30 outubro 2006
A Acadêmica Bertoleza e o Gigante Burocrator
Postei uma versão com algumas correções no Google Base. Foi mais fácil do que consertar o arquivo no Ourmedia ou no Internet Archive. A licença continua a mesma, distribuição e cópia livres. É só seguir o link no título acima e depois baixar o pedefê.
29 outubro 2006
Os três eixos do primeiro Lulato
Domingão ensolarado de eleição, vamos fazer um balanço. Os primeiros quatro anos de governo Lula podem ser definidos por três eixos: o atentado à economia popular, o atentado à democracia, e o atentado ao pudor.
O primeiro eixo era o mais largamente temido antes da eleição de Lula, por causa do histórico dos discursos do PT, mas acabou não se realizando: o governo Lula teve uma política econômica inepta, timorata, porém conservadora, para não dizer reacionária. No segundo, talvez o mais perigoso, o PT se mostrou mais pragmático do que ideológico: testou as águas com uma tentativa de restabelecer a censura à imprensa e aos meios de comunicação, e uma proposta de criação de sovietes sob o controle do partido nas universidades, mas ao encontrar resistência desistiu. Foi no eixo da imoralidade que o governo Lula surpreendeu a todos que já votaram nele uma vez ou outra.
As atitudes em cada um dos eixos contribuíram para o fim daquela antiga e um tanto pitoresca figura do "petista", aquele de camiseta, estrelinha, e adesivo no carro. Antiliberal, exceto com o dinheiro alheio, mas não em benefício próprio. Foi-se. O PT agora obtém votos nos rincões que elegiam os últimos remanescentes da ditadura, aliado com Maluf, Quércia, Collor, e Delfim, no lugar das tradicionais "forças progressistas."
Como serão os prováveis 4 anos seguintes do governo Lula? Prosseguirá Lula em sua política econômica irracional mas cautelosa, ou trará de volta a inflação, gastando tudo que não gastou no primeiro mandato, em uma vingança contra o bolso do contribuinte que votou contra ele? Será que o PT, sem figuras de expressão elegíveis, continuará aceitando a constituição (embora de mau grado), ou prepara já um auto-golpe chavista e fujimorista? Tentará o PT salvar um pouco de sua antiga reputação de honestidade, ou continuará a arriscar suas chances eleitorais em atentados violentos ao pudor?
Meu palpite? As coisas vão se inverter. Menos descaramento na corrupção: a putaria volta para o armário. Continuadas tentativas pouco coerentes de solapar a democracia: voto indireto para deputado, quem sabe senador biônico, talvez até a treeleição e a emenda "Taça Jules Rimet": quem ganhar 3 vezes leva a faixa para casa. Mas sem muito empenho. E mais, muito mais, desperdício de dinheiro público: contratações em massa de carteiros, petistas, e outros barnabés; irresponsabilidade fiscal, beneficiando políticos venais e aliados. Acho que o PT vai tentar voltar um pouco às origens. Mas já errei antes. Mais de uma vez.
O primeiro eixo era o mais largamente temido antes da eleição de Lula, por causa do histórico dos discursos do PT, mas acabou não se realizando: o governo Lula teve uma política econômica inepta, timorata, porém conservadora, para não dizer reacionária. No segundo, talvez o mais perigoso, o PT se mostrou mais pragmático do que ideológico: testou as águas com uma tentativa de restabelecer a censura à imprensa e aos meios de comunicação, e uma proposta de criação de sovietes sob o controle do partido nas universidades, mas ao encontrar resistência desistiu. Foi no eixo da imoralidade que o governo Lula surpreendeu a todos que já votaram nele uma vez ou outra.
As atitudes em cada um dos eixos contribuíram para o fim daquela antiga e um tanto pitoresca figura do "petista", aquele de camiseta, estrelinha, e adesivo no carro. Antiliberal, exceto com o dinheiro alheio, mas não em benefício próprio. Foi-se. O PT agora obtém votos nos rincões que elegiam os últimos remanescentes da ditadura, aliado com Maluf, Quércia, Collor, e Delfim, no lugar das tradicionais "forças progressistas."
