Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

27 janeiro 2019

Calendário da pós-graduação da Poli

Segundo o calendário oficial da Politécnica, que pode ser consultado em

https://www.poli.usp.br/ensino/pos-graduacao/calendario

o prazo final para entrega das notas de pós-graduação é 21.02.2019, 60 dias após o término do 3o período letivo de 2018. Fui informado através do email

Fale Conosco PRPG

que os responsáveis pelo sistema têm a intenção de reprovar os alunos caso as notas não estejam no sistema até dia 30 de janeiro. O intuito dessa determinação de desrespeitar o calendário oficial da Poli de forma a prejudicar os alunos e o programa de pós graduação é seguir algum procedimento interno do Janus. Repetida correspondência eletrônica não foi suficiente para dissuadir os responsáveis pelo sistema Janus de sua intenção de reprovar os alunos caso o calendário oficial seja cumprido.

Para evitar que estudantes sejam prejudicados por esse erro arbitrário e deliberado da burocra da USP, atribuí a todos os alunos da disciplina PTC5820 a nota máxima.

Bom domingo!

02 novembro 2018

O astronauta é uma celebridade

Marcos Pontes é um engenheiro de boa formação, dizem colegas do ITA, e uma celebridade por ter voado de Soyuz. Não sei se vocês acompanham ou conhecem administradores de ciência, nos EUA especialmente. São pessoas com realizações notáveis e credibilidade alta no meio científico.

No Brasil as posições de liderança nas universidades são burocráticas, por causa das regrinhas, e políticas, por causa das votações, então a ascendência científica conta menos. Temos menos gente com tais qualidades - a maioria ligada à Fapesp. Mas existem, e são preferíveis aos políticos que em geral são alçados aos ministérios.

O astronauta não tem realizações científicas conhecidas nem capacidade demonstrada de gerir a ciência. É uma celebridade, ponto final. Ou, se quiser, a ideia que um leigo completo faz do que seja um cientista.

30 outubro 2018

Leis retroativas anticonstitucionais

Ontem Trump ameaçou rasgar a Constituição americana para tirar cidadania de pessoas de quem ele não gosta. O cada vez mais indispensável David Frum brincou que o próximo passo seria passar uma decisão administrativa permitindo a concessão de títulos de nobreza e a expedição de leis retroativas.

Não é que o finíssimo Alexandre Frota, grande autoridade moral do futuro governo Bolsonaro, do alto de seus elevados valores religiosos, promete exatamente passar leis retroativas, em violação às garantias individuais, com a intenção de destruir a Constituição e a República?

Isso ao lado dos ataques virulentos do chefe dele à Lügenpresse. Quem tinha curiosidade para saber como os vizinhos se comportariam na Alemanha em 1933 logo vai ficar sabendo.

20 outubro 2018

Os 2 mais fortes argumentos para votar no Haddad

Acabei de ler os 2 mais fortes argumentos para votar no Haddad, feitos por um anti-petista convicto.

1 - "Não acho que o Bolsonaro seja responsável pela violência de certos grupos que supostamente o seguem. Acho que essas pessoas já estavam num estado de violência latente e o Bolsonaro apenas deu as condições de manifestação dessa violência."

Isso em resposta ao relato da mãe de uma jovem que foi ameaçada de violência aos gritos de "Bolsonaro!" quando saía do metrô.

O Bolsonaro deu condições para que pessoas violentas manifestem sua violência. Vai oferecer condições para que elas a pratiquem. O argumento é definitivo. O mais forte que tinha visto para tapar o nariz e votar contra o Bolsonaro. É imprescindível fazer tudo que estiver a nosso alcance para impedir que o País vire o império da violência.

2 - "Se o Haddad for eleito, os apoiadores do Bolsonaro vão causar uma violência generalizada e organizada".

Em seguida, um argumento até mais forte. O 1o argumento é que se o Bolsonaro for presidente, vai haver violência local e específica contra mulheres, negros e gays, que em princípio poderia ser contida pelas polícias estaduais. O 2o argumento é que se o Bolsonaro perder, a violência dos simpatizantes será generalizada contra a nação inteira, que o Estado não conseguirá conter.

A argumentação a favor do voto no Bolsonaro é chantagem. Com todos os defeitos do PT, é preferível a votar sob ameaça de violência.

24 setembro 2018

Todas as pessoas de bem apavoradas com a eleição no Brasil

Então vou anotar minha previsão racionalmente otimista. O País está dividido entre PT e anti-petistas, por obra conjunta de ambos os lados. O eleitor simpático ao PT vai abandonar futuros e ex-petistas e migrar para o candidato do PT, do Lula. Em breve o Haddad fica em 1o lugar nas pesquisas.

Quem não quer que o PT volte ao governo só tem uma alternativa racional, que é votar no Geraldo. O candidato da extrema direita perde do PT no 2o turno. A candidata ex-petista não vai arrebatar os votos dos anti-petistas. O coronel ex-tucano com programa à esquerda do PT também não. Os palhaços vários continuam com migalhas nas pesquisas e nas urnas. Repito: Bolsonaro perde do PT, nem Marina nem Ciro atraem os anti-petistas. Alckmin é a única opção à volta do PT à presidência. Meu palpite é que o 2o turno vai ser entre PSDB e PT, como sempre. O PSDB ganha, mas tende a fazer um governo menos bom do que seria de esperar (espero estar errado nisso).

Se o 2o turno não for assim, é porque o TSE encurtou demais a campanha, por motivos inescrutáveis, usando seus poderes excessivos. Daí fica entre Haddad e Bolsonaro. O Haddad leva, e faz um governo melhor que o esperado, deixando a esquerda tão furiosa como ficou no 1o lulato. Em S Paulo, o Dória ganha, apesar de ser meio malandro e politiqueiro, porque a malandragem dele já é conhecida do eleitor. Os demais estados estão falidos e não têm muito peso na União.

Repito: há motivo para ser racionalmente otimista. Votem portanto em bons candidatos e partidos para o legislativo.


07 setembro 2018

George Wallace

Para quem gosta de fazer paralelos entre política americana e brasileira.

George Wallace era um segregacionista asqueroso que se candidatou 4 vezes a presidente dos Estados Unidos. Sua melhor chance foi interrompida por uma tentativa de assassinato, por um maluco buscando fama, que o deixou paralisado. No final da vida se arrependeu de seus preconceitos, repudiou o racismo, e pediu perdão aos negros por seus atos e erros. Às vezes descrito como populista, foi durante sua longa carreira um político razoavelmente eficaz bem sucedido.

Não há paralelos perfeitos, esse é único ilustrativo. Leiam na Wikipédia se quiserem saber mais.

20 agosto 2018

Declaração de voto

Como é meu hábito, escrevo aqui meus votos em novembro, começando com os mais fáceis. Por enquanto o texto é rascunho.

Representante estadual em Massachusetts: Rebecca Stone. De todos meus votos, a pessoa mais preparada para o cargo a que está se candidatando. Se mesmo assim não ganhar a primária, qualquer poste democrata.

Senado estadual de Massachusetts: Cindy Creem. Sem dúvida para reeleição.

Representante federal em Massachusetts: Joe Kennedy III. Jovem promissor, o melhor do clã. Não tem concorrente. Mesmo se houvesse, eu não votava nem em mim contra ele - está fazendo ótimo trabalho.

Senadora por Massachusetts: Elizabeth Warren. Não tem comparação com qualquer possível oposição.

Governador de Massachusetts: Jay Gonzalez. O atual governador é uma anta.

Senado por S Paulo: Mara Gabrilli, PSDB. Deputada atuante e correta. Não dá para imaginar motivo para votar em qualquer outro candidato.

Câmara de deputados por S Paulo: Gilberto Natalini, PV. Íntegro, acessível, trabalhando muito bem na Câmara de vereadores.

Presidente da República: Geraldo Alckmin. Nosso chefe na USP, não fez nada de errado conosco nem atrapalhou nosso trabalho, apesar do tremendo buraco em que meteram o País. Ao contrário das universidades federais e de outros estados, estamos recebendo salário e recursos normalmente, embora com inevitável aperto. A criminalidade no estado caiu 80% desde que Geraldo entrou no governo. Alguma coisa ele está fazendo certo. Marina tem seus méritos, seria uma opção, mas a experiência do Geraldo dá mais segurança. Para quem é de esquerda, o candidato correto seria o Haddad. Eu teria dificuldade em não votar no meu amigo, apesar de tudo que o PT fez. Mas o candidato a presidente não é ele, o que me libera para votar no Geraldo.

Governo do Estado: Aí é difícil. Todos os candidatos são profundamente falhos. Apesar de só ter feito política e mais absolutamente nada, palpito que o Doria vai ser eleito, por conta do governo razoável - excelente se comparado com a norma no País - que o PSDB tem feito em S Paulo. Se houver 2o turno talvez vote nele mesmo, mas no 1o acho que faço voto de protesto.

Deputada estadual: Sei lá. Na hora escolho alguma candidata do PV. A Assembleia estadual é um lixo, e por conta do voto proporcional, quem vota num partido grande puxa da rabeira algum desconhecido que entra sem compromisso com o eleitor, só com os caciques do partido. Melhor votar em partido pequeno.

2a vaga no Senado por S Paulo: Difícil acreditar que são 2 vagas, tais as nulidades que concorrem, exceto a deputada. Sei lá, Mário Covas, só por causa do nome?

11 agosto 2018

Estratégia do PT para eleições

A estratégia do PT para as eleições parece ser: ficar fora dos debates para não ser atacado pelos resultados dos 13 anos de governo; usar o nome do Lula para não precisar vender o de um candidato menos conhecido; confiar na fragmentação, esperando que um número pequeno de votos seja suficiente para chegar ao 2o turno; e chegando lá torcer para que o adversário seja tão maligno e perigoso para o País que até os eleitores descontentes com a administração do PT prefiram, por patriotismo, votar no candidato solto do partido.

Talvez seja o caminho com maiores chances de sucesso, dado o buraco em que o Partido enfiou o País. Mas é difícil imaginar uma estratégia mais salafrária.

09 julho 2018

Pinimba no grupo dos ex-alunos

(Frases soltas. Não é para ninguém ler.)

Não acredito que sou eu que estou tendo que defender a USP de ataques de gente que nunca leu nada nem parou para pensar sobre o assunto e sai atacando a ética de todos os professores e funcionários sem o menor pudor. Logo eu, que já denunciei todo mundo publicamente no meu blog!

Mas o #fato é que essa thread está cheia de comentários mal informados e depreciativos sem base nenhuma na realidade. E feitos por colegas! Triste.

80%, 90%, não sei. 95% é muito, só se justifica numa emergência, gastando as reservas para evitar erros irrecuperáveis.

A USP tem um problema de funcionários pouco qualificados ou desmotivados. Professores também, mas menos. Uma parte do problema é que os benefícios de aposentadoria são desproporcionais aos salários - é um contrato, uma forma de pagamento, mas não muito eficaz em motivar.

