Haddad errou ao suspender a inspeção ambiental veicular. A inspeção é uma questão de saúde pública, indispensável numa cidade como S Paulo, com tantos carros produzindo poluição e se envolvendo em acidentes. É uma atitude esperada no PT, partido que consistentemente privilegia os interesses da grande indústria, dos sindicatos, dos poluidores, e dos proprietários de automóveis em detrimento da população em geral. Com os resultados que estão aí parados no trânsito para qualquer um ver.
O fim da inspeção não vai ganhar eleitores entre a assim-chamada direita lacerdista, a mais lacrimosa quanto à infração de sua liberdade absoluta de empestear o ar e infernizar as ruas da nossa cidade. Mas vai atrair a simpatia do conservadorismo profundo, das classes pouco generosas que só têm pedestres, ciclistas, e sem-viatura - jovens, mulheres, e idosos - aos quais oprimir. Quem vai notar a desproporção entre homens e mulheres nos carros e nos ônibus? Certamente não a esquerda, porque o transporte individual é direito sagrado para os bacharéis independentemente de gênero, e a segregação de gênero no transporte é coisa de gente pequena.
A inspeção vai voltar - como mostra o exemplo de todos os países ricos que se respeitam - mas com atraso, qualidade inferior e custo muito maior. Pode anotar. A oposição do PT a tudo que não foi inventado por eles vai repetir o trabalho do Cristóvão Buarque, que destruiu tudo o que foi feito pelo ministro Paulo Renato na educação, e depois teve que ser refeito pelo próprio Fernando Haddad. A sorte do PT é que o Lula não se importava com educação mas teve o bom senso de não deixar o PT acabar com a bolsa escola criada no mesmo governo Fernando Henrique. Porque o Provão é tão indispensável para a educação como a inspeção é para a saúde - numa sociedade grande e complexa a liberdade individual tem que ser regulamentada quando causa danos excessivos ao bem estar coletivo - a liberdade de poluir o ar tanto como a liberdade de poluir as mentes dos universitários com diplomas cocô.
Vitória dos interesses estreitos do complexo militar-automobilístico, como a administração Cristóvão foi uma vitória do complexo cartorial-cursinhístico. De curta duração, mas com grandes prejuízos para a sociedade. Haddad errou ao prometer e errou novamente ao cumprir a promessa de campanha.
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