David Blackwell was awarded the National Medal of Science posthumously, 4 years after his death in 2010 at the age of 91. At the occasion President Obama gave the award to Alexandre Chorin and Thomas Kailath as well, among other recipients in areas I am less familiar with.
All awardees produced great work that we all should be proud of, basking in reflected glory. But it's not the case that each one single handedly changed their fields, as did Claude Shannon or Rudy Kalman, to name two earlier winners whose work I am familiar with.
Why then did Blackwell's medal have to wait 4 years after he died, and not at an unexpectedly young age? Sadly, the only conceivable reason is that racism still affects America, even at the highest levels of science.
And if someone adds that, yes, Blackwell was African-American, but he was also a Bayesian, then I suppose the juxtaposition might be taken as comment on the intellectual basis of the anti-Bayesian or frequentist movement.
31 janeiro 2015
19 janeiro 2015
Diplomacia incompetente
A diplomacia brasileira tem dado um show de incompetência. Em 2013 brigou com Obama, cancelando visita de estado. Em 2014 brigou com Israel, retirando o embaixador. Depois dos atentados terroristas em Paris, deu uma ignorativa à França. Agora conseguiu brigar com a Indonésia.
Os defensores do governo e do Itamaraty vão dizer que em um caso o Brasil estava certo, no outro era o outro país que estava errado. Mesmo se fosse verdade, não mudaria nada. O fato é que arrumamos desavença com nossos 2 mais antigos e poderosos aliados; no Levante, onde o Brasil tem crédito por se dar bem com todas as partes; e com um país grande, democrático, e pacífico, um aliado natural. Próximo passo vai ser o que, arrumar confusão com a Índia, o Japão, e o Canadá?
O objetivo da diplomacia é conseguir que o outro lado faça o que você quer, sem conflito. Em cada caso, o Brasil armou uma confusão e não obteve nada. Nota zero. O desempenho mais incompetente do Itamaraty certamente desde o governo Geisel, talvez de toda a história.
Os defensores do governo e do Itamaraty vão dizer que em um caso o Brasil estava certo, no outro era o outro país que estava errado. Mesmo se fosse verdade, não mudaria nada. O fato é que arrumamos desavença com nossos 2 mais antigos e poderosos aliados; no Levante, onde o Brasil tem crédito por se dar bem com todas as partes; e com um país grande, democrático, e pacífico, um aliado natural. Próximo passo vai ser o que, arrumar confusão com a Índia, o Japão, e o Canadá?
O objetivo da diplomacia é conseguir que o outro lado faça o que você quer, sem conflito. Em cada caso, o Brasil armou uma confusão e não obteve nada. Nota zero. O desempenho mais incompetente do Itamaraty certamente desde o governo Geisel, talvez de toda a história.
13 janeiro 2015
Silêncio ensurdecedor e oportunidade perdida
A Dilma devia ter mandado Fernando Henrique e Lula representarem o Brasil em Paris. Os ex-presidentes são respeitados no mundo inteiro e não têm compromissos inadiáveis em casa. Com as aulas (em francês!) e os discursos que teriam feito por lá, ninguém ia nem dar pela falta do Obama. Para a política brasileira um show de unidade não faria mal. A gerente podia ter ficado em Brasília cuidando da lojinha. Seria bom uso do Aerolula.
E uma demonstração de soft power, que o desinteresse em questões internacionais não permite compreender.
11 janeiro 2015
Brazilian left: freedom of press to blame for Paris murders
In Brazil, the left has been pretty unanimous in blaming the victims for the murders in Paris. Without exception that I noted - there must be some, but there are so many tax-sponsored leftist parties and blogs that it is impossible to check - they argue that excessive freedom of the press is to blame for the attacks on a newspaper and a kosher supermarket in Paris. Only the degree to which the victims are to blame varies.
The left has been calling for central control of Brazilian media for a while; they argue that the Paris murders strengthen their argument for censorship. Statements to the effect that uncontrolled Brazilian media is partial for or against some political party show up frequently in the arguments about the terrorist attacks.
