Contexto: os alunos que ingressarão na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo no próximo ano foram obrigados a optarem pelas diversas especialidades da engenharia já na inscrição para o exame vestibular, apesar de que é sabido e notório que os estudantes de colégio não tem informações nem maturidade para essa especialização precoce. Essa mudança em relação ao sistema anterior foi decidida numa reunião noturna da congregação da Poli e teve como base um conchavo político com o objetivo de salvar as aparências dos cursos de menor procura, especialmente engenharia civil e eletrotécnica. A engenharia elétrica, que habitualmente estava entre as mais procuradas, teve a menor procura entre os alunos que estavam optando sem conhecimento de causa. Como parte de uma longa e acalorada discussão por email entre professores de engenharia elétrica, enviei aos colegas uma carta que reproduzo abaixo.
Prezados colegas,
Na minha opinião estamos levantando pontos importantes em resposta aos números da FUVEST, porém uma parte das discussões não está acertando o alvo. O fato é que tentarmos informar os vestibulandos a respeito dos detalhes dos nossos cursos e opções não vai ser um trabalho eficaz. Primeiro porque o universo dos possíveis candidatos, os estudantes dos colégios, é grande demais para alcançarmos com o número de professores que temos, a grande maioria já muito atarefados com ensino, pesquisa, e projetos de engenharia. Em segundo lugar porque os vestibulandos estão demasiado preocupados com o próprio vestibular, e não têm tempo nem experiência suficientes para entenderem os detalhes do que acontece aqui dentro. Em que pese a brilhante consideração do Prof. Massola, não vai ser uma linha no formulário da FUVEST, seja em ordem alfabética ou cronológica, que vai informar os alunos de colégio adequadamente a respeito das atividades científicas e tecnológicas que ocorrem aqui dentro da Poli. E embora seja útil termos um bom conteúdo em nossas páginas na rede, em contraposição a informações burocráticas de interesse reduzido, isso também não vai ser a solução do problema.
Por outro lado, uma vez que os alunos ingressam na Poli e estão em contato direto com professores da USP, eles têm plenas condições de se informarem a respeito dos cursos, das pesquisas, e dos projetos que fazemos. E nós, com uma ou outra exceção de algum professor que talvez não freqüente sala de aula há décadas, temos todas as condições para transmitir nosso entusiasmo pelas diversas áreas da engenharia.
Por isso a ÚNICA SAÍDA para a situação na qual essa decisão irrefletida da congregação nos meteu é permitir que os alunos FAÇAM TRANSFERÊNCIA de um curso para outro após em qualquer momento após entrarem na Poli. A primeira justificativa é a dada acima: uma vez aqui dentro, os alunos têm a oportunidade de fazer uma escolha mais consciente, com o apoio dos professores quando sentirem a necessidade. A segunda justificativa é uma questão de eficiência: para o bom uso do dinheiro público é indispensável termos alunos nos cursos dentro dos quais eles terão as melhores expectativas de desenvolverem suas atividades profissionais. De outra forma, continuaremos com os problemas atuais, incluindo vagas ociosas, repetência, abandono de cursos e carreiras, alunos prestando vestibulares repetidos e demorando a se formar por terem "se enganado" as respeito de opções, e assim por diante.
A razão final para mim é a decisiva: temos a obrigação de respeitar a liberdade individual de cada aluno, futuro engenheiro e colega, de traçar seus caminhos profissionais. Na minha opinião esse argumento é eticamente irrefutável.
Explicitando, os alunos não estão aqui para servirem aos interesses profissionais ou corporativos do corpo docente, nem para justificarem nossas escolhas didáticas ou de pesquisa. Pelo contrário, somos nós que estamos aqui pagos pelo contribuinte de impostos para servir aos futuros engenheiros e contribuir para o desenvolvimento tecnológico do Estado de S Paulo. O Prof Jardini nos explica que, uma vez tendo colocado os vestibulandos nos cursos que queremos oferecer, seremos capazes de induzi-los a seguir carreiras profissionais nas áreas que são do nosso agrado. Talvez na finada União Soviética ou na Coréia do Norte esse argumento tivesse força, mas num país livre como o Brasil a falácia é evidente. A congregação da Escola Politécnica teve o poder de forçar os ingressantes a tomarem decisões prematuras quanto à escolha dos cursos, mas não tem meio de obrigar os alunos da Politécnica a estudarem em cursos para os quais estejam pouco motivados. Muito menos há como obrigar os engenheiros formados na Politécnica a rejeitarem ofertas de emprego em uma área ou outra que nós em nossa imensa experiência e sabedoria julgamos menos nobres.
