Em que pese meu post sobre a eleição para prefeito de S Paulo esse ano, o debate, se é que assim pode ser chamado, vai ser lamentável, constituído de troca de acusações sobre corrupção em Brasília somado talvez a 1% de discussões sobre a cidade. Então vou escrever sobre o Maluf, coisa que queria fazer antes do bafafá sobre minutos na TV, aliança com Lula, e xilique da Erundina.
Fazia algum tempo que quero dizer que o Maluf é um grande injustiçado da política. Como é que Maluf se tornou sinônimo do mal? Porque todos o rejeitam? Pelas suas qualidades.
A esquerda odeia Maluf por seu amor a S Paulo e por representar o empreendedorismo do pequeno negócio. A esquerda perdoa gente ligada diretamente à opressão da ditadura e aceita nomes ligados a grandes empresas de tráfico de influência, mas não tolera Maluf. Erundina quer fechar os jornais que não apoiam o governo, como se faz na Argentina, mas acha antidemocrático quem não se sujeita ao partido único.
A direita odeia Maluf por sua cara de pau, por sua obstinação independente, por sua origem árabe e por não ser racista. A direita quer capachos bem comportados, Maluf para eles não serve.
Os políticos detestam a inteligência do Maluf, um dos poucos entre eles que lê jornal e entende. Corrupção para eles não é demérito. Inteligência e independência sim.
O paulistano em sua generosidade deu a Maluf uma segunda chance na prefeitura, que ele desperdiçou por ambição desmedida e completa falta de noção de limites. É um Richard Nixon do Brasil, odiado por suas virtudes mas traído por suas fraquezas.
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4 comentários:
Bom texto Felipe. Parabéns !!!
Eu é que agradeço pelo interesse!
Maluf é um ícone e seu post é ótimo. Mas, às vezes, tenho a impressão de que se trata de um mal maior. De uma certa imaturidade democrática.
Veja esta campanha para Prefeitura de SP. Você sabe muito bem que Serra e Haddad não são ruins. Russomano é um oportunista, mas é atacado por ser candidato dos evangélicos!
Quer dizer, algo pior do que políticos como o Maluf: a incapacidade, mesmo dos melhores políticos, de chegarem aos eleitores com argumentos razoáveis. Ou sinonimamente, o desinteresse dos eleitores, mesmo os que se dizem politizados, por argumentos mais sofisticados.
É um problema.
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