O maior problema é o corporativismo, a visão estreita, burocrática, que impede a universidade de retornar mais à sociedade com os recursos que tem. Se fosse mais dinâmica, entendesse melhor seu próprio métier, o $ necessário entrava com facilidade. Essas questões aqui discutidas seriam de menor relevância.

Em tempo: o caminho para a universidade melhorar sua contribuição NÃO passa por essas sugestões toscas, pouco informadas, achísticas, ou ideológicas com as quais briguei aqui. Essas críticas generalizadas e caluniosas são parte dos obstáculosl.

Sim, 96% é muito. Uns 90% era o alvo. Faz sentido gastar mais quando há queda de arrecadação - a universidade tem atividades de longo prazo que não se recuperam com facilidade se forem cortadas.

Felizmente a USP acumulou reservas durante anos bons e conseguiu mais ou menos se manter por um período de baixa. Infelizmente na administração Rodas boa parte das reservas foi comprometida por antecipação, então quando chegou a crise nacional elas não estavam mais completamente disponíveis. Houve planejamento - infelizmente também houve uma falha logo num mal momento.

A grosso modo a universidade aguentou bem a crise, ao contrário de muitas empresas privadas. Não teve que demitir em massa, o que na universidade teria consequência a longo prazo, porque reconstruir é muito mais lento.

Meus pontos são 1) a universidade tem problemas, e tem dificuldades em reconhecer e consertar os erros; 2) os críticos externos em geral são ideológicos, superficiais, mal informados, e movidos pela arrogância e ignorância; e 3) no total geral se a universidade estaria muito pior se ouvisse algumas das críticas do pessoal que está comentando aqui.

Talvez seus professores não fossem os mais conectados. Talvez eles tivessem muito alunos presentes. Talvez você não tenha deixado muita saudade - já tive alunos assim.

Certamente não dá para esperar que os professores corram atrás do antigos alunos individualmente. Para aqueles que voltam para conversar, a maioria das portas está aberta.

Administrativamente a universidade deixa muito a desejar no contato com os ex-alunos. Não há $ designado para isso - posso garantir que não é fácil e exige trabalho. Mas mesmo com recursos poucos daria para tentar fazer mais. É uma falha da universidade.

Organizações como a AEP e os Amigos da Poli fazem uma boa parte do serviço. Sugeriria se informar e contribuir, a não ser para quem não tem nada a contribuir e prefere passar a vida reclamando que o governo não faz as coisas que eles mesmos poderiam fazer se tivessem caráter e competência para tal.

Uma organização de serviços DEVE gastar a maior fração possível de seu orçamento em pessoal.

Imagine ir a um médico e descobrir que metade da consulta é para pagar - não médicos e enfermeiros - mas artigos não diretamente relacionados com os cuidados de saúde?

Mesma coisa na universidade. Onde deviam ir os recursos? Móveis? Carros? Lembrancinhas? Quase tudo tem mesmo que ser gasto com pessoal.

Ataque pessoal. Agora levou a conversa para o nível que você queria.

Você poderia até ser a favor da tal privatização. Só "achar" que é mal ou bem administrada, sem se dar ao trabalho de uma olhadinha na informação disponível, não reflete bem na qualidade da sua opinião.

Quem tem sucesso na carreira profissional saberia reconhecer que os Amigos da Poli é uma organização séria, eficaz, com excelente propostas. E também teria disponibilidade para fazer uma contribuição, mesmo que pequena.

Quem não teve nenhum sucesso do qual se orgulhar pode continuar caluniando a USP inteira sem se informar, já que não tem reputação a perder.

Fale a respeito das organizações das quais você participa.

Na USP há erros, até desvios. A grande maioria dos professores faz muito mais pela sociedade do que recebe de volta.

Já escrevi muito, publicamente, sobre erros específicos no emprego da coisa pública.

Generalizar a respeito de todo o $ é certamente falso e provavelmente uma calúnia feita sem conhecimento de causa.

Sim, não sou capaz de afirmar que estão completamente abertas e acessíveis.

Leia o que está público antes de acusar os outros de falta de ética.

Veja minha resposta à (...) nesta thread e faça o dever de casa antes de acusar.

As contas da USP são razoavelmente abertas. Consulte os relatórios anuais, estão cheios de informação, antes de acusar.

A USP presta diversos serviços à sociedade além de dar aulas de graduação. Sua conta de dividir o orçamento pelo número de alunos de graduação não tem qq significado.

Uma organização de serviços DEVE gastar a maior fração possível de sua receita com salários, que são os serviços prestados. O resto, acima do minimamente necessário - luz, manutenção predial - é quase desperdício.

Quem tiver competência para ler essa thread vai poder se informar a respeito do Fundo Patrimonial Amigos da Poli, que recebe doações com o objetivo de apoiar a Escola.

02 julho 2018

Proposta de acabar com o curso de engenharia de computação da Poli

É isso mesmo que vocês leram. O PCS, departamento que dá o curso de engenharia de computação, aprovou uma proposta de acabar com o curso. Ficaria apenas o curso cooperativo, trimestral, com número reduzido de vagas.

O motivo é o seguinte: a nova estrutura curricular da elétrica ficou inviável, excessivamente pesada para alunos e professores. Alguns de nós bem avisamos que a tentativa dos departamentos de ocuparem o máximo espaço nas grades horárias ia dar errado, mas fomos voto vencido. Só não esperávamos que quem ia desistir antes de todos é justamente um dos departamentos que mais se empenhou em fazer a estrutura do modo como ficou.

Pena é que a solução seria simples: seguir as diretrizes gerais da Estrutura Curricular EC3 da Poli, 7 matérias por semestre sendo 1 eletiva livre. É a proposta dos CEE e dos atuais alunos engajados em debater currículos. Em vez de reconhecer o erro e consertar, o Departamento de Engenharia de Computação votou por acabar com o curso.

Imagino que alguns de vocês possam ter uma opinião semelhante à minha: desmontar um curso construído ao longo de décadas é um ato de depredação do patrimônio público. Postei alguma coisa no Facebook dos ex-alunos da Poli, aguardando moderação, encorajo vocês a darem suas opiniões. Agradeço o interesse!

27 maio 2018

Ferrovias no Brasil

O locaute dos transportadores e a greve anunciada dos petroleiros tem dado ocasião para muitas repetições do mito da destruição das ferrovias no Brasil. Chegam até a dizer que o Brasil teria sido o 2o maior país do mundo em transporte de passageiros! Não encontro base para essa afirmação, parece fantasiosa.

Minha impressão é que esse #mito da destruição das ferrovias no Brasil tem fundo ideológico anti-Juscelinista, ou anti-imperialista: é #mito mesmo. O tamanho da rede ferroviária no Brasil é próximo ao pico anterior à estatização. O transporte ferroviário de passageiros de longa distância realmente desapareceu. O transporte ferroviário no Brasil era restrito e capenga. Poderia talvez ter recebido mais investimentos, mas não é que foi destruído - nunca chegou a cobrir o país da forma necessária.  Para se convencer das dificuldades que o transporte ferroviário encontrou, pense na Madeira-Mamoré, ou melhor ainda, leia sobre a estrada de ferro para Teófilo Otoni no excelente "Estradas da vida - Terra e trabalho nas fronteiras agrícolas do Jequitinhonha e Mucuri, Minas Gerais", de Eduardo Magalhães Ribeiro.

Na época do Getúlio as ferrovias foram sendo avacalhadas através de desinvestimentos e nacionalizações. Em parte por motivos ideológicos: as ferrovias estavam ligadas ao capital estrangeiro e à economia paulista. Em 1957 quando foi criada a Rede Ferroviária Federal o sistema estava mais do que falido. Nos anos 1960 os trens de passageiros já não eram mais do que uma curiosidade.

Pode-se argumentar que a opção pelo transporte rodoviário foi excessiva, os subsídios desnecessários. O Samuel Pessôa mostra como o subsídio dilmista aos caminhões criou uma bolha - agora sobra caminhão, as fábricas estão ociosas, e os caminhoneiros não conseguem aumentar o frete quando os custos aumentam. O governo petista só fez imitar as políticas perniciosas da ditadura militar.

Meus avós e bisavós andavam de trem pelo Brasil afora fazendo seus negócios. Eram poucas e insuficientes linhas - de S Paulo para o Rio ou para o Oeste paulista. O bisavô Dranger ia e vinha do Sul por navio.  Meus tios usavam trem ocasionalmente, dependendo do destino. O #fato é que o transporte ferroviário era insuficiente e que nos anos 1950 as rodovias eram uma opção mais eficaz para cobrir o País. Quem sair andando pela região de Diamantina vai compreender a razão pela qual JK queria estimular o transporte rodoviário: sem estrada não tinha como chegar em lugar nenhum, não tinha como vender a produção nem comprar mercadorias. Nathaniel Leff tem a explicação de que as dificuldades de transporte atrasaram a industrialização do Brasil a partir do século 19.

O movimento de substituição de ferrovias por rodovias foi mundial. Uma herança visível das ferrovias desativadas são os caminhos que hoje estão sendo transformados em ciclovias. Entre países grandes só na China as ferrovias cresceram em tempos recentes. Já a ideia de que as ferrovias foram destruídas no Brasil, e só no Brasil - essa é uma jabuticaba.




26 maio 2018

Mercado de óleo e gás

Um #fato confunde os analistas na questão dos combustíveis. Os preços no varejo se comportam como se as empresas fossem monopolistas, apesar da Petrobrás não ter monopólio da distribuição e comercialização ("downstream"), decerto por causa da formação de cartéis.

Por outro lado a Petrobrás se comporta de modo concorrencial na extração e refino de petróleo, apesar de não ter concorrência real - a empresa promove uma "concorrência virtual" consigo mesma, decerto para evitar o surgimento de concorrentes de verdade.

Aprendi isso com os alunos Artur Freitas de Mendonça e Nicolas Suzigan de Almeida, que fizeram trabalho de formatura "Análise da Estrutura e Competitividade do Mercado de ´Pleo e Gás" no LAC em 2014.

03 março 2018

Goodbye, old spruce

The old spruce may have been here for 80 years, but its N England roots were shallow. We barely knew it, and now it's gone.


16 fevereiro 2018

Propostas para representação de professores associados no C Universitário

Recebi 4 emails com propostas para representação de Professores Associados no Conselho Universitário da USP. Rápida avaliação segue.

Bruno Caramelli: mensagem inteira sobre a administração do Hospital Universitário. Não é a única questão, nem de longe a mais importante para a universidade. Descartada.

Adrián Pablo Fanjul: palavras de ordem e slogans ideológicos. Sem conteúdo. Descartada.

Marcílio Alves: candidato mostra experiência e afinidade com os trabalhos administrativos. Proposta com redação deficiente - além de erros de pontuação e capitalização, está redigida no estilo Powerpoint, burocrático e pouco informativo. A considerar.