Os alunos que julgarem sua escolha prematura como inadequada vão fazer o que puderem para remediar a situação. Uns vão prestar vestibular novamente, deixar vagas ociosas. A maioria provavelmente vai estudar o mínimo para passar nos cursos que não acharem motivantes, e fazer qualquer estágio que ofereça alguma perspectiva profissional ou uns trocados a mais. Todos nós professores que nos dedicamos ao ensino temos experiência com esse fenômeno profundamente desencorajador e humilhante do "abandono virtual" das salas de aula.
Para terminar, temos uma responsabilidade coletiva pela decisão disparatada tomada pela congregação e por suas conseqüências futuras. Uns por omissão, outros por distração, muitos por excesso de outras preocupações e responsabilidades, e com certeza alguns por colocarem seus interesses corporativistas à frente das suas responsabilidades como engenheiros, professores, e funcionários do estado. Os riscos trazidos pela situação que assim criamos eu vejo como uma oportunidade de melhoria do ensino na Poli em relação ao esquema vigente até agora. Basta que deixemos de lado propostas ineficazes e de pequeno alcance, bem como discussões menores sobre picuinhas, e aproveitemos a oportunidade para dar aos estudantes a possibilidade de LIVRE TRANSFERÊNCIA entre cursos e opções.
Estou torcendo para que a Poli fique à altura desse desafio!
Sinceramente,
Pait
26 novembro 2007
06 novembro 2007
Aula de introdução à engenharia elétrica
No link
http://felipe.pait.googlepages.com/auladenisehistoria2.pdf
estão as notas para a aula dos dias 7 e 8 de novembro de 2007 do curso da Profa. Denise, Práticas de Eletricidade. São 8 transparências sobre a evolução da teoria, tecnologia, e aplicações do controle automático. Material copylefted.
http://felipe.pait.googlepages.com/auladenisehistoria2.pdf
estão as notas para a aula dos dias 7 e 8 de novembro de 2007 do curso da Profa. Denise, Práticas de Eletricidade. São 8 transparências sobre a evolução da teoria, tecnologia, e aplicações do controle automático. Material copylefted.
20 outubro 2007
Leopard no Brasil?
Vamos falar de coisas importantes. O Mac OS X Leopard vai estar a venda no Brasil dia 26 de outubro? Vai ter festa nas lojas?
11 outubro 2007
Rodada do subdesenvolvimento?
Hoje na Folha o representante do Panamá e mais 8 países no FMI, Paulo Nogueira Batista Jr, escreveu um besteirol defendendo barreiras de proteção contra indústrias produtivas e subsídios para contrabandistas.
Minha opinião sobre barreiras alfandegárias é a mesma que tenho em relação a superstições a do tipo criacionismo e homeopatia, então escrevi para ele uma carta reproduzida abaixo:
Prezado Paulo Nogueira Batista Jr,
Acho quase inacreditável que haja gente insistindo nesse absurdo de que proteção industrial e subsídios para setores e empresas com poder político seja um instrumento de desenvolvimento e construção do futuro de países menos ricos. Não vou insistir nos argumentos da teoria econômica, porque com certeza você os conhece melhor que eu e sabe que eles são tão sólidos como a teoria de evolução de Darwin ou a teoria atômica da matéria, para dar exemplos da biologia e da química que supreendentemente ainda são assunto de debates por gente que deveria saber melhor.
Engenheiro que sou, vou focar no dano que as barreiras de importação trazem à tecnologia, indústria e comércio no Brasil, impedindo que indivíduos e empresas utilizem as tecnologias mais avançadas, apropriadas, e econômicas em seus negócios. Para dar um exemplo, um setor potencialmente muito produtivo como o desenvolvimento de software é obrigado a carregar uma carga de impostos e subsídios a montadores de hardware protegidos pelas chamadas leis de informática, empresas que do ponto de vista da indústria nacional nada contribuem. Os impostos de importação são pagos por cada empresa industrial e comercial que queira utilizar computadores, e beneficiam apenas fiscais da receita, contrabandistas, e economistas defensores de superstições como a do seu presente artigo.
