Atendendo a algumas respostas apreciativas e inúmeras ignorativas, aqui está......

27 dezembro 2011

Cabral e a longitude

Comecei a ler Longitude, de Dava Sobel, e logo no começo aprendi uma coisa. É perfeitamente plausível que Cabral tenha se perdido no meio do Atlântico e não soubesse que estava a mais de 30 graus de longitude oeste da costa da África. A tecnologia da época não fornecia medidas de longitude, que em alto mar só podia ser estimada a partir de medidas de velocidade. Os erros da medida de velocidade iam se somando ao calcular a posição - fenômeno bem conhecido de quem estuda navegação inercial - e causaram desastres piores do que a descoberta do Brasil ;-)

As navegações portuguesas se orientavam pela costa da África, e seguiam a Volta do Mar que aproveitava os ventos permanentes favoráveis no meio do Atlântico. Na falta de vento, a localização em alto mar era incerta.

No meu tempo de escola ensinavam que não era plausível um engano dessa magnitude. Isso demonstrava que a viagem de Cabral que resultou na assim-chamada descoberta do Brasil tinha sido algum tipo de conspiração de forças ocultas. A explicação não era muito coerente com a curta estadia de Cabral no Brasil - 2 semanas, tempo para reabastecer e rezar 2 missas - mas o atrativo da teoria da conspiração era irresistível. Não sei como explicam na escola hoje - não caiu no vestibular - mas a versão da Wikipedia é mais cautelosa e apenas indica que o desvio de rota pode ter sido intencional. A teoria de conspiração não resiste ao estudo da história, que de qualquer forma é muito mais interessante.

21 dezembro 2011

Sinclair, BBC, and Acorn computers

Acorn Computers grew in Cambridge, England. It evolved in cooperation and competition with products such as the Sinclair home computer, a ludicrously inexpensive machine from the time of the Apple II and the TRS 80. Acorn's defining product was the BBC computer - developed and marketed in cooperation with the British broadcaster.

To improve on the BBC computer's 6502 processor, Acorn developed an architecture called the Acorn Risc Machine. I wrote previously about the Risc x Cisc war, which the former is winning decisively though somewhat belatedly. Acorn doesn't exist anymore; but its Risc architecture, owned by a former subsidiary called ARM, has a 95% market share of smartphone processors.

ARM is the only relevant alternative to the Intel processor architecture, despite (or because) its socialist taxpayer-funded state-owned origins. It is always instructive to remember the history of the computer industry. Wikipedia links are provided for the benefit of the younger, the forgetful, and the non-geeks.

19 dezembro 2011

Adeus Saab

Num passado muito remoto, numa galáxia distante, minha escola primária, o Externato Pequeno Príncipe, fez uma excursão para as Minas Gerais. Visitamos as cidades históricas, a gruta de Maquiné, ficamos alojados no Mineirão infestado de pernilongos. Mas esse post é sobre outro tipo de nostalgia - o saudosismo tecnológico.

O motorista que nos levou tinha muito orgulho de seu ônibus Scania Vabis. Recordo bem do motorista, encostado nas escadas do ônibus em uma parada na estrada, contando aos meninos do grupo que o Mercedes era o Fusca das estradas; mas ônibus de qualidade mesmo era o Scania. Nunca vou dirigir um ônibus, mas gostaria de ter dirigido um Saab-Scania - um carro escandinavo originado na Escânia. O Saab nunca foi vendido a sério no Brasil; e nas 2 oportunidades que tive para comprar um carro nos Estados Unidos, por motivos práticos as escolhas foram Renault e Volkswagen.

Nos anos 90 a fabricante de carros Saab se separou da Scania e se juntou à GM. O início do fim de uma fabricante pequena e inventiva. Agora a Saab fechou de vez. Não terei a oportunidade de ser motorista de um Scania Vabis. Nem de viajar no último dos vapores transatlânticos - o Eugênio C foi para Alang em 2005.

18 dezembro 2011

Barça

Não consegui assistir o baile, mas fica claro que o futebol europeu está em grande fase: 30 anos depois de começarem a importar craques como Falcão e o Dr Sócrates, os europeus estão aprendendo a jogar futebol. Venceram 2 copas do mundo em seguida, pela 1a vez em 3 gerações; e sem roubar, pela 1a vez desde....... (quantas vezes algum país europeu tinha vencido a copa do mundo usando talentos futebolísticos mais do que os talentos de prata?). Clubes europeus ganharam 5 copas da Fifa seguidas, e estão se aproximando dos sul-americanos em títulos interclubes intercontinentais. O Barça do Cruyff, o maior futebolista europeu, é mesmo um timaço. Uma democracia corintiana que deu certo.

07 dezembro 2011

Prêmio Excelência, 2011

Poste escrito sobre o Prêmio Excelência Acadêmica Institucional USP. O prêmio não foi pago pelo ano 2010, com o pretexto que algum índice caiu - tem mais índice de desempenho do que universidade no mundo, então sempre tem um que sobe, outro que desce. Para 2011 vamos receber dobrado, e mais uma explicação de cafezinho: além de algum índice ter subido, não houve greve. Já sabemos o critério para premiar todo mundo igualmente!

4 types of photo camera

I did some research and I'd say there are now 4 types of camera. At the high end, professional cameras with large sensors (APSC or larger), meant to be used with several lenses: fast normal, telephoto, wide-angle, and macro. At the low end, telephones are always in your pocket. Cameras that have small sensors but don't make phone calls no longer make sense, even if they are cheap. Note that the main spec that affects picture quality is sensor size, assuming that you have the camera with you - a large and heavy camera that stays at home doesn't take any pictures, good or bad.

In the middle there are 2 types: cameras that amateurs use when they want to look like pros, and cameras that pros use when they are not on assignment. The first are prosumer digital SLRs. If you carry only one zoom lens the advantage of a large sensor is unclear, but the weight is still there. The latter are the interesting ones: the ones we should reserve the word "camera" for. They all try to be more or less like Leica rangefinders. Choices include Fujifilm X100; Leica X1; Olympus and Panasonic micro 4/3 mirrorless cameras; and Sony NEX. The Nikon 1 cameras are in the low end of the range, because their sensor is barely large enough to get them out of the "telephone" category. In fact the Nikon 1 format is pretty much the only sensor with intermediate size. The Fujifilm X10 is nice but not quite there. I still like Pentax but I believe their Q format is a flop.

All have prices in the range of a prosumer digital single lens reflex. Among them I think it's a question of personal preference. I find the X100, with manual controls and a hybrid viewfinder, the most interesting one, although it has a fixed non-zoom non-image stabilized lens. Or because of that - zoom with your feet and stabilize with your hands. The Leica is a Leica. Micro 4/3 has more lenses available. I bet that Sony will be the most successful in the market. And Nikon knows what they are doing, even with a smaller sensor.

(Reposted from a comment on And now for something completely different… Cameras!)

03 dezembro 2011

Questões erradas na Fuvest 2012

Havia 3 questões erradas na prova da Fuvest 2012. O tipo de erro era semelhante: a questão podia ser resolvida seguindo os passos que se espera do estudante, levando a uma das alternativas apresentadas, mas a resposta era incompatível com o mundo real.

A questão 62 da prova V pedia cálculos sobre os ângulos de um hexágono convexo. Os cálculos mostravam que pelo menos um ângulo do polígono era maior ou igual a 180°, portanto não podia ser um hexágono convexo. Matemática sendo um assunto relativamente fácil, os professores de cursinho descobriram o erro e a questão foi anulada. Note que não falei que a prova de matemática era fácil - pelo contrário, achei de longe a prova mais difícil.

A questão 74 da prova V trazia um texto cuja interpretação era dada na alternativa E: "o principal motivo da adoção da mão de obra de origem africana era o fato de que esta precisava ser transportada de outro continente, o que implicava a abertura de um rentável comércio para a metrópole...". De fato o texto afirmava isso, portanto como questão de interpretação de texto a alternativa está correta. Porém a afirmação não faz sentido. A escravidão no Brasil só foi estabelecida pelos colonizadores porque a venda dos produtos do trabalho escravo na Europa era rentável. Caso contrário, o tráfico de escravos africanos não traria qualquer lucro. Um estudante que raciocinasse a respeito da alternativa, sem estar inoculado contra o viés ideológico que produz esse tipo de explicação absurda, não encontraria nenhuma alternativa correta. Talvez pela maior complexidade do tema, o erro não foi detectado pelos professores de cursinho.

Finalmente, segundo a resposta "correta" da questão 22 da prova V: "Uma das consequências do “efeito estufa” é o aquecimento dos oceanos. Esse aumento de temperatura provoca .... menor dissolução de CO2 nas águas oceânicas, o que leva ao consumo de menor quantidade desse gás pelo fitoplâncton, contribuindo, assim, para o aumento do efeito estufa global." O estudante poderia lembrar que a absorção de CO2 pelos oceanos ajuda a diminuir o o efeito estufa, que é causado em grande parte pelo aumento da concentração de CO2 na atmosfera. A maior concentração de CO2 no ar aumenta a proporção de CO2 entre os gases absorvidos pelos oceanos, um efeito contrário à diminuição da dissolução de ar na água devida ao aumento da temperatura. O efeito descrito na questão, embora seja a resposta "correta", é menos importante. Esse erro também não levou a anulação da questão.

Conclusão: a prova de matemática é a mais difícil, apesar de matemática ser a ciência mais fácil.

28 novembro 2011

Fuvest 2012

O vestibular se repete como farsa. Três décadas mais um ano após a Fuvest 1980, que 2 dos 3 leitores devem lembrar, fui ontem fazer vestibular.

Porque? Um dia tomando cafezinho na Usp, ou talvez durante alguma reunião, um colega diz: "O problema da Usp é o vestibular, que não seleciona os melhores alunos" ou qualquer coisa assim. Será? Fui conferir. Da próxima vez, se não puder trazer o McLuhan para a conversa, pelo menos posso dizer "Há quanto tempo o lídimo colega não faz vestibular?"

Antes que perguntem: não vou fazer a 2a fase, não vou tirar vaga de ninguém, não vou fazer Usp de novo.

