming the less fortunate for European economic troubles. It is necessary to give the bureaucrats an ultimatum.

If Europe can execute the correct maneuver out of the crisis, then unemployment will go down and the people will vote to remain in the Euro. If it persists in the current course, then the currency integration project will end. The authorities must be told they are responsible for failure.

06 setembro 2012

Romney seria paulista, mas qual?

Afirma @gugachacra: "Romney, se fosse brasileiro, seria paulista. Daqui a pouco, explico no Globo News Em Pauta @gnempauta". Concordo com o Chacra, como de hábito. Mas se Romney fosse paulista, seria um paulista qualquer? Não, um paulista especial: Paulo Maluf.

Ambos membros da cultura dominante em seus países, anglo no caso dos Estados Unidos, mediterrânea no Brasil, porém de subgrupos, os mórmons e os árabes, vistos com desconfiança pelos reacionários. Dotados de ambição pessoal desmedida, sempre viram os cargos públicos como meio, e não como fim. Embora a nenhum se questione o patriotismo, acumularam enormes fortunas não-declaradas em paraísos fiscais de além-mar.

Como Romney, Maluf é odiado mais por suas virtudes do que por seus defeitos. A inteligência, a riqueza, e a obstinação não ficam bem para certos setores da opinião pública. A diferença principal é a frase atribuída a Maluf: estupra mas não mata. Romney não se pronunciou sobre o atentado violento ao pundonor, mas alguns de seus correligionários parecem vê-lo com relativa tolerância. Também não consta que Maluf acredite em fusão a frio como Romney.

05 setembro 2012

Exigência de diploma para jornalista

O Supremo Tribunal Federal já resolveu que a exigência de diploma para a prática do jornalismo contraria a liberdade de expressão, e portanto é inconstitucional. Diz o artigo 60, parágrafo 4 da Constituição: "Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir... os direitos e garantias individuais." A garantia de liberdade de expressão é portanto uma cláusula pétrea da Constituição.

Ou seja, a discussão no Congresso sobre a volta dessa exigência é inconstitucional. A restrição da liberdade de expressão não pode ser feita nem mesmo por emenda constitucional. É um ponto claríssimo da nossa Constituição, que não está sendo apresentado nem pelos congressistas, nem pela imprensa, nem por nossos doutos juristas.

Então volta aqui esse engenheiro na solitária defesa das liberdades individuais, tão sabiamente garantidas pela Assembleia Constituinte em cláusulas pétreas e imutáveis.