Sinceramente indignado,
Felipe Pait
Minha opinião sobre barreiras alfandegárias é a mesma que tenho em relação a superstições a do tipo criacionismo e homeopatia, então escrevi para ele uma carta reproduzida abaixo:
Prezado Paulo Nogueira Batista Jr,
Acho quase inacreditável que haja gente insistindo nesse absurdo de que proteção industrial e subsídios para setores e empresas com poder político seja um instrumento de desenvolvimento e construção do futuro de países menos ricos. Não vou insistir nos argumentos da teoria econômica, porque com certeza você os conhece melhor que eu e sabe que eles são tão sólidos como a teoria de evolução de Darwin ou a teoria atômica da matéria, para dar exemplos da biologia e da química que supreendentemente ainda são assunto de debates por gente que deveria saber melhor.
Engenheiro que sou, vou focar no dano que as barreiras de importação trazem à tecnologia, indústria e comércio no Brasil, impedindo que indivíduos e empresas utilizem as tecnologias mais avançadas, apropriadas, e econômicas em seus negócios. Para dar um exemplo, um setor potencialmente muito produtivo como o desenvolvimento de software é obrigado a carregar uma carga de impostos e subsídios a montadores de hardware protegidos pelas chamadas leis de informática, empresas que do ponto de vista da indústria nacional nada contribuem. Os impostos de importação são pagos por cada empresa industrial e comercial que queira utilizar computadores, e beneficiam apenas fiscais da receita, contrabandistas, e economistas defensores de superstições como a do seu presente artigo.
Sinceramente indignado,
Felipe Pait
05 outubro 2007
Altas matemáticas....
Leiam o novíssimo argumento que os barnabés acadêmicos bolaram para tentar arrancar mais umas patacas do pobre do contribuinte brasileiro! Na Folha de hoje, artigo com o título Vitamina contra o nanismo estatal, de um João Sicsú, funcionário da Sealopra lotado em um desses institutos de pesquisa e autocongratulação filosófica:
"... o Brasil possuía 0,9 fiscal para cada 1.000 km2 de território. Já a Bélgica possuía mais de 310 fiscais, a Holanda, 227, e o Japão, mais de cem. (...) Uma "vitamina" que o Estado precisa tomar para superar [essa última colocação na classificação de número de fiscais da receita pública por 1.000 km2 de um país] é a contratação de fiscais, professores, engenheiros, médicos, pesquisadores e policiais."
Vamos construir no Alto Xingu um novo país baixo - com trocentos fiscais da receita federal por quilômetro quadrado! (Bélgica não, Valônia e República Flamenga. Visite a Bélgica antes que acabe.) Só no Mato Grosso ia precisar pôr quase 300 mil! Somando fiscais e pesquisadores da Sealopra, ia dar 3 funcionários públicos por habitante. Pode deixar que a gente se alopra sozinho!
PS: Lição de casa, para ver se eles na Sealopra estão bons de planilha (e aparentemente não tem mais nada para fazer): quantos fiscais temos por milha cúbica, contando o espaço aéreo? E se incluirmos as 200 milhas de mar territorial?
"... o Brasil possuía 0,9 fiscal para cada 1.000 km2 de território. Já a Bélgica possuía mais de 310 fiscais, a Holanda, 227, e o Japão, mais de cem. (...) Uma "vitamina" que o Estado precisa tomar para superar [essa última colocação na classificação de número de fiscais da receita pública por 1.000 km2 de um país] é a contratação de fiscais, professores, engenheiros, médicos, pesquisadores e policiais."
Vamos construir no Alto Xingu um novo país baixo - com trocentos fiscais da receita federal por quilômetro quadrado! (Bélgica não, Valônia e República Flamenga. Visite a Bélgica antes que acabe.) Só no Mato Grosso ia precisar pôr quase 300 mil! Somando fiscais e pesquisadores da Sealopra, ia dar 3 funcionários públicos por habitante. Pode deixar que a gente se alopra sozinho!
PS: Lição de casa, para ver se eles na Sealopra estão bons de planilha (e aparentemente não tem mais nada para fazer): quantos fiscais temos por milha cúbica, contando o espaço aéreo? E se incluirmos as 200 milhas de mar territorial?
