2009, Obama discursa no Cairo.
2010, ditaduras árabes mais moderadas e próximas aos Estados Unidos começam a cair, pacificamente. A limitada violência se deve à pressão da diplomacia americana; deixados sozinhos, não sei como os exércitos do Egito ou da Tunísia teriam reagido.
2011, as ditaduras mais extremistas começam a cair, violentamente. Quanto menos os Estados Unidos consegue intervir, maior a violência.
2012, conflitos nos países onde a influência americana é mínima.
Vários pontos poderiam ser questionados: onde a oposição interna é menos eficaz, as ditaduras continuam fortes; nem discursos nem diplomacia nem força resolvem todos os problemas; o fato anterior não é necessariamente causa do posterior.
Mas o presidente recebe crédito pelos bons resultados, como receberia culpa dos maus. Faz parte do cargo. Obama já fez por merecer o Nobel da paz, a posteriori.
24 julho 2012
22 julho 2012
Quem concorre a prefeito de S Paulo?
Minha impressão é que os jornais estão cobrindo a disputa entre Psdb e PT, enquanto as pesquisas indicam que os eleitores estão entre Serra e Russomano. Descartando a teoria chauísta de que a matemática está errada porque favorece as estruturas de poder dominantes, há 3 possibilidades. Uma é que por causa de minha simpatias e antipatias não presto atenção a notícias sobre os demais candidatos. Meu erro de leitura.
A 2a possibilidade é que o jornalista sabe que o eleitor, atualmente desinformado, ao longo da campanha vai prestar mais atenção aos candidatos dos partidos mais significativos. O povo é que está respondendo as pesquisas de opinião de modo enganoso.
Finalmente, pode ser que o povo realmente decida votar nos nomes que conhece, sejam do bem ou do mal, do noticiário político ou das páginas policiais. Para tal eleitor o currículo do ex-ministro da educação não conta muito, como não conta o de ex-ministro da Saúde. O que conta é que Serra é famoso porque já concorreu em outras eleições. Nesse caso, leitura correta do Psdb, que lançou Serra como candidato. Melhor para S Paulo e para o partido teria sido um candidato novo, trazendo o debate para propostas novas, mas o eleitor não quer ouvir. A leitura errada seria a dos jornais, e do Lula que escolheu o Haddad como candidato.
Me chamem de elitista, torço para a possibilidade número 2. Fica também a pergunta se Serra e Haddad apoiariam um ao outro em um 2o turno contra o candidato da bandidagem.
A 2a possibilidade é que o jornalista sabe que o eleitor, atualmente desinformado, ao longo da campanha vai prestar mais atenção aos candidatos dos partidos mais significativos. O povo é que está respondendo as pesquisas de opinião de modo enganoso.
Finalmente, pode ser que o povo realmente decida votar nos nomes que conhece, sejam do bem ou do mal, do noticiário político ou das páginas policiais. Para tal eleitor o currículo do ex-ministro da educação não conta muito, como não conta o de ex-ministro da Saúde. O que conta é que Serra é famoso porque já concorreu em outras eleições. Nesse caso, leitura correta do Psdb, que lançou Serra como candidato. Melhor para S Paulo e para o partido teria sido um candidato novo, trazendo o debate para propostas novas, mas o eleitor não quer ouvir. A leitura errada seria a dos jornais, e do Lula que escolheu o Haddad como candidato.
Me chamem de elitista, torço para a possibilidade número 2. Fica também a pergunta se Serra e Haddad apoiariam um ao outro em um 2o turno contra o candidato da bandidagem.
19 julho 2012
Serra e Haddad
Típicos paulistanos de famílias imigrantes mediterrâneas, trabalharam no comércio da família - quitanda no mercado da Cantareira e tecidos na 25 de Março. Estudaram nas escolas tradicionais da Usp - Poli e Direito - depois foram para as ciências humanas. Escreveram teses de doutorado em economia de esquerda nas quais ninguém fora da academia acredita muito - são teses autênticas apesar do que os wingnuts dizem. Palmeirense e sãopaulino, levados a Brasília por corintianos, foram os melhores ministros nos cargos mais importantes - saúde e educação, justamente aqueles de menos interesse para a mídia e para os políticos corruptos. Até comício de bicicleta os dois fazem no mesmo fim de semana!