Fiz o exame na Fac S Judas, do lado do metrô Butantã. As salas de aula são limpas, com iluminação adequada e ventiladores silenciosos. Como cortesia a faculdade distribuiu de brinde uma caneta azul e um lápis verde, inútil durante a prova. A prova começou com 40 minutos de atraso "porque o coordenador teve que resolver um problema com um aluno". Não houve outros problemas de organização.

A prova com 90 questões é difícil, mas me pareceu muito bem feita. Nenhuma questão errada; 1 ou 2 com respostas dúbias, baseadas em teorias históricas marxistas vulgares ou coisa assim, que revelam mais sobre a filosofia uspiana do que comprometem o vestibular. Uma em 10 questões, talvez menos, recaem na "decoreba": saber o nome de uma ou outra organela celular, tratado de Methuen, ou nomes de personagens de romances.

Surpresa: de longe a prova mais difícil é matemática. Tinha que achar a soma dos ângulos internos de um hexágono. Era para os alunos saberem ou deduzirem? Falta espaço para fazer as contas intermediárias na margem. Talvez eles esperem que os vestibulandos usem atalhos e fórmulas que eu não lembro. Quase todas as questões exigem pensar em diversos passos intermediários. Não me parece que a dificuldade da prova é desejável. O assunto em que todos acertam menos é um assunto que faz menos diferença na classificação. Dá mais um motivo para o pessoal estudar menos matemática. Mas as questões em si são bem feitas.

Física é bem mais fácil, não caem exercícios trabalhosos com máquinas de Rube Goldberg. Química eu sei menos, e biologia não sei, mas dá para sentir que as provas são razoáveis. Tinha uma questão discriminatória contra pessoas de uma certa idade, perguntando o que acontece com o cristalino quando o olho muda o foco de longe para perto. Com o meu, não acontece nada. Vou pedir um ponto a mais para os presbíopes ;-)

História e geografia são as partes mais fáceis. É mais interpretação de texto do que lembrar um lista longa de fatos históricos. Não caiu a guerra do Peloponeso. Quem lê jornal, passa. A prova de inglês é curta e bem feita - interpretação de textos jornalísticos. Português tem uma coisa estranha: diversas perguntas sobre detalhes dos livros do ano. É uma opção da Fuvest. Quem faz a prova fora do contexto pergunta: porque esses livros e não outros? Uns não li, outros não lembro. Mas para o vestibulando não é difícil: um ano para ler uma dúzia de livros. Uma boa preparação para a universidade. Não cai aquela inútil gramática de vestibular.

O total geral é que a prova é cansativa. Acho que deve ser mais fácil aos 18 anos. Mas 5 horas sentado na carteira dura pensando e escrevendo não é moleza. Acho que a prova poderia ter 60 a 70 questões sem prejuízo da avaliação. Decerto o que acontece é que cada um quer incluir sua parte, e não enxergam a desvantagem da prova longa. Então está aí porque fiz a prova: só sentando lá você sabe como é a vida do aluno.

Na saída, por alegre coincidência, encontrei 2 amigos, pais de estudantes que faziam a prova no mesmo lugar. Boa sorte para todos, que encontrem uma escola onde serão felizes. Outra hora confiro o gabarito.

15 novembro 2011

Eleição para prefeito

Vai ser uma boa eleição para prefeito em S Paulo ano que vem. 1 - Gilberto Kassab tem sido um bom prefeito: administrou a cidade de forma decente e mostrou coragem ao enfrentar o lobby dos donos de automóvel e vetar a lei pró homofobia. Quem tiver o apoio dele merece ao menos consideração. 2 - O melhor grande partido em S Paulo e no Brasil é o Psdb. O candidato tucano, seja lá quem for, em princípio é um bom candidato. 3 - O partido com as melhores propostas, as mais relevantes para o bem estar do cidadão, é o partido Verde. 4 - O velho Partidão é hoje coerente, honesto, e desempenha um papel muito construtivo. Soninha é mais uma boa candidata. 5 - Não tenho como não votar no Haddad, amigo pessoal de longa data, o melhor ministro de 3 governos bem sucedidos. Os outros candidatos do Pt eram ruins, o Lula acertou em impor sua preferência. No total, talvez 5 candidatos que prometem, ou pelo menos não assustam. Vamos dar um desconto, porque nos próximos meses é bem provável que alguns desses partidos façam uma escolha infeliz. Mesmo assim, o Brasil está realmente mudando para melhor, antigamente era raro ter mais de uma escolha não nefasta. Infelizmente o mesmo não se pode dizer dos demais países do G20 ;-)

22 outubro 2011

Jacaré - para a 317 Band 80

Apesar do quórum nulo, logaritmicamente falando, fui testar e aprovar o Jacaré, um boteco já estabelecido na V Madalena há 4 lustros. Apesar de mais recente que a 317 Bandeirantes 1980, depois que o Bartolo fechou é um dos mais antigos do pedaço. Frequentei outrora com a Susanna, quando éramos jovens apaixonados.
Sem empinar ares, é sempre bem procurado por uma clientela variada. O ambiente é correto, o som não ensurdece embora tenha mais volume que melodia.
A comida de bar é caprichada. Pedi uma alheira, afinal hoje é shabbat. Servida de forma apropriada: acompanhada de pão, molho de cebola, farofa, ovo, e verdura, de forma que comer no bar não significa abrir mão de uma refeição saudável. O contrário do que se vê em estabelecimentos voltados para um público emergente ou em bairros nouveau riche, onde a clientela tende a deglutir quase que exclusivamente alimentos outrora considerados de maior prestígio pelas pessoas que tem a necessidade de afirmar seu status através da mesa - nesses as porções são compostas quase que exclusivamente por carne.
Se optarem pelo Jacaré para o próximo evento, só não recomendo a Brahma Extra, uma cerveja meio aguada, sem arestas, de sabor pouco definido, mais ao gosto de emergentes que tentam imitar os sabores padronizados norte-americanos ou talvez alemães. A Brahma comum tem um sabor característico de antigamente, e deve ser preferida em qualquer ocasião.
O Jacaré continua movimentado após a virar a madrugada. A noite está bonita, eu voltei para casa.

19 outubro 2011

A Usp pequena

Praça do Por do Sol. Em cima da velha Estrada da Boiada. O único lugar de onde se vê como a Usp é pequena.

10 outubro 2011

Linear systems theory wins economics Nobel

I teach the introductory graduate linear systems theory course at Usp. I also talk about system identification in a 5th year undergraduate controls course. I find the 2011 Nobel prize in economics pathetic. How do you say "vergonha alheia" in English?

As far as I can tell the prize went for an application of linear systems and the Kalman filter. It's all in Eduardo Sontag's, or maybe better in Ljung's book, there's some statistics thrown in. Linear systems applied to the economy give spectacularly bad predictions - the economy is inherently nonlinear, as the presence of multiple equilibria shows. To a non-economist, giving a Nobel for linear systems theory appears similar to rewarding an explanation of gravitation that relies on Galilean transformation, instead of on Lorenz transformations the way Einstein did it.

I am indignant. But then I am not an economist. And Einstein didn't receive a Nobel for relativity. Maybe economists know better. Alright, I'm exaggerating a little, and maybe they did something else that I don't know about. I posted my opinion in blogs of people who know a lot more than I do and whom I deeply respect and admire. I may well be wrong. Links below.

NYTimes

Mão visível

Mão visível Its is also in my grad course's Moodle (not public, copied below):
PTC5820 - 5 » Fóruns » Fórum de notícias » Nobel de economia Nobel de economia por Felipe Pait - segunda, 10 outubro 2011, 11:01 O Nobel de economia desse ano foi para a teoria de sistemas lineares. http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/economics/laureates/2011/ecoadv11.pdf Na verdade uma versão light do nosso curso, até onde eu percebo pouco além do trabalho do Kalman. Eu acho que não valia um Nobel. Sistemas lineares aplicados à economia resultam em previsões espetacularmente erradas, porque os fenômenos fundamentais são inerentemente não-lineares. Seria como uma teoria da gravitação usando transformações de Galileu, em vez das transformações de Lorenz que o Einstein usou. Mas eu não sou economista. E o Einstein não ganhou prêmio Nobel pela relatividade. Então talvez os economistas e os suecos estejam corretos. Talvez os premiados tenham feito alguma outra coisa. São brancos, que se entendam.

01 outubro 2011

Redução de aulas de português e matemática

A secretaria de educação do estado de S Paulo estuda reduzir o número de horas de aula de português e matemática. Faz sentido.

Não é bom aumentar o número de horas de aula. Muitas horas na sala de aula são contraproducentes. Só servem para cansar e desmotivar o aluno, e para reduzir a possibilidade de pensamento independente. Alunos não prestam atenção a aulas em excesso, e em geral simplesmente cabulam. Quem acha que os alunos não faltam porque há controle de presença é só quem dá aulas de costas para a sala.

Os melhores meios de aprender português e matemática não são aulas de gramática e aritmética. Estudar ciência e história é muito mais eficaz e motivante. Gramática e redações de colégio são uma chatice, pouco conectadas com a língua viva, e infelizmente a álgebra do colégio também é ensinada assim. Discorda? Pergunte para algum aluno de colégio sobre o determinante da matriz de Vandermonde.

O lado ruim é o que se propõe no lugar. Ensino de espanhol é picaretagem. É um fato conhecido que quem sabe o português direito se comunica perfeitamente com quem sabe o espanhol direito. Quem lê português tem acesso a toda a literatura e jornalismo em língua espanhola internacionais. Umas aulinhas tipo "El libro está sobre la mesa" vão ser uma regressão. Com o inglês não é assim. E o inglês é a língua franca para a maior parte da humanidade, que não tem outra língua em comum. Aulas de inglês são muito mais úteis.

Sociologia e filosofia vão ser aulas de doutrinação ideológica pela máfia dos sindicatos e das faculdades de educação. Com provinhas para ver se os alunos pensam certo. Na melhor da hipóteses, uma perda de tempo federal. Não são disciplinas que se prestam ao ensino médio, certamente não com os professores que estão por aí. Já a história é fascinante, e imprescindível no mundo conectado. Quase ninguém no Brasil conhece história bizantina ou do sudeste da Ásia, por exemplo. Deviam. Nem história da China, nem história dos povos originais do nosso continente. No caso da história, isso é bom. Os estudantes vão ler algum dos excelentes livros de história, e rapidamente saber mais que os professores. Nada mais motivante! Da leitura para a escrita, é meio passo.