My opinion: in countries without complete freedom of expressions such things do not happen. Without freedom of expression, what happens is much worse.
Terminology: I will take cue from the controls literature and use the term central control. Distributed control of the media is what we have now: if you don't like it, don't read it and don't write it. Central control would be performed by some combination - proposals vary in detail - of government councils, the party, and the secret police. Other terms, such as social control, censorship, economic control, ownership control, or state regulation, don't seem to describe the proposals very well.
The left has been calling for central control of Brazilian media for a while; they argue that the Paris murders strengthen their argument for censorship. Statements to the effect that uncontrolled Brazilian media is partial for or against some political party show up frequently in the arguments about the terrorist attacks.
My opinion: in countries without complete freedom of expressions such things do not happen. Without freedom of expression, what happens is much worse.
Terminology: I will take cue from the controls literature and use the term central control. Distributed control of the media is what we have now: if you don't like it, don't read it and don't write it. Central control would be performed by some combination - proposals vary in detail - of government councils, the party, and the secret police. Other terms, such as social control, censorship, economic control, ownership control, or state regulation, don't seem to describe the proposals very well.
08 janeiro 2015
Liberdade de expressão
O tema da semana é a liberdade de expressão. Vou falar sobre aquele mundinho autocentrado, a USP.
Incomoda muito que a USP não tenha entre seus milhares de estatutos e regulamentos uma definição clara da importância da liberdade de expressão, o valor mais alto da academia para professores e estudantes. Como ponto de partida sugiro ler um discurso do Peter Salovey "Free Speech at Yale". Mesmo nos Estados Unidos, onde a liberdade de expressão tem um status constitucional mais absoluto do que em todos os outros países que conheço, existem ameaças e restrições em outras universidades. O preço da liberdade é a eterna vigilância, e na minha opinião Yale é o melhor modelo nesse ponto.
Porque será que o ponto fundamental não é nem mencionado nas resmas de regimentos da USP? Para a explicação é necessário ler o Faoro: originalmente o Brasil não tinha propriamente lei, mas apenas instruções para atuação dos funcionários públicos, começando com as ordenações de origem portuguesa. Isso muda lentamente com a modernização do país, marcadamente com a Constituição de 1988, mas mesmo essa depois de uma 1a parte genial acaba voltando para as minúcias de um manual para barnabés.
A USP apenas está atrás do Brasil: as litanias estatutamentárias (ou estamentutárias - essa é a perfeita tradução do original javanês) ainda acompanham em espírito as ordenações manuelinas. Indicam como cada funcionário deve proceder em cada situação pré-determinada, de forma a evitar a ocorrência de ideias imprevistas, que podem ser o objetivo da ciência mas são abominadas pela burocra.
Para terminar, anexo carta que escrevi ao então reitor da USP em 1997, criticando ação que ele moveu com o objetivo de silenciar o debate na universidade. Recebi como resposta um ignorial, e de fato também recebi uma missiva ignorativa da Adusp, na época vítima da ação. Pela reação desta última não ficou claro que a associação corporativa tinha grande apreço à liberdade de expressão como valor em si.
É isso. Não faço cartuns, não tenho blog sobre políticos-bandidos, não arrisco a pele. Só critico acadêmicos, talvez porque ache mais confortável e seguro.
Incomoda muito que a USP não tenha entre seus milhares de estatutos e regulamentos uma definição clara da importância da liberdade de expressão, o valor mais alto da academia para professores e estudantes. Como ponto de partida sugiro ler um discurso do Peter Salovey "Free Speech at Yale". Mesmo nos Estados Unidos, onde a liberdade de expressão tem um status constitucional mais absoluto do que em todos os outros países que conheço, existem ameaças e restrições em outras universidades. O preço da liberdade é a eterna vigilância, e na minha opinião Yale é o melhor modelo nesse ponto.