20 setembro 2007
Vocês leram aqui primeiro
No dia que o Lula foi reeleito vocês podiam ter lido aqui neste blog uma previsão: "Continuadas tentativas pouco coerentes de solapar a democracia: voto indireto para deputado, quem sabe senador biônico, talvez até a treeleição..." Hoje um petista publicou na Folha a proposta que eu tinha previsto:
_________________________________________
Pela democracia, o Senado deve acabar
RUI FALCÃO
A existência do Senado é um desserviço à democracia brasileira. É chegada a hora de discutir o fim do sistema bicameral do país...
(Restante do artigo propondo os senadores biônicos suprimido, não há necessidade de ler.)
RUI FALCÃO, 63, advogado e jornalista, é deputado estadual pelo PT. Foi deputado federal, presidente do PT e secretário municipal de Governo de São Paulo (gestão Marta Suplicy).
_________________________________________
Notem que eu escrevi: tentativas POUCO COERENTES de solapar a democracia. Vocês leram aqui primeiro.
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Pela democracia, o Senado deve acabar
RUI FALCÃO
A existência do Senado é um desserviço à democracia brasileira. É chegada a hora de discutir o fim do sistema bicameral do país...
(Restante do artigo propondo os senadores biônicos suprimido, não há necessidade de ler.)
RUI FALCÃO, 63, advogado e jornalista, é deputado estadual pelo PT. Foi deputado federal, presidente do PT e secretário municipal de Governo de São Paulo (gestão Marta Suplicy).
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Notem que eu escrevi: tentativas POUCO COERENTES de solapar a democracia. Vocês leram aqui primeiro.
17 setembro 2007
Universidade centenária
O texto sobre a "Esculimia do Candido Mendes" reproduzido abaixo pode ser lido diretamente nas páginas da instituição. Dispensa comentários.
Apresentação
Ao completar 100 anos, a SBI pode dar o balanço do que é a sua vida como instituição, no que marca a sua diferença, a sua "idéia de obra" ou a sua imagem, de um país de memória fraca e de imaginário estereotipado. Até os anos 20, a SBI - mantenedora da Universidade Candido Mendes - se identificava, na prática com o desenvolvimento da Academia de Comércio do Rio de Janeiro, ou, na corruptela em que chegava ao povo a "Esculimia do Candido Mendes ". Nasciam as duas entidades em 1902, ambas pioneiras. Uma, a desdobrar pela primeira vez no país e para as classes médias em começo de expansão, a idéia de um curso profissional. Fugia-se ao padrão das clássicas carreiras liberais do amadorismo das atividades clássicas de balcão de mercancias no Rio de Janeiro ainda mofino, às vésperas da grande explosão urbana do Prefeito Passos.
A escola, o progresso, os balconistas e os guarda-livros
Os Estatutos da sua mantenedora - a Sociedade Brasileira de Instrução - ficam, até hoje, como modelo de rigidez e criatividade, na enxuteza de sua fórmula e, ao mesmo tempo, na funcionalidade da ambição: servir ao ensino como empenho universal em todas as modalidades da sua excelência e no que fosse sinais dos tempos de novas demandas e especializações. Foi esse o embrião institucional que mereceu, de Rodrigues Alves, uma das primeiras outorgas do privilégio de utilidade pública, bem como o direito a utilizar próprio nacional, ensejando a instalação da Academia na antiga Ucharia do Paço do Carmo. Restauramos o prédio, tirando-lhe a máscara de estuque da Belle Epoque, devolvendo à cidade, no Largo do Paço, o prístino da fachada de 1593. Instituição, a nossa Casa, por força, se reconhece o direito às vaidades. No que é, no espelho, os caminhos que apartou desde o começo e que lhe permitem, por ricochete ou contraste, situar a singularidade de seu propósito.
Desde sempre contra os vendedores de água.
Desde 1902 recusamo-nos a ser um empreendimento lucrativo. Organizamo-nos ao fio da prestação mais barata - senão simbólica - para atender à fome de ensino da baixa classe média, dos caixeiros e balconistas, que acorriam à carreira nova e à profissionalização capaz de levar-lhes a segurança do emprego e o melhor de seu conhecer. De logo, Candido Mendes Sênior, o Conde, advertia os seus de que educador não é vendedor de água. Ou seja, aproveitador da dramática escassez desses serviços nos países subdesenvolvidos, a transformá-lo sobrepreço possível, não sobrelucro acintoso à pobreza nacional.
