Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

29 maio 2015

Pena dos políticos palestinos #FIFA

Estou com pena dos políticos palestinos. Finalmente tinham encontrado uma forma de resistência pacífica, sem violência, bem fundamentada, sem a mácula do ódio anti-judaico. Suspender Israel da FIFA era uma iniciativa que tinha boas chances de ser bem sucedida, tinha um alvo e uma justificativa contra ações israelenses que atrapalham a vida dos palestinos, e mais importante, não constituía uma ameaça existencial que poria os israelenses na defensiva, mas sim seria uma derrota humilhante que faria eles reconsiderarem suas posições.

Daí estourou o escândalo da FIFA, bem na hora que a coisa estava andando. Agora, ser expulso da FIFA seria uma honra. Vergonha é continuar na FIFA com o Qatar e a Rússia. Finalmente uma estratégia boa, e deu errado do mesmo jeito. É muito azar.

26 maio 2015

Aumento de salários na USP

Ano passado a reitoria disse que ia dar zero bola de aumento e não ia negociar nada. No final teve que dar tudo que os grevistas pediram e ainda saiu humilhada. Os grevistas nem se deram ao trabalho de fingir que compensavam as horas paradas. Em muitos casos a diferença entre trabalho e greve é pouca, nem deu para perceber se estavam repondo ou não. O importante é que receberam pelos meses da greve, porque afinal quem não recebe quando não trabalha é proletário explorado, funcionário público tem que ser tratado com mais respeito. É uma questão de justiça social.

Conforme todo mundo previa, o resultado é que esse ano a reitoria já começou oferencendo reajuste integral das perdas com a inflação em alta, e os grevistas já iniciaram a campanha pedindo uns trocentos por cento de aumento e ameaçando greve. Desde a Constituição de 1988 já se sabe que não vai ter greve esse ano porque não é eleitoral, e se não prejudica o governador partidariamente, a greve não beneficia ninguém. Quer dizer, é sempre mais uma oportunidade para não trabalhar, mas a diferença é pequena, não vale o esforço de contratar caminhão de som. Fundamental é que o funcionário da USP não pode se sujeitar ao teto salarial igual ao salário do governador. É outra questão de justiça social, salário de 30, 40, 60 mil-réis por mês. Cortar isso é violar as conquistas dos trabalhadores mais humildes.

Antes que se esqueça, as demissões voluntárias deram com burros n'água. Foi um custo inicial grande com indenizações, que queimou metade do resto das reservas financeiras da universidade mas não diminuiu as despesas correntes, como a metade da torcida do Corinthians que lê esse blog já sabia. O mais provável é que saíram uns poucos que conseguem ganhar mais em empresas privadas, aqueles que estavam tocando o serviço, e outros que anteciparam a aposentadoria, resultando num custo maior para o Estado mas fora do orçamento da USP. Quem souber os detalhes não me conte.

17 maio 2015

Por viver em país que ainda não se construiu como nação, penso que.....

Li num artigo sobre economia na Folha a frase acima.

1a reação foi revolta. Como assim, não se construiu como nação? Milhões de compatriotas debatendo com vigor nas urnas, nas ruas, nas redes sociais, cada um defendendo suas opiniões sobre o futuro do país, e não somos nação? Encontre um brasileiro de qualquer parte do país ou qualquer situação social em qualquer parte do mundo, a conversa imediatamente se volta para elogiar ou criticar ou relembrar a pátria amada, porque tanta conversa só pode ser por amor, se isso não é nação, o quê é?

2a reação foi analítica. O que significa "não ter se construído como nação"? O conceito não está definido no artigo. Qualquer que fosse a definição, não vejo como pode ser usada para tomar posições sobre assuntos concretos, como o nível desejável da taxa de juros, ou sobre quais os destinos mais apropriados para o dinheiro arrecadado do contribuinte. Academicamente era para rejeitar a submissão como fracamente fundamentada.

3a reação é medo. O Brasil só não é uma nação se o conceito exige alguma uniformidade racial, cultural, religiosa, ou ideológica, que nunca tivemos nem nunca vamos ter, com a graça de Deus, e que só poderia ser atingida, talvez or 12 ou por 68 anos, com extremos de violência que nos são tão estranhos como repugnantes.

Está bom, saiu na Folha, não é para levar a sério. A autora não é do mal. Mas deve refletir algum pensamento que não considera o Brasil como nação enquanto não seguirem todos integralmente alguma cartilha.

04 maio 2015

Petistas, o general Médici, e Millôr Fernandes

Quando vejo a esquerda brasileira recrudescendo sua campanha contra a imprensa e as eleições diretas, me lembro do que escreveu o Millôr no longínquo ano de 1964:

"Quem avisa, amigo é: se o governo continuar deixando que certos jornalistas falem em eleições; se o governo continuar deixando que determinados jornais façam restrições à sua política financeira; se o governo continuar deixando que alguns políticos teimem em manter suas candidaturas; se o governo continuar deixando que algumas pessoas pensem por sua própria cabeça; e, sobretudo, se o governo continuar deixando que circule esta revista, com toda sua irreverência e crítica, dentro em breve estaremos caindo numa democracia."

Não li quando saiu, por analfabetismo, mas um pouco depois, já na época da censura brava, não esqueci. Outros não leram, ou esqueceram, ou não entenderam.