Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

13 maio 2013

Horários na Poli

O problema dos horários na Poli é de complexidade computacional proibitiva. Lição de casa: determine se é polinomial, combinatória, NP completa, o que for. Trata-se de alocar cada matéria de modo que nenhum aluno tenha conflito de horários. No imaginário politécnico existe todo o tipo de obstáculo para a flexibilização dos currículos - administrativo, ideológico, ou político. A dificuldade de resolver esse problema de alocação é o único obstáculo real.

A solução convencional é fazer o rabo abanar o cachorro: todos os alunos do mesmo curso fazem exatamente as mesmas matérias, então a complexidade do problema de alocação diminui muito. O currículo fica então subordinado ao algoritmo de alocação de horários. Problema resolvido, problemas maiores criados.

Conversando com minha filha que faz colégio (High School) em Brookline, Massachusetts, me dei conta que o problema de horário é resolvido lá de forma mais eficaz. O horário letivo é dividido em 10 "blocos". Cada bloco contém um número de horas de aula espalhadas pela semana - a maioria 4 aulas por semana, sendo uma com duração um pouco mais longa. Por exemplo, uma disciplina oferecida no Bloco B tem aulas 2a e 4a das 9:15 às 10:10, 5a das 8:20 às 9:30, e 6a das 8:20 às 9:10. Outras atividades didáticas ocorrem em blocos menores. O Bloco X, por exemplo, é apenas uma aula 5a feira, das 10:30 às 11:10.

As matérias mais básicas - história e matemática por exemplo - há turmas oferecidas em mais de 1 bloco, dando alguma flexibilidade para o aluno escolher suas eletivas, que têm menos turmas e portanto são oferecidas em apenas um bloco. A flexibilidade tem um limite natural: o estudante não consegue fazer 2 eletivas oferecidas apenas em um único horário coincidente. De qualquer forma, o problema de alocação das 6 disciplinas de cada estudante em 10 blocos é muito mais simples. Consequentemente, não existem problemas administrativos que impeçam que um aluno do colégio público de Brookline tenha muito mais autonomia para organizar seus estudos do que um universitário na Poli. Por exemplo, um estudante pode fazer um curso de língua estrangeira avançado e matemática no nível mais básico; ou vice-versa; ou ambos avançados, ou básicos, de acordo com seu talento e motivação para o francês, japonês, ou álgebra.

Em contraste, na Poli cada disciplina pode ocupar um conjunto qualquer das horas dentro da grade horária semanal, aumentando combinatoriamente a possibilidade de conflitos de horário. Vou deixar escrita aqui a sugestão de que a Poli e a Usp poderiam adotar um sistema de blocos para racionalizar os horários. Mais tarde quando tiver um tempo livre monto uma tabela com uma sugestão de blocos, com o intuito de deixar mais claro como esse sistema poderia facilitar o planejamento para professores e alunos.

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