Repetindo: mais aulas de história, geografia, física, e biologia no lugar da gramática e da álgebra seriam bem vindas. Melhor ensinar a física de Newton antes de esperar o estudante passar pelo cálculo, melhor ensinar física quântica do que começar por matrizes e logaritmos. Melhor ler Braudel e Sérgio Buarque do que manuais de gramática. Mas se for para piorar, deixem como está.

23 setembro 2011

Progressão na carreira docente

A Usp está embarcando em mais uma discussão medíocre e infrutífera sobre um assunto completamente irrelevante para o ensino e a pesquisa, que é a progressão continuada na carreira docente, ou promoção horizontal. Atualmente existem 3 níveis do cargo de professor: doutor, associado, e titular. A Usp resolveu criar 1 nível intermediário entre doutor e associado, e 2 níveis entre associado e titular. Para administrar tudo isso vão surgir a Comissão Central de Avaliação para Progressão de Nível na Carreira Docente e as Comissões Setoriais Temáticas. É difícil imaginar de que maneira o trabalho dessas comissões vai beneficiar a ciência e a educação.

Eu não tinha prestado atenção à discussão até que ela chegou aos professores-soldados. Quem quer receber um aumento tem que entregar um memorial no mês que vem. Como não há recursos extras para pagar as promoções horizontais, quem não receber aumento terá uma diminuição, não no salário nominal mas certamente em relação ao salário que receberia sem as promoções horizontais. Os critérios para promoção ainda não foram definidos. Os diversos departamentos e áreas da Poli produziram 4 propostas diferentes, cada um usando um recurso diferente do Microsoft Office: Word, Powerpoint, Excel, além de pdf, num total de mais de 30 páginas. Quantas páginas de propostas virão das outras unidades da Usp?

O maior problema salarial da Usp é que a recompensa financeira pela dedicação ao ensino e à pesquisa é limitada. Professores doutores e associados podem ser promovidos por concurso, mas um professor titular só recebe aumentos por tempo de serviço, pela desincumbência de atividades administrativas, ou por trabalhos de extensão pagos por terceiros. Isso não ajuda a atrair e motivar pesquisadores e professores que se destacam.

Os aumentos sem "promoção vertical" não têm impacto nesse sentido, porque apenas criam faixas salariais intermediárias. Como a promoção horizontal depende apenas de análise de memorial, e deve ser menos trabalhosa do que a concurso de livre docência e menos disputada do que o concurso de titular, a tendência é os professores se concentrarem nas faixas doutor 2 e associado 3, achatando mais os salários. As diferenças de salário entre professor associado 1, 2, e 3 não são grande, e a análise das promoções é mais uma tarefa burocrática que rouba tempo dos professores e não traz benefício para o contribuinte paulista. Em resumo, uma solução que não funciona para um problema que não existe.

13 setembro 2011

Rabbits in New England

A very fundamental change seems to have happened to the United States in the last quarter century. The United States is no longer a high labor cost country. I'm sure some economist has written about this change, but it is not part of public debate.

First let me clarify what I mean. Labor in a few countries has been more expensive than the US for a while, and many countries still have much lower labor costs. However a defining trait of US economy and society has ALWAYS - I mean since the early colonial times in the 17th century - been the fact that labor was scarce and expensive. Any labor saving device was welcome, any extra capital or land welcome. 

The reason why labor was scarce in the US has to be found in the lower population densities of the original peoples, and especially in the populational collapse that started even before the first European colonies were established in North America. Without getting into a cause-and-effect argument, we can relate to the scarcity of labor and to abundance of natural resources many aspects of US history which we tend to think as having cultural, institutional, or sociological roots: openness to immigration, the fierce defense of slavery by plantation owners, class mobility, less pronounced class divisions than pretty much anywhere else in the world, the lack of permanent elites, universal public education already in the 19th century, yankee ingenuity for sure, perhaps even the relatively open political system.

The US no longer leads the world in labor scarcity and cost. How do we know that, without looking into detailed statistics? Toll collectors in highways. Restaurant staff and caterers at private events. Tram conductors. Compare, not to Europe, whose labor costs have surpassed American ones a while ago, nor to booming China - in fact the rapid pace of change in China may obscure the fact that something is happening in the US - but to Brazil. A few years ago, the least part of the cost of anything in Brazil was personnel. Domestic workers were the norm in any middle class home. Now it seems to me that the supply of labor, if not the actual hourly rate, is more constrained in Brazil than in the US. I'll let a good econometrist dig the data, but organizing a bat mitzvah party in Brazil one month after one in the US has made the change very clear to me. Believe me, I have been commuting between Brazil and the US for almost 25 years. The lack of progress in the US is not as obvious as the changes in Brazil, but it is no less real.

Why has this happened? Several factors come to mind. Immigration and populational growth have made resources comparatively less abundant. Education progress has slowed down significantly in the last quarter century. Infrastructure is dated and in bad state of repair, and has become a drag on productivity. Government policies and the tax code have been changed against workers and to benefit the rich. Technological changes and globalization have favored concentration of wealth. Cheap manufacturing abroad has diminished the need for workers.

What has been the impact of lower labor costs in the country? A few suggestions, in a somewhat circular feedback loop. The improvement of mass education has become less of a priority. Investment in infrastructure seems less urgent. Class divisions are more pronounced. The wealthy have acquired a disproportional control over the political process. Political ideologies follow more closely the interests of the rich. More efficient production is no longer the route to business success, and scientific knowledge and research has lost status and has less impact. The ruling classes have lost some of their traditional patriotism, and are happy to have the children of the poor fight their wars.

It looks like a vicious cycle.

On another anecdote, rabbits seem to have become easier to find in New England. I had thought that basically one saw rabbits in Philadelphia and squirrels in Boston. A sign of climate change?

02 setembro 2011

Não tem preço

Custo para os países da NATO da guerra contra o Qaddafi: uns $2 bilhões de dólares por 6 meses.
Custo para o contribuinte brasileiro do blog do Nassif: $1 conto de réis por cada contrato de 6 meses.
Ver a assim-chamada  "imprensa alternativa" chorando o fim do regime do Qaddafi: não tem preço.

28 agosto 2011

Estadão perde credibilidade com foto falsificada

O Estadão perdeu vários pontos na minha avaliação de credibilidade ao publicar uma foto falsificada do Steve Jobs na edição de ontem. 1o, pelo sensacionalismo indigno de um bom jornal. 2o, pelo desrespeito a um cidadão que claramente preza sua privacidade. 3o, pelo descuido em verificar a origem de uma fonte antes de publicar. E finalmente, pela falta de profissionalismo em não publicar um pedido de desculpas humilíssimo para o leitor enganado pela má fé de algum jornalista incompetente. Não vou sujar o blogspot com link.

26 agosto 2011

Viva Zapata! as retold by Henrique Pait

Emiliano Zapata leads a delegation of peasants bringing a grievance to the president of Mexico. The president listens politely. After they leave, the president asks an adviser for the name of the leader. "Emiliano Zapata, señor."
"Brilliant fellow. Very well spoken, well meaning."
And then gestures towards the adviser with his hand cutting across his throat.

Fast forward to the end of the movie. A peasant leads a delegation to now President Zapata, who listens attentively. After he leaves, President Zapata asks for the name of the leader.
"Manuel Sánchez, señor." (or whatever)
"Brilliant fellow. He has a future."
And then gestures towards the adviser with his hand cutting across his throat.

As retold by my father, who had a very creative memory. I don't know how accurate, but for sure almost better than the version by John Steinbeck, Elia Kazan, Marlon Brando and the like ;-) Which I don't recall, have to watch with the kids one day.

14 agosto 2011

Tablet computer, made in Brazil

Fábrica de tablets no Brasil. Faz sentido? Vejamos o breakdown do iPad original mais barato, via iSuppli. Preços redondos em dólares.

Custo de materiais e componentes: $220.
Custo de fabricação: $10.
Preço de venda: $500.
Preço de venda no Brasil: $1000.

A suposta "fábrica da Apple no Brasil" que põe saliva na boca de políticos dirigistas, empresários do apoio oficial, e economistas campineiros iria competir com as fábricas da Foxconn na China pelos $10 da manufatura. Em troca desse valioso serviço e de gerar empregos responsáveis por uns 2% do valor total do produto, o "fabricante nacional" decerto vai querer vender o aparelho pelo preço do importado.

A fatia de $270 da Apple não desperta o interesse de nossos desenvolvimentistas. O mercado, potencialmente muito maior, de software e midia que seguem cada tablet vendido, desse então nem se fala. Coitadinho, sufocado pela proteção à "manufatura".

07 agosto 2011

As prioridades da Usp

Recursos gastos na aquisição de livros para as bibliotecas da Usp em 2010: quase 2 contos (2 milhões de réis, para os mais novos). Para a biblioteca da Escola Politécnica: 110 milréis.

Informações do anuário da Usp.

Custo da repavimentação do estacionamento da elétrica: 300 milréis. Não sei dizer se vai sair mais caro, considerando que a obra planejada para durar 2 meses já atrasou 3 semanas. Como já disse o grande professor Chapéus, ensinar é construir estacionamentos.

Da vontade de ver como são as coisas na quasi-homônima USP, a University of South Pacific.

27 julho 2011

Why don't US right wingers go to grad school?

As one of you may know and the other will guess, I consider NYTimes writer James Tierney an idiot. In his latest column The Left-Leaning Tower he makes an effort to support the theory that conservatives don't go to graduate school because academia in the United States leans left. First he quotes careful surveys that disprove most aspects of his argument, then he turns to the usual ideologues, who claim that the theory is correct because it must be, no matter the facts, and repeat a few anecdotes about the liberal bias of social scientists.

So, does academia have a liberal bias, or do conservatives have an antiscientific bias? I think one should look for the answers in the science departments. The overwhelming majority of scientists are liberals, in the American definition. An overwhelming majority of engineering and mathematics professors, a fairly conservative (in the sense of cautious) bunch altogether, are Democrats. So are almost 100% of biologists, a branch of science without a political bias if there is one. Even the majority of economists and business professors are liberals.

Thus 1) Republicans do not go to graduate school because they are against scientific reason; 2) John Tierney is a fool. QED.