Como serão os prováveis 4 anos seguintes do governo Lula? Prosseguirá Lula em sua política econômica irracional mas cautelosa, ou trará de volta a inflação, gastando tudo que não gastou no primeiro mandato, em uma vingança contra o bolso do contribuinte que votou contra ele? Será que o PT, sem figuras de expressão elegíveis, continuará aceitando a constituição (embora de mau grado), ou prepara já um auto-golpe chavista e fujimorista? Tentará o PT salvar um pouco de sua antiga reputação de honestidade, ou continuará a arriscar suas chances eleitorais em atentados violentos ao pudor?
Meu palpite? As coisas vão se inverter. Menos descaramento na corrupção: a putaria volta para o armário. Continuadas tentativas pouco coerentes de solapar a democracia: voto indireto para deputado, quem sabe senador biônico, talvez até a treeleição e a emenda "Taça Jules Rimet": quem ganhar 3 vezes leva a faixa para casa. Mas sem muito empenho. E mais, muito mais, desperdício de dinheiro público: contratações em massa de carteiros, petistas, e outros barnabés; irresponsabilidade fiscal, beneficiando políticos venais e aliados. Acho que o PT vai tentar voltar um pouco às origens. Mas já errei antes. Mais de uma vez.
28 outubro 2006
Carta aos colegas professores da Poli
Caros colegas,
Ouvi com estupefação que a congregação da Escola Politécnica voltou a discutir a proposta de baixar o nível de exigência no vestibular para cursos de menor procura, com o objetivo de trazer mais alunos justamente para essas áreas. São as especializações que despertam menos interesse entre os vestibulandos, e que oferecem possibilidades de emprego mais limitadas por não terem acompanhado a evolução tecnológica e econômica do Brasil ao longo das décadas.
Esse problema do descompasso entre as exigências da engenharia e a oferta de especializações na Escola Politécnica já data de pelo menos um quarto de século, que foi quando eu ingressei na Poli como calouro. Ele é causado pelo fato de que as estruturas curriculares são decididas pela congregação e conselhos levando em conta as conveniências do corpo docente em primeiro lugar. Com isso os currículos ficam defasados em relação ao interesse dos estudantes, às demandas das empresas, e à evolução tecnológica da engenharia. O mais incrível é que nesse intervalo já houve uma mudança de quase toda uma geração de professores, no entanto as antigas estruturas curriculares se mantém.
E não adianta tentarmos argumentar que os cursos e conteúdos se modernizaram, que houve reformas curriculares, diversas ECs, que as opções foram para o vestibular e voltaram, que foram criadas grandes áreas, ou outras mumunhas. Nem mandar baixar o espírito do Ramos de Azevedo. Não é a nós mesmo que os argumentos têm que convencer, menos de todos a esse missivista. Temos que convencer aos alunos e à sociedade brasileira que nossos cursos valem a pena. E claramente os cursos que não formam nem metade do número de vagas para ingressantes não convencem.
Mais preocupante é que aparentemente continuamos agindo como se a nossa concorrência fosse a faculdade de engenharia de São Carlos, a ciência da computação da matemática, ou uns aos outros dentro da Politécnica. Nossos concorrentes são a China e a Índia. E estamos perdendo a concorrência, 8% de crescimento do PIB contra 2% pelos últimos dados aproximados que lembro. Os alunos são os melhores que há, mesmo que de vez em quando surjam essas propostas absurdas. Se fosse um campeonatos de futebol, estaria na hora de trocar de técnico. E os técnicos somos nós os engenheiros. Para continuar perdendo de 8 a 2, pode deixar tudo como está. Para crescer 2% ao ano, pode congelar o número de vagas em cada área, e deixar para quem saber consertar alguma coisa daqui a mais uns 25 anos. Não vai fazer diferença mesmo, vão todos trabalhar em banco.
Agora, se quisermos fazer uma contribuição para a engenharia e economia nacional... Está na hora de andar para frente, e não para trás.
