Um ônibus cheio leva 60 eleitores, e cada carro leva 1 eleitor apenas. O intervalo entre sucessivos veículos passando por uma rua é maior que 2 segundos. Portanto se passar um coletivo a cada 2 minutos por um corredor de ônibus, vai haver mais eleitores andando de coletivo satisfeitos com o corredor do que eleitores nos carros reclamando que os ônibus andam mais depressa do que eles.
Não é necessário PhD em engenharia, economia, ou ciência política para fazer a conta acima. Um bom colégio, como o Colégio Bandeirantes, já seria mais que suficiente.
Pode acontecer que os eleitores favoráveis ao uso do transporte individual tenham, por motivos econômicos, sociais, ou culturais, influência maior do que a refletida pelos números. Ou pode acontecer que o eleitor desprovido de automóvel não age estritamente conforme a racionalidade do homo economicus. Nesses 2 casos, que numa democracia representativa são de certa forma coincidentes, é de se esperar que alguns usuários do transporte coletivo optem por andar de carro próprio.
Consideremos que, com as hipóteses de trânsito congestionado e motoristas habilidosos, cada carro usa aproximadamente um terço do espaço de um ônibus. Se os motoristas forem menos atentos, ou se o trânsito estiver mais fluido, o tamanho dos veículos se torna menos relevante, e o intervalo entre eles tende a ser o mesmo, quer se trate de carro, quer de ônibus. Se 10% dos 60 ocupantes do coletivo passam a usar transporte individual, o número de carros na rua triplica. Daí o trânsito pára.
Foi isso que aconteceu em S Paulo nos últimos 10 anos.
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