Ana Estela Haddad. Mensagem escrita em português claro e direto, apresentando o compromisso de ouvir e representar os professores, sem promessas mirabolantes. Terá meu voto.

02 fevereiro 2018

Derivative-free optimization

I uploaded the preprint "The Barycenter Method for Direct Optimization" onto arXiv. One thing I didn't mention is Bayesian optimization, a form of direct optimization which tries to learn about the shape of the function being optimized using statistical priors.

No mentioned is "Grad student descent", a term I have just learned, which seems to be due to @ryan_p_adams, although the method itself is as ancient as walking forwards. It may be better than my own barycenter method if grad student time is cheap enough.

Back to being serious, I am pretty sure that barycenter is better than Bayesian optimization, however hard working and poorly paid the grad students may be. The main difference from my point of view is that Bayesian optimization is trying to learn something about the complete function in the process of finding the minimum. That is bound to be more expensive and slow, plus it's sort of scary for a controls person - if you're using your candidate optimal to make decisions in real time, you want to be really careful exploring alternatives for the sake of knowledge.

The Bayesian optimization literature has ways to deal with such issues, but still - my guess is that in many applications the barycenter method is leaner, and more transparent from the point of view of implementing and understanding what goes one. Would welcome some testing - the necessary extensive simulations are something I don't have the grad student power to do.

26 janeiro 2018

Colegas da #USP - CUIDADO COM FISHING!

Acabei de receber email abaixo - cuidado! Não clique, os links são fraudulentos!

O problema é que o email engana bem - a linguagem, incluindo os gongorismos e erros gramaticais, são exatamente o tipo de coisa que costumamos receber da burocra da USP. Os criadores de malware estão de parabéns - mas não vire vítima!


Prezado(a) Uspiano(a)

A criação do Gabinete Paralelo da USP representa uma ferramenta a mais, para que a gestão reitoral da Universidade, a se iniciar no próximo dia 29 de janeiro, possa ser efetiva, ética e transparente. Divulgar o artigo (clique aqui para ler), cujo teor é autoexplicativo, representa serviço de utilidade pública para os uspianos. Solicita-se sua leitura, bem como sua atenção para a página fb.com/uspgabineteparalelo e o e-mail usp.gabineteparalelo@gmail.com, por meio do qual poderá ser: (i) feita inscrição para continuar a receber informações do Gabinete Paralelo; bem como (ii) transmitido, mesmo anonimamente, comportamentos e abusos éticos e jurídicos de autoridades da USP.

Afinal, é útil disseminar: (i) uma vez mais, o e-mail usp.poderdisciplinar@gmail.com, meio eficiente para receber informações sobre irregularidades e abusos no âmbito do exercício do poder disciplinar da USP (https://www.conjur.com.br/2017-out-12/olhar-economico-regime-disciplinar-usp-assunto-interesse-todos); e (ii) o artigo “A Universidade de São Paulo, os políticos e os salvadores da pátria”, Revista Eletrônica Conjur, 28 de dezembro de 2017 (https://www.conjur.com.br/2017-dez-28/olhar-economico-universidade-sao-paulo-politicos-salvadores-patria).

Atenciosamente,

Gabinete Paralelo da USP
http://fb.com/uspgabineteparalelo

Conversa com colegas sobre artigo bolivarianístico

Conversa no Facebook com colegas da Poli sobre o artigo de Mark Weisbrot no NYTimes. Escrevi 4 posts, colo aqui sem reproduzir os textos dos interlocutores, agora chega - voltou à otimização sem derivadas.

1 - O autor do artigo de opinião não é confiável. É só consultar artigos anteriores para verificar que ele erra (o que é normal, nenhum problema nisso), nunca reconhece erros, e continua dando opiniões semelhantes como se os erros anteriores nunca tivessem servido para aprender nada.

O NYTimes errou em dar espaço para uma voz não confiável. Um caso semelhante nos EUA foi a NPR entrevistar Stephen Moore recentemente, outra mercador de opiniões que nunca reconhece erros crassos após ser desmentido pelos fatos.

Talvez haja algo correto no artigo, mas minha recomendação é não analisar. Citando Millôr: "O perigo de uma meia verdade é você dizer exatamente a metade que é mentira".

2 - No caso do Weisbrot, até dá para especular que o think tank dele receba contratos bolivarianos. Mas é pura especulação: também é possível que o viés seja individual e idiossincrático.

A imprensa séria de maneira geral não recebe jabaculê. Existem veículos completamente aparelhados, partidários e não confiáveis, cujo número e influência cresceu bastante desde mais ou menos os anos 1990. Os mais fortes e viesados são de direita e extrema-direita, mas há para outros gostos.

3 - A imprensa estrangeira é fraca sobre o Brasil porque 1) O Brasil é meio periférico então de fato eles não investem muito e 2) Nós sabemos muito sobre o Brasil então qq reportagem de fora parece curta e superficial. De modo geral q imprensa de um país X parece pouco informada quando ao país Y para os conhecedores desse último - há exceções. Comentaristas sobre assuntos internacionais que tem uma noção do que falam são raros nos jornais brasileiros - existem mas são raros.

Na época em que eu conheci correspondentes do WSJ no Brasil eles eram muito bons. Acho que os que conheci foram todos demitidos, seja por excesso de competência, seja por não afinarem ideologicamente, seja por falta de $ do Journal mesmo....

4 - Me parece que você não compreendeu o conceito de "hearsay". O que não é admitido em tribunais anglo são afirmações do tipo "ouvi fulano dizer que sicrano teria ditou ou feito X". A razão para a não admissibilidade é que tais afirmações não foram feitas no tribunal; o autor teria que ser ouvido pela justiça.

É diferente do testemunho: "eu assinei, eu vi, eu recebi". Testemunho naturalmente é uma das provas mais fortes, a menos que a idoneidade do autor seja contestada - mentir em juízo é crime em si.

Não tenho certeza sobre a admissibilidade do "hearsay" na justiça brasileira; acho que não é 100% clara. Testemunho tem forte valor legal, claro, apesar da preferência da justiça brasileira por documentos escritos.

22 janeiro 2018

Ópera dos 3 bilhões de vinténs

D. Inácio do Oiapoque ao Chuí - A Ópera dos 3 bilhões de vinténs.

Um distante principado na América do Sul, no século IXI (é "ichi" mesmo, não 9, nem 10, nem 11).

Dona Marisa van de Silva, corajosa nobre neerlandesa, contralto.
Barão A. de B., riquíssimo potentado local, barítono.
Acadêmica Oiapoque, a filósofa-geral da República da Lodoméria, soprano.
Senhor Inácio, um plebeu, baixíssimo.
Juó Bananere, ajudante-de-ordens, tenor falsete.
Mercador O. de Brecha, o próprio Barão A. de B. disfarçado.
General O. de Brecha, comandante supremo da cavalaria, irmão do Barão A. de B, não canta, nem dança.
Infante Inacinho, filho de D. Marisa e D. Inácio, mudo.
7 militantes mascarados; coro dos sindicalistas; viúvas dos sindicalistas vivos; estudantes de dialética; soldados; beleguins; guarda bolivariana.
(Dom Ferdinando, o primeiro cidadão, nunca aparece.)

Ato 1,
Cena 1: Um palácio nas Laranjeiras.
7 militantes mascarados, liderados por D. Marisa, invadem a residência do Barão A. de B. Distribuindo livros doutrinários e cantando canções de protesto, conseguem persuadir os vigias a facilitarem a entrada na sala do tesouro, e saem com o cofre do Barão, que sem perceber nada, canta no chuveiro a ária "Rouba mas faz". No pátio do palácio, D. Marisa e os mascarados distribuem $ do cofre aos sindicalistas. Dança dos ducados de ouro. Enquanto os militantes fogem, o Barão sobe à sacada, enrolado numa toalha, e finge jurar vingança.

Cena 2: Um calabouço nas Geraes.
D. Marisa lamenta a traição de um dos seus companheiros e promete vingança. Jura que nunca se casará com um ignorante em dialética materialista. Recebe a visita da Acadêmica Oiapoque, que discorre sobre a Teoria da Relatividade dos Crimes. Ária "Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão".

Cena 3: O Pátio de uma Montadora na Borda do Campo.
Seu Inácio se lamenta dos sucessos políticos e amorosos do príncipe Ferdinando. Juó Bananere, um sindicalista, entra no escritório e traz a notícia da prisão de D. Marisa. Seu Inácio se compadece de D. Marisa e concebe um plano para resgatá-la. Juó Bananere é incumbido das tratativas. Brinde de 51. Ária "Si, Barone Costaverde".

Ato 2,
Cena 1: O Pátio de uma Montadora na Borda do Campo.
Seu Inácio beija as viúvas do sindicato, que contribuem suas joias para o resgate. O mercador O. de Brecha, que ninguém mais é do que o Barão A. de B. disfarçado, entra no escritório e se dispõe a ajudar. Seu Inácio se retira cantando "Nunca saberei de nada". O ajudante-de-ordens Juó Bananere e o mercador cantam o dueto "Lá meteremo as mano", em dialeto. O mercador leva o dinheiro para o General nas Laranjeiras, enquanto Seu Inácio se dirige às Geraes com os sindicalistas e os estudantes. D Marisa é libertada, sob aclamação geral ao herói da hora, Seu Inácio. D. Marisa se lembra da jura feita no cárcere.

Cena 2: A Sala Magna da Congregação da Faculdade da Margem Esquerda do Rio dos Jerivás, também conhecida como palácio de D. Ferdinando.
Seu Inácio tem aulas de dialética com a Acadêmica Oiapoque. No intervalo das aulas, ele lamenta a cultura de D. Ferdinando, seu rival. Os estudantes jogam truco. Coro "Ai Tatu! Tatuzinho! Me abre a garrafa, me dá um pouquinho". Nas Geraes, D. Marisa estuda ciência política. Chega a notícia de que D. Ferdinando foi enviado em uma missão francesa.

Cena 3: O Pátio de uma Montadora na Borda do Campo.
Os sindicalistas liderados por Seu Inácio e os soldados liderados pelo General O. de Brecha formam 2 filas para depositarem seus votos numa só urna. Quando a urna fica cheia, é jogada na água. Seu Inácio e o General (movendo os lábios sem cantar) se juntam no dueto "Quem for contra a democracia, eu prendo e arrebento", enquanto D. Marisa chega em silêncio. O Mercador se revela como Barão A. de B., irmão do General que inexplicavelmente tem o nome de família de seu pseudônimo, e declara apoiar Seu Inácio. O General remove a farda e veste o pijama. Coro "Quero que vocês me esqueçam nesse inverno".

