Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

07 dezembro 2013

Eleição do reitor da USP nas próximas semanas

A mais forte candidata ao 4o lugar é a chapa Wanderley Messias da Costa - Suely Vilela. Para a chapa   "Mantendo o Rumo", a promessa de manter na reitoria pessoas ligadas às administrações anteriores dispensa reflexão sobre a universidade e discussão de propostas para seu futuro. A presença dessa chapa entre os 3 primeiros votados seria uma vergonhosa indicação de falta de comprometimento dos eleitores com a universidade.

O candidato mais preparado para administrar a USP em 2013 já era o candidato mais preparado em 2009, 2005, e 2001. Só que como diz o locutor de futebol, o tempo passa. E o tempo passou. A chapa Hélio Nogueira da Cruz - Telma Maria Tenório Zorn não decide se critica a situação financeira supostamente catastrófica deixada pela atual gestão, ou se minimiza os problemas pelos quais os integrantes teriam parte da responsabilidade. O situacionismo encabulado da campanha que foca principalmente aspectos administrativos não convence. Por outro lado é uma chapa que não levanta o risco de surpresas desagradáveis. Diria que é forte candidata ao 3o lugar na lista tríplice.

As propostas mais relevantes são as da chapa José Roberto Cardoso - José Antonio Franchini Ramires. O maior problema da USP é que a qualidade e eficácia do ensino estão muito abaixo do que poderia ser obtido com os mesmos professores e mesmos recursos materiais. A causa dessa deficiência são as burocras irracionais, vinculadas aos grupos de poder da universidade, e apoiadas em entendimentos errôneos ou fantasiosos sobre a ciência e o ensino. A solução, defendida pelo Prof Cardoso, é a flexibilização dos currículos e das carreiras universitárias, aumentando o poder dos alunos e portanto da própria sociedade sobre o estamento acadêmico. As demais propostas da chapa, que também foram copiadas pelos concorrentes, igualmente estão de acordo com as necessidades da universidade. São os únicos candidatos que não têm paúra de criticar ações erradas do atual reitor. A dúvida é até que ponto a chapa conseguirá realizar suas propostas. Infelizmente os donos do poder da USP são reacionários, a viscosidade da burocra tende a impedir o progresso, e propostas de melhoria muitas vezes acabam sendo usadas para reforçar o poder do estamento, com consequências imprevistas.

A chapa mais forte é Marco Antonio Zago - Vahan Agopyan. Ela terá votos nas unidades da USP do interior, que nas últimas eleições têm votado em bloco para bloquear candidatos do campus mais importante da USP. O trabalho do prof Zago na pró-reitoria tornou o nome dele conhecido e bem visto pelos pesquisadores ligados à pesquisa e à confecção de papers, e a presidência do CNPq deve render votos entre eleitores do PT. É uma incógnita, ao menos para mim, até que ponto ele pode ser associado às práticas petistas de aparelhamento partidário de universidades e agências de pesquisa. O prof Vahan também fez extenso trabalho de preparação para a campanha durante sua pró-reitoria, em todos os sentidos exceto a elaboração de um programa de gestão baseado numa reflexão explícita sobre a universidade. Pela lógica devem ter o maior número de votos nas consultas.

A única parte democrática do processo é a escolha do reitor pelo governador do estado, que foi eleito e tem a responsabilidade de cuidar da coisa pública. As fases anteriores versam predominantemente sobre a defesa de interesses corporativos. A opção do governador, caso a diferença entre o apoio recebido pelas 3 chapas da lista tríplice não seja decisiva, pode depender das incógnitas à qual me referi acima: o risco de aparelhamento da USP, e o risco de fracasso de propostas de melhoria, medidos em comparação com o risco de ir tocando as coisas sem correr riscos, como se o resto do mundo também estivesse parado.

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