Os condes apaixonados
Pertinaz, desde saída, aprumou-se o orgulho bem delimitado do nosso fazer. Nascia a Casa de uma clara atmosfera intelectual. A de professores católicos e monarquistas, decididos a desenvolver uma visão liberal e privada do ensino a disputar a hegemonia pública, em que se esgotaria a diretriz positivista - republicana do regime inaugurado em 1889. Bana-se o estereótipo fácil, e não se veja a Academia como respondendo a um ideal agnóstico e de classes médias emergentes, encontrando a atividade da educação como veículo de sua mobilidade social. Nasce a SBI dessa perspectiva. Surge do idealismo dos condes pedagogos, ciosos da sua aristocracia do espírito. Os Condes Mendes de Almeida, Fernando e Candido, o Conde de Afonso Celso, o de Ouro Preto, o Conde Carlos de Laet, todos enobrecidos pelo papado, no reconhecimento do trabalho pela defesa da Igreja que realizavam, multiplamente, os idealizadores da Sociedade Brasileira de lnstrução.
O pioneirismo permanente
Fidelidade, de saída e nunca desmentido pela exploração das Ciências Sociais. Algumas vezes, inclusive, sem que, sequer, se conhecesse no país a sua designação. Data de 1919 o propósito de se criar uma Faculdade de Ciências Políticas no país quando, só nos 60, essa nomenclatura típica de uma visão anglo-saxônica e do campus americano prosperava e definia um novo padrão de desempenho e especialização científica entre nós. Criada a primeira Faculdade de Economia e Contabilidade Superior no país, junto com a Álvares Penteado em São Paulo, mantivemos, até o fim do Varguismo, o papel de provedores do currículo final dessas disciplinas. Pressentimos o estudo científico do poder a, finalmente, se transformar na primeira pós-graduação de Ciência Política no país em 67, a que se somava a de Sociologia no mesmo grau de exigência acadêmica. Ideamos, como Clark Kerr, a multiversidade, não o perfil clássico e pobre dos estudos apinhados num campus único. Pensamos num padrão nítido e contido da nossa oferta básica de Ciências Sociais - Direito, Economia, Administração, Contabilidade Superior, Pedagogia - na sua matriz da Praça XV.
A multiversidade e o gigantismo estudantil
Moveu-nos a idéia de reproduzir esse mesmo módulo de excelência e tradição, bateado há mais de meio século, a outras áreas do espaço do Rio de Janeiro. Reproduzimo-lo em Ipanema, oferecendo outra opção de ensino em área tradicionalmente delimitada entre a tarefa da PUC e da Santa Úrsula. Continuamos com o implante em Campos e em Friburgo. Presidiria toda a expansão a idéia de se criar um primeiro espaço didático privado, a cobrir progressivamente toda a dimensão do Estado. Tratava-se, ao mesmo tempo, de evitar as tristes migrações, estudando dentro do Rio de Janeiro com o risco, muitas vezes, de cortar na flor - com a falta de volta à terra matriz - vocações, no Norte ou no Centro Fluminense, capazes de dar o melhor de si, se retomassem, de fato, ao meio em que despontaram.
O pré-IUPERJ e o Museu Comercial
Nos Estatutos abrangentes não quisemos apenas, de logo, ser a Casa tradicional, de estrito ensino e preleção. Muito antes do atual preceito constitucional, dávamos a prova prática de que a plena atividade de educação envolveria, ao mesmo tempo, ensino, pesquisa e extensão. Esta, a praticamos desde entre as duas guerras mundiais, criando o Museu Comercial, disseminando as amostras de novos artefatos da industrialização - menina e criando, com as montras, o serviço de disseminação das nossas excelências no Prata. Ganhou o Museu Comercial o grande prêmio latino - americano de comércio exterior pela qualidade das vitrines que enviou a Montevidéu, às vésperas do primeiro centenário da independência.
Ao se criar a Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas em 02 de junho de 1919 - primeiro ramo já da nossa trajetória universitária - , assentava-se o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. Plantava-se a semente, de forma profética. Entendiam os fundadores que de nada adiantaria a formalidade da transmissão do conhecimento, sem o choque da experimentação num país acostumado à exaustiva reprodução dos modelos de além-mar e ao disfarce apelintrado da realidade, em que se apoiava. Insistimos na promessa e na teima do que veio a ser, em 1963, a concretização, sob a mesma sigla, da primeira organização privada de pesquisa em Ciências Sociais, que é a da nossa Casa das excelências, hoje, na Rua da Matriz.