Ato 3,
Cena 1: A Sala Magna da Congregação da Faculdade da Margem Esquerda do Rio dos Jerivás, também conhecida como palácio de D. Ferdinando.
O agora D. Inácio se prepara para a coroação. A Acadêmica Oiapoque canta a famosa ária "Quando ele fala, o mundo se ilumina". Os estudantes de dialética jogam uma mão de truco e tiram o casal maior. Juó Bananere oferece o brinde "Chateaux Domaine de la Grande Romanée-Conti Açu" ao casal maior. D. Marisa e D. Inácio são coroados rainha e rei.

Cena 2: Um palácio nas Laranjeiras.
Beleguins leem uma vasta lista de calúnias contra D. Inácio. O sindicalistas se movimentam contra o neo-liberalismo. D. Inácio acusa D. Ferdinando. O Infante Inacinho se exila, sob a proteção do Leão de Damasco, velho amigo da Acadêmica Oiapoque. D. Inácio se recolhe a Ibiúna e reflete sobre o poder enquanto bebe uma aguardente de poire. Juó Bananere bebe um caldo de cana. D Marisa das Pontes governa sozinha.

Cena 3: Uma escola de samba, que é o próprio calabouço nas Geraes, com o resto dos cenários misturados.
Continua a leitura das calúnias pelos beleguins, agora liderados por Juó Bananere. D. Marisa se recolhe à Ilha Porchat. O Baile da Ilha Porchat. D. Inácio percorre o país em um ônibus, enguiçado no pátio da montadora. D. Ferdinando, ausente, ministra aulas na Sorbonne. Os sindicalistas e os soldados formam filas para encher uma nova urna. O Infante Inacinho retorna de Damasco com a guarda bolivariana, composta por soldados, sindicalistas, estudantes, viúvas, e beleguins. Juó Bananere e a Guarda põem os beleguins remanescentes para correr e aclamam Inacinho imperador. É carnaval.

Saving some links

"Crowdfunded" journalism, Kremlin-style, goes full Protocols. http://www.unz.com/article/its-time-to-drop-the-jew-taboo/?utm_content=buffer22594&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer http://russia-insider.com/en/its-time-drop-jew-taboo/ri22186

Palestinian activists boycott women's march - not Jew-free. http://www.latimes.com/local/lanow/la-me-ln-palestinian-protest-20180120-story.html

@ggreenwald on the warpath against Bollywood. RT @mehdirhasan: Bollywood disgraces itself. Yet again. https://t.co/znNwGALNPb

12 janeiro 2018

Vai haver greve na USP em 2018?

Através de análise bayesiana dos acontecidos durante a último quarto de século, podemos afirmar com confiança maior que 95% que haverá greve na Filosofia da USP durante todo o mês de junho desse ano. É o que diz o histórico. O último ano de copa e eleição nacional sem greve longa foi 1998 - o da greve nacional dos petroleiros, que fracassou. Nos anos olímpicos, de eleição local, as greves são algo menos confiáveis. Note que a Copa que vai desbancar o Brasil do pódio da corrupção ludopédica vai de meados de junho a meados de julho.

Esse post é fornecido como serviço público, para professores e estudantes de unidades que seguem a liderança paredista da maior universidade do Brasil. A comunidade politécnica e de outras escolas tradicionais pode ignorar as greves ao fazer sua agenda.

Segue o histórico das greves na USP durante os 5 lustros recentes.
Greve USP 2016: 12 maio - 19 julho, 67 dias.
Greve USP 2014: 27 maio - 19 setembro, 119 dias.
Greve USP 2012: estudantil, extemporânea, durante as férias de verão 2011-2012.
Greve USP 2010: 5 maio - 31 junho, 57 dias.
Greve USP 2009: 5 maio - 31 junho, 57 dias.
Greve USP 2007: (estudantil, extemporânea) 3 maio - 22 junho, 51 dias.
Greve USP 2006: 8 junho - 3 julho, 23 dias.
Greve USP 2004: 27 maio - 27 julho, 2 meses.
Greve USP 2002: 29 abril - 15 agosto, 106 dias.
Greve USP 2000: abril - junho, 54 dias.
Greve USP 1998: junho, muito curta.
Greve USP 1996: 3 junho - 17 junho, 2 semanas.
Greve USP 1994: 10 maio em diante, mais de 1 mês, 37 dias.
Mais info.

(Correção: a versão anterior desse post omitiu referência à greve de 2009, importante por ter sido uma das poucas greves em ano ímpar e por ter sido pretexto para a aplicação de censura pela reitoria.)

Antes de 1994 os dados escasseiam - os jornais não estavam na internet, e o Boletim Adusp número 1 é de julho de 1994. A pesquisa exigiria mais tempo, os dados abaixo são parciais.

Greve USP 1988: 58 dias. A grande greve. Entre 1987 e 1988 havia greve toda hora.

15 dezembro 2017

Propostas de projeto de formatura 2018

1 - Máquina de fazer acarajé.

A parte mais laboriosa do preparo do acarajé é descascar o feijão-fradinho (blakc-eyed pea para quem quiser buscar também em inglês). Quem já fez sabe como é trabalhoso, e consome muita água. Quem já comeu sabe que é um excelente opção alimentar, existindo também a versão cozida no vapor, o abará, em vez de frita. Uma máquina de descascar feijão-fradinho poderia facilitar muito o trabalho das baianas e empreendedoras do ramo da comida brasileira em geral. Diria que teria um mercado pronto e faria uma contribuição social relevante. Imagino que o método ideal envolveria centrifugação, e poderia ser operado com máquinas simples e baratas.

2 - Modelo geoespacial do império português.

A inspiração para esse projeto é o site ORBIS: The Stanford Geospatial Network Model of the Roman World.

A ferramenta serve para gerar mapas de distâncias entre as províncias do império romano. O objetivo do projeto é fazer um modelo análogo para o mundo na época das navegações. Pode ser seja razoável restringir-se ao império português e talvez também ao espanhol no século XVII - seria difícil separar os impérios ibéricos nessa época, durante a qual as informações necessárias estão mais facilmente disponíveis do que nos séculos anteriores.

Os mapas servem para visualizar o comércio e as ligações entre pontos distantes dos impérios, usando "big data" para compreender a história. Perguntas típicas: as cidades litorâneas do Brasil estavam mais próximas em dias de viagem à metrópole portuguesa, ao interior do Brasil, ou à África? Como era a conexão entre as regiões que formavam o Brasil, a saber, o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão e Grão Pará? Qual a influência da Volta do Mar na viagem de Cabral?

As propostas de projeto de formatura para 2016, com exceção da 4, continuam abertas. Os robôs fofos são particularmente promissores para quem quer botar a mão na massa. Agradeço o interesse, quem quiser me contatar nas próximas semanas email é o melhor meio, ou skype felipe.pait.

13 dezembro 2017

Regimento da Pós Graduação da USP

A USP está preparando um novo regimento da pós graduação, o 4o em 10 anos. O atual data de 2013 e substitui o de 2008, que por sua vez substituía o de 1999. Desde o início do século houve adicionalmente 15 emendas regimentais intermediárias. Altíssima produtividade de diplomas legais e outros óbices à atividade intelectual!

Fonte (cortada).

O regimento novo é secreto, não posso comentar sobre o conteúdo que desconheço. Até onde pude verificar, nem o regimento atual, com 151 artigos distribuídos em 49 páginas, contempla as 3 questões fundamentais que mencionei em discussão sobre alguma das versões anteriores do regimento, a saber: integridade e ética; liberdade de expressão; e rocedimento para queixas e solução de disputas.

10 outubro 2017

O terceiro ano da engenharia elétrica na Poli

Há indicações claras de que a dedicação e o desempenho acadêmico dos alunos do 3o ano da engenharia elétrica na Poli caiu significativamente nesses últimos 2 anos. Algumas hipóteses explicativas:
  1. Os alunos estão cada vez piores. Podemos descartar essa explicação, que já vem sido oferecida há décadas, observando que a queda se deu de forma bastante abrupta.
  2. Os professores e as matérias pioraram rapidamente. Essa hipótese não explica as mudanças notadas nos cursos que observo, cujos conteúdos, equipamentos, e professores se mantiveram inalterados.
  3. As matérias que ensino eram oferecidas apenas para os alunos das ênfases controle e eletrônica, e com a reforma curricular chamada EC3 viraram obrigatórias também para computação e energia. Os estudantes dessas áreas seriam mais fracos do que os demais. Pode haver alguma correlação, a ênfase Automação & Controle há anos é a mais procurada, mas as diferenças entre os alunos não são tão pronunciadas, se é que existem.
  4. A EC3 aumentou muito a carga horária dos estudantes da elétrica, que agora fazem 9 matérias por semestre, e ficam com falta de tempo ou energia para se dedicarem a mais um assunto. Sem dúvida esse problema, apontado desde o início da discussão das mudanças por estudantes e pelos professores compromissados com a qualidade de ensino, é parte das dificuldades observadas. Devemos acrescentar que turmas e salas estão superlotadas por causa do aumento do número de matérias obrigatórias.
  5. Na estrutura curricular antiga os alunos que faziam a matéria "Laboratório de Controle" haviam optado por ela como parte da escolha da ênfase dentro da engenharia elétrica. Portanto tinham comprometimento com o assunto, "skin in the game", vestiam a camisa. 
Hoje os estudantes veem as matérias do 3o ano como um ritual imposto pela burocra, pelo sistema Júpiter, mesmo se não conhecem a história da criação de disciplinas obrigatórias, que serviu para que os departamentos "ocupassem espaços" na grade horária. Na minha opinião essa última é de longe a maior causa dos problemas que estamos observando.

Confirmação: hoje dei prova para metade da minha turma do 3o ano. Quando a outra metade ia começar acabou a luz no prédio de engenharia elétrica inteiro; como que universidade não havia se dado ao trabalho de mandar alguém tentar averiguar a razão da falta de eletricidade, resolvemos adiar o resto da prova para os próximos dias. Mas o #fato é que a maioria dos alunos sabem o que está fazendo; porém se confundem e complicam com a profusão de matérias e provas.

06 outubro 2017

Leitura rápida dos programas dos candidatos a reitor

Chapa 1 – Vahan Agopyan (Escola Politécnica) – reitor / Antonio Carlos Hernandes (Instituto de Física de São Carlos) – vice-reitor: Texto genérico e escorregadio. Situacionista de uma sequência de administrações calamitosas. Se distancia da administração anterior, da qual o candidato a reitor fez parte, junto com o atual reitor.

São coautores do plano de recrudescimento burocrático da atual administração e da repressão aos projetos de engenharia executados por professores.

Chapa 2 – Maria Arminda do Nascimento Arruda (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) – reitora / Paulo Borba Casella (Faculdade de Direito) – vice-reitor: Escondido entre trechos de linguagem barroca, tem conteúdo, ora progressista, ora reacionário. Uma leitura extremamente cuidadosa talvez pudesse identificar quais trechos são de cada tipo. Talvez.

