Entrevista na Folha com religioso brasileiro. Dói só de ler.
Contagem é perigosa, diz brasileiro: "Ficaremos escondidos o quanto pudermos", diz Fausto da Rocha, cofundador do Centro do Imigrante Brasileiro em Boston. Evangélico e radialista, ele se tornou líder do movimento contra o Censo 2010 entre brasileiros.
FOLHA - Qual o seu objetivo?
FAUSTO DA ROCHA - Para nós religiosos, que somos contra o aborto e o casamento gay, o Censo é uma oportunidade de tirar o poder dos democratas e devolvê-lo aos republicanos. A contagem ajuda a fazer a distribuição dos assentos dos Estados no Congresso, e [boicotando] podemos derrubar cadeiras dos democratas.
FOLHA - Como tem sido a receptividade entre brasileiros?
ROCHA - A maioria dos documentados é favorável ao Censo. Mas uns 95% dos não documentados aqui em Massachusetts apoiam o boicote.
FOLHA - O governo diz que os dados não podem ser passados a agentes da imigração.
ROCHA - Os EUA já usaram dados do Censo até para fazer campo de concentração de japoneses na Segunda Guerra. Dizem que a lei mudou, mas existe a Lei Patriota, que pode passar por cima de leis de privacidade. Obama diz que quer nos tirar das sombras, mas queremos isso por meio da legalização. Pelo Censo é perigoso. Ficaremos escondidos o quanto pudermos. (AM)
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8 comentários:
pode até ser doido, mas é tambem uma previa do que pode acontecer quando e se adotarmos o tal voto distrital misto.
abs
sgold
Acho a ideia de voto distrital misturado uma bobagem, mas não entendi porque esse tipo de doideira ficaria mais comum.
vou dar um exemplo: os conservadores de vila madalena vao se esconder no censo 2010. aí cai o coeficiente eleitoral do distrito, e entao juntam vila madalena com alto de pinheiros, reduzindo a chance de eleicao da soninha. estou certo?
Voto distrital diminui a chance dos "fora do padrão" serem eleitos. Pura estatística: um cacareco pode ter um voto aqui, outro ali, e se eleger no voto proporcional; mas no voto distrital, precisa ganhar em algum distrito. Dificulta a eleição para extremistas, e para "medalhões" com pouco apelo popular. Para a Soninha não sei se muda muito; para doidos como esse, provavelmente não, porque deve ter muita gente que pensa do jeito dele.
Sendo o voto obrigatório no Brasil, apareceriam distorções entre o número de votantes e o do censo (eu acho que o voto deveria ser facultativo, mas não vejo chance disso mudar no curto e médio prazos). Além do mais, acho que em poucos lugares do Brasil há essa identificação forte entre eleitor e determinado partido, diferentemente dos EUA. Não creio que teria sucesso uma estratégia que, no fim das contas, diminui a influência política do lugar onde você mora.
O voto distrital estreita a relação entre o representante do distrito e o eleitor representado, e também entre o político e a região onde atua. Isso independe da identificação que o eleitor tem a priori com os partidos. Se o anônimo de 9 Abril estava se referindo ao voto distrital, a consequencia é exatamente o contrário do que escreveu. Além disso, se todos votam, a discrepância entre o número de eleitores e os números do censo são menores do que se o voto for facultativo, mais uma vez ao contrário do comentário.
[anônimo de 9 de abril] @pait Eu estava me referindo a estratégia de se esconder no censo para favorecer sua corrente política, caso o voto distrital fosse adotado. Para ficar claro, meus pontos são: se muita gente se escondesse, o fato do voto ser obrigatório denunciaria isso, pois apareceriam mais votantes do que o número previsto pelo censo. Meu comentário era no sentido de que o ocultamento só funcionaria se o voto fosse facultativo e houvesse muita abstenção, mas não vejo essa mudança como realizável. Em segundo lugar, acho que os eleitores não teriam motivação para se esconderem, pois isso diminui a relevância do lugar onde vivem e (nisso vai um pouco de especulação minha) porque acredito que o voto aqui seja mais pragmático que ideológico e não há partidos que representem tão marcadamente correntes ideológicas (ganha um sorvete quem me disser qual o ponto de união entre os socialistas P. Skaf, G. Chalita e L. Erundina). Existem casos em que se pode traçar relação entre posições ideológicas e distritos (p. ex. Vila Maria e Vila Mariana, em SP) mas acho que são minoria. A própria introdução do voto distrital tende a realçar a discussão de temas mais locais. Meu palpite é que o estreitamento da relação entre político e eleitor não ocorreria preferencialmente em torno de eixos como conservador/liberal mas sim em torno de demandas mais práticas do eleitorado.
Isso que dá escrever na pressa, tive que fazer um comentário mais longo só para me explicar.
Short cuts make for long delays. Agora acho que está certíssimo! Essa estratégia de se esconder é bobagem. Acontece que nos EUA os imigrantes não documentados contam como parte da população dos distritos, apesar de não poderem votar.
Mas os democratas tendem a ser mais a favor da regularização da situação deles. Em situação legal, os brasileiros precisariam menos da "proteção" do bispo. Então ele prefere os republicanos. Será que é isso? Talvez não, mas teria uma certa lógica perversa.
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