Porque será que o ponto fundamental não é nem mencionado nas resmas de regimentos da USP? Para a explicação é necessário ler o Faoro: originalmente o Brasil não tinha propriamente lei, mas apenas instruções para atuação dos funcionários públicos, começando com as ordenações de origem portuguesa. Isso muda lentamente com a modernização do país, marcadamente com a Constituição de 1988, mas mesmo essa depois de uma 1a parte genial acaba voltando para as minúcias de um manual para barnabés.
A USP apenas está atrás do Brasil: as litanias estatutamentárias (ou estamentutárias - essa é a perfeita tradução do original javanês) ainda acompanham em espírito as ordenações manuelinas. Indicam como cada funcionário deve proceder em cada situação pré-determinada, de forma a evitar a ocorrência de ideias imprevistas, que podem ser o objetivo da ciência mas são abominadas pela burocra.
Para terminar, anexo carta que escrevi ao então reitor da USP em 1997, criticando ação que ele moveu com o objetivo de silenciar o debate na universidade. Recebi como resposta um ignorial, e de fato também recebi uma missiva ignorativa da Adusp, na época vítima da ação. Pela reação desta última não ficou claro que a associação corporativa tinha grande apreço à liberdade de expressão como valor em si.
É isso. Não faço cartuns, não tenho blog sobre políticos-bandidos, não arrisco a pele. Só critico acadêmicos, talvez porque ache mais confortável e seguro.
01 janeiro 2015
Manchete fraudulenta na Folha
A Folha traz hoje uma manchete acusando o governador eleito da Bahia de usar um "poema falso" no discurso de posse. O que é um poema falso?
Fraudulenta é a manchete do pasqüim paulistano. Será necessário explicar? O fato de que "alguém na internet" atribui o poema falsamente a Clarice Lispector não torna o governador cúmplice da fraude, como o desavisado leitor da manchete pode ser induzido a pensar. O governador não repetiu o erro, nem citou a autoria, o que fica claro pela leitura do artigo. Que faça o discurso que quiser.
É um desses artigos difíceis de explicar pela incompetência ou pela má fé isoladamente. Pena, porque a má vontade com o político, evidente pela vontade de procurar pulga em pelo de ovo, dá munição àqueles que acham que o tabloide piratiniguense persegue os petistas e usam isso para defender a volta da censura do tempo da ditadura.
Porque estou escrevendo sobre esse episódio irrelevante aqui? Porque a Folha não corrige seus erros. Alguns dias atrás saiu a manchete "Medina é o primeiro campeão mundial sem ter o inglês como idioma oficial". Escrevi para o tabloide apontando que nem Austrália, nem Estados Unidos, nem Inglaterra têm língua oficial, mas recebi resposta ignorativa, e a bobagem continua no jornal sem correção. Talvez outro erro sem importância, na visão de alguns; nos Estados Unidos, o movimento para tornar o inglês língua oficial é coisa da extrema direita.
Fraudulenta é a manchete do pasqüim paulistano. Será necessário explicar? O fato de que "alguém na internet" atribui o poema falsamente a Clarice Lispector não torna o governador cúmplice da fraude, como o desavisado leitor da manchete pode ser induzido a pensar. O governador não repetiu o erro, nem citou a autoria, o que fica claro pela leitura do artigo. Que faça o discurso que quiser.
É um desses artigos difíceis de explicar pela incompetência ou pela má fé isoladamente. Pena, porque a má vontade com o político, evidente pela vontade de procurar pulga em pelo de ovo, dá munição àqueles que acham que o tabloide piratiniguense persegue os petistas e usam isso para defender a volta da censura do tempo da ditadura.
Porque estou escrevendo sobre esse episódio irrelevante aqui? Porque a Folha não corrige seus erros. Alguns dias atrás saiu a manchete "Medina é o primeiro campeão mundial sem ter o inglês como idioma oficial". Escrevi para o tabloide apontando que nem Austrália, nem Estados Unidos, nem Inglaterra têm língua oficial, mas recebi resposta ignorativa, e a bobagem continua no jornal sem correção. Talvez outro erro sem importância, na visão de alguns; nos Estados Unidos, o movimento para tornar o inglês língua oficial é coisa da extrema direita.
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