Como mérito, consta que a candidata a reitora tenha batido o candidato polpotista a diretor de sua faculdade com a promessa de se manter no cargo até o fim do mandato, sem concorrer a reitorias ou prós ou vices. É a candidata dos sindicatos que na tal eleição a chamaram de farsante, elitista, e a acusaram de conduzir a polícia para desmantela a universidade a mando do reitor. Isso tudo parece ter relação com confrontos entre partidos políticos da esquerda totalitária e genocida com a esquerda meramente autoritária e corrupta.

Chapa 3 – Ildo Luís Sauer (Instituto de Energia e Ambiente) – reitor / Tércio Ambrizzi (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) – vice-reitor: às habituais generalidades e citações de diplomas legais, seguem dúzias de prioridades. Estabelecer uma cultura, incentivar, estimular, estudar a criação, apoiar, fomentar, orientar, buscar, melhorar, ampliar, aperfeiçoar, propor, garantir, discutir, valorizar, criar comitê. Tá.

Pontos positivos fora do programa: dizem que o candidato a reitor foi demitido pela Dilma porque se opôs à infame compra da refinaria Pasadena; mais importante, ele almoça no restaurante chinês como todo mundo. A maioria dos reitores e reitoráveis raramente é visto em pessoa.

Chapa 4 – Ricardo Ribeiro Terra (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) – reitor / Albérico Borges Ferreira da Silva (Instituto de Química de São Carlos) – vice-reitor: Kantiano. Foge às falsas dicotomias (o vulgar Fla-Flu). Inicia com as perguntas fundamentais. Identifica corretamente os problemas fundamentais: o corporativismo e a burocra. Texto conciso e adequado.

O programa da Kantiana Chapa 4 é de longe o melhor. Merece nota A. Nota C para o texto da Chapa 1: objetivos não estão claramente identificados, e transparece duplicidade na formulação do programa. Os programas das Chapas 2 e 3 são excessivamente longos. O da Chapa 3 apresenta um número excessivo de propostas prioritárias imprecisamente identificadas, cuja execução e verificação são difíceis. O da Chapa 2 tem excesso de gongorismos pouco objetivos, sugerindo tentativa de agradar a grupos de interesse através de palavras-código de apelo ideológico extremista, e não está assinado. Nota R para ambos os programas: reprovados sem direito a crédito.

Não sou muito fã de Kant mas não há comparação na qualidade dos programas. Não sou capaz de avaliar outros méritos dos candidatos, mas com base nos documentos apresentados é muito difícil imaginar como as Chapas 1, 2, ou 3 possam convencer racionalmente as faculdades que seus entendimentos sobre a universidade têm justificativa. Ipso facto, pelo Princípio de Peter, devem compor a lista tríplice, encabeçada pela mais medíocre e burocrática delas.

30 junho 2017

Relatório para a USP

Acabei de enviar dados para um relatório que a USP pediu. Os números da secretaria estão errados mas o navio está vazio, o relatório está preenchido, e eu não me chamo Honestinfus.

O relatório será usado com a finalidade de encher a urna para a distribuição de cargos. Só lendo nosso maior escritor para entender.

01 junho 2017

Inverse Laplace transform with fractional exponents

The inverse Laplace transform of

1/(1+s)^a 

with a > 0, is

e^{-t} t^{-1 + a}/Gamma(a).

I'm still trying to understand what this means, but meanwhile here's a picture. Note that it tends to an impulse when a goes to zero. When a = 1, we see the familiar exponential decay. For larger values, the inverse transform starts at 0 and reaches a maximum before decaying exponentially.

(I don't know how to make sense of the unstable case 1/(1-s)^a, so perhaps all these calculations don't help understand anything.)

30 maio 2017

Machine Learning

Faz algum tempo acho que seria interessante oferecer uma matéria sobre machine learning para os alunos do PTC da engenharia elétrica da Poli. Acho que seria especialmente útil para a turma de Controle, e também de Teleco.

O processo burocrático para oferecer uma matéria nova é demorado demais para o ritmo da tecnologia. No 2o semestre de 2017 vou oferecer "Tópicos de Controle Avançado". Estou considerando ignorar a ementa e escolher machine learning como tópico principal. Se houver tempo e interesse, investimos algum tempo nos tópicos antigos também. É um sacrifício de uma matéria  interessante, divertida, e para mim pouco exigente. Mas para os alunos me parece um bom caminho. Se não for agora quando, e se não eu quem?

Só tem um pequeno problema: não sei nada sobre machine learning. Detalhe pouco relevante. Diz-se que a única forma de aprender um assunto é ensinando. Então sugiro que os alunos me ensinem. Quando tiverem terminado de ensinar, terão aprendido. Faz sentido - o objetivo é da escola é os alunos aprenderem, não o professor.

Motivação: dizem por aí que data science é o emprego do século 21. Diversas universidades mais ágeis administrativamente do que a USP têm criado programas em "data science" ou orientados para "big data". Machine learning são os algoritmos centrais, e as ferramentas são coisas bastante conhecidas pelos alunos do PTC. Quem estudar um pouco sai com 2 voltas de vantagem para trabalhar no assunto em qq empresa, sem necessidade de fazer uma graduação inteira no assunto.

Informações práticas:

  1. A matéria é a optativa com sigla PTC 2666 até 2016. Não sei a sigla em 2017. O único pré-requisito é Controle I ou equivalente. Acho razoável manter esse pré-requisito para facilitar a interação entre os colegas.
  2. A aprovação continua sendo pelo critério média de 3 notas: auto-avaliação, avaliação dos colegas, e avaliação do professor. Em geral as 3 são idênticas, facilitando as contas.
  3. Minha ideia é escolher um MOOC e fazermos todos juntos ao longo do semestre. Nas aulas discutimos o assunto visto online, e outros tópicos de interesse. Tarefas para antes do início das aulas incluem escolher o curso, a linguagem de programação a ser usada, e um livro de referência se houver.
  4. Por favor me informem o interesse para facilitar o planejamento. Podemos desde já ir colecionando sugestões.
  5. "Data science", "big data", "machine learning" não são os termos mais elegantes da língua de Camões. Por enquanto ficam como guarda-lugares provisórios, a serem substituídos quando chegar um consenso.
Aguardo retorno dos alunos interessados!

04 maio 2017

How Much Does the U.S. Government Subsidize Electricity Generating Technologies?

In reply to

How Much Does the U.S. Government Subsidize Electricity Generating Technologies? http://disq.us/t/2np316k

I wrote:

I am sorry, your methodology is just plain wrong.

The majority of US military spending serves to defend easy and inexpensive access to fossil fuel supplies, or to defend the country and our allies against attacks funded by oil revenues. This subsidy is orders of magnitude larger than the ones you did account for.

The subsidy implicit in the environmental and health costs of fossil fuels is even larger. You haven't accounted for those either. Your comparison is not in sense useful as a policy guide.

02 maio 2017

Transfer function zeros

I'm not so sure we really understand them. One the one hand, zeros are more fundamental than poles - poles can be reassigned by feedback, while zeros cannot be moved, they stay right where they are. Yes, stable zeros can be canceled - but they don't really go away, only become hard to observe - or unobservable if you believe in fairies and exact pole-zero cancelations.

On the other hand the very existence of a zero is somewhat arbitrary. A pure delay has no transmission zeros - what comes in gets out, at any input frequency. But a finite-dimensional approximation to a delay has transmission zeros. How can something apparently so immovable appear only in approximations?

The question is of course about the definition of the zeros in terms of the most fundamental description of a linear system, as a convolution of a kernel of integration with an input signal. Definitions in terms of transfer functions or state-space realizations are available and coincide.

Perhaps the definition of a zero as a transmission blocker is not so fundamental. I don't know, and I'm not terribly confident anyone does. Am I wrong?

30 janeiro 2017

Constitutional crisis, coup d'état, and Nathan Hale

It seems that the regime has declared its intention to disregard court orders. Although the Department Of Homeland Security Response To Recent Litigation issued today pays lip service to court orders, the mention is bracketed inside several paragraphs suggesting the opposite. If they do so - I have no manner of knowing what is in the regime's mind - we have a constitutional crisis in the 2nd week of the administration. Sooner than expected, and I come from the background of knowing that democracies can collapse. I expect that the courts will hold for a while, less faith in the Congress.

I am lowering my estimate of how much time we have before an attempted coup d'état to 7 months. How it will play out I have no manner of guessing, but it all makes one think of Nathan Hale.


26 janeiro 2017

How to resist tyranny

One thing is how we educate against bigotry and hatred and ignorance. It is a long term fight. Best left to schools while we can count on them.

The other is how to prevent the country from sliding into an autocracy, which is very immediate - the Party will make all efforts to suppress votes and fraud elections. I am not sure we have even 2 years before the damage is irreversible. Not enough time to educate people.

The only path is to show the voters that they are being taken for idiots. That the plutocrats intend to poison their children's water with lead the way they did to "those people" - forget about global warming, the point of gagging the EPA is so that you don't know that you are drinking the same water they gave to the kids in Flint. That once the billionaires are done with putting for-profit charter schools in inner cities, they will come after your suburban and rural schools as well. That once they are done suppressing the votes of minorities they'll come after the next group. And that once you lost your right to vote your guns won't protect you anymore.

Which is all true, and could perhaps be put in a more intellectual fashion. But voters need to be convinced, and that's the language they'll understand. Is this living with bigotry? Yes but it's either that or tyranny. We don't have enough time to wait until people are kinder, gentler, and more rational.

22 janeiro 2017

The apparatus of revenge and repression will accelerate methodically

Quoting • David Frum ‏@davidfrum  9 Nov 2016
1) Unlike his analogues in Poland/Hungary/Turkey, I don’t imagine that Donald Trump will immediately set out to build an authoritarian state
2) I expect his first priority will be to use the presidency massively to enrich himself.
3) That program of massive self-enrichment however will trigger media investigations and criticism by congressional Democrats.
4) As we’ve seen, Trump cannot tolerate criticism. He prides himself on always retaliating against perceived enemies, by means fair or foul
5) We’ve seen too that Trump’s advisers and aides share this belief. Chris Christie; Corey Lewandowski - they live by gangster morality.
6) So the abuses will start as payback. With a compliant Gop majority in Congress, Trump admin can rewrite laws to enable payback
7) The courts may be an obstacle. But w a compliant Senate, a president can change the courts - as happened in Poland & Hungary.
8) Current IRS commissioner’s term runs to end 2018. But (I looked it up) few commissioners serve the full 5 years.
9) The FBI seems already to have been pre-politicized in Trump’s favor. If Comey resigns, Trump will have another opportunity.
10) Construction of the apparatus of revenge and repression will begin opportunistically & haphazardly. It will accelerate methodically. END

Posted here for future reference. You are warned.

09 janeiro 2017

Now we know how it feels

Those of us who love a democracy, a republic, liberty and freedom in a country under the rule of law, with legal equality and the same rights for everybody, fear we will lose our country - that it will become an authoritarian, lawless, corrupt state, run by thieves, racists, and foreign agents who violently enforce arbitrary decisions for their own personal benefit.