15 julho 2011

The paper is difficult to read because the results are novel

"It's obvious, it's wrong, and I've published it before." This kind of rejection I know. But "the paper is difficult to read because the results are novel" is a type of argument I had not yet seen used to reject a paper.

11 julho 2011

Decisão por pênaltis é o anti-futebol

Meta-comentários sobre a copa do mundo de futebol que terminou ontem (é isso que vocês leram; por definição copa do mundo termina quando o time do Brasil vai para casa, sejam os homens ou as mulheres).

1 - Decisão por pênaltis é o anti-futebol. No futebol de verdade quando os dois times marcam o mesmo número de gols o jogo termina empatado. Os cartolas que não têm competência para bolar um campeonato com as regras corretas estragam o torneio. Há muitas formas de fazer um torneio corretamente: pontos corridos, todos contra todos, eliminação múltipla com colchetes, chaves, sistema suíço.... O pior de todos é o "mata-mata", que ofende a essência do esporte. Até os corruptos da CBF têm aquele mínimo de competência necessário para fazer a tabela de um torneio de futebol, mas a FIFA não.

2 - Quando um time profissional faz coisas completamente inexplicáveis dá a impressão de que existe uma explicação que a gente não conhece. Uma americana pegou a bola com a mão, a outra derrubou a atacante brasileira dentro da área. Só no 2o caso houve o pênalti e a expulsão; será que o time achava que para esse jogo as regras tinham mudado? O que estava na cabeça do time alemão, que deixou as 2 melhores atacantes no banco no jogo contra o Japão?

3 - Futebol é como política: não brigue com seus amigos por causa dele. Os jogadores fazem as pazes e você perde um amigo.

06 julho 2011

Bellman's curse of dimensionality destroyed Friendster

It is instructive to learn why some social networks proper, and others tank. Social network pioneer Friendster was killed by Bellman's curse of dimensionality, with help of businessmen. Link, but don't open with Safari.

Apparently the algorithms didn't scale well. The businesspeople invested in more hardware and more expensive marketing instead of fixing the technical problem. MySpace took over, until News Corp destroyed it. Its story is less interesting; Murdoch wanted to make money fast. Now the race is between Facebook, Twitter, and G+.

29 junho 2011

Vote NO on clamshell containers!

In Massachusetts, independents can vote in any party's primary, and there will not be a Democratic primary. Believe it or not, it crossed my mind to vote for Huntsman in the Republican primary, just so that Rosa and Hannah don't have to be ashamed of whichever meshuga the Republicans come up with to run for president of their country.

Now Susanna, who read the NYTimes magazine article on Huntsman - I didn't have the patience - tells me that his wealth comes from his father's invention of the Big Mac clamshell container. I hate those containers! They contain everything that is wrong in America: self-indulgence, bad food, trash, pollution, waste of energy, lazyness, all in the service of poor work and personal habits.

I hate those containers more than Sarah Palin. If Huntsman was counting on my vote, he lost it.

Clarificação sobre redes sociais

Uso muito pouco o Linkedin, mas aceito conexões de qualquer pessoa contanto que eu reconheça o nome, e a mensagem contenha algum texto no lugar do "fulano quer ser seu amigo no Linkedin". Quem conecta sem escrever uma mísera linha é spammer.

I don't get Facebook. A interface não faz nenhum sentido para mim. Vejo um monte de posts repetidos, porém os posts desaparecem depois de poucos dias, então não sei o que perdi. (I think I have a bad rapport with software written by Harvard dropouts.) I use it because you use it. I tend not to friend students on Facebook. Motivo: não quero unfriend ninguém, e aparecem posts além da minha capacidade de ler. Don't take it personally. I also don't friend suggestions, for the same reason. The fact that I have friended one student shall not be misconstrued as implying that I had any additional reasons to not friend another.

Twitter: I like twitter and I tend to follow anyone who doesn't tweet too much about things that are not relevant to me. When tweets become "too much" is a subjective decision.

Orkut: só não saio do Orkut porque para sair tem que entrar.

A melhor rede social é mathoverflow. Só se fala sobre coisas que interessam. Mas não é para todos.

Of course, all this may change if Google+ takes off. The idea of separate groups of friends makes a lot of sense. However social networks are a natural monopoly: I use what everyone uses. So unless everyone joins Google+, it will be irrelevant.

16 junho 2011

I have been completely unproductive in the past few days, so let's tell jokes.
A friend tells a story he got from his Japanese teacher. Not sure if the teacher saw it or just heard about it. 
Japanese Go club, full of strong amateurs and several pros. Anyone under 5 dan is there for lessons. One regular is a well-known 9-dan pro. Everyone knows everyone else here, and most of the other strong players around.
One day, someone nobody recognises walks in, immediately sits down with the 9-dan, takes two stones, and loses by a narrow margin. Observers are amazed.
After he leaves, someone gets up the courage to ask "Sensei, who the devil was that?" "My elder brother. I learned Go from him and did not win a game against him until I was 18, but I turned pro and he went into business."
 The forgot to tell the rest of the dialogue:

"Sensei, are you all that strong in your family?"
"No, our younger brother wins against both of us even."
"So why doesn't he play?"
"He stopped when grandma learned to play. She beat him with 4 stones handicap."

09 junho 2011

Morumbi contra o metrô

Li no jornal hoje que os bacanas do Morumbi estão em pé de guerra contra uma nova linha do metrô. O motivo é que a linha 17 Ouro vai passar perto da favela. O pretexto é ambiental. (Estou vendendo o bondinho do Pão de Açúcar a preço especial para quem concorda com eles que o metrô faz mais fumaça e barulho que carro.)

Previsão: a imprensa alternativa e os movimentos sociais não vão fazer muito escândalo nesse caso, ao contrário do caso da estação em Higienópolis. Será porque não tem simpatia pelo povo que vai se beneficiar da nova linha, ou porque não vão conseguir encontrar um grupo étnico para culpar?


Oportunidade: esticar a linha uns 2km traria o metrô para dentro da Usp, remediando em parte a oportunidade perdida com o traçado da linha Amarela.

07 junho 2011

Mileage may vary

The NYTimes states, in an otherwise impeccable editorial about fuel consumption standards, that

"actual highway mileage, as with all vehicles, is lower [than the EPA rating], in [the case of Ford Fusion S model with a rated mileage of 34.9 m.p.g.] about 27 m.p.g."

There is at least one exception to the rule. My 2002 Volkswagen Jetta 1.8T is rated by the EPA at 21 miles per gallon city, 29 highway. I thought it was to 24-31, but Edmund's site has 21-29. In any case, my car runs about 30 miles per gallon in mixed driving, 28 in the city, and above 32 on the highway. A site called Buzztrader confirms my numbers.

I suspect that the EPA tests are designed to overstate mileage of cars with large engines and automatic transmissions, so perhaps they overestimate fuel usage of a turbo engine with manual transmission. Or maybe the red color causes an hitherto unsuspected Doppler effect on efficiency.

27 maio 2011

Megabus

Yesterday I came home from the Sontagfest using NJ Transit to NY Penn station and then took the Megabus to Boston. Quick review with engineering notes.

Pro. Megabus is cheap ($25 one-way for peak times) and service was impressive. There was a long line for the 8PM bus, and a 7:45 for the people without reservations just showed up. The double deck bus is comfortable, and probably inexpensive to operate.

Con. It must be true that the IT department thinks very highly of their incompetent selves. Complaints, in decreasing order of importance:
1 - The bus turned off 300 yards from South station and the driver was not able to turn it back on. The bus was working fine, it was a software glitch that the "central" was not capable of fixing. The driver let us out, gave us our bags, and we walked on the ramp into the station.
2 - The Blaupunkt TVs were not working and produced a very loud electronic screech through a good portion of the trip, until the driver managed to turn the whole electronic junk off. Who needs TV on a bus, and who buys Blaupunkt TVs?
3 - The bus took a creative route to Boston and managed to get stuck in a 1 hour traffic jam on I87. I am sure that finding the worst route required a lot of computer dispatching and optimization. Thanks also to the NY State Thruway authority for scheduling repairs on the night before Memorial day!
4 - On board wifi is useful, but crashed after a short while, not to come back again during the trip. It's a minor point, but I'm including it here to persuade Megabus to keep their courteous service people and efficient mechanics, and fire their incompetent information technology managers. Yes, I'm sure they think their are geniuses and that they deserve their excessive compensation. Get rid of them and invest in safety, the company's record seems iffy.

In any case, the US really needs a Boston-NY-Washington train up to mid 1960s Japanese standards if it doesn't want to become a 3rd world country or a submerging market.

20 maio 2011

A escola muito engraçada

Era uma escola muito engraçada.
Quem não faz cola não aprende nada.

Ninguém podia sair dela não.
Porque na escola tinha o provão.

Ninguém podia surfar na rede
Porque a força tinha acabado.

Ninguém podia matar a sede.
No bebedouro contaminado.

Ninguém podia fazer pipi.
Para o pinico não entupir.

E a prova é feita com muito esmero.
Pra todo aluno ter nota zero.

11 maio 2011

Poli - vale a pena sonhar em entrar?

Pergunta para @jdborges, autor de "A Poli como ela é":

Até pouco tempo, eu era estudante de Licenciatura em Matemática no Ime-Usp. Por vários motivos abandonei o curso com o intuito de estudar para o vestibular e concorrer a uma vaga na Poli. Sou apaixonado por aplicações matemáticas e, também, por Mecânica. Assistindo a algumas aulas na Poli, ví que lá seria um lugar mais interessante para aplicar conhecimentos da área de exatas. Soube através algumas pessoas que a Poli é extremamente teórica e fiquei um pouco desprezado, contudo não desisti do sonho. Li um texto antigo escrito por você "A Poli como ela é" o qual despertou-me uma reflexão duradoura e gostaria de lhe pedir uns conselhos, ajuda ou qualquer informação que você acha útil. Na Poli, eu realmente aplicarei Matemática, Física e Química - ciências pelas quais sou apaixonado, entretanto não bitolado? Engenharia é um bom curso para quem possui estes intuitos? Sou oriundo de família pobre e escola pública. Preciso ter uma profissão que me auxilie na ajuda aos meus pais. Amo estudar - inclusive Língua Protuguesa, História, Geografia, etc. Nessas condições, o vestibular para a Poli é uma barreira intransponível? Apesar de não ter o perfil socioeconômico e idealista, descrito por você de um politécnico, você acha isso me atrapalhará no curso? E, finalmente, visto que existem outras instituições para estudar engenharia no país; também, que amo aplicações científicas da área de exatas em várias outras(com ênfase em Mecânica): Vale a pena sonhar com a Poli? Não sei se você terá tempo (ou paciência!) para responder um e-mail tão grande. Se não der, pediria que você respondesse apenas a pergunta contida no assunto.. Desculpe-me por tomar seu tempo. (Vestibulando vive cheio de dúvidas e ansioso para encontrar alguém para respondê-las, fiquei muito duvidoso ao ler seu texto e achei que poderia me ajudar.) Muito obrigado por ter lido e por ter escrito "A Poli como ela é" - Parabéns pela coragem!

