A análise do Raphael Chinchilla é brilhante!
Primeiro, ele indica a fonte dos problemas que estão sendo notados agora: o excesso de ênfase nas aulas como processo de transmissão de conteúdo. Essa é apenas uma das funções da aula, e a aula não é a única forma de aprendizado.
Segundo, ele reconhece que, apesar dos grandes esforços dos professores, os currículos que estão sendo propostos não têm muita chance de dar certo, porque a estrutura curricular de engenharia elétrica está prevendo um excesso de disciplinas obrigatórias - 8 na maioria dos semestres. Dessa forma a atenção dos alunos tem que se dividir em 8 matérias, e fazer algumas delas caberem em 2 ou 3 horas de aula por semana só vai piorar as coisas, ou pelo enfraquecimento o conteúdo, ou pela falta de tempo para a compreensão.
Finalmente, ele traz a perspectiva dos estudantes e reforça a centralidade do assunto circuitos, que não é difícil mas é sutil, e exige uma compreensão teórica mais madura do que outras matérias. Talvez justamente por isso o laboratório acabe sendo pior avaliado do que outras matérias, igualmente importantes, mas que não fazem a mesma exigência de maturidade.
Gostaria de acrescentar que na minha opinião o mesmo problema que estamos diagnosticando em Laboratório de Eletricidade vai aparecer, de forma menos óbvia e imediata mas igualmente previsível, em muitas outras disciplinas: a diluição da dedicação dos alunos, causada pelo excesso de disciplinas obrigatórias e de conteúdos em cada semestre. Cada disciplina tem suas provas, suas avaliações, seus trabalhos, seus estilos, suas notações, e o excesso de matéria simultânea vai prejudicar o aprendizado, seja pela diminuição da transmissão de interesse por parte do professor, seja pela diminuição da absorção de conteúdo por parte dos alunos. O desconforto está aparecendo em primeiro lugar com respeito a esses Labs por causa da centralidade do assunto circuitos dentro do curso. Um problema ainda maior é que o excesso de disciplinas diminui as oportunidades para estudos, projetos e investigações fora da camisa-de-força curricular.
Ainda dá para corrigir esse erro, e a correção não vai ser feita nem pelo desmerecimento do cuidadoso trabalho dos docentes responsáveis pelas disciplinas, nem pela desqualificação das críticas bem embasadas de quem aponta o problema. Temos que rever os parâmetros que produziram um currículo engessado: excesso de ênfase em conteúdo transmitido em sala de aula, falta de apreciação da maturidade intelectual dos estudantes politécnicos, e insuficiente consideração da importância da motivação e curiosidade intelectual deles.
A escolha é nossa.
(18 setembro 2013)
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