A côngrua e o serviço pelo custo
Uma "idéia de obra", pois - medula mesma do que seja a persona institucional -, decanta-se neste quarto de século; no que, em querendo, criamos, em marcas já que transcendem as paredes da Casa. Sem saber inventamos, por exemplo, a economia dos chamados "serviços pelo custo", que vem finalmente, a partir de 1972, a se transformar no padrão das mensalidades escolares e do lucro controlado de um empresário essencialmente social como o do ensino.
Meio século após, o bom senso governamental levava à norma a prática dos fundadores da SBI, a fazer jus ao fim do mês quase côngrua a divisão do cobrado quase simbolicamente do aluno pelo número efetivo de assistentes às aulas despojadas.
Lutando contra o inverno da polêmica
No fio do dizer, não calamos no autoritarismo, buscamos o engenho contra o inverno da polêmica que emudeceu o Brasil, seu debate e suas franquias de espírito, a partir de 64. Durante o negror dos Atos institucionais, pôde a Candido Mendes convidar diversos pensadores internacionais, manter em dia a inquietação do conhecer brasileiro e rasgar-lhe as exigências do humanismo. Arnold Toynbee, Gunnar Myrdal, o juiz Douglas, Edgar Morin, Bob Kennedy, Paul Rosenstein-Rodan, Georges Lavau, Everet Hagen, Samuel Huntington, Alex lnkeles, Talcott Parsons, todos, proto-personas deram-nos a sua palavra e o rumo dos seus conheceres, num país emudecido. Na década que se inicia 64 recrutávamos,anualmente, maior número de vozes do mundo que todo conjunto dos demais campi brasileiros.
Enfrentava-se a nacionalidade tecnocrática e suas sanções a bem das ideologias pasteurizadas. Não tínhamos verbas nem subsídios a receber dos orçamentos governamentais, tal como, neste mesmo limite, podíamos - Heleno Fragoso à frente - acolher nas nossas cátedras grandes vozes da universidade pública, cassados ou reduzidos ao silêncio nas suas matrizes de origem.
A casa feroz das suas liberdades
São dez décadas de uma velha paixão pela excelência que se guarnecem de uma fatura quase de educadores excêntricos, ou de devotos da sua exclusiva convicção do que seja o melhor serviço. Na sua premonição, ou na teima dos valores do passado, nos cursos e teores do aprendizado oferecido, mantivemos o Direito Romano e abrimos os primeiros cursos de Direito Público Econômico. Insistimos na Deontologia Jurídica e implantamos o primeiro curso de Prática Forense - o FUCAM -, antes das práticas dos exames de ordem e das castrações uniformizadoras da OAB.
Casa feroz na sua sede de liberdade; dos velhos, sem medo das aposentadorias compulsórias da carreira didática, tratada com preferência e ineditismo, no Rio de Janeiro, à margem dos favores ou das benesses do dono. Casa da comunidade e não da ação-entre-amigos. Feroz nas suas crenças e na verdade intransitiva de uma paixão e de um donaire tão altivo como pobre, no que herdamos, nesta faina e nesta obsessão, de Candido Mendes Sênior (l902-1939) e de Candido Mendes Júnior (1939-1962).
Candido Mendes
Apresentação
Ao completar 100 anos, a SBI pode dar o balanço do que é a sua vida como instituição, no que marca a sua diferença, a sua "idéia de obra" ou a sua imagem, de um país de memória fraca e de imaginário estereotipado. Até os anos 20, a SBI - mantenedora da Universidade Candido Mendes - se identificava, na prática com o desenvolvimento da Academia de Comércio do Rio de Janeiro, ou, na corruptela em que chegava ao povo a "Esculimia do Candido Mendes ". Nasciam as duas entidades em 1902, ambas pioneiras. Uma, a desdobrar pela primeira vez no país e para as classes médias em começo de expansão, a idéia de um curso profissional. Fugia-se ao padrão das clássicas carreiras liberais do amadorismo das atividades clássicas de balcão de mercancias no Rio de Janeiro ainda mofino, às vésperas da grande explosão urbana do Prefeito Passos.
