Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

29 junho 2012

A experiência de Mitt Romney

Será que o sucesso no mundo dos negócios é relevante para o sucesso no governo de uma país? Quatro são as capacidades que conduzem ao sucesso nos negócios. A 1a é o conhecimento da indústria e dos produtos, necessária para construir e continuamente reconstruir uma empresa. É o saber do Bill Gates, e dos executivos das empresas japonesas de fotografia.

A 2a é a visão e liderança que inspira as pessoas a fazerem melhor do que são capazes. Steve Jobs tinha essa qualidade, que não é incomum entre fundadores de empresas.

Em 3o, existe a capacidade gerencial, a condução quotidiana dos negócios e busca de melhorias e eficiência. Para continuar nos computadores, Tim Cook, mas talvez um exemplo melhor sejam os executivos quase anônimos da Exxon e de outras indústrias estabelecidas.

Finalmente há a habilidade de encontrar oportunidades e firmar transações, obtendo controle do mercado e se livrando de operações menos eficientes. Essa é que fez as fortunas de Eike Batista e Mitt Romney.

Infelizmente para os eleitores americanos, que merece boas alternativas, essa última habilidade que o candidato republicano possui não tem qualquer relevância para o governo. A fatia de mercado de um país é 100%. O presidente governa ganhadores e perdedores. Não pode vender um estado pobre, nem comprar uma potência emergente para evitar a concorrência; e se um setor da economia fechar, os desempregados deixam de pagar impostos e se tornam um peso para a sociedade.

O trabalho de Romney na Bain não envolvia administração. Ele mostrou capacidade gerencial nas olimpíadas de inverno, porém não reproduziu esse sucesso como governador em Massachusetts, onde suas realizações foram poucas - algumas economias muito pequenas dentro do orçamento estadual, e a aprovação do sistema de saúde público, sobre o qual ele mudou de ideia e agora promete eliminar. De qualquer modo, o governo americano administra muito menos coisa que o brasileiro. Há poucas empresas estatais, as funções de governo são na maioria executadas pelos estados e cidades, e a maior parte do orçamento federal é dedicado a programas sociais e às forças armadas. A habilidade gerencial - que é o grande trunfo da presidente Dilma no meio político - é menos relevante nos Estados Unidos. 

Ouvindo seus discursos e examinando suas declarações, é fácil notar que nem o carisma nem o conhecimento de assuntos de estado são os pontos fortes de Romney. Em resumo, na medida em que a experiência no mundo dos negócios é relevante para a administração pública, a experiência de Mitt Romney não o recomenda como presidente. Por default, independentemente de ideologia, a única alternativa são mais 4 anos com Barack Obama.

25 junho 2012

Ode de Ricardo Ruireis

Não a Ti, Boca, odeio ou menosprezo
Que aos outros títulos que precederam
Na memória corintiana.
Nem mais nem menos é, mas outra taça.

Que ao Timão faltava. Pois chegamos
À decisão na Bombonera,
Mas cuida não procures
Usurpar o que aos outros é devido.

A Boca com suas casas de várias cores
- Tricolores, alviverdes, rubronegras -
E tuas conquistas conhecemos
E as sete copas de seu grande rival.
A Boca fica ao pé do River Plate
Pelo Rio da Prata se chega de Gênova
No Rio da Prata se veem navios com bandeiras azuis e amarelas
Colecionas títulos e campeonatos,
E jogam contigo ainda
Para aqueles que em tudo veem o que não mais há
As glórias de Maradona.

Pelo rio que passa pela minha fazendinha
Ia-se ao Paraná
Na sua várzea se jogava futebol
Hoje ninguém mais sonha em navegar
No rio que passa pela minha fazendinha
Quem está ao pé dele está parado no congestionamento.

Melhores equipes se recolheram
Ao torneio de consolação
Onde os torcedores não vão.
A Libertadores não é mais que uma copa
Que todo ano vem, e todo ano vai
Numa seção do jornal
- A gazeta esportiva - 
Que a cada dia se repete
E a cada ano se não muda
(Mudam só os obituários.)

Mas que torcedores paulistas não ergam sobre
Teu time esperanças que
Seus próprios ídolos não lhes podem dar
Pois na origem do torneio foram eliminados
Por el eterno Timón.

Nem a esses, não, que trazem âmago cheio de ódio
Nesse momento consigo desprezar,
Que venham também esses orgulhosos, leigos
Do estado de espírito corintiano,
Torcer contra, como só sabem fazer
Juntos contigo na arquibancada.

Ou vem sentar-te comigo, no estádio do Pacaembu.
Sossegadamente fitemos a peleja e aprendamos
Que a corrida não é do veloz, nem a lide do forte,
Que os torneios passam, e não estamos de voz rouca.
Gritemos juntos, Poderoso Timão!

Torçamos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar pancadas e insultos e garrafadas,
Mas que mais vale estarmos assistindo o jogo
Ouvindo rolar a bola e vendo-o.

Depois pensemos, crianças adultas, que a bola
Rola e nunca faz video tape,
Vai para um estádio distante, para fora do gramado,
Mais longe que Itaquera.

Ao menos, se formos campeões, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca baixamos o sarrafo, nem nos xingamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes de mim levares a pelota ao arqueiro tristonho,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar da partida.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - na segundona,
Campeonato humilde dos jogos ao sábado.

20 junho 2012

Na hora vai dar Maluf

Em que pese meu post sobre a eleição para prefeito de S Paulo esse ano, o debate, se é que assim pode ser chamado, vai ser lamentável, constituído de troca de acusações sobre corrupção em Brasília somado talvez a 1% de discussões sobre a cidade. Então vou escrever sobre o Maluf, coisa que queria fazer antes do bafafá sobre minutos na TV, aliança com Lula, e xilique da Erundina.

