Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

17 janeiro 2014

Manchetes enganosas nos jornais acusam prefeitos

O Estadão e a Folha trazem reportagens com acusações contra o prefeito anterior e políticos ligados ao prefeito atual. Não tenho como avaliar quanto das acusações são verdadeiras, mas as reportagens são um desserviço ao leitor. Ao contrário do que dizem as  reportagens, a testemunha (que parece anônima) não afirmou que o prefeito Kassab recebeu dinheiro de corruptos; ela afirmou que OUVIU DIZER que o prefeito recebeu uma fortuna.

A diferença é enorme. Os países que têm lei não aceitam "hearsay" como evidência de crime. Não tenho noção de como a lei brasileira, até onde pode-se dizer que existe, trata fofocas, mas certamente o jornalismo deveria tratar com extremo cuidado. O Estadão ao menos toma o cuidado no corpo da notícia de escrever "uma testemunha protegida disse ter ouvido que..." A Folha nem essa atenção primária toma. A reportagem da Folha, distorcendo o furo dado pelo Estadão, é um atentado violento contra a integridade jornalística.

Os fatos são os seguintes: que há corrupção na prefeitura, todos sabemos; e quando não é combatida continuamente ela cresce. Que o prefeito Haddad está investigando, é bem claro. Que o ex-prefeito Kassab se descuidou de coibir os corruptos, me parece um conclusão inevitável. Não podemos afirmar que nenhum deles tem envolvimento, mas também é impossível provar que não sabiam nada. O resto é picaretagem de politiqueiro, especulação de fofoqueiro, e afobação de jornalista descuidado.

O prejuízo para o país é grande, porque com a estratégia de espalhar acusações para todos os lados o eleitor perde a capacidade de distinguir entre o certo e o errado. Nesse sentido, são coniventes o corrupto, o jornalista, e o eleitor que se apressa a dizer que é tudo igual. 

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