Minha resposta:

O curso é o que cada aluno faz dele. A Poli? Professores bons, vários excelentes, outros mais fracos, até alguns picaretas. Alunos também: os excelentes, os bons, nem todos motivados. A organização, a burocra, é patética, horrenda, contra produtiva. Pode melhorar? Talvez. Num futuro próximo, continue imaginando as regras como inimigas dos seus estudos. Quem quer aprender, consegue. Precisa suar. Toma tempo.

Teórica? Uma boa teoria é a melhor prática. Quer sair montando carros e computadores? Procure a Foxconn. Paga uns 2 real por hora em Shenzhen. Engenharia moderna requer muito estudo. Tem muita coisa feita, quem não conhece reinventa a roda.

Hoje, sabendo o que sei, recomendaria à maioria das pessoas estudar para uma profissão aplicada. Talvez até engenharia de preferência ao direito e à medicina, cada um tem seu gosto, também gosto de economia. A imensa maioria dos diplomas da Usp são especializados demais, acadêmicos demais. Os alunos percebem e desistem, você já percebeu e desistiu. Só não percebem a Zelite acadêmica que parece não se importar com taxas de abandono enormes, com diplomas que não preparam os escassos diplomados para a vida fora da torre de marfim. Na Poli não é assim. Que o digam os alunos - a grande maioria completa o curso em 5 ou 6 anos, apesar das dificuldades, é porque veem vantagem na formação.

Vai aplicar o que aprendeu? Depende de você. Não espere achar um emprego em que usa cada curso, nem ter curso de cada coisa que seu emprego vai exigir. Matematicamente impossível preparar cada um dos milhares de politécnicos para as respectivas vidas futuras em 5 anos de aula. Receita para frustração.

Vestibular, a coisa que funciona melhor no Brasil. O pior critério de admissão para a universidade, com exceção dos demais. O vestibular não vê cor nem poupança, nem marca da roupa nem perna torta, não declina gênero, número, ou grau. Passou, entrou. Quem tem mais apoio para estudar, pode estudar mais. Quem não tem, sabe bem o que precisa fazer para chegar lá. Você sabe se dá para passar no vestibular, melhor que qualquer outra pessoa. Boa sorte!

O politécnico típico da minha época era neto de imigrante trabalhador, de família que valoriza o estudo e subiu na vida. Mas tem de tudo. Nosso diretor atual é o melhor na memória de quem está lá na Poli - de família modesta que não sabia o que é engenharia nem a Usp. Faz o que faz por mérito e dedicação. Teve diretor de família escravocrata, outro que se orgulhava de ser semi-anarfa, de nunca ter botado a mão na massa para escrever um artigo ou uma tese. Foram os 2 piores. A maioria, mais próximos da demografia do politécnico médio. Você vai encontrar de tudo lá. Prepare-se!

Das profissões a engenharia é a que menos facilita o progresso do picareta em detrimento da competência. Facilita menos, mas não impede. Nos negócios é mais fácil subir contando vantagem enquanto a firma afunda. Nas filosofias também, ficar atacando "esse sistema que está aí" sem contribuir para quem está tentando melhorar. Na engenharia, a competência tem um pouco mais de voz. Para quem tem meios materiais limitados, é uma vantagem.

E se não estudar na Poli, há outras escolas muito boas. As outras estaduais de S Paulo. Algumas das federais. As privadas mais sérias, como a Mauá e a FEI. E até todas as universidades estrangeiras, para quem tem a disposição e a energia para procurar mais longe. O tempo em que existia a Usp e ponto final acabou. O pessoal de esquerda esperneia contra a massificação do ensino - antigamente era a direita mas trocaram as posições - só que agora o gênio já saiu da garrafa. Dá para estudar e aprender em muitos lugares. Até na Poli. Vai ter companhia de muitos colegas, estudantes e professores.

08 abril 2011

Div, grad, curl are not dead!

Let a be a vector field on a Riemannian manifold with metric < , > and connection ∇. Then curl a is a antisymmetric 2-form defined by:

curl a (X,Y) = <∇_Y a, X> - <∇_X a, Y>

There even exists a Helmholtz decomposition of a vector field into its divergence-free and curl-free parts. So maybe Burke was wrong, and div, grad, and curl still live!

06 abril 2011

The index in semi-Riemannian geometry and classification of partial differential equations

Semi-Riemannian geometry studies manifolds with a nonsingular metric tensor. Two cases have been studied in detail: Riemannian geometry, when the tensor is positive-definite, and Lorentz geometry, when at each point of the manifold it is negative-definite in a subspace of dimension 1 of the tangent space.

Writing the metric in diagonal form, its index is the number of negative diagonal terms. The Laplace operator Δ on a manifold, the divergence of the gradient of a function, has as many negative terms as this index. The Laplace equation Δv = 0 is elliptic in Riemannian geometry and hyperbolic in a Lorentz geometry. The ultrahyperbolic case when the index is neither 0 nor 1 has been much less studied. But this relationship between semi-Riemannian geometry and partial differential equations is not often mentioned in the literature.

03 abril 2011

Eleição indireta em lista fechada é inconstitucional

O Congresso Nacional está discutindo proposta de eleição por meio de lista fechada: o eleitor vota no partido, e o partido escolhe os deputados de uma lista. Essa proposta viola uma cláusula pétrea da Constituição da República federativa do Brasil, contida na Subseção II - Da Emenda à Constituição. O constituinte foi claríssimo:

Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.

O Artigo 60, Parágrafo 4, citado acima, não deixa margem à dúvida: a proposta de emenda constitucional que restringe a escolha direta do eleitor é inconstitucional. O Constituinte foi mais longe: baniu a deliberação de qualquer proposta TENDENTE a abolir o voto direto. Qualquer argumentação de que o voto em lista fechada não elimina completamente o voto direto é irrelevante, em vista da cautela do texto constitucional em impedir qualquer deliberação nessa direção.

Mesmo o chamado voto misto, no qual parte dos deputados são eleitos diretamente e outra parte são escolhidos pelos partidos através de listas, é claramente inconstitucional. A deliberação pelo Congresso de emenda que estabelece o voto em lista, por si só, viola a Constituição.

Esse blog decerto não é o primeiro a notar essa flagrante ilegalidade, que já foi apontada até por alguns advogados e políticos. Mas como a discussão no Congresso continua, é importante a pressão popular para evitar que o direito de voto do cidadão brasileiro seja cerceado inconstitucionalmente em nome da conveniência dos políticos.

31 março 2011

Why is the Cauchy problem for elliptic equations not well posed?

I spent a long morning at the library trying to understand why it so happens that the Cauchy problem for elliptic partial differential equations is not well posed. I still don't - I understand that it is, but what is the geometrical property of elliptic equations that makes it not well-posed, in contrast to parabolic or hyperbolic equations?

In the process I was not impressed by the creativity shown in textbooks. There are some good books out there - but the majority of them are isomorphic to each other. Most are well-written, a few stand out. But mostly they present the same topics in a different order, with more or less space devoted to each of them. Every preface should answer: "Why is this book different from all the other books?" Unfortunately, it seems that the question is not on most publishers' minds.

The good side is that there are plenty of open problems, even in areas that have already been studied a million times. Ask good questions, don't try to read all the literature, and have fun!

29 março 2011

Iracema e Lucíola

Antes que comecem a elogiar o cara porque ficou doente e morreu, na minha opinião deixar um país sem um vice-presidente em condições de exercer o cargo é falta de respeito com os concidadãos, descaso com a atividade do governo, e um tremendo egocentrismo. #prontofalei

The battle is won by strategy; the war by reliable supply lines

I was reminded of the following #fact:

"The fight is won by bravery; the battle by strategy; and the war by reliable supply lines."

by Krugman's blog post. Who proved the theorem above? I don't know, and I don't have time to research - I need to assign reviewers to 15 conference papers before the other editors fill up the reviewers' inboxes with requests.

21 março 2011

Terremoto no Japão: a Usp pode ajudar?

Terremoto no Japão. Deve haver muito estudante deslocado, universidade sem aula. Gente com bom currículo, futuro promissor, só que com habilidades pouco relevantes para a tarefa imediata de reconstrução. Professores também nessa situação. O problema no Japão não é dinheiro nem recursos, mas por algum tempo os recursos e as necessidades não vão estar casadas.

Podemos abrir vagas de emergência em universidades brasileiras, na Usp, especialmente na Poli? Os estudantes mudam de ares, continuam seus estudos, e contribuem para a Usp estudando conosco. Também facilita a reconstrução lá, alivia um pouco a necessidade imediata. Para a Usp, não atrapalha nada. Em alguns cursos, alguns alunos a mais. O professor fala em português, explica um pouco em inglês, quem sabe alguém ajuda em japonês, em 6 meses os alunos estão em casa. Não atrapalha nem o professor nem os outros alunos - pelo contrário, é um desafio a mais que ajuda a sair da rotina e valorizar as aulas.

Custo baixo, benefício para os 2 lados. Adaptação em S Paulo não vai ser problema para quem quiser vir. Não serão muitos - mas cada estudante ou professor que vier, é um ganho para todos. Dá certo? Se há dificuldades, são apenas burocráticas. Mais uma razão para enfrentar a burocracia.

