O problema financeiro imediato da USP é o excesso de gastos, causado pelo choque de má gestão nos últimos anos. A má gestão foi liderada pelo reitor Rodas. Toda a USP participou, gastando como se dinheiro desse em árvore. Nem eu que reclamo de tudo bloguei contra o desperdício que é dar vale restaurante para todo mundo. Em defesa própria, meus colegas não viram nenhum dos milhares de funcionários que o Rodas contratou trabalhando. Não tínhamos como saber quantos eram.
A longo prazo a USP é solvente, porque a economia de S Paulo cresce, o total de impostos aumenta, e o orçamento tende a cobrir os salários se não houver aumento acima da inflação nem contratações novas. O desafio é trazer recursos futuros para o presente. A proposta do reitor Zago de promover demissões voluntárias, aumentando os gastos imediatos e diminuindo os gastos futuros, é exatamente o contrário do que a USP precisa. Não faz diferença porque nenhum funcionário vai aceitar perder a sinecura.
O grande problema da USP é que o trabalho dos professores é ineficaz - muita burocra, currículos engessados que dão trabalho e não rendem aprendizado. O número de funcionários é excessivo e o desempenho das burocras administrativas é inferior ao que se espera dos recursos gastos. Só que é necessário resolver os problemas urgentes antes de tratar os problemas grandes.
O caminho que a reitoria parece ter escolhido é deixar o povo ficar em greve, não estavam fazendo grande coisa mesmo. É cômodo. Realmente o trabalho da minoria de grevistas não parece estar fazendo muita falta para a sociedade. Na minha opinião fazem falta tanto o diálogo como o camburão, mas a inação, esperar a inflação diminuir os salários, também é uma tática. O problema foi causado pela omissão de vice reitores, pró-reitores, conselhos, congregações, sindicatos, e de todos os professores da USP que se omitiram enquanto a coisa pública estava sendo gerida de modo temerário. Quem sabe o problema causado pela inação pode ser resolvido com mais inação?
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