Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

26 janeiro 2018

Conversa com colegas sobre artigo bolivarianístico

Conversa no Facebook com colegas da Poli sobre o artigo de Mark Weisbrot no NYTimes. Escrevi 4 posts, colo aqui sem reproduzir os textos dos interlocutores, agora chega - voltou à otimização sem derivadas.

1 - O autor do artigo de opinião não é confiável. É só consultar artigos anteriores para verificar que ele erra (o que é normal, nenhum problema nisso), nunca reconhece erros, e continua dando opiniões semelhantes como se os erros anteriores nunca tivessem servido para aprender nada.

O NYTimes errou em dar espaço para uma voz não confiável. Um caso semelhante nos EUA foi a NPR entrevistar Stephen Moore recentemente, outra mercador de opiniões que nunca reconhece erros crassos após ser desmentido pelos fatos.

Talvez haja algo correto no artigo, mas minha recomendação é não analisar. Citando Millôr: "O perigo de uma meia verdade é você dizer exatamente a metade que é mentira".

2 - No caso do Weisbrot, até dá para especular que o think tank dele receba contratos bolivarianos. Mas é pura especulação: também é possível que o viés seja individual e idiossincrático.

A imprensa séria de maneira geral não recebe jabaculê. Existem veículos completamente aparelhados, partidários e não confiáveis, cujo número e influência cresceu bastante desde mais ou menos os anos 1990. Os mais fortes e viesados são de direita e extrema-direita, mas há para outros gostos.

3 - A imprensa estrangeira é fraca sobre o Brasil porque 1) O Brasil é meio periférico então de fato eles não investem muito e 2) Nós sabemos muito sobre o Brasil então qq reportagem de fora parece curta e superficial. De modo geral q imprensa de um país X parece pouco informada quando ao país Y para os conhecedores desse último - há exceções. Comentaristas sobre assuntos internacionais que tem uma noção do que falam são raros nos jornais brasileiros - existem mas são raros.

Na época em que eu conheci correspondentes do WSJ no Brasil eles eram muito bons. Acho que os que conheci foram todos demitidos, seja por excesso de competência, seja por não afinarem ideologicamente, seja por falta de $ do Journal mesmo....

4 - Me parece que você não compreendeu o conceito de "hearsay". O que não é admitido em tribunais anglo são afirmações do tipo "ouvi fulano dizer que sicrano teria ditou ou feito X". A razão para a não admissibilidade é que tais afirmações não foram feitas no tribunal; o autor teria que ser ouvido pela justiça.

É diferente do testemunho: "eu assinei, eu vi, eu recebi". Testemunho naturalmente é uma das provas mais fortes, a menos que a idoneidade do autor seja contestada - mentir em juízo é crime em si.

Não tenho certeza sobre a admissibilidade do "hearsay" na justiça brasileira; acho que não é 100% clara. Testemunho tem forte valor legal, claro, apesar da preferência da justiça brasileira por documentos escritos.

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