Ainda estupefato,
πt
Ouvi com estupefação que a congregação da Escola Politécnica voltou a discutir a proposta de baixar o nível de exigência no vestibular para cursos de menor procura, com o objetivo de trazer mais alunos justamente para essas áreas. São as especializações que despertam menos interesse entre os vestibulandos, e que oferecem possibilidades de emprego mais limitadas por não terem acompanhado a evolução tecnológica e econômica do Brasil ao longo das décadas.
Esse problema do descompasso entre as exigências da engenharia e a oferta de especializações na Escola Politécnica já data de pelo menos um quarto de século, que foi quando eu ingressei na Poli como calouro. Ele é causado pelo fato de que as estruturas curriculares são decididas pela congregação e conselhos levando em conta as conveniências do corpo docente em primeiro lugar. Com isso os currículos ficam defasados em relação ao interesse dos estudantes, às demandas das empresas, e à evolução tecnológica da engenharia. O mais incrível é que nesse intervalo já houve uma mudança de quase toda uma geração de professores, no entanto as antigas estruturas curriculares se mantém.
E não adianta tentarmos argumentar que os cursos e conteúdos se modernizaram, que houve reformas curriculares, diversas ECs, que as opções foram para o vestibular e voltaram, que foram criadas grandes áreas, ou outras mumunhas. Nem mandar baixar o espírito do Ramos de Azevedo. Não é a nós mesmo que os argumentos têm que convencer, menos de todos a esse missivista. Temos que convencer aos alunos e à sociedade brasileira que nossos cursos valem a pena. E claramente os cursos que não formam nem metade do número de vagas para ingressantes não convencem.
Mais preocupante é que aparentemente continuamos agindo como se a nossa concorrência fosse a faculdade de engenharia de São Carlos, a ciência da computação da matemática, ou uns aos outros dentro da Politécnica. Nossos concorrentes são a China e a Índia. E estamos perdendo a concorrência, 8% de crescimento do PIB contra 2% pelos últimos dados aproximados que lembro. Os alunos são os melhores que há, mesmo que de vez em quando surjam essas propostas absurdas. Se fosse um campeonatos de futebol, estaria na hora de trocar de técnico. E os técnicos somos nós os engenheiros. Para continuar perdendo de 8 a 2, pode deixar tudo como está. Para crescer 2% ao ano, pode congelar o número de vagas em cada área, e deixar para quem saber consertar alguma coisa daqui a mais uns 25 anos. Não vai fazer diferença mesmo, vão todos trabalhar em banco.
Agora, se quisermos fazer uma contribuição para a engenharia e economia nacional... Está na hora de andar para frente, e não para trás.
Ainda estupefato,
πt
18 outubro 2006
A Acadêmica Bertoleza e o Gigante Burocrator
Para o bem ou o para o mal, está publicada com uma licença do Creative Commons minha primeira obra de ficção. Citando o narrador:
"O bom da internet é que qualquer palhaço pode publicar o que quiser. O bom da democracia é que ninguém é obrigado a ler."
Quem quiser, que o faça por sua conta e risco:
http://www.ourmedia.org/node/263825
É só seguir o link "This media file's URL" para baixar um arquivo pedefê. O arquivo mesmo está em:
http://ia331302.us.archive.org/3/items/A_Acadmica_Bertoleza_e_o_Gigante_Burocrator_2/A_academica_Bertoleza_e_o_Gigante_Burocrator.pdf
Aproveito o ensejo para etc. etc. etc.
"O bom da internet é que qualquer palhaço pode publicar o que quiser. O bom da democracia é que ninguém é obrigado a ler."
Quem quiser, que o faça por sua conta e risco:
http://www.ourmedia.org/node/263825
É só seguir o link "This media file's URL" para baixar um arquivo pedefê. O arquivo mesmo está em:
http://ia331302.us.archive.org/3/items/A_Acadmica_Bertoleza_e_o_Gigante_Burocrator_2/A_academica_Bertoleza_e_o_Gigante_Burocrator.pdf
Aproveito o ensejo para etc. etc. etc.
08 outubro 2006
Lendo o jornal de domingo....
No artigo "Os sem-estepe", a Folha dá a dica de que é possível calibrar o estepe que não está no carro.
