Reclamam nas redes sociais que as bombas de efeito moral usadas para dispersar indiscriminadamente manifestantes e baderneiros custam mais que uma bolsa mensal de iniciação científica da Fapesp. Então deveríamos apoiar mais os estudantes que pesquisam, e estimular menos os estudantes que participam de protestos político-partidários.
Porque são tão baixas as bolsas? As bolsas têm a finalidade de incentivar a ciência. As agências de apoio à pesquisa não tem a missão, nem os recursos, nem a competência para resolver problemas sociais. A Fapesp apoia a pesquisa; as agências federais, após 13 anos de butim, nem isso. Porém as universidades poderiam porém direcionar seus recursos de forma mais socialmente responsável, oferecendo bolsas aos alunos mais necessitados. Porque não o fazem?
No caso da USP, há 3 razões principais. Em 1o lugar, a universidade gasta mais de ⅔ de seu orçamento em salários de funcionários não-docentes. O que sobra é insuficiente para pagar as despesas diretamente relacionadas com pesquisa, ensino, e extensão, quanto mais para apoiar devidamente os estudantes necessitados.
Em 2o lugar, a universidade subsidia estudantes pobres e abastados sem distinção. Além de cursos inteiramente gratuitos, os possuidores de automóvel recebem subsídios adicionais, não disponíveis para pedestres. E os caminhos para obter recursos adicionais, que não saiam do bolso do sofrido (mas nunca rancoroso) contribuinte, ficam cada vez mais fechados por obstáculos ideológicos. É um uso pernicioso do dinheiro público.
Em 3o lugar, a universidade oferece cursos organizados pela sua lógica interna, sem muita consideração com a relevância para o estudante. O resultado é visível nas altas taxas de abandono, evasão, e reprovação, especialmente nos cursos mais acessíveis para indivíduos cuja situação econômica e preparo prévio os torna mais merecedores de apoio pela sociedade. Alternativas mais relevantes para o ensino são ferozmente combatidas pela burocra acadêmica.
Nas outras universidade públicas brasileiras menos bem competitivas e com apoio público menos generoso, a situação tende a ainda ser menos favorável. Em resumo: a falta de apoio aos estudantes mais necessitados decorre das políticas defendidas pelo estamento anti-liberal, que domina a universidade para seus próprios fins, e que considera qualquer forma alternativa de interferência pública no que eles julgam ser seu patrimônio pessoal coletivo uma "privatização" indevida.
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