O Brasil está em recessão. Há 2 narrativas.
1 - O Banco Central aumentou os juros e a União arrochou os gastos para evitar superaquecimento e cortar a inflação. Assim que passar o aperto a economia volta a crescer com inflação mais baixa. Estamos no que Paul Krugman chama de recessão moderna. A diferença em relação aos Estados Unidos é que no Brasil o Banco Central é mais politizado e menos independente, age mais afinado com o executivo. Vai ser uma recessão curta. Um pouco atrasada pelo calendário eleitoral mas essencialmente de acordo com a cartilha. A política de investimentos estatais dos últimos anos vai se revelar acertada e os opositores vão ter que comer seus chapéus quando os investimentos começarem a dar lucros para a sociedade.
2 - Estamos no final de uma bolha de investimentos mal dirigidos liderados pela União, especialmente através dos bancos estatais. Trata-se de um tipo de recessão pós moderna, prolongada, uma sinuca difícil de resolver usando os instrumentos tradicionais da política econômica. Diferentemente da recessão americana de 2008, causada por excessos privados, no Brasil os maiores excessos foram da União. Só o BNDES emprestou 1 trilhão de réis nos últimos anos! Nesse caso são os defensores da política econômica do último governo que vão admitir que estavam errados, rever suas posições, reler os clássicos, e reconhecer que Keynes não disse o que eles disseram que Keynes tinha dito.
Essa narrativa comporta 2 desfechos.
2a - Como a maioria das dívidas podres está concentrada nos bancos e empresas estatais, o Tesouro assume o prejuízo, recapitaliza essas instituições, e a economia volta a crescer, embora com a dívida publica dobrada. Todo o mundo já tinha precificado que dívida líquida é igual à dívida bruta, que os créditos da União com os bancos estatais não tem valor, então as contas voltam ao normal após o choque.
2b - A recessão se prolonga, porque o governo não consegue apoio político para recapitalizar os bancos estatais; ou porque não compreende a situação e busca receber os empréstimos de volta para evitar a inadimplência; ou porque a bolha se espalhou por bancos e empresas privadas cuja recapitalização pelo Tesouro é muito mais complexa financeiramente e politicamente.
Segundo as narrativas 1, 2a, ou 2b, a recessão pode demorar 1 ano, 3 anos, ou 5 anos. Ou outro número. Eu não sei. A única certeza é que o trecho a respeito dos economistas heterodoxos reverem suas posições não vai se verificar. A economia enquanto ciência progride funeral por funeral.
31 março 2015
16 março 2015
Sucessão presidencial
Dilma renuncia. Vice Temer, julgando-se sem apoio para exercer mandato pleno, e entendendo que o atual presidente da Câmara dos Deputados não tem sustentação suficiente para conduzir o país, negocia uma nova eleição para presidente da Câmara, e depois renuncia.
Não vai acontecer. Mas se acontecer, você leu aqui primeiro: na hora vai dar Maluf. De corrupção ele entende.
Não vai acontecer. Mas se acontecer, você leu aqui primeiro: na hora vai dar Maluf. De corrupção ele entende.
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