A diferença é duas quadras e uma geração. Serra estudou em escola pública e fugiu da ditadura militar. No tempo da Haddad a escola pública tinha piorado, mas a repressão tinha ficado mais branda. Se falarem mal um do outro, vão fazer papelão.
Sim, os leitores desse blog poderiam fazer um serviço melhor que qualquer um deles, se tivessem a habilidade política necessária.
A diferença é duas quadras e uma geração. Serra estudou em escola pública e fugiu da ditadura militar. No tempo da Haddad a escola pública tinha piorado, mas a repressão tinha ficado mais branda. Se falarem mal um do outro, vão fazer papelão.
Sim, os leitores desse blog poderiam fazer um serviço melhor que qualquer um deles, se tivessem a habilidade política necessária.
14 julho 2012
iPad tropicalizado.
Conforme previsto pela teoria econômica e nesse blog, repetidas vezes, o iPad montado no Brasil chega às lojas com incentivos de quase 30%, sem redução do preço, e sem tecnologia nacional nenhuma. A montagem dos tablets envolve uma fração irrisória do processo produtivo, justamente aqueles 2% que não geram empregos relacionados à tecnologia.
O incentivo fiscal quem paga é você, através de maiores impostos nos produtos não contemplados com os favores da burocra do protecionismo. Desculpe a redundância, mas até que percebam que subsidiar industriais picaretas não traz nada de bom para o país, vou continuar insistindo.
O incentivo fiscal quem paga é você, através de maiores impostos nos produtos não contemplados com os favores da burocra do protecionismo. Desculpe a redundância, mas até que percebam que subsidiar industriais picaretas não traz nada de bom para o país, vou continuar insistindo.
10 julho 2012
Schlesinger in "The age of Jackson"
Page 279 of "The Age of Jackson" has the beautiful passage reproduced here. Thanks to my 9th grade history teacher Arnaldo Fazoli who explained how important Jackson was to American history. Decades later, I appreciate his point.
06 julho 2012
Paraguay, Venezuela, Mercosul, e pragmatismo
Mercosul, Paraguay e Venezuela estão fora da minha piscininha. Mas já que os especialistas estão escrevendo bobagem, vou adicionar as minhas.
A deposição do presidente eleito do Paraguay foi assim tão diferente do impeachment do Collor? Não me parece, apesar de que o procedimento foi meio estranho e apressado. No Brasil, serviu pelo menos para reafirmar que tem gente que é contra o estado de direito. O bom da democracia é que sabemos quem eles são.
O Itamaraty usou o evento para trazer a Venezuela para o Mercosul pela porta dos fundos, como queria a Argentina. Foi uma espécie de golpe diplomático, que até certo ponto justifica a posteriori o comportamento do parlamento paraguayo. Sabe-se lá o que os pinguins venezuelanos estariam aprontando no Paraguay.
De um ponto de vista pragmático, trazer a Venezuela para o Mercosul faria algum sentido. Quem entra é a Venezuela, não o atual presidente, como escrevem os que gostam de escrever o óbvio. Faltou talvez explicar isso melhor para venezuelanos e paraguayos. Por outro lado, como escreve o embaixador Celso Lafer, a decisão do Mercosul foi de má fé, por não incluir o Paraguay, qualquer que seja a interpretação legalista da suspensão. Um acordo presume a boa fé das partes, senão dá errado. De qualquer modo não vai fazer diferença porque para todos os efeitos a Argentina já acabou com o Mercosul há anos.
O problema é que pragmatismo é bom na teoria mas não funciona na prática. Pronto, agora vocês sabem que esse post era só uma desculpa para citar Sidney Morgenbesser, o John Dewey Professor of Philosophy da Columbia University, o maior filósofo americano do século 20 e um dos mais importantes do Lower East Side.