At least we know how the other side felt 8 years ago about losing what they thought their country was.

06 janeiro 2017

Vitriol and unrest

If the United States was divided in sectarian lines - say the middle and South of the country were populated by followers of fundamentalist sects, while the costal regions were mostly inhabited by adepts of mainstream Christianity, with significant Jewish, nonbeliever, and other minorities - then a Syrian-style civil war would be a distinct possibility.

All that would be needed is a tremendous amount of hatred such as that seen in right-wing blogs, and an unstable, corrupt, and authoritarian leader.

04 janeiro 2017

Alguns serviços problemáticos na USP

Alguns serviços de informática na #USP estão funcionando de forma pouco conveniente para o pesquisador, e poderiam ser melhorados.

1 - O acesso à VPN é feito através de um programa da Cisco, chamado AnyConnect. Todo computador tem acesso ao serviço de rede virtual integrado ao sistema operacional, de forma que a obrigatoriedade do uso do software proprietário introduz um custo e uma vulnerabilidade extra, sem benefício para o usuário. Uma desvantagem séria é que o AnyConnect exige que a senha seja digitada manualmente a cada conexão. Isso impede o uso de sistemas seguros de administração de senhas e induz o usuário a utilizar senhas curtas, fáceis de digitar e memorizar, de baixa segurança, tanto para acesso à VPN como aos sistemas administrativos da USP.

2 - Os sistemas de informação da USP funcionam muito mal com o Safari mais recente para MacOS mais recente. Uma consulta ao CCE, renomeado STI por obra e graça do Rodas, informa que os sistemas foram testados em alguma versão do MacOS 10.6 de 2009.

3 - Um dos usos mais importantes da VPN é o acesso aos periódicos usando o portal da Capes. Depois que a Capes forçou todos os acessos a passarem por seu portal, com o objetivo de controlar e centralizar a leitura de artigos científicos, as assinaturas de revistas se tornaram difíceis de encontrar. O sistema de buscas é ruim, porque não fica integrado com todas as demais ferramentas de buscas, e as informações a respeito de assinaturas são pouco claras, quando existem. Me parece que às vezes as assinaturas privilegiam revistas caras, pouco lidas, de editoras comerciais, em detrimento de periódicos baratos e de grande interesse, por exemplo o "Chronicle of Higher Education", que aparentemente não assinamos, embora não consiga afirmar com certeza.


24 dezembro 2016

O único erro é superestimar o adversário

Sou grande fã dos Tartakowerismos. O maior frasista da história dos esportes, e um dos maiores do xadrez - peço desculpas aos fãs de Nenem Prancha e de Yogi Berra, afirmava que todo o resto é incompetência.

Lembrei disso ao ler uns papers que demonstram que o problema da estimação de modelos chaveados é NP-hard. Se fosse, minha solução em tempo logarítmico ganhava 1 conto de réis americanos do Clay Institute. (Moeda talvez apropriada, sei lá quanto dura ainda a república. Mas divago.)

O que acontece é que gente com muito conhecimento matemático pela metade, e pouco conhecimento de engenharia também pela metade, formulou o problema como uma otimização geral em todos os parâmetros espaciais e temporais do sistema chaveado. Resulta em otimização mista linear-inteira com objetivos não-convexos, um problema intratável. Não é a estimação de modelos híbridos que é difícil, mas sim o método de solução escolhido que complica desnecessariamente. Faltaram as aulas do grande Amadeu Matsumura: desenhos não provam nada! Mas ajudam a visualizar. Não fizeram os desenhos, não visualizaram a simplicidade do problema, e aceitaram uma simulação como prova.

Toda decisão de engenharia pode ser formulada como um problema de otimização que leva a vida toda + 6 meses para resolver. Eis mais um Tartakowerismo instantâneo de minha autoria! Isso não quer dizer que os problemas são impossíveis, apenas que os erros estão todos na pedra e no tabuleiro, esperando para serem cometidos. (Quem adivinhar o autor da última frase ganha um vale-expresso do Café de la Régence.)

Para celebrar pedi ao Sr P Noel uma coleção de frases do Tartakower publicada na finada Alemanha Oriental em tradução do original do grande mestre russo Suetin. Um vintém bem empregado. Não vai chegar a tempo de trazer pela chaminé de barro, nem com grito aflito da buzina do meu carro, mas lembra que o beatificado Bispo de Mira, Nicolau, dito Taumaturgo, era lício, natural de Pátara, fundada pelo filho de Apollo, a Arsínoe dos Ptolomeus. A Constituição da Liga Lícia era conhecida de Hamilton e Madison, tendo sido mencionada por ambos nos papéis federalistas. Pode-se concluir que o entregador do livro de aforismos enxadrísticos teve um papel importante na República Americana, 1776-2016, 240 anos bem vividos, sabe-se lá o que o futuro lhe guarda.

Engenheiro não acredita em milagres, confia neles. Nunca ninguém venceu uma luta desistindo.

25 novembro 2016

Prezado Presidente Michel Temer,

Peço licença para ir direto a um assunto muito preocupante. Me parece que Brasília não tem noção da amplitude e profundidade da rejeição popular ao projeto de anistia a crimes eleitorais. Se a proposta virar lei, o eleitor rejeitará todos os partidos de centro esquerda a centro direita da forma que rejeitou o governo anterior. A próxima eleição ficará entregue à extrema esquerda e à extrema direita. Não acredito que nossa república tenha força suficiente para resistir a essa situação, e nosso congressistas não mostram compreensão a respeito da gravidade do problema. A responsabilidade por evitar o erro que está prestes a ser cometido é do congresso e especialmente do presidente.

Há um lado positivo. Se o Presidente da República vetar essa lei de anistia, se transformará num herói popular nacional, e terá a oportunidade de escolher seu sucessor.

Prezado presidente, por amor à nossa pátria considere a gravidade do perigo e o tamanho da oportunidade que se nos apresenta.

(Enviei a carta acima e encorajo os 3 leitores a fazerem pressão semelhante.)

24 novembro 2016

Cartões postais da USP

Havia comprado um livro "USP em Postais" para usar os cartões como marcador de livros: estava em liquidação, de 30 réis por 5 réis. Agora fui destacar alguns postais para marcar páginas dos livros que comprei na festa do livro e notei que 2/3 dos postais são fotos das unidades do interior, que têm menos de 1/3 dos alunos e professores da USP, mas desde o começo do século sempre fazem política suficiente para indicar o 1o nome da lista tríplice de candidatos a reitor.

Outros podem dizer "desperdício, incompetência, microcorrupção" - mas como tenho 2 passaportes, perdi o direito de falar mal de instituições brasileiras.

22 novembro 2016

Nominate Merrick Garland to the Supreme Court in a recess appointment

Dear Senator Markey,

I am writing to give my opinion: I hope you encourage President Obama to nominate Merrick Garland to the Supreme Court in a recess appointment.

I am aware of the legal and political objections. Let me state my reasons in favor. Our country is about to be subject to an unprecedented attack on our freedoms and the institutions of or Republic. The attack, which has already shown its contours, will be based on appeal to the basest sentiments of bigotry, a complete disregard for the rational  and civil discourse that we have become accustomed to, and a level of personal corruption and malfeasance that we normally associate with countries with much less developed histories of democracy.

Our institutions are strong, but not infinitely strong. With all due respect to your colleagues, I do not fully trust the Senate's willingness and ability to defend us from a concerted attack from inside, when political expedience and short term gain may suggest folding. I have known how democracies collapse; it is not a pretty sight. Unless we manage to block the subversion of our values from the very start, there is a - hopefully small, but unbelievably scary - that they will not resist. The president elect is almost certain to nominate an incompetent, dishonest, or ideological justice, who will be amenable to corrupt deals.

We need to be vigilant from the very beginning, or it may be too late. We cannot let excessive deference to comity permit a takeover of our institutions by those who have no respect for them. The Supreme Court is the best hope of the Republic for the first year. After that, may God help the United States of America.

I admire and support you and your work for your constituents in Massachusetts and for our country, and I take the opportunity to express my gratitude to you and your staff.

Yours sincerely,
Felipe Pait
Brookline, MA

21 novembro 2016

Entrevista do Haddad na Folha.

A entrevista está aqui. Há erros.
1 - A renda dos mais pobres do mundo - no Vietnam, na Indonésia - subiu muito nessa época de "crise" que ele descreve.
2 - "precarização do trabalho no nordeste, que era uma das regiões de base industrial nos EUA" é um erro. Meio Oeste, talvez; engano ou desinformação?
3 - "Ciclo das commodities acabou em 2008 porque a Arábia Saudita seguiu a política dos EUA" tem pelo menos 4 erros: existem outras commodities, preços caíram porque caiu a demanda, produção americana de combustíveis aumentou por causa do fracking, preços altos foram até 2014, enquanto a China absorvia a produção crescente.
4 - A leitura dos protestos de 2013 me parece ainda mais errada do que a do Lula.

No total acho que ele está chocado com a estupefaciente vitória do Trump, seguindo a derrota dele mesmo, e se refugiou em jargão ideológico. Com isso disse algumas bobagens. Pena, porque a parte sobre o papel dele mesmo e sobre a eleição municipal revelam um visão republicana e patriótica de um político dedicado e decente.

24 outubro 2016

Uspdigital horrendamente lenta

Os sistemas Uspdigital estão horrendamente parados já há umas semanas. Está difícil marcar férias, pedir afastamento, registrar frequência de bolsistas, verificar lista de matriculados.... Especulo que o motivo seja falta de pagamento.

O sistema adquirido de um fornecedor de software foi superdimensionado. Maior que as necessidades da universidade, e muito maior que suas possibilidades hoje com as dificuldade financeiras. A universidade até ganhou prêmio de bom comprador oferecido pelo fornecedor, sugerindo lucros extraordinários. Não descarto a possibilidade de que os pagamentos tenham sido interrompidos ou estejam atrasados agora num momento de penúria causada pelo excesso de gastos descontrolados.

É possível especular que a empresa fornecedora evita interromper totalmente os serviços, sabedora que é das condições nas quais o contrato foi firmado. Isso explicaria a excepcional lerdeza do sistema. Enquanto escrevi esses parágrafos, o sistema está parado abrindo campos para preencher num formulário.

Seja como for, a coisa está impraticável.

08 setembro 2016

Bolsas e bombas

Reclamam nas redes sociais que as bombas de efeito moral usadas para dispersar indiscriminadamente manifestantes e baderneiros custam mais que uma bolsa mensal de iniciação científica da Fapesp. Então deveríamos apoiar mais os estudantes que pesquisam, e estimular menos os estudantes que participam de protestos político-partidários.