15 março 2011

Why nuclear power is always unsafe

I was asked to explain why nuclear power is inherently and unavoidably unsafe, and will try to give a common sense engineering answer. You know that I am not an expert. This is actually an advantage, because in this case the more people know, the more they say nonsense. Why? Because a little knowledge is a dangerous thing. The nuclear engineering community has answers to all questions they have asked, but the problem is too complex for them to have asked enough questions. Decisions about nuclear power cannot be left to the nuclear power community, the same way that decisions about nuclear weapons cannot be left to the military, and banking regulation cannot be left to bankers. Their excessive familiarity with the subject limits their thinking, distorts their knowledge, and corrupts their judgment.

The amount of energy that can be released by nuclear reactions is enormous. Worse, it can be released very fast, and in a very small space. Even worse, fissile material can continue to release energy for very long period of time.

Nuclear reactors cannot be designed in a safe manner. What can be done is lower the probability of a given undesired event. However, the damage caused by a nuclear disaster is almost unbounded. The total risk will remain very large even if a sophisticated design makes the probability of an individual event small. Contrast that to the worst-case scenario of a airplane crash, or a fire at a thermoelectric plant. Such accidents are comparatively common, however the total damage is limited to people on the plane and at the crash site, or in a neighborhood of the power plant. The area and the number of people threatened by a nuclear plant are incomparably larger. The fact that nuclear accidents are so rare only gives plant operators a misleading sense of security. (Another comparison is to the risk that large, highly-leveraged banks bring to the economy. A failure can cause paralysis to the whole financial system, but bankers reason with basis on the small-scale events that they observe daily. The safer the system, the longer the interval between crashes, the bigger the risk.)

Nuclear reactors cannot be built in a safe manner. The high energy content of the fissile material amplifies the consequences of any disaster. No place is safe enough at the time scales of nuclear fuel decay. Even at the small time scales of reactor operation, disasters happen. Japan is more prepared for earthquakes than anyone else, but still not prepared enough. And earthquakes happen everywhere, not only in Japan. Moreover, nuclear material is an inviting target for acts of war. France, the only one of the 4 major operators of nuclear plants which hasn't had a serious nuclear accident at home yet, built a nuclear power plant in Saddam Hussein's Iraq. Had in not been destroyed by Israel before it could enter operation, it would likely have been the target of Iranian bombs later, with consequences that we can only imagine.

Nuclear reactors cannot be operated in a safe manner. This is a straightforward engineering consideration. In case of malfunction, a nuclear reactor becomes inaccessible and cannot be maintained properly. A disaster becomes inevitable. No design can avoid this consideration, and therefore no design is acceptable from an operational point of view. An appropriate engineering comparison is an iPhone. It is difficult to fix an iPhone if some part goes bad. This is a problematic engineering decision with many detractors. However, it's just an iPhone. If it breaks, it broke. Nuclear reactors cannot be maintained if something goes wrong, and in that is not acceptable.

A common engineering requirement is that a critical system be fail-safe (baka-yoke in Japanese): that in case of failure it goes to a safe mode. The safest fire doors are kept open by electromagnets, and close without any intervention if power is cut. Nuclear power plants are exactly the opposite: they cannot be turned off safely. Even a reactor that has already been turned off is not safe without power.

14 março 2011

Academic boycott of university rankings

In the 2010 Times Higher Education World university rankings, Israeli universities were excluded from the top 200 list. In the list of 400 universities (not available on the web, only as an iPhone app), the Technion appears in position 221 and Bar Ilan University in 354. The Hebrew University and the University of Tel Aviv, which in 2008 were ranked 93 and 114, were not included in the most recent ranking.

The Academic Ranking of World Universities published in Shanghai includes 6 institutions from Israel among the world's top 400: the 4 above plus the Weizmann Institute and Ben Gurion University.

Does anyone have an explanation of why Times Higher Education excluded the top Israeli institutions from its ranking? Preferably an explanation without the words "Qaddafi oil money", please.

3 things wrong with nuclear reactors: design, construction, and operation

There are only 3 things wrong with nuclear reactors: design, construction, and operation. It appears that the atomic energy community considers fission reactors as versions of thermal power plants, only more powerful. They are wrong. They are wrong in the same way that the people in the military and political establishments who thought of nuclear bombs as stronger dynamite were wrong. Top scientists such as Feynman and Oppenheimer knew better, and were terrified of the bomb.

Nuclear energy is completely different from the energy that comes from chemical reactions which combine carbon with oxygen. The underlying nuclear forces are more powerful, longer-lasting, and more destructive to chemical-based lifeforms by orders of magnitude. A quantitative change means a qualitative change.

Because fissile nuclear material can release so much energy and can keep releasing it over long periods of time, it is not possible to design, build, and operate fissions reactors safely - certainly not with the technological and managerial level we currently employ, which is appropriate for burning gas, oil, and coal. This fact was demonstrated by experience: if the Japanese cannot use their reactors safely, then who can? Neither the richest and freest country in the world could; nor the most secretive, militarized, and centrally planned; now we see that the best organized and most disciplined people in the world aren't able to design, construct, and operate nuclear reactors in a safe manner.

Supporters of nuclear power will say that Japan suffered an earthquake. Yes, they have earthquakes and tsunamis more often then most other countries, and therefore are better prepared for them. In the time scales of atomic power, every place will suffer natural disasters for which even the Japanese haven't prepared. Anyone who thinks they can operate a nuclear power plant safely is like a drunkard who thinks only bad drivers get into accidents.

11 março 2011

RISC x CISC

Geeks of a certain age will remember the great RISC x CISC wars. Back in 1990 I, like everyone else, was convinced that reduced instruction set computers would win and complex instruction set chips such as 486 and Pentium were toast. For example, NeXTStep ran on Intel and Motorola oldstyle CISC chips, and on HP and Sparc wave-of-the-future RISC ones. I was wrong.

All chipmakers except for Intel changed their microprocessor architectures to RISC, but Intel still won, thanks to economies of scale and good engineering incorporating RISC ideas. HPPA, PowerPC, and Sparc are gone or irrelevant. Even Apple was brought back to CISC by the low power and multicore designs coming out of Intel's Haifa shop. The only surviving CISC architecture of any importance is x86, but that is precisely what my computer has inside, and yours.

Unless of course you are reading this in an iPad or iPhone. Then your mobile device runs iOS, a direct descendant of NeXTStep, and has a RISC processor with the ARM architecture (chances that someone would read a blog on other mobile devices are so slim that it's not worth checking what kind of processor they use. ARM RISC also, probably, or lookalike). And where are the technological advances and the profits, in desktop computers or mobiles?

It seems that RISC won after all. As did NeXT. Just took longer than expected.

07 março 2011

Rashid Khalidi no Nation

Sobre o artigo de Rashid Khalidi no Nation (link). Vale a pena ler, como o Chacra indicou, mas está cheio de erros. Os maiores na minha opinião são:

Primeiro, existe a fração da mídia ocidental que mostra os árabes como terroristas, mas não é difícil encontrar uma visão sobre o Oriente Médio rica e cheia de nuances. O exemplo melhor no Brasil é o blog do Guga Chacra! Há também colunistas no NYTimes que conhecem bem a região, para dar outro exemplo. Khalidi parece identificar "Western Media" com Fox News. Uma simplificação quase comparável a identificar muçulmanos com terroristas. (Nessa última frase pode ser lida minha opinião sobre a a imprensa de extrema direita.)

Segundo, justamente agora que os cidadãos de países árabes estão tomando a iniciativa de decidir sobre seus destinos, o artigo busca trazer o debate de volta para o colonialismo, o império Otomano, as potências europeias, e os padrões de interferência americana. Me parece, ou pelo menos tenho a esperança, que é para os termos desse debate que os jovens no Norte da África estão dizendo "Basta!"

Terceiro, Khalidi não resiste a no final invocar o conflito entre Israel e Palestina como a chave de todos os problemas do mundo árabe. Por décadas os tiranos do Oriente Médio tem usado esse conflito entre 2 dos menores países da região para adiar a solução dos problemas de países muito maiores. Os fatos parecem estar se construindo exatamente ao contrário: só após os países árabes estabelecerem regimes razoavelmente livres e democráticos é que israelenses e palestinos vão ter a possibilidade de resolverem seus conflitos com menos interferência externa negativa.

O ponto de vista expresso por Khalidi não é parte da solução. É parte do problema.

27 fevereiro 2011

Uma semana sem ler jornal brasileiro.....

.... e não perdi nada. Alguns colunistas bons, como o @AlonFe e o @gugachacra, acompanhei via twitter. E os demais? O Safatle estava todo assanhado quando o Mubarak caiu. Mas agora que o companheiro polpotista dele Qadafi está na berlinda, mudou de assunto, prefere escrever sobre o Carlos Lacerda. Notícias, nada de novo. Ainda bem. No news is good news.

16 fevereiro 2011

Triple ko?

Is this a triple ko? If so, how much bad luck can a 9x9 game against a widget running GnuGo bring?

12 fevereiro 2011

A Poli precisa de VOCÊ!

Mandei o pedido abaixo a meus colegas de turma. Mas quem não é politécnico também pode ajudar!

Caros colegas,

Estou escrevendo para pedir ajuda.

No final do ano passado uma comissão para discutir currículos da Poli montou uma proposta que pode ser lida no link:

http://ec3.polignu.org/wp-content/uploads/2011/01/relatFlexibilizacao.pdf

A parte principal está na figura da página 4, que envio anexa. Em resumo: os cursos consistiriam de matérias básicas, matérias gerais de engenharia, e matérias na especialidade, como é hoje e sempre foi; e adicionalmente 1 MATÉRIA OPTATIVA LIVRE POR SEMESTRE e no quinto ano UM PACOTE DE MATÉRIAS ESCOLHIDO POR CADA ALUNO e voltado para um projeto de formatura.

Essa proposta essencialmente foi defendida pelos alunos, e resolveria a grande maioria dos problemas que nós conhecemos na nossa época de estudante e que se mantém quase inalterados até hoje. Por exemplo continuam havendo cursos ruins dos quais não dá para fugir porque são obrigatórios; concorrência para não pegar opções desprestigiadas; currículos rígidos e superespecializadosque não atendem os interesses de nenhum estudante, mas apenas a conveniência das burocracias. A proposta de currículo acima dá a cada estudante a possibilidade de resolver esses problemas por sua própria iniciativa.