A deposição do presidente eleito do Paraguay foi assim tão diferente do impeachment do Collor? Não me parece, apesar de que o procedimento foi meio estranho e apressado. No Brasil, serviu pelo menos para reafirmar que tem gente que é contra o estado de direito. O bom da democracia é que sabemos quem eles são.
O Itamaraty usou o evento para trazer a Venezuela para o Mercosul pela porta dos fundos, como queria a Argentina. Foi uma espécie de golpe diplomático, que até certo ponto justifica a posteriori o comportamento do parlamento paraguayo. Sabe-se lá o que os pinguins venezuelanos estariam aprontando no Paraguay.
De um ponto de vista pragmático, trazer a Venezuela para o Mercosul faria algum sentido. Quem entra é a Venezuela, não o atual presidente, como escrevem os que gostam de escrever o óbvio. Faltou talvez explicar isso melhor para venezuelanos e paraguayos. Por outro lado, como escreve o embaixador Celso Lafer, a decisão do Mercosul foi de má fé, por não incluir o Paraguay, qualquer que seja a interpretação legalista da suspensão. Um acordo presume a boa fé das partes, senão dá errado. De qualquer modo não vai fazer diferença porque para todos os efeitos a Argentina já acabou com o Mercosul há anos.
O problema é que pragmatismo é bom na teoria mas não funciona na prática. Pronto, agora vocês sabem que esse post era só uma desculpa para citar Sidney Morgenbesser, o John Dewey Professor of Philosophy da Columbia University, o maior filósofo americano do século 20 e um dos mais importantes do Lower East Side.
The Cold War’s Arab Spring
O artigo The Cold War’s Arab Spring acerta a análise, embora não perfeitamente. Acredito sue as imprecisões se devem ao método de análise. Correspondência diplomática é uma forma de ficção, embora não completamente desvinculada da realidade.
Abaixo comentários que fiz para @helopait:
@pait Será q v poderia dizer quais as incorreções?
@helopait Ditadores árabes eram aliados soviéticos, não fantoches como Fidel. Anti-semitismo é uma arma de propaganda, não apenas militar.
@helopait Parte sobre golpe comunista na Pérsia parece duvidosa, começando pela confusão entre nomes do ayatollahs Khomeini e Khamenei.
@helopait Análise de Mubarak acertou na mosca. Mas não sei quanto Arafat controlou a intifada de 1988. Willy Brandt espião soviético, ok.
@helopait Baroness Ashton 5a coluna, correto. Mas a história vai ser mais camarada com Gorbachev, com quem o autor tem uma pinimba.
@helopait Bush 41 não era amigo de Israel. Mas a triangulação para desarmar Israel é fantasia em cima de comunicado diplomático.
@helopait Grande acerto: primavera árabe é o segundo ato da queda do muro. Falta a China. Quem viver, verá.
http://www.tabletmag.com/jewish-news-and-politics/103576/the-cold-wars-arab-spring
@pait Será q v poderia dizer quais as incorreções?
@helopait Ditadores árabes eram aliados soviéticos, não fantoches como Fidel. Anti-semitismo é uma arma de propaganda, não apenas militar.
@helopait Parte sobre golpe comunista na Pérsia parece duvidosa, começando pela confusão entre nomes do ayatollahs Khomeini e Khamenei.
@helopait Análise de Mubarak acertou na mosca. Mas não sei quanto Arafat controlou a intifada de 1988. Willy Brandt espião soviético, ok.
@helopait Baroness Ashton 5a coluna, correto. Mas a história vai ser mais camarada com Gorbachev, com quem o autor tem uma pinimba.
@helopait Bush 41 não era amigo de Israel. Mas a triangulação para desarmar Israel é fantasia em cima de comunicado diplomático.
@helopait Grande acerto: primavera árabe é o segundo ato da queda do muro. Falta a China. Quem viver, verá.
http://www.tabletmag.com/jewish-news-and-politics/103576/the-cold-wars-arab-spring
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