Porque são tão baixas as bolsas? As bolsas têm a finalidade de incentivar a ciência. As agências de apoio à pesquisa não tem a missão, nem os recursos, nem a competência para resolver problemas sociais. A Fapesp apoia a pesquisa; as agências federais, após 13 anos de butim, nem isso. Porém as universidades poderiam porém direcionar seus recursos de forma mais socialmente responsável, oferecendo bolsas aos alunos mais necessitados. Porque não o fazem?

No caso da USP, há 3 razões principais. Em 1o lugar, a universidade gasta mais de ⅔ de seu orçamento em salários de funcionários não-docentes. O que sobra é insuficiente para pagar as despesas diretamente relacionadas com pesquisa, ensino, e extensão, quanto mais para apoiar devidamente os estudantes necessitados.

Em 2o lugar, a universidade subsidia estudantes pobres e abastados sem distinção. Além de cursos inteiramente gratuitos, os possuidores de automóvel recebem subsídios adicionais, não disponíveis para pedestres. E os caminhos para obter recursos adicionais, que não saiam do bolso do sofrido (mas nunca rancoroso) contribuinte, ficam cada vez mais fechados por obstáculos ideológicos. É um uso pernicioso do dinheiro público.

Em 3o lugar, a universidade oferece cursos organizados pela sua lógica interna, sem muita consideração com a relevância para o estudante. O resultado é visível nas altas taxas de abandono, evasão, e reprovação, especialmente nos cursos mais acessíveis para indivíduos cuja situação econômica e preparo prévio os torna mais merecedores de apoio pela sociedade. Alternativas mais relevantes para o ensino são ferozmente combatidas pela burocra acadêmica.

Nas outras universidade públicas brasileiras menos bem competitivas e com apoio público menos generoso, a situação tende a ainda ser menos favorável. Em resumo: a falta de apoio aos estudantes mais necessitados decorre das políticas defendidas pelo estamento anti-liberal, que domina a universidade para seus próprios fins, e que considera qualquer forma alternativa de interferência pública no que eles julgam ser seu patrimônio pessoal coletivo uma "privatização" indevida.

06 setembro 2016

Two half days in Mexico City

Weekend camping away from Facebook. Did you miss me? Maybe. Did I miss you? Not really. Did y'all say stupid things while I wasn't looking? For sure!

I posted this, and Katrine Dalsgård said "I miss hearing about your weekend camping!" My answer follows.

We only had 2 days - I taught Friday afternoon and flew through Mexico because the normal routes were too pricey, olympic effect, so I got home late on Saturday.

We found a state park not too far. Nothing spectacular, just woods, day hikes, a small and cold pond, burgers and vegetables cooked on the fire. Last year we went to Maine for Labor day - that was more spectacular, but farther away. This time there was no traffic, and the remainder of a hurricane arrived 2 days late, so the weather was perfect. Just to remind myself, the 3 great things about America are the national parks, the liberal arts colleges, and the Constitution. All the rest is just the gauge of the paper.

I enjoyed 2 half-days in Mexico also. The airport is not far from downtown, and things are rather inexpensive there. A small fraction of the money I saved by taking a longish airplane detour went a long way in the city. A little rushed, but I got some feel for Mexico City. The Aztec temple was only found in the 1970s and excavated when the buildings collapsed in an earthquake shortly thereafter. It's the main attraction. Mostly, it's a rather normal large city. Crowded but manageable, people mostly don't speak English but are very solicitous towards by Portuguese which I believe they consider a form of broken Spanish, incorrectly of course, the truth is exactly the opposite. Things work quite well, including public transportation and public fountains. Too many cars but traffic is alright.

There are many museums - I quickly looked at a couple. And a lot of downtown commerce. Gold and jewelry everywhere, and many many many specialized stores. Kind of old-fashioned, like S Paulo of half a century ago. There must be suburban enclosed shopping malls somewhere, but it seems that the people still come downtown for shopping. Street food is good and healthy, from what I sampled. I bought a few silver coins at one of the many numismatics, a shaving brush at a beard accessories store, would have bought pantuflas at a pantufla store but it was al por mayor only.

Well it was a rushed visit, actually, 2 very rushed half visits. The newspaper I read on the plane back was dreadful, though somewhat quaint. If I can read something about the country by comparing papers, I perhaps understand how come Mexico works as well and as poorly as Brazil, but at a rather different pace. But explaining that would take a lot more analysis than I'm able to. Mostly, it's a country with a lot more history than Brazil, or the US for that matter. Has a somewhat old-world feel, like Asian and European cities, which I don't associate with the Americas.

The paper informed me that the Donald had just been there. I can comfortably affirm that I was given a much warmer reception, and treated with a lot more deference, unless they are saying behind my back what they were saying about him after he left, which I judge unlikely.

My friends note that I as a Portuguese speaker was well-received in Mexico. I reply: Wonderfully well-received, if 2 half days can be used as a sample. English speakers also, by people who speak some English as well as by those who don't. I'd extrapolate to say it's a perfectly fine tourist destination if you stay away from places that the Mexicans themselves think unsafe. Given enough time for them to work on their problems, I'm sure the restriction will be removed.

And that my report from a brief trip gives them an idea of what to expect. I say: You have, but I don't ;-) As a friend says: "A simulation is something no one believes, except for the author. An experiment is something everyone believes, except for the author who knows how it was made." My visit was an experiment.

28 agosto 2016

Todos à USP!

Quanto custaria mandar metade dos jovens brasileiros estudarem numa universidade padrão USP?

O Brasil tinha aproximadamente 17 milhões de jovens em idade universitária, entre 20 e 24 anos, segundo o censo de 2010. Nos países com sistemas de ensino superior mais bem sucedidos, metade da população recebe diploma universitário. Levando em consideração que a faculdade no Brasil em geral demora entre 4 e 5 anos, seria desejável que aproximadamente 2 milhões de estudantes universitários recebessem diploma de graduação anualmente.

Quanto isso custaria se adotássemos o padrão USP, que combina ensino, pesquisa, extensão, e pós-graduação? A USP tem 60 mil alunos de graduação, dos quais 7 mil são diplomados anualmente. Para chegar à metade dos brasileiros, precisaríamos de 300 instituições como a USP. O orçamento da USP é um pouco mais do que R$5 bilhões; portanto o total necessário para educar metade dos nossos jovens seguindo o padrão USP seria de R$1½ trilhões. Quase 25% da renda nacional total, estimada para $6 trilhões em 2016.

Não vai acontecer.

25 agosto 2016

O pré-mestrado da Poli e o Processo de Bolonha

A inspiração formal para a criação de programas de pré-mestrado na Escola Politécnica é o Processo de Bolonha, que harmonizou o o estudo superior na Europa e criou programas de graduação e que conduzem diretamente ao título de mestre. O objetivo do Processo de Bolonha foi facilitar a mobilidade de estudantes entre variadas universidades de diferentes países, através de procedimentos comuns, e com isso expor os estudantes a experiências em instituições diversas. Com os laços estabelecidos entre ensino universitário e a indústria na Europa, os estudantes de engenharia em particular combinam também a formação acadêmica com a exposição à prática industrial.

O objetivo do pré-mestrado na Poli é diametralmente oposto: fixar os estudantes na escola de origem, de forma a estimular a continuidade dos estudos de pós-graduação na mesma instituição da graduação. Para tal as propostas indicam que a iniciação científica substitua o estágio na indústria durante o último ano, e que o trabalho de conclusão de curso seja preferencialmente uma prévia de uma tese acadêmica individual, no lugar de projetos mais aplicados, realizados em equipe, como é mais comum atualmente.

O pré-mestrado reforça portanto as tendências à endogenia e ao distanciamento entre o ensino universitário e a prática da engenharia, que são fraquezas significativas do nosso ensino superior, ao lado da burocratização. Pelo lado positivo, o pré-mestrado encurta aos politécnicos o caminho da pós-graduação, o que pode trazer bons alunos para os programas de pós da Poli. Em resumo, as propostas trazem benefícios potenciais para o corpo docente, em compensação às deficiências de formação dos alunos que optarem por tal programa, que são, repito, a falta de exposição a experiências industriais, ao estudo em instituições diversas, e ao trabalho e formas de avaliação diversas da tradicional aula + prova.

Me parece um caso inovador da aplicação da Síndrome de Estocolmo como ferramenta de marketing para um público semi-cativo. O ponto mais positivo do programa proposto é não ser obrigatório.

19 agosto 2016

Proposta de pré mestrado na elétrica

Entendo que a proposta tem embasamento em resoluções, portarias, e regimentos, bem como arcabouços, diretrizes, procedimentos, e detalhamentos. Só tenho uma dúvida.

Qual a utilidade de fazer um pré-mestrado no último ano de graduação? O pré-mestrado traz algum benefício profissional para o formado, ou alguma vantagem para a prática da engenharia no Brasil?

Aguardo o final da reunião para divulgar eventuais respostas. Comentários são bem vindos.

26 julho 2016

O Tao da Fiesp

Os antigos Mestres diziam: "Quem quer ter tudo, tudo entrega". Se busca o caminho do Tao, faça seu trabalho, e se vá.

É possível o governante ficar quieto por 13 anos, enquanto a dívida sobe a 7 bilhões? Esse é o Tao da corrupção, o Tao da incompetência.

O Tao da Fiesp, 3. Laodse disse: Quanto mais regra, mais contravenção. Quem tuita demais, estraga a piada.

O Tao da Fiesp, 2. Laodse disse: Sem dívida, não há Poupança. A utilidade de um cofre é estar vazio para receber propina.

O Tao da Fiesp. Laodse disse: A prisão de mil bandidos começa com um par de algemas. Quando a honestidade se perde, manda a lei.

Agora basta. Excesso de diversão não é o Tao.

20 julho 2016

Don't Nobody Bring Me No Bad News

It is summer in New England. I am writing a lovely paper. I eat cherries, swim in the lake, ride a bicycle. I'm with Susanna, and Hannah is coming home Sunday.

26 junho 2016

The Constitution of the United States of Europe

I'm renewing my offer to write a Constitution for Europe. Buy a bottle of vin ordinaire or plain beer for me and for a friend, plus some decent champagne to summon the spirit of Madison, we'll deliver a good one in 72 hours. Guaranteed to last one hundred and twenty years and then again as many, and bring your love back. Free sample follows.
We the Peoples of Europe, in Order to form a more perfect Union and secure the Blessings of Liberty and Justice for all, do ordain and establish this Constitution for the United States of Europe.
I said it before and I say it again: if Europeans shanghaied Beethoven to write their anthem, they surely should be able to have a proper Constitution written by James Madison. Direct elections, separation of powers, legislature with an upper house representing the Nations and a lower house representing the People, devolution of responsibilities to the lower levels, what's so hard about all that?

17 junho 2016

Post racista da Erundina

Esse post da Erundina é tão esclarecedor que vou repostar. 1o o texto da Unesco não tem nada de apoio à Palestina, é apenas contra Israel. Isso mostra que a nobre deputada não se deu ao menor trabalho de ler antes de dar opinião; prefiro ignorar a hipótese de que para ela ser a favor dos da Palestina signifique simplesmente ser contra Israel.

