"Universidade(?) Nova"
Sob a alegação de contrapor-se à evasão de estudantes e evitar a especialização precoce, o Plano “Universidade Nova” do MEC propõe um “Bacharelado Interdisciplinar” de três anos. Os efeitos perversos dessa proposta, um ataque à autonomia universitária, que só pode ser desfechado com anuência dos reitores, estão claros a partir das metas propostas até 2012: dobrar a relação estudante/professor e atingir 90% de taxa de conclusão média dos cursos de graduação. O cumprimento de metas deste tipo é condição para o financiamento da instituição, a ser avaliado anualmente pelo MEC.
Confirmam-se assim nossas piores previsões. Não é possível manter o tripé ensino-pesquisa-extensão com razões altas estudante/professor e taxas de conclusão de 90% não são usuais em universidades. Escolões com progressão continuada?
A máfia sindical universitária projetou-se em verdadeira grandeza. Perverso, para a a ADUSP, é que os alunos se formem. O bom é a picaretagem atual, onde a sociedade paga os salários de uma corja enorme de professores, a universidade finge que oferece muitas vagas, mas apenas uma pequena porcentagem dos alunos se formam.
Por exemplo, na engenharia civil da Poli o percentual de alunos formados, em relação às vagas oferecidas, é de menos de 30%. Os cursos de licenciatura nas ciências tem porcentagens minúsculas. Em certas áreas das humanidades, prefiro nem saber. Taxas de graduação altas não são raras - pelo menos não nas universidades de bom nível. 98% dos alunos de Harvard se formam em 6 anos. 10% de alunos se formando é para curso de manicure.
Os professores de primário, ginásio, e colégio (se já voltaram os milréis, porque não voltam os nomes tradicionais?) até que têm explicações para a má qualidade de ensino: falta de recursos, alunos mal preparados, salários baixos, por aí afora. A Universidade de São Paulo não - ela pode escolher os melhores estudantes de São Paulo. Se eles não se formam, é porque os cursos são irrelevantes.