Quem já tem rebentos na faculdade sabe que as estruturas não melhoraram muito. Quem já teve contato com universidades estrangeiras sabe que a USP poderia oferecer uma experiência muito melhor se não fossem as amarras burocráticas - há gente boa para isso, estudantes e professores. Aprovar essa proposta na comissão de flexibilização foi um passo enorme. Eu diria quase um milagre. Melhor que isso é impossível na prática.

Agora começam as complicações. As forças da inércia vão começar a se organizar para desorganizar a proposta. Seria uma melhoria enorme em relação a tudo que existe na Poli há décadas, e há gente a favor, mas a proposta não vai vencer a inércia burocrática sem pressão externa.

Só vejo um modo de levar adiante essa proposta, e depende de ex-alunos com nós - na verdade de vocês, dos ex-alunos que não são professores da Poli. Precisamos de manifestação maciça das pessoas que conhecem o curso da Poli e também a realidade do trabalho da engenharia. Então vou pedir o seguinte: entrem na página de discussões de novos currículos, chamada "EC-3":

http://www8.poli.usp.br/

e escrevam com entusiasmo a respeito da flexibilização curricular. Quanto menos o meu nome e de outros professores da Poli aparecer com relação à proposta, melhor. Depois repassem esse pedido e sugestão a colegas de outras turmas, outros anos. Contra a experiência dos engenheiros formados, a inércia não vai ter argumentos.

Escrevam! Os politécnicos das gerações futuras vão ficar enormemente gratos.

Now, watch Gaza

No remotely popular government in Egypt can keep the Gaza border closed. And Hamas cannot rule only one side of an open border. Expect something interesting. (I could be wrong as usual.)

07 fevereiro 2011

G zero (not on the Space Station)

Nouriel Roubini has been talking about a G0 world - after the G7, G8, and G20 stopped making much difference or making much sense. The danger as I see it is that the Euro is pushing the UK and Scandinavia out and forcing the continent to integrate. Russia may join, even without a Russian stooge in Berlin, and so will the Southern Mediterranean.

The UK is converging to N America, probably Japan and the Pacific as well. If China and the rest of East Asia take Africa, they win the game of Risk. Else it's 1984 with a few decades delay.

03 fevereiro 2011

Sei que falar mal de funcionário público dá cadeia....

......mas o Itamaraty está mostrando em relação ao Mubarak a mesma indolência e pusilanimidade que sempre tiveram com ditaduras de esquerda. Talvez a tiranofilia não seja ideológica.

01 fevereiro 2011

Egito e Brasil

No final da ditadura o Brasil já tinha experiência com democracia desde a independência sesquicentenária. O Egito foi o berço de uma civilização extinta, mas não governa a si próprio desde o tempo de Al Sikandar. São 2300 anos, está na hora de declararem a independência. Pode ser que não vire uma democracia, mas a falta de democracia recente não é um obstáculo intransponível. Hoje com a internet todo mundo consegue ler o que se faz por aí.

Aproveito para reclamar de quem compara o Sarney com Mubarak. O Sarney não é presidente há mais de 20 anos, não controla o exército, não desliga telefone, e foi eleito livremente pelos amapaenses.

Mubarak = Suharto?

A melhor comparação para o final do governo Mubarak é a queda de Suharto em 1998. O Egito e a Indonesia são países populosos, com maioria islâmica e minorias significativas, toleradas e bem integradas. Nasser e Sukarno foram ditadores formalmente não-alinhados, na prática ambos fantoches soviéticos com ligações históricas ao Eixo. Mubarak, como Suharto, liderou uma longa ditadura militar com apoio americano - Suharto tomou o poder após uma guerra civil, Mubarak após os acordos de paz de Sadat que puseram fim ao nasserismo.

Em ambos os países o exército é forte, tem algum prestígio, e parece ter decidido não usar violência contra a população. Em ambos há organizações islâmicas importantes cuja existência vai ser usada pelos partidários do status quo para espalhar FUD - fear, uncertainty, and doubt. A população se cansou de um governo estável que manteve a paz, mas tornou-se cada vez mais fechado e corrupto.

Há diferenças, especialmente na economia. A Indonesia, embora bem mais pobre, tem recursos naturais e humanos. A economia do Egito depende de 4 setores: Suez, remessas de trabalhadores no Golfo, pirâmides, e ajuda militar, que geram recursos sem correspondente trabalho interno com valor adicionado. E o Egito parece ser terreno mais fértil para radicais. Mas a possibilidade de um governo periclitante, se movendo na direção de mais democracia e (lentamente) de menos corrupção, parece real.

24 janeiro 2011

Ignorativa

Abaixo está uma mensagem que enviei faz tempo ao então diretor da Poli, tendo recebido resposta ignorativa. Para que escrever para a diretoria não tenha sido perda total de tempo, ponho cópia aqui no blog, sem alteração.

Begin forwarded message:

From: Felipe M Pait
Date: 5 August 2006 8:31:47 PM GMT-02:00
To: Ivan Gilberto Sandoval Falleiros
Subject: Re: Pergunta para orientar ações

Prezado Prof. Falleiros, prezados colegas,

Estou escrevendo em resposta à pergunta sobre valorização da graduação, assunto que me é muito caro.

A valorização do ensino de graduação tem que ser uma atividade conjunta dos estudantes, dos professores, e das empresas que contratam os engenheiros formados pela Poli. Não estou propondo uma série de reuniões e comissões tripartites. O que quero dizer é que cada um deve cumprir seu papel.

As empresas devem contratar nossos alunos. Até agora pelo que sei nenhuma empresa mostra qualquer interesse pela formação que o aluno teve na escola. Elas gostam de ver o "canudo", o diploma de uma escola com prestígio, mas critérios de avaliação que eles usam para contratar recém formados não tem qualquer relação com a universidade: são exames psicotécnicos, entrevistas em grupo, contagem de tempo de estágio, tudo menos exame do currículo do candidato. Muitas vezes ouvimos a pergunta "O que pode ser feito para estreitar a relação entre universidade e empresas?" Correndo o risco de simplificar, podemos resumir as respostas: as universidades tendem a responder "queremos dinheiro", e as empresas "queremos soluções prontas de baixo custo". Nossa resposta deveria ser sempre: queremos que a indústria contrate nossos alunos, levando em conta nossos critérios. Afinal, um politécnico foi examinado durante 5 anos por dezenas de professores, de maneira cuidadosa, criteriosa, e podemos dizer imparcial e justa. Para valorizar o nosso ensino de graduação, precisamos que a indústria esteja lendo o livro na mesma página que nós. Posso dar como argumento adicional o fato de que o desempenho dos estudantes é levado em consideração pelo mercado de trabalho em qualquer país com sistema de educação universitária bem sucedido. O currículo de graduação é fundamental na busca do primeiro emprego, e até mais tarde. Quanto a isso estou bastante familiarizado com o sistema norte-americano, e entendo que as coisas na Europa não são diferentes. Nós não temos como ser a exceção. As empresas não levam o conteúdo acadêmico a sério, e conseqüentemente os estudantes, que não são bobos, também não o fazem. Essa é talvez a maior deficiência de nosso sistema de ensino: a falta de reforço pelo meio industrial da importância da universidade.

Externamente, então, minha proposta para valorizar o ensino de graduação é "fechar a malha de controle". Estamos atuando sem realimentação, o que é problemático. Internamente, o que precisamos fazer também é fechar a malha de controle. Precisamos flexibilizar a estrutura curricular de modo a dar aos estudante a possibilidade de buscarem os cursos e disciplinas onde acreditam que seu tempo será melhor aproveitado. Precisamos oferecer a eles a liberdade de usarem seu tempo de estudo nos assuntos dos quais esperam obter maior retorno intelectual ou profissional, seja por preferência e inclinação individual, seja pela situação do mercado de trabalho, ou seja pela qualidade do ensino oferecido pelos docentes dos diversos departamentos. A forma como operamos agora é desastrosa: os currículos são rígidos e inflexíveis, portanto a alocação do tempo dos estudantes entre os diversos assuntos é decidida pela congregação e pelos conselhos de departamentos. Lamento dizer que muitas vezes os critérios são mais políticos e da conveniência do corpo docente do que de maximização da utilidade para os alunos e a sociedade. O exemplo melhor dessa situação é o sistema de opções: o número de vagas oferecidas em cada "grande área", em cada ênfase dentro das grandes áreas, guarda relação muito mais estreita com o tamanho do corpo docente, aproximadamente fixo há décadas apesar da evolução da engenharia e da economia brasileiras, do que com a real procura dos alunos pelas diversas disciplinas. E sabemos também que cada departamento ou subdepartamento quase sempre buscar alocar seus professores com menor vocação didática para as disciplinas obrigatórias oferecidas para os "alunos de outras áreas", guardando os professores que melhor se dão em salas de aula para os "nossos (seus) alunos", isto é, buscando tornar a opção que oferecem mais atraente às custas da qualidade de ensino na Escola Politécnica e na universidade como um todo. Só quando dermos aos estudantes a possibilidade de "votar com os pés", de fazer a avaliação dos disciplinas cursando as melhores, é que os professores que se dedicam mais à atividade de ensino terão a medida clara de quanto seus esforços têm impacto na formação dos alunos.

Quanto à terceira parte envolvida, os alunos reagem à situação que se lhes apresenta. Eles precisam se formar, e após isso trabalhar. Quando eles tiverem a consciência de que a dedicação às atividades acadêmicas traz uma recompensa clara, o desempenho deles em sala de aula melhorará. E quando eles tiverem liberdade de escolherem os cursos mais adequados aos interesses e habilidades individuais, a atividade dos professores em sala de aula será muito mais compensadora. Isso será nossa própria recompensa. Dar aulas para alunos motivados e satisfeitos supera qualquer motivação que a administração da Poli pode nos conceder. Mesmo o prazer de fazer um bom trabalho de pesquisa, ou a remuneração por uma atividade de consultoria, dificilmente se compara à alegria de uma boa aula.

Acho que é isso que queria dizer. Peço desculpas se não me expressei de maneira suficientemente clara, estou escrevendo a bordo do avião ao final de uma longa viagem de volta de uma conferência, chegando em terra envio. Será um prazer continuar este diálogo por email ou pessoalmente com quem possa se interessar. Fique à vontade para divulgar, agradeço a atenção,

πt


On 24 Jul 2006, at 10:42 AM, Ivan Gilberto Sandoval Falleiros wrote:

Prezadas e Prezados

A Diretoria da Escola quer reforçar as atividades de ensino de graduação. O assunto tem aparecido de várias formas em discussões, passando por temas como "valorização da graduação", "competição entre pesquisa e ensino", "avaliação da graduação" e outros semelhantes.