A escola, o progresso, os balconistas e os guarda-livros
Os Estatutos da sua mantenedora - a Sociedade Brasileira de Instrução - ficam, até hoje, como modelo de rigidez e criatividade, na enxuteza de sua fórmula e, ao mesmo tempo, na funcionalidade da ambição: servir ao ensino como empenho universal em todas as modalidades da sua excelência e no que fosse sinais dos tempos de novas demandas e especializações. Foi esse o embrião institucional que mereceu, de Rodrigues Alves, uma das primeiras outorgas do privilégio de utilidade pública, bem como o direito a utilizar próprio nacional, ensejando a instalação da Academia na antiga Ucharia do Paço do Carmo. Restauramos o prédio, tirando-lhe a máscara de estuque da Belle Epoque, devolvendo à cidade, no Largo do Paço, o prístino da fachada de 1593. Instituição, a nossa Casa, por força, se reconhece o direito às vaidades. No que é, no espelho, os caminhos que apartou desde o começo e que lhe permitem, por ricochete ou contraste, situar a singularidade de seu propósito.
Desde sempre contra os vendedores de água.
Desde 1902 recusamo-nos a ser um empreendimento lucrativo. Organizamo-nos ao fio da prestação mais barata - senão simbólica - para atender à fome de ensino da baixa classe média, dos caixeiros e balconistas, que acorriam à carreira nova e à profissionalização capaz de levar-lhes a segurança do emprego e o melhor de seu conhecer. De logo, Candido Mendes Sênior, o Conde, advertia os seus de que educador não é vendedor de água. Ou seja, aproveitador da dramática escassez desses serviços nos países subdesenvolvidos, a transformá-lo sobrepreço possível, não sobrelucro acintoso à pobreza nacional.
Os condes apaixonados
Pertinaz, desde saída, aprumou-se o orgulho bem delimitado do nosso fazer. Nascia a Casa de uma clara atmosfera intelectual. A de professores católicos e monarquistas, decididos a desenvolver uma visão liberal e privada do ensino a disputar a hegemonia pública, em que se esgotaria a diretriz positivista - republicana do regime inaugurado em 1889. Bana-se o estereótipo fácil, e não se veja a Academia como respondendo a um ideal agnóstico e de classes médias emergentes, encontrando a atividade da educação como veículo de sua mobilidade social. Nasce a SBI dessa perspectiva. Surge do idealismo dos condes pedagogos, ciosos da sua aristocracia do espírito. Os Condes Mendes de Almeida, Fernando e Candido, o Conde de Afonso Celso, o de Ouro Preto, o Conde Carlos de Laet, todos enobrecidos pelo papado, no reconhecimento do trabalho pela defesa da Igreja que realizavam, multiplamente, os idealizadores da Sociedade Brasileira de lnstrução.
O pioneirismo permanente
Fidelidade, de saída e nunca desmentido pela exploração das Ciências Sociais. Algumas vezes, inclusive, sem que, sequer, se conhecesse no país a sua designação. Data de 1919 o propósito de se criar uma Faculdade de Ciências Políticas no país quando, só nos 60, essa nomenclatura típica de uma visão anglo-saxônica e do campus americano prosperava e definia um novo padrão de desempenho e especialização científica entre nós. Criada a primeira Faculdade de Economia e Contabilidade Superior no país, junto com a Álvares Penteado em São Paulo, mantivemos, até o fim do Varguismo, o papel de provedores do currículo final dessas disciplinas. Pressentimos o estudo científico do poder a, finalmente, se transformar na primeira pós-graduação de Ciência Política no país em 67, a que se somava a de Sociologia no mesmo grau de exigência acadêmica. Ideamos, como Clark Kerr, a multiversidade, não o perfil clássico e pobre dos estudos apinhados num campus único. Pensamos num padrão nítido e contido da nossa oferta básica de Ciências Sociais - Direito, Economia, Administração, Contabilidade Superior, Pedagogia - na sua matriz da Praça XV.
A multiversidade e o gigantismo estudantil
Moveu-nos a idéia de reproduzir esse mesmo módulo de excelência e tradição, bateado há mais de meio século, a outras áreas do espaço do Rio de Janeiro. Reproduzimo-lo em Ipanema, oferecendo outra opção de ensino em área tradicionalmente delimitada entre a tarefa da PUC e da Santa Úrsula. Continuamos com o implante em Campos e em Friburgo. Presidiria toda a expansão a idéia de se criar um primeiro espaço didático privado, a cobrir progressivamente toda a dimensão do Estado. Tratava-se, ao mesmo tempo, de evitar as tristes migrações, estudando dentro do Rio de Janeiro com o risco, muitas vezes, de cortar na flor - com a falta de volta à terra matriz - vocações, no Norte ou no Centro Fluminense, capazes de dar o melhor de si, se retomassem, de fato, ao meio em que despontaram.
