Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

06 janeiro 2010

Alguém entendeu a peça do reitor da Ufabc?

Alguém me explica o artigo de opinião do físico reitor da Ufabc publicada na Folha hoje? A linguagem rebuscada parece esconder um sentido profundo, uma defesa de algum interesse, ou talvez uma agenda ideológica, que sinceramente não entendi. Como tive interesse pelo projeto acadêmico original da universidade do ABC, espero que haja um sentido maior escondido atrás de frases lapidares, ainda que incompreensíveis, como "O lócus da sinergia entre os atores acadêmicos, o poder público e o setor produtivo."

O artigo começa com pé errado, invocando Weber para dizer que há contradição entre o trabalho do cientista e do professor. Não faltam exemplos de grandes cientistas que são ou foram grandes expositores, mas para os autores a autoridade weberiana é suficiente para propor "a superação do paradigma do velho modelo humboldtiano.... e da prática extensionista." Além do jargão impenetrável, o artigo ainda sofre por aparecer ao lado de um artigo que nega o aquecimento global usando um argumento bobo: o aumento da temperatura não é causado pela atividade humana porque não é linear. Quem entender me explique. Ou é melhor ignorar ambos?

17 comentários:

Anônimo disse...

o artigo nao é tao ruim assim.

a citacao do weber está ok. nao diz que nao existem bons pesquisadores que tambem sao bons professores. diz que a combinacao é fortuita.

e dá um carater diferenciado para a extensao universitaria, distinto da assistencia comunitaria.

tambem nao é bom, reconheco. me parece que o tal conceito de extensao inovadora nao vai a lugar nenhum. no maximo, frequentar reunioes municipais modorrentas.

mas o professor pait às vezes gosta de pegar no pé de quem pensa diferente, ou se expressa por outro codigo que nao o seu.

abs
ted kuscinski, the unabomber.

Felipe Pait disse...

A combinação não é fortuita, a despeito do recurso à autoridade.

Se extensão não é fazer projetos, nem distribuir agasalhos, o quê é? Dar aulas? O artigo não explicou.

Pode ser só para criar tema para reunião e comissão como você diz. E de fato tenho pouca tolerância para jargão obscuro!

Anônimo disse...

tem razao, nao sei se é fortuita. apenas ouco falar. é que, por outro lado, a tao decantada em prosa e verso indissociação entre ensino e pesquisa tambem me parece... fortuita.

sobre a vagueza do conceito de extensao da ufabc tambem concordo. period.

sobre jargao obscuro, o seu post "vetor politecnico" tambem nao se se enquadraria? pra mim é bem obscuro.

a se salvar, os reitores da ufabc querem que os doutores saiam de seus olimpos e deem alguma resposta a quem lhes paga o salario. provavelmente é inutil. mas é tao grave assim?

deuxabomber

Felipe Pait disse...

Concordo que a decantada indissolubilidade é fortuita. Dá para ensinar sem pesquisar. Olhando para os ganhadores da medalha Fields, a maioria são bons expositores, embora haja exceções. Em geral quem diz "fulano é bom pesquisador mas não sabe ensinar" não faz nem um nem outro.

É obscuro, por isso não publiquei na Folha :-) Minha pinimba é com escrever em jargão para dificultar o entendimento, não com usar linguagem técnica para discutir um assunto entre especialistas.

Se as universidades ensinassem bem não precisariam ficar se defendendo, teriam um batalhão de ex-alunos fazendo isso. Como os alunos se formam desapontados, a universidade precisa ficar mostrando serviço, sejam projetos, assistencialismo, ou artiguinhos inócuos no jornal.

Pronto! Matamos a charada. É isso que significa o artigo do reitor! Está querendo mostrar serviço. Não falei que era só botar a pergunta na rede que alguém respondia?

Helô disse...

Achei meio banal, defendendo talvez uma partidarização da universidade em detrimento da pesquisa, do ensino e da extensão? A linguagem dele é o padrão da academia; não é o meu gosto, mas não se destaca.
Escreve com menos aspereza para não atrair unabombers.

Fernando José Capeletto Neto disse...

