Ariano Suassuna gosta de citar Machado de Assis: "Não é desprezo pelo que é nosso, não é desdém pelo meu País. O 'país real', esse é bom, revela os melhores instintos. Mas o 'país oficial', esse é caricato e burlesco." Há uma contradição fundamental entre o "Brasil real", que é prático, pragmático, e libertário até em excesso, e o "Brasil oficial", organizado, porém às vezes de forma burocrática, pedante, e pouco criativa.
O Brasil dá certo quando compatibiliza os 2 conceitos: quando os sambistas entram em compasso; quando o time passa a bola para o craque imprevisível. Senão fica um ridículo anseio de ser quem não é, uma contrafação da verdadeira universalidade. Um lugar complicado é a universidade, porque a ciência vem em grande parte justamente das culturas europeias que o Brasil oficial tenta imitar de forma caricata e burocrática. O Brasil oficial fracassa e o Brasil real se desinteressa. Justamente onde a criatividade mais precisa da disciplina, e a disciplina mais precisa da criatividade, as 2 se desencontram. É por isso que as salas de aula ficam vazias e as publicações não viram patente.
Outra entrevista do Suassuna citando a frase está aqui. Não que seja o autor certo para entender cientificamente o conceito. Quem deve ter explicado isso direito foi o Sérgio Buarque de Hollanda, mas não tenho Raízes do Brasil agora comigo e vou ter que estudar outra hora.
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