Quanto custaria mandar metade dos jovens brasileiros estudarem numa universidade padrão USP?
O Brasil tinha aproximadamente 17 milhões de jovens em idade universitária, entre 20 e 24 anos, segundo o censo de 2010. Nos países com sistemas de ensino superior mais bem sucedidos, metade da população recebe diploma universitário. Levando em consideração que a faculdade no Brasil em geral demora entre 4 e 5 anos, seria desejável que aproximadamente 2 milhões de estudantes universitários recebessem diploma de graduação anualmente.
Quanto isso custaria se adotássemos o padrão USP, que combina ensino, pesquisa, extensão, e pós-graduação? A USP tem 60 mil alunos de graduação, dos quais 7 mil são diplomados anualmente. Para chegar à metade dos brasileiros, precisaríamos de 300 instituições como a USP. O orçamento da USP é um pouco mais do que R$5 bilhões; portanto o total necessário para educar metade dos nossos jovens seguindo o padrão USP seria de R$1½ trilhões. Quase 25% da renda nacional total, estimada para $6 trilhões em 2016.
Não vai acontecer.
28 agosto 2016
25 agosto 2016
O pré-mestrado da Poli e o Processo de Bolonha
A inspiração formal para a criação de programas de pré-mestrado na Escola Politécnica é o Processo de Bolonha, que harmonizou o o estudo superior na Europa e criou programas de graduação e que conduzem diretamente ao título de mestre. O objetivo do Processo de Bolonha foi facilitar a mobilidade de estudantes entre variadas universidades de diferentes países, através de procedimentos comuns, e com isso expor os estudantes a experiências em instituições diversas. Com os laços estabelecidos entre ensino universitário e a indústria na Europa, os estudantes de engenharia em particular combinam também a formação acadêmica com a exposição à prática industrial.
O objetivo do pré-mestrado na Poli é diametralmente oposto: fixar os estudantes na escola de origem, de forma a estimular a continuidade dos estudos de pós-graduação na mesma instituição da graduação. Para tal as propostas indicam que a iniciação científica substitua o estágio na indústria durante o último ano, e que o trabalho de conclusão de curso seja preferencialmente uma prévia de uma tese acadêmica individual, no lugar de projetos mais aplicados, realizados em equipe, como é mais comum atualmente.
O pré-mestrado reforça portanto as tendências à endogenia e ao distanciamento entre o ensino universitário e a prática da engenharia, que são fraquezas significativas do nosso ensino superior, ao lado da burocratização. Pelo lado positivo, o pré-mestrado encurta aos politécnicos o caminho da pós-graduação, o que pode trazer bons alunos para os programas de pós da Poli. Em resumo, as propostas trazem benefícios potenciais para o corpo docente, em compensação às deficiências de formação dos alunos que optarem por tal programa, que são, repito, a falta de exposição a experiências industriais, ao estudo em instituições diversas, e ao trabalho e formas de avaliação diversas da tradicional aula + prova.
Me parece um caso inovador da aplicação da Síndrome de Estocolmo como ferramenta de marketing para um público semi-cativo. O ponto mais positivo do programa proposto é não ser obrigatório.
O objetivo do pré-mestrado na Poli é diametralmente oposto: fixar os estudantes na escola de origem, de forma a estimular a continuidade dos estudos de pós-graduação na mesma instituição da graduação. Para tal as propostas indicam que a iniciação científica substitua o estágio na indústria durante o último ano, e que o trabalho de conclusão de curso seja preferencialmente uma prévia de uma tese acadêmica individual, no lugar de projetos mais aplicados, realizados em equipe, como é mais comum atualmente.
O pré-mestrado reforça portanto as tendências à endogenia e ao distanciamento entre o ensino universitário e a prática da engenharia, que são fraquezas significativas do nosso ensino superior, ao lado da burocratização. Pelo lado positivo, o pré-mestrado encurta aos politécnicos o caminho da pós-graduação, o que pode trazer bons alunos para os programas de pós da Poli. Em resumo, as propostas trazem benefícios potenciais para o corpo docente, em compensação às deficiências de formação dos alunos que optarem por tal programa, que são, repito, a falta de exposição a experiências industriais, ao estudo em instituições diversas, e ao trabalho e formas de avaliação diversas da tradicional aula + prova.
Me parece um caso inovador da aplicação da Síndrome de Estocolmo como ferramenta de marketing para um público semi-cativo. O ponto mais positivo do programa proposto é não ser obrigatório.
19 agosto 2016
Proposta de pré mestrado na elétrica
Entendo que a proposta tem embasamento em resoluções, portarias, e regimentos, bem como arcabouços, diretrizes, procedimentos, e detalhamentos. Só tenho uma dúvida.
Qual a utilidade de fazer um pré-mestrado no último ano de graduação? O pré-mestrado traz algum benefício profissional para o formado, ou alguma vantagem para a prática da engenharia no Brasil?
Aguardo o final da reunião para divulgar eventuais respostas. Comentários são bem vindos.
Qual a utilidade de fazer um pré-mestrado no último ano de graduação? O pré-mestrado traz algum benefício profissional para o formado, ou alguma vantagem para a prática da engenharia no Brasil?
Aguardo o final da reunião para divulgar eventuais respostas. Comentários são bem vindos.
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