O argumento do prefeito Haddad a favor do aumento do IPTU é transparente e direto: o tributo é a contraparte dos benefícios dados pela cidade aos paulistanos, e deve ser pago com alegria. Os mais de 11 milhões de pessoas que moram na cidade concordam que a vida na metrópole é desejável - tanto que a população da cidade continua a crescer - e não sei de quem discorde de que é necessário melhorar os serviços públicos.
Os argumentos contrários são mais nebulosos. Um é que existe muita corrupção na cidade e portanto não devemos pagar os impostos. Que existe desperdício e corrupção não há dúvida; essa semana mesmo a prefeitura desbaratou uma quadrilha que as administrações anteriores não tinham conseguido reprimir. Financiar inadequadamente a prefeitura, e assim piorar a qualidade dos serviços públicos, seria uma resposta contraproducente, consistindo em punir o cidadão pelos crimes e erros dos bandidos.
Outros dizem que o aumento é abusivo. Respeitando a lógica do mercado e da livre-iniciativa, ao aumentos dos valores dos imóveis indicam que S Paulo está trazendo benefícios econômicos crescentes para seus moradores. Por outro lado, o ponto fraco da cidade são os serviços públicos, que são financiados com dinheiro de impostos. Então o argumento de que o aumento é abusivo fica prejudicado.
Finalmente podem dizer que é melhor deixar o dinheiro no bolso do contribuinte do que dar para a ineficiente prefeitura. Em tese é um argumento que tem mérito - as pessoas gastam melhor o próprio dinheiro do que o dos outros. Só que os investimentos que S Paulo precisa são em transporte coletivo, educação, e segurança pública. Na prática, é difícil imaginar como o paulistano vai melhorar a qualidade de vida na cidade com mais dinheiro para comprar carro, ir ao restaurante, e reformar ou mudar de apartamento. Enquanto indivíduos e empresas não fizerem os gastos necessários para melhorar os serviços públicos na cidade, a alternativa é pagar impostos, mesmo que eficiência da prefeitura deixe a desejar.
Já o argumento dos vereadores da oposição consciente é razoável: eles não confiam na capacidade do partido que comanda a prefeitura gerir os recursos adicionais, e portanto votaram contra. É coerente, e fico satisfeito com o voto do meu vereador, Gilberto Natalini. Naturalmente os vereadores do PT discordam e votaram a favor. Fizeram papel de palhaço os eleitores que botaram na câmara uns representantes de partidecos sem eira nem beira tipo Pros e PP, que não são nem contra nem a favor de nada exceto ganhar uma boquinha. Conviver com esses eleitores é melhor que as alternativas, então continua valendo a recomendação de voto distrital. Daí talvez até os mais imbecis se lembrem de quem elegeram.
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