Esta tem a finalidade de pedir ajuda a cada pessoa, na forma de sugestões para valorizar o ensino de graduação na Escola. O objetivo é levantar idéias para ações concretas. Numa primeira rodada, valem todas as idéias, sem preocupação com barreiras reais ou potenciais.

Muito obrigado pela atenção a mais este pedido.

Prof. Dr. Ivan G. S. Falleiros
Diretor

20 janeiro 2011

Como vocês 3 sabem, meu maior medo como corintiano é o Palmeiras desaparecer. Isso porque em anos de vacas magras, é só a esperança de um dia ver o fim do Palestra que nos mantém vivos. Vem daí a apreensão com a administração Belluzzo. Agora após ser rejeitado pelos palmeirenses ele se superou, como mostram notícias na Folha ontem e hoje (requer assinatura), das quais reproduzo trechos abaixo:

"Eleito como pessoa que mudaria a concepção de administração no futebol, Luiz Gonzaga Belluzzo deixa o Palmeiras sem ganhar títulos e com as finanças do clube em situação mais complicada da que encontrou. A demissão de treinadores e a contratação de jogadores com salários fora do padrão foram alguns fatores que minaram a saúde financeira do clube na gestão Belluzzo. Ao mesmo tempo que fazia essas manobras, chamadas por opositores de "Belluzzionismo", o presidente pedia grandes empréstimos para sanar dívidas do clube. No primeiro ano de sua gestão, Belluzzo fechou as contas do Palmeiras com deficit de aproximadamente R$ 40 milhões. Em 2010, o clube teve R$ 25 milhões de prejuízo. Atualmente, a dívida total do Palmeiras está perto de R$ 150 milhões. Belluzzo também foi protagonista de declarações que mancharam sua imagem, ofendendo rivais e árbitros. Enquanto suas contas eram rejeitadas pelo conselho, Belluzzo ainda desabafou sobre a "dívida" que o Palmeiras tem com ele."

Além de tudo ainda é arrogante. Felizmente não voltará a ocupar cargos no governo, onde poderia impactar as finanças públicas, a seleção, e talvez até o Timão.

19 janeiro 2011

Brasil real e Brasil oficial

Ariano Suassuna gosta de citar Machado de Assis: "Não é desprezo pelo que é nosso, não é desdém pelo meu País. O 'país real', esse é bom, revela os melhores instintos. Mas o 'país oficial', esse é caricato e burlesco." Há uma contradição fundamental entre o "Brasil real", que é prático, pragmático, e libertário até em excesso, e o "Brasil oficial", organizado, porém às vezes de forma burocrática, pedante, e pouco criativa.

O Brasil dá certo quando compatibiliza os 2 conceitos: quando os sambistas entram em compasso; quando o time passa a bola para o craque imprevisível. Senão fica um ridículo anseio de ser quem não é, uma contrafação da verdadeira universalidade. Um lugar complicado é a universidade, porque a ciência vem em grande parte justamente das culturas europeias que o Brasil oficial tenta imitar de forma caricata e burocrática. O Brasil oficial fracassa e o Brasil real se desinteressa. Justamente onde a criatividade mais precisa da disciplina, e a disciplina mais precisa da criatividade, as 2 se desencontram. É por isso que as salas de aula ficam vazias e as publicações não viram patente.

Outra entrevista do Suassuna citando a frase está aqui. Não que seja o autor certo para entender cientificamente o conceito. Quem deve ter explicado isso direito foi o Sérgio Buarque de Hollanda, mas não tenho Raízes do Brasil agora comigo e vou ter que estudar outra hora.

15 janeiro 2011

Teorema da tolerância relativa à violência

Considere uma ditadura, isto é, um regime impopular que se mantém no poder pela força. Vamos admitir como fato experimental o seguinte
Postulado: Nenhuma ditadura se mantém indefinidamente no poder com manifestações populares constantes contra o regime.
Teorema da tolerância relativa à violência: Uma ditadura se mantém no poder se e somente se a tolerância do governo à violência for maior do que a tolerância da população à violência.
Prova: Um regime impopular toma medidas impopulares, que geram manifestações contrárias, apesar da existência de um aparato repressivo. Uma vez iniciadas as manifestações, as opções do governo são as seguintes:
1 - Revogar as medidas impopulares. Isso é uma contradição com a hipótese de que o governo é impopular.
2 - Permitir as manifestações, se o governo não estiver disposto à aumentar a violência da repressão. Nesse caso o regime muda, pelo postulado.
3 - Reprimir as manifestações através do uso de mais força. Nesse caso a população tem 2 opções:
a) Desistir das manifestações. Nesse caso o regime continua no poder, conforme o enunciado do teorema.
b) Continuar as manifestações anti-governo apesar do aumento da violência. Caímos no dilema original, no qual o governo precisa optar entre o recrudescimento da repressão ou permitir as manifestações.
O caso nulo da recursão é quando não há manifestações contra as medidas impopulares. Este é o caso em que a tolerância da população à violência é menor que a do regime, analogamente à alternativa a).
O teorema está demonstrado por recursão (indução matemática). QED

Exemplos onde a tolerância do governo à violência foi menor que a tolerância popular: a queda do Xá da Pérsia em 1979, derrubada do muro de Berlim, e do ditador a Tunísia essa semana.
Exemplos da situação oposta: Hungria 1956, Tchecoslováquia 1968, Pérsia 2009.
Previsão para o futuro: O Fidel amoleceu depois da doença. Se os cubanos resolverem se manifestar contra o regime, o regime não está disposto a aplicar muita violência contra a população. Não sei se é o acontecimento mais provável, mas seria o mais interessante.

13 janeiro 2011

Quem avisa amigo é

Se as autoridades não fizerem algo para infernizar a vida de pedestres e usuários do transporte coletivo, do jeito que está o trânsito logo não vai haver mais vantagem em ser dono de automóvel nesse país. Seria o fim do capitalismo, do modo de vida que conhecemos.

11 janeiro 2011

Dilma's good start

How are the first few days of the Dilma administration?
1 - She has made her support for freedom of speech very clear. The proposal to establish a national censorship board, made by former minister Franklin Martins, will be sent to committees from where they are not expected to emerge.
2 - She started her first week of work without anticonstitutional religious symbols in her office.
3 - The minister of Science & Technology, though himself a failed politician and a failed academic, has chosen able and respected people to run the government research agencies.
4 - Dilma's cabinet gives a limited amount of space for professional politicians and other people without ethical commitment or professional background to run the government.

The latter is the only way to keep the government accounts under control - they are under stress from excessive spending during the last year of Lula's government. Members of PMDB, the party most affected by the loss of lucrative positions, received just enough that they can grumble ineffectively, but not revolt openly. We may expect some retreats from the positions above, under pressure from all sorts of antidemocratic forces, but it is a good start.

05 janeiro 2011

O axioma fundamental do trânsito

Por trás de todos os problemas de transporte numa grande cidade está o "Axioma fundamental do trânsito", que ninguém parece contestar, nem mesmo saber que existe ou que as coisas poderiam ser diferentes. Em todos os traçados urbanos a via dos automóveis é contínua, enquanto a calçada desaparece nos pontos em que o pedestre precisa atravessar o caminho dos automóveis. O mesmo se dá com ciclovias em relação às "ruas" - a própria terminologia já indica a concepção de que a rua é do carro, o resto vem depois.

Uma vez explicitando o axioma fundamental do transporte urbano, fica fácil de ver que ele está errado. O correto seria o contrário. As calçadas deveriam ser contínuas, de forma que o automóvel teria que atravessar a calçada para passar de um quarteirão a outro. Onde houver ciclovia, a rua dos carros teria uma descontinuidade extra no cruzamento com a ciclovia. O ciclista por sua vez teria que atravessar a calçada do pedestre para ir de um quarteirão ao outro.

Isso aumentaria a velocidade e segurança do transporte a pé, consequentemente favorecendo o transporte público e diminuindo problemas urbanos e sociais. É incrível como uma hipótese geométrica tão simples e tão obviamente indesejável pode perdurar por tanto tempo sem ser contestada, apesar de causar tantos problemas urbanos, sociais, e ambientais.

(Post motivado por uma discussão no grupo da Poli no Linkedin.)

Vamos formalizar, para o caso sem ciclovias por simplicidade.

Definições: Rua é a via pelo qual se movem os automóveis. Calçada é a via pelo qual se movem os pedestres.

Axioma fundamental do trânsito: O conjunto das ruas formam uma via conexa.

Axioma fundamental do trânsito, versão 2: O conjunto das calçadas possui descontinuidades.

Teorema: O pedestre deve atravessar a rua para chegar de um quarteirão ao outro.

Lição de casa: Provar a equivalência das 2 versões do axioma e mostrar o teorema acima.

São conhecidas 2 contra-exemplos, para os quais o axioma não é válido. Primeira, na entrada de garagens. Isso não contradiz as hipóteses, apenas exige que a definição de rua não inclua estacionamentos subterrâneos. Porém note que a maioria dos estacionamentos ao ar livre, bem como postos de gasolina, podem ser considerados como ruas sem violar as hipóteses.

O segundo contra exemplo ficava no subúrbio de Copenhagen, mas acho que eles mudaram para um sistema mais convencional com ruas sem saída. Vou buscar me informar.

02 janeiro 2011

Correção a artigo da Folha sobre Gaza

Enviei a seguinte correção à Folha de S Paulo, referente a artigo publicado hoje.

O artigo "Ex-assentamentos viram terreno baldio" dá a entender que as instalações agrícolas em Gaza foram destruídas quando as colônias israelenses foram retiradas. Na verdade a maioria das instalações agrícolas foram adquiridas com dinheiro de doadores internacionais por iniciativa do antigo presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, e transferidas a autoridades palestinas.

Subsequentemente as instalações foram depredadas por vândalos palestinos, na época em que o Hamas assumiu o controle da faixa de Gaza.

Uma boa referência para iniciar a verificação dos fatos é o artigo:

http://www.csmonitor.com/2005/1025/p04s01-wome.html

Sinceramente,
Felipe Pait