"São poucos os motoristas que calibram o estepe com regularidade. Um número menor ainda confere se ele está lá."
Se você for um daqueles motoristas que calibram o estepe com regularidade, sem ao menos conferir se ele está lá, confira:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/veiculos/cv0810200601.htm
E no artigo "Acidente da Gol causa guerra de acusações", vamos ver a quantas anda a lógica.
"Até agora, há dois pontos cruciais já confirmados:
1) o Legacy estava na "contramão", em 37 mil pés, quando deveria estar em 36 mil pés de altitude naquela região e na direção norte;
2) a partir desse erro, houve uma falha grave de comunicação que, se não causou o acidente, pode ter sido fundamental para não impedi-lo."
E um pouco mais abaixo no mesmo artigo, um dos pontos é desconfirmado:
"...o plano de vôo previa três altitudes -37 mil pés até Brasília, 36 mil depois e 38 mil a partir de determinado ponto entre Brasília e Manaus."
Cadê os pontos confirmados? Procure:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0810200613.htm
Então já que está todo mundo dizendo besteira sobre acidentes aéreos, somo minha voz ao coral do Febeapá com mais duas perguntas. Uma de engenheiro: quem teve a idéia de fazer as "pistas" de tráfego aéreo coincidirem em latitude e longitude? Sem essas pistas cartesianamente posicionadas a cada mil pés, a probabilidade de colisão seria zero. Com as pistas, continua improvável, mas pode acontecer.... e aconteceu.
Aconteceu por uma seqüência de erros humanos, e talvez adicionalmente por falhas de equipamento. Então a segunda pergunta: o controle de tráfego aéreo não serve exatamente para evitar acidentes em caso de falha humana? Houve falha humana, e o acidente ocorreu. O controle de tráfego aéreo não se comunicou nem com um avião, nem com o outro. Ou porque não é o procedimento normal, ou porque não tentou se comunicar, ou porque não conseguiu.
Se não é capaz de evitar acidentes, então o controle de tráfego aéreo serve para que, exatamente?
"São poucos os motoristas que calibram o estepe com regularidade. Um número menor ainda confere se ele está lá."
Se você for um daqueles motoristas que calibram o estepe com regularidade, sem ao menos conferir se ele está lá, confira:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/veiculos/cv0810200601.htm
E no artigo "Acidente da Gol causa guerra de acusações", vamos ver a quantas anda a lógica.
"Até agora, há dois pontos cruciais já confirmados:
1) o Legacy estava na "contramão", em 37 mil pés, quando deveria estar em 36 mil pés de altitude naquela região e na direção norte;
2) a partir desse erro, houve uma falha grave de comunicação que, se não causou o acidente, pode ter sido fundamental para não impedi-lo."
E um pouco mais abaixo no mesmo artigo, um dos pontos é desconfirmado:
"...o plano de vôo previa três altitudes -37 mil pés até Brasília, 36 mil depois e 38 mil a partir de determinado ponto entre Brasília e Manaus."
Cadê os pontos confirmados? Procure:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0810200613.htm
Então já que está todo mundo dizendo besteira sobre acidentes aéreos, somo minha voz ao coral do Febeapá com mais duas perguntas. Uma de engenheiro: quem teve a idéia de fazer as "pistas" de tráfego aéreo coincidirem em latitude e longitude? Sem essas pistas cartesianamente posicionadas a cada mil pés, a probabilidade de colisão seria zero. Com as pistas, continua improvável, mas pode acontecer.... e aconteceu.
Aconteceu por uma seqüência de erros humanos, e talvez adicionalmente por falhas de equipamento. Então a segunda pergunta: o controle de tráfego aéreo não serve exatamente para evitar acidentes em caso de falha humana? Houve falha humana, e o acidente ocorreu. O controle de tráfego aéreo não se comunicou nem com um avião, nem com o outro. Ou porque não é o procedimento normal, ou porque não tentou se comunicar, ou porque não conseguiu.
Se não é capaz de evitar acidentes, então o controle de tráfego aéreo serve para que, exatamente?
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