Fazia algum tempo que quero dizer que o Maluf é um grande injustiçado da política. Como é que Maluf se tornou sinônimo do mal? Porque todos o rejeitam? Pelas suas qualidades.

A esquerda odeia Maluf por seu amor a S Paulo e por representar o empreendedorismo do pequeno negócio. A esquerda perdoa gente ligada diretamente à opressão da ditadura e aceita nomes ligados a grandes empresas de tráfico de influência, mas não tolera Maluf. Erundina quer fechar os jornais que não apoiam o governo, como se faz na Argentina, mas acha antidemocrático quem não se sujeita ao partido único.

A direita odeia Maluf por sua cara de pau, por sua obstinação independente, por sua origem árabe e por não ser racista. A direita quer capachos bem comportados, Maluf para eles não serve.

Os políticos detestam a inteligência do Maluf, um dos poucos entre eles que lê jornal e entende. Corrupção para eles não é demérito. Inteligência e independência sim.

O paulistano em sua generosidade deu a Maluf uma segunda chance na prefeitura, que ele desperdiçou por ambição desmedida e completa falta de noção de limites. É um Richard Nixon do Brasil, odiado por suas virtudes mas traído por suas fraquezas.

18 junho 2012

(Em preparação para o que vier.)

Cem anos sofredor fiel torcia
Timão, parque S Jorge, Fazendinha;
Mas não por ter inveja, ou pinimba,
A Copa só por prêmio pretendia.

Os turnos, eternamente altaneria,
Sonhava, celebrando o Paulistinha;
O Corinthians, usando de catimba,
Em vez de golear empataria.

Vendo o torcedor roxo juiz malandro,
Que lhe havia negado copa Libertadora,
Qual foram gaviões mera torcida,

Vai ao Pacaembu outros cem anos,
Dizendo: — Mais torcera, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!

11 junho 2012

Guerra civil na Síria #prontofalei

A guerra civil na Síria, entre esquerda nacionalista e direita religiosa, já matou mais que todos os conflitos entre israelenses e palestinos.

Esse é um conflito artificial criado pelos ditadores árabes para se manterem no poder. Funcionou por mais de 50 anos: a dinastia Assad e seus homólogos encontraram um modo de alavancar o anti-semitismo, ora da direita, ora da esquerda, para se legitimarem internamente e se afirmarem internacionalmente. Quem hoje paga o maior preço são os sírios, espremidos entre alternativas insuportavelmente violentas.

A culpa é em grande parte da esquerda internacional que sempre legitimou e apoiou a opressão nos países árabes em nome do anti-semitismo, do anti-americanismo, e do anti-liberalismo. Vamos agora aguardar um mea culpa, uma retratação, uma revisão de posições. Não prendam a respiração enquanto esperam. #prontofalei

08 junho 2012

Câmera nova em breve?

Pogue diz para ninguém comprar câmera esse mês, porque vai sair uma compacta nova impressionante. O quê será?

Não Olympus, porque a OM-D parece ser o melhor que eles conseguem hoje no formato micro 4/3. Portanto nem Panasonic, que é menos inovadora. Não Pentax, que errou com uma câmera pequena demais e outra grande demais; de qualquer modo, Pogue não gosta da Pentax. Sony e Nikon, duvido; uma parece contente com as Alpha Nex, outra com os formatos Nikon 1 e DSLR. Leica está parada no tempo. Das marcas menores, incluindo Samsung, é difícil esperar grande novidade.

Sobrou Canon, a marca preferida do Pogue, a maior fabricante de câmeras e a única sem nenhuma câmera de verdade - Canon atualmente só vende SLRs e telefones sem voz. A Canon com sensor de 1 polegada não parece ser algo que consumiu tanto esforço de engenharia, então podemos esperar talvez uma full frame compacta com lente fixa.

Uma Fujifilm full frame compacta com lente fixa seria menos provável, mas mais interessante. A Fuji lançou recentemente um formato novo, mas é uma empresa grande que poderia estar desenvolvendo várias câmeras ao mesmo tempo. Uma X200 iria canibalizar a X-Pro1, mas o pessoal da Fuji tem inovado muito mais que a Canon, talvez queiram arriscar. Pogue deve saber o que diz, porque recebeu equipamento para testar, então vamos esperar.

05 junho 2012

Porteira na Usp

O Pasqüim nos informa que a Usp vai controlar o acesso de pedestres ao campus do Butantã à noite e nos finais de semana. Como alguns sabem, sou um entre a meia dúzia de 3 ou 4 professores que com alguma frequência entra no campus a pé. Sempre detestei os muros que o reitor Fava, um de nossos piores reitores, construiu com o objetivo dificultar o acesso de pedestres ao campus.

Como usuário dos portões de pedestre, devo dizer que não tenho objeção ao controle da entrada à noite e nos finais de semana. É um inconveniente, porém limitado, porque são os horários de menor uso. O inconveniente é compensado pela maior segurança, uma preocupação que ainda temos que ter em S Paulo.

Por outro lado, colocar porteiras dentro do campus e exigir documentos para entrar nos prédios acadêmicos é um absurdo completo. Também acho que o campus devia ser aberto para lazer da população em geral durante os finais de semana, mediante o pagamento de uma taxa de estacionamento que seria usada para garantir a segurança de todos e a integridade do patrimônio público. Aliás, o estacionamento devia ser cobrado todos os dias, e de todos os usuários, incluindo estudantes, professores e funcionários. Não faz sentido que os motoristas recebam um subsídio para uso do veículo particular, na forma de estacionamento gratuito, enquanto usuários de transporte coletivo não são contemplados com nenhuma dessas regalias.