Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

18 abril 2010

iPhone no Brasil?

Diz a Folha que há planos para fabricar iPhone no Brasil (vou por o texto num comentário). O interessante do artigo é a burocracia que o governo cria para conceder isenções e benefícios para a montagem do hardware, uma atividade de baixo retorno que gera poucos empregos de qualidade medíocre, e nenhum ganho científico ou tecnológico.

Enquanto isso, há infinitas possibilidades de uso de dispositivos de internet portáteis nas mais variadas aplicações médicas, educativas, recreativas, e industriais. O desenvolvimento de software usando smartphones pode ser feito por pequenas empresas, com baixo risco e grandes retornos potenciais, criando empregos lucrativos e intensivos em tecnologia.

Não falta capacidade e iniciativa para os engenheiros do Brasil, especialmente para estudantes de engenharia. Eu sei disso porque todo ano proponho diversos projetos de desenvolvimento usando iPhone e Android. Os obstáculos? O alto preço dos equipamentos, que multiplica o investimento e diminui o mercado; e a dificuldade e demora das importações. São barreiras artificiais criadas pelos protecionistas, desenvolvimentistas, bulionistas, e outros istas encastelados nas burocracias do governo e da academia. Com o pretexto tolo de "proteger o mercado consumidor brasileiro," ou de "acumular divisas," a mentalidade protecionista bloqueia o avanço tecnológico no Brasil.

5 comentários:

Felipe Pait disse...

Texto da Folha: São Paulo, domingo, 18 de abril de 2010

Apple quer fabricar iPhone no Brasil
Empresa negocia com a chinesa Foxconn uso de fábrica em Jundiaí (SP); plano inclui a produção do MacBook e do iPod

Objetivo é diminuir custos e impulsionar a venda dos aparelhos no Brasil, onde a carga de impostos impede avanço maior no mercado

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

A Apple estuda formas de viabilizar a fabricação de alguns de seus produtos no Brasil. A Folha apurou que os planos incluem o iPhone, o MacBook e, possivelmente, o iPod. As barreiras impostas no país, no entanto, podem afetar o sucesso das negociações com a Foxconn, que atualmente é a companhia contratada pela Apple para fabricar seus produtos na China.
As conversas entre a Apple e a Foxconn tiveram início em meados de 2009, interromperam-se no final do ano e intensificaram-se há duas semanas.
Além de precisar conseguir um PPB (Plano Produtivo Básico) para ter direito a descontos de impostos, principalmente na importação de insumos, a Apple teria também de fazer algum investimento em parceria com a Foxconn para que a fábrica da chinesa em Jundiaí, no interior de São Paulo, pudesse receber uma linha de montagem exclusiva.
São justamente esses detalhes que emperram as negociações. A Folha apurou que, desta vez, a Apple estaria mais empenhada em chegar a um acordo. Motivos não faltam. O Brasil é o país da América Latina que registra maior aumento de renda, consumo e crédito.
O mercado de smartphones (celulares que navegam na internet) deve dobrar em 2010 e repetir o crescimento em 2011. Hoje, 7% dos aparelhos vendidos são smartphones, categoria a que pertencem iPhone (Apple), BlackBerry (RIM) e E67 (Nokia), entre outros. A Nokia tem fábrica própria no Brasil e, em março, a canadense RIM anunciou o início da produção do BlackBerry no país.
Vendendo importados, a Apple não decolou no país com a venda de seu iPhone. No mundo, foram 9 milhões de unidades comercializadas no primeiro trimestre deste ano. No Brasil, foram cerca de 80 mil unidades no mesmo período.
O preço é a principal barreira. Com a produção local, a Apple passaria a importar os componentes e com isso reduziria a carga de impostos que hoje incidem sobre o iPhone. Cálculos iniciais das operadoras indicam que haveria uma redução de 15% nos custos, algo que, teoricamente, deixaria o preço do aparelho produzido no Brasil cerca de 10% mais alto que na China. Hoje ele desembarca custando 70% a mais.

A vez dos computadores
Também com uma produção local, o MacBook (um dos notebooks mais finos do mundo) ficaria mais competitivo. A Folha informou há uma semana que faz parte dos planos da Apple estar entre os líderes na venda de computadores no país com a abertura de lojas terceirizadas, em parceria com varejistas. A meta é ganhar mais 1% de mercado neste ano (passando para 3% do total das vendas) e chegar a 5% em cinco anos.
Oficialmente, nem a Apple nem a Foxconn comentam o assunto. No Brasil, a empresa chinesa nega que haja um projeto em andamento e diz que, se existe, as conversas ocorrem entre a matriz e a Apple.

Eric O. disse...

Já vi, por exemplo, alguns quadros no Makezine TV sobre pesquisas são feitas utilizando os Wiimotes, porque sensores são muito caros.

No Brasil, este tipo de coisa é taxado por se tratar de "futilidade". Coisas de políticos que não entendem a modernidade.

Felipe Pait disse...

Nisso os políticos têm apoio ideológico de boa parte de nossos acadêmicos e intelectuais, incluindo economistas

Anônimo disse...

Mostra que não aprendemos nada com o episódio da reserva de mercado, nos anos 80. Ainda debito essa na conta da incompetência, não da malícia, me parece uma situação em que ninguém ganha. O pessoal da microeletrônica da Poli ainda tem um discurso de que deveríamos ter fábricas de semicondutores no Brasil? É a mesma situação, ou não?

Felipe Pait disse...

Realmente aprendemos pouco. O pessoal de microeletrônica hoje é bem quietinho, mas o discurso é parecido, de todas as partes.