'vetor' só é obscuro pra quem não fez engenharia.

agora 'locus da sinergia' tá me lembrando mais alguma coisa como 'buscar o lugar geométrico das raízes por meio de um método que permita estimar o ajuste compensado de modo a garantir a estabilidade assintótica sinérgica'.

Felipe Pait disse...

1 - Então será que tem um viés ideológico, ou é só desculpa para criar comissões?

2 - Falem mal, mas falem de mim. Milliampère não mata, kilovolt mata.

3 - Tão vendo, vetor todo mundo sabe o quê é. Lócus da sinergia ninguém explica.

Anônimo disse...

a minha impressao é que no substantivo, estamos de acordo. a proposta é ruim, alem de nao ser bem escrita. mas acho que era o caso de discutir o substantivo ao inves de desqualificar o discurso. porque senao vai dar no unabomber mesmo.

vc já leu o manifesto dele?
"One of the most widespread manifestations of the craziness of our world is leftism, so a discussion of the psychology of leftism can serve as an introduction to the discussion of the problems of modern society in general"

no segundo artigo, estou inclinado a desqualificar o discurso, ao inves de discutir o subtantivo. porque suspeito que o argumento, apesar de claro, esconde tudo.

sgold

Felipe Pait disse...

Concordo, por isso perguntei se alguém sabia o significado por trás da linguagem obscura. O artigo a favor do aquecimento global nem vale a pena rebater - o argumento é falacioso em vários aspectos triviais. Só não entendo sua fascinação com o fulano knock knock cujo nome não vou reproduzir.

Anônimo disse...

ted é um exemplo acabado de que inteligencia e intolerancia é uma combinacao... explosiva.

knock knock knock on heaven's door.
sgold

Anônimo disse...

sobre o segundo artigo, nao sei se os argumentos sao falaciosos. a intencao me parece "obscura" como vc diz.
alguem que publica livros pela editora hinterland nao pode ter boas intencoes.
abs
sgold

Anônimo disse...

correcao:
hinterlandia editorial
sgold

Helô disse...

Felipe, Serginho,

Vocês que são inteligentes, e ainda por cima homens, me digam uma coisa: pra que que a gente tem esses blogues, hein? Pra que ficar dizendo o que pensa, o que sente? Acho que tem um escritor espanhol, Henrique não-sei-do-quê, que escreveu sobre isso, sobre escritores que param de escrever. Quando li o livro não entendi nada, mas agora começo a captar a idéia. Para quê? Ainda mais que é só a gente comer uma linguiça no Bar do Onofre ou do Pascoal ou sei lá que bar que é, e falar as mesmas coisas...

H.

Felipe Pait disse...

Isso, para ficar dizendo o que pensa. Acertou na mosca. É uma espécie de bar virtual, ou linguiça eletrônica, que pode ser digerida sem enfrentar trânsito nem aeroporto. Não ia dar tempo de passar na mercearia, porque vou pegar R&H na escola daqui a 15 minutos. Então escrevo no blogspot e ponho a linguiça no feijão.

Quanto ao escritor espanhol, o que não se tem com quem falar, deve-se calar.

Unknown disse...

Aqui na rua das Aroeiras tem um boteco excelente e é perto da UFABC. Na Jaguari com Sambaiba sempre tem espaço para mais uns, trazendo ou não linguiça.
Na página principal da UFABC tem uma versão traduzida do artigo. O provável próximo reitor é alguém de visão precisa, que tem deixado sua marca na estruturação da UFABC. Não me parece que o texto represente a comunidade como um todo. Eu ignoraria ambos.

Unknown disse...

Aqui na rua das Aroeiras tem um boteco excelente e é perto da UFABC. Na Jaguari com Sambaiba sempre tem espaço para mais uns, trazendo ou não linguiça.
Na página principal da UFABC tem uma versão traduzida do artigo. O provável próximo reitor é alguém de visão precisa, que tem deixado sua marca na estruturação da UFABC. Não me parece que o texto represente a comunidade como um todo. Eu ignoraria ambos.

Anônimo disse...

heloisa:

o que os homens tem a ver com o pato?

abs
sgold