Sinceramente, a falta de diálogo na USP pode ter a ver com falta de tolerância, mas tem mais a ver com indolência, preguiça, desinteresse, e acomodação ao status quo.
Para efeito de argumentação vou separar a USP a grosso modo entre escolas profissionais, ou tradicionais, que raramente fazem greve; e escolas de filosofia, que expedem diplomas que não correspondem a profissões bem definidas, muitas das quais paradas há meses. Não é uma separação rígida nem bem definida, mas funciona como esquema para mostrar os pólos opostos.
Convém, aos professores das escolas que expedem diplomas reconhecidos e regulamentados e que não fazem greve, nem se dar ao trabalho de conversar com os das filosofias, e comodamente se sentirem mais úteis e lucrativos. E convém, aos professores das escolas que expedem diplomas que não dão empregos e que estudam assuntos que não correspondem a necessidades imediatamente remuneradoras da sociedade, continuar brandindo contra tudo-isso-que-está-aí-desde-que-Fernando-Henrique-Cabral-abriu-os-portos-ao-neoliberalismo, para justificar sua posição na torre de marfim. Para continuar recebendo para estudar (ou não) ideologias que tem pouca relação com o Brasil real.
A burocra do estamento é eficiente em evitar qualquer tentativa mais coerente de fazer uma ponte entre os 2 lados. Os alunos se deixam levar pelas conversas, e os partidecos políticos se aproveitam delas.
A parte mais estruturada da burocra é a separação total entre alunos e estudos, que se faz pelos currículos rígidos e incomunicáveis entre as disciplinas diferentes. Cada professor ficar na sua área é normal - a profundidade dos estudos exige especialização; mas os alunos serem enjaulados nas grades não é. Os sindicatos expulsam os docentes contra a greve de assembleias das quais eles se auto-expulsariam de qualquer modo; mas o mecanismo mais forte para impedir o diálogo são grades do ensino, que beneficiam a toda a corporação, grevistas e trabalhadores igualmente.
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