2o pelo racismo declarado e execrável. O presidente Temer tem que ser contra os judeus e a favor dos árabes por causa da origem étnica dele. Pelo mesmo raciocínio a nobre deputada deveria defender a escravidão dos descendentes do africanos, por causa da cor da pele dele.

Vou copiar e colar aqui porque se perceber o teor racista do post, a deputada decerto vai apagar, e não corrigir e admitir o erro. Leiam! O post da deputada, seguido de meus comentários repetidos.

"O forte do presidente interino,Michel Temer, não é mesmo a lealdade. Sabe o que ele aprontou dessa vez? Seu governo interino revisou o voto na ONU e ficou contra a Palestina e Serra, Ministro das Relações Exteriores, decidiu também mudar o voto na 199a Sessão da UNESCO, e não mais apoiar o Estado da Palestina. Justo ele, Temer, filho de migrantes libaneses. Isso é deslealdade. Isso é muito feio."

Mas o racismo explícito da nobre deputada serve para colocar em seu devido lugar as demais posições dela. Em particular a opinião de que o presidente Temer deve agir contra algum grupo por consequência de sua origem étnica, mesmo que seja em oposição aos interesses do País.

1o a decisão à qual o governo Temer se opõe não é a favor dos palestinos, ela é contra Israel. 2o dizer que o Temer tem que tomar uma posição ou outra por causa da origem étnica dele é racismo.

A esquerda de maneira geral não sabe diferenciar posições pró-palestinos e anti-Israel porque a esquerda não é a favor dos palestinos, apenas contra os judeus, ou sionistas, como os esquerdistas preferem chamar.

E pelo raciocínio de que os políticos devem tomar decisões de acordo com sua etnia, e não de acordo com os interesses da Nação, o Lula, a Dilma, e Erundina deviam batalhar pela escravidão das pessoas de pele escura. O que eles já fazem, embora não com esse nome - escravidão é o nome do que eles chamam de socialismo.

Racismo mais explícito, só no site oficial do PCdoB.

14 junho 2016

Half a dialogue about impeachment

My side of a discussion about the impeachment with some bloggers who argue, roughly speaking, "Fora Temer therefore it was a coup therefore Fora Temer". Repetitive, posted here for safekeeping.

The rationale for the impeachment procedures, the reader must be told because the article doesn't, was not personal enrichment or accusations of corruption by the president. Rather, the president was accused of budget fraud, which IS a crime of responsibility according to the Brazilian Constitution: the executive branch of the government clearly and deliberately disrespected the federal budget approved by Congress, by amount of dozens of billions of dollars.

These fraudulent acts artificially propped up the economy in the year before the election, and directly led to an explosion of public debt and inflation, and to the subsequent collapse of growth. The unprecedented unemployment level is a direct consequence of the budget fraud committed by the PT government. Corruption is a part of it all, as is incompetence; but the fact is that the so-called "pedaladas fiscais", the reason for impeachment which the article goes out of its way to avoid mentioning, are not "legal formalities", but rather concrete actions which led to an unprecedented economic crisis.
* * *
Now I agree with you: the argument against impeachment is based on legal formalities. It is up to the Senate to judge whether the high crimes and misdemeanors are sufficient grounds for impeachment.

The fact remains that the president under trial willfully violated the laws of the land, and that her acts directly led to a crisis the proportions of which have not been experienced by Brazilians in 3 generations.
* * *
Just to clarify in a separate comment, because it is really an issue of smaller importance: the whole line of defense presented above rests on a particular interpretation of Art. 86, § 4o The incumbent president, during the mandate, is not liable for acts unrelated to the exercise of his functions.

The reading that exonerates the president under trial is that her reelection makes her in-imputable for crimes of responsibility committed in the previous mandate. This is indeed how the Brazilian Supreme Court decided to interpret the paragraph, although in plain language it only says that while president she is not responsible for acts that are unrelated to the presidency.

In any case, it's a technicality. The president is of course allowed to mount of full defense, but in her supporters thought she truly were not guilty as charged they would have come up with a better argument.
* * *
Absolutely correct.

Those who think that the "high crimes and misdemeanors" of the president don't rise to the level of an impeachable offense only have to persuade ⅓ of the Senate of their thesis. Given the state's representations in the Senate, that could be achieved by the votes of the representatives of as little as 8% of Brazil's voters! And considering the difficulties that the current president has encountered in establishing a government with relatively clean support, it may well happen.
* * *
Thanks for explaining the issue carefully. Except you didn't.

You just listed relevant documents and stated that some are right according to you and others are not. Weak argument, to the extent that it can be considered an argument.
* * *
Thanks for clarifying that 1st of all comes the desired conclusion, and then perhaps some argument for it. Or not even, who needs an argument when the conclusion will never change?
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The 1st paragraph confirms that your starting point are your conclusions. Bad, bad logic.

The 2nd and 3rd, thanks for your condescending explanations.

The 3rd is incorrect. The "very few informed persons" suggests that the universe of people you hear from is rather limited. Or perhaps that the universe of people you deem to be informed only includes those who agree you your premise, which coincides with your conclusion.

You end by restating your premise-conclusion. Not a persuasive style of reasoning. Have a good day!
* * *
I think this requires a detailed response.

1 - The article attacked the impeachment procedures by defending the personal honesty of the impeached president. I pointed out that the grounds were accusations of fiscal fraud. That is a #fact which I stated unequivocally, yes. Whether they rise to the level of crimes that merit impeachment has to be decided by a political process. That is also a #fact and we have to wait for the process to see its conclusion. Of course everyone is entitled to their opinion.

2 - This stuff about the pedaladas being legal is utter nonsense. I suppose that minor deviations from the budget could be dealt with by quick and dirty fudges. This in fact is the essence of the president's current legal defense: everyone does it. The "pedaladas" were deliberate, voluminous, repeated, and premeditated. Once again, whether they are ground for impeachment is for the Senate to judge. Opponents are meanwhile entitled to their opinions, but not to invent their facts.

3 - It really doesn't matter who I am and who you are. In case you are a graduate student or a recent graduate, I should say that forming arguments by innuendo, picking and choosing facts, appeal to authority, and so on, is an expedient that is unfortunately often very successful in academia, but it is a sad spectacle to behold. Please do not follow that route, even when it brings approval and applause from colleagues and mentors.

4 - No need for apologies. Make sure you don't fool yourself. As that most penetrating analyst of Brazilian academy, Richard Feynman, used to write, the important thing is not to fool yourself. The easiest person to fool is yourself. If you are not fooling yourself you're off to a good start.

5 - The "very few informed people" is again only a sign of a circumscribed world. The overwhelming majority of professionals, businesspeople, shopkeepers, and small business owners are relieved that the cause of the collapse of the Brazilian economy has been removed. I believe that is true about a large fraction of the 11 million unemployed as a consequence of the expedient of pushing expenses from a year to the other.

I will add that many of those don't particularly care that the procedures were legal and constitutional. They just wanted their nightmare over. Of course, people who rely on government support or who benefit from subsidies to their lines of work may have different opinions, more in accordance to their financial interest. That includes many academics and artists working in areas that don't often lead to attractive career prospects.

6 - Yes, the Constitution wisely determines that the impeachment procedure is essentially political, with judicial safeguards. It would not have gone anywhere if not that the crimes of responsibility of which the president is accused had not directly led to financial collapse.

7 - The reason to oust an elected president is that the Executive was impinging on the prerogatives of the equally elected Legislature and the equally legitimate Judiciary. The argument that the president was elected doesn't fly - so was Congress and the votes for the people's representatives are equally legitimate.

Unless one reasons that the elected president has a mandate to pretty much govern as they please. Unfortunately that IS the thought of many of the supporters of the ousted president, as exemplified by proposals that "the president should call new general elections once reinstated" although the president has absolutely no legal power to call elections in Brazil. This of course only reinforces the political argument for ousting a president, which is, I repeat, to prevent undue assumption of powers by the executive.

8 - Thanks for going back to the premise. No, I don't expect that any argument for the "Fora Temer" campaign will appear beyond that he was the vice president and therefore shares by association all the president's guilt.
* * *
Ambassador Gordon was wrong. Ambassador Fitzpatrick is right. The argument that one was wrong 50 years ago so the other must be wrong now as well is a non sequitur.
Of course you are entitled to your opinion, although it is shared by less than ⅓ of Brazilian elected senators or representatives; but you have not made a convincing argument for it.
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The argument why impeachment proceedings are admissible, despite the fact that the legislature itself is far from, well, unimpeachable, is as follows:
Both branches of government were duly elected, and, as the judiciary, are equally legitimate, and equally bound by the law. The impeachment procedures were designed to prevent the executive branch from assuming undue powers, and are not dependent on individual honesty of the politicians involved, which is the case is not being judged.
Whether the accusations of abuse of power are valid and sufficient for removing the president from office is up to the Senate to decide, under Supreme Court supervision. This being to a large extent a political judgement, all citizens - and if fact why not non-citizens as well? - is entitled to voice their opinions and try to influence the Senators. Only ⅓ of them need to be convinced of the argument in defense of the suspended president for it to be successful.
The point of my post is that the fact that the US ambassador expressed a wrong opinion in 1964 is not a logically relevant argument for any position in the current situation. Overall the post is a non-sequitur, and though it is erudite, it is not convincing.
* * *
Thanks for the explanation, such as it is. From my point of view, a lot has happened between 1964 and former minister Jucá's firing. To give just 2 examples, the president of the US is Barack Obama, and Brazil has a rather solid Constitution. So the continuity over a span of 52 years needs to be argued in more detail than just the mention of beginning and end point.
My argument as to why the impeachment procedures are perfectly constitutional is above; though Brazil's Congress as well as its Supreme Court agrees, of course one is allowed to disagree. I don't see on what basis you do, so I still see the procedure as constitutional, and the original argument as a non-sequitur.
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I can't resist adding one more thing that happened in the last half-century, the fall of the Berlin Wall in 1989.
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Well, formal democracy is what we have. What's the alternative, absolute power to the elected president? In any case, as I pointed out above, if the impeached president's defense can persuade just ⅓ of the Senate, she is back in power.
The flaws in Brazilian democracy, according to the defenders of the impeachment, are that it allowed the president to commit budget frauds that subsequently threw the country in a recession the likes of which have not been known for at least 3 generations. Impeachment is the answer, not the problem, according to this view. You may disagree with it, but you cannot logically dismiss it by claiming that it is undemocratic without a more solid analysis.
And no, sorry, the similarities between 1964 and 2016 are nonexistent, and both you and the original article failed to mention any relevant ones, or to make any case for continuity across 2 generations. Just claiming that the procedure is undemocratic doesn't support the argument; it is a circular argument: "the procedure is undemocratic because it is supported by the US ambassador therefore it is undemocratic".
Sorry, the arguments are still unpersuasive.