Já que uns 2 ou 3 gatos pingados leram meu último post, vou dar mais uma sugestão, sem pretensão de originalidade: devíamos adotar calendário trimestral na USP, com 4 períodos por ano. Antes e depois de uma conferência visitei colegas na California, onde muitas universidades estaduais adotam calendário trimestral, e me convenci que seria uma boa ideia na USP.
Na Poli não é novidade: a pós graduação e os cursos cooperativos já adotam, embora a maioria dos cursos de graduação continue no calendário semestral. Há vantagens: o trimestre é mais curto; para a maioria das disciplinas, honestamente, um semestre é tempo demais. Para as disciplinas anuais, não faz diferença: em vez de Cálculo 1 e Cálculo 2, ensina-se Cálculo 1, Cálculo 2, e Cálculo 2, no mesmo número de meses. O curso trimestral fica menos quebrado por feriados, provas, e semanas do saco cheio. O curso trimestral aumenta a flexibilidade de organização da quantidade de material ensinado, e portanto facilita fazer todas as disciplinas com o mesmo número de horas semanais. Isso simplifica os horários, que atualmente na USP causam uma infinidade de conflitos. Finalmente, eventuais reprovações atrapalham menos os alunos. Cursos extras de reposição poderiam ser oferecidos no 4o período, melhorando a utilização do campus que durante as atuais férias fica subaproveitado.
Adicionalmente, o curso trimestral facilita a mobilidade internacional. Nossos semestres não se casam bem com os semestres de outros países. Sempre temos alunos chegando um pouco atrasados enquanto concluem seu período de estudos no exterior. Com 4 períodos anuais, de preferência correspondendo mais ou menos às estações do ano, fica mais fácil para os estudantes encaixarem estudos no Brasil e no exterior.
Os únicos prejudicados vão ser aqueles professores cujos cursos são grandes demais para 3 meses e pequenos demais para 6 meses; aquelas matérias que só cabem em 4 meses, e não podem ser ensinadas de outra forma. Se existir algum assunto assim tão inflexível, provavelmente já deveria ter sido eliminado do currículo há décadas.
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