O pré-IUPERJ e o Museu Comercial
Nos Estatutos abrangentes não quisemos apenas, de logo, ser a Casa tradicional, de estrito ensino e preleção. Muito antes do atual preceito constitucional, dávamos a prova prática de que a plena atividade de educação envolveria, ao mesmo tempo, ensino, pesquisa e extensão. Esta, a praticamos desde entre as duas guerras mundiais, criando o Museu Comercial, disseminando as amostras de novos artefatos da industrialização - menina e criando, com as montras, o serviço de disseminação das nossas excelências no Prata. Ganhou o Museu Comercial o grande prêmio latino - americano de comércio exterior pela qualidade das vitrines que enviou a Montevidéu, às vésperas do primeiro centenário da independência.
Ao se criar a Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas em 02 de junho de 1919 - primeiro ramo já da nossa trajetória universitária - , assentava-se o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. Plantava-se a semente, de forma profética. Entendiam os fundadores que de nada adiantaria a formalidade da transmissão do conhecimento, sem o choque da experimentação num país acostumado à exaustiva reprodução dos modelos de além-mar e ao disfarce apelintrado da realidade, em que se apoiava. Insistimos na promessa e na teima do que veio a ser, em 1963, a concretização, sob a mesma sigla, da primeira organização privada de pesquisa em Ciências Sociais, que é a da nossa Casa das excelências, hoje, na Rua da Matriz.
A côngrua e o serviço pelo custo
Uma "idéia de obra", pois - medula mesma do que seja a persona institucional -, decanta-se neste quarto de século; no que, em querendo, criamos, em marcas já que transcendem as paredes da Casa. Sem saber inventamos, por exemplo, a economia dos chamados "serviços pelo custo", que vem finalmente, a partir de 1972, a se transformar no padrão das mensalidades escolares e do lucro controlado de um empresário essencialmente social como o do ensino.
Meio século após, o bom senso governamental levava à norma a prática dos fundadores da SBI, a fazer jus ao fim do mês quase côngrua a divisão do cobrado quase simbolicamente do aluno pelo número efetivo de assistentes às aulas despojadas.
Lutando contra o inverno da polêmica
No fio do dizer, não calamos no autoritarismo, buscamos o engenho contra o inverno da polêmica que emudeceu o Brasil, seu debate e suas franquias de espírito, a partir de 64. Durante o negror dos Atos institucionais, pôde a Candido Mendes convidar diversos pensadores internacionais, manter em dia a inquietação do conhecer brasileiro e rasgar-lhe as exigências do humanismo. Arnold Toynbee, Gunnar Myrdal, o juiz Douglas, Edgar Morin, Bob Kennedy, Paul Rosenstein-Rodan, Georges Lavau, Everet Hagen, Samuel Huntington, Alex lnkeles, Talcott Parsons, todos, proto-personas deram-nos a sua palavra e o rumo dos seus conheceres, num país emudecido. Na década que se inicia 64 recrutávamos,anualmente, maior número de vozes do mundo que todo conjunto dos demais campi brasileiros.
Enfrentava-se a nacionalidade tecnocrática e suas sanções a bem das ideologias pasteurizadas. Não tínhamos verbas nem subsídios a receber dos orçamentos governamentais, tal como, neste mesmo limite, podíamos - Heleno Fragoso à frente - acolher nas nossas cátedras grandes vozes da universidade pública, cassados ou reduzidos ao silêncio nas suas matrizes de origem.
A casa feroz das suas liberdades
São dez décadas de uma velha paixão pela excelência que se guarnecem de uma fatura quase de educadores excêntricos, ou de devotos da sua exclusiva convicção do que seja o melhor serviço. Na sua premonição, ou na teima dos valores do passado, nos cursos e teores do aprendizado oferecido, mantivemos o Direito Romano e abrimos os primeiros cursos de Direito Público Econômico. Insistimos na Deontologia Jurídica e implantamos o primeiro curso de Prática Forense - o FUCAM -, antes das práticas dos exames de ordem e das castrações uniformizadoras da OAB.
Casa feroz na sua sede de liberdade; dos velhos, sem medo das aposentadorias compulsórias da carreira didática, tratada com preferência e ineditismo, no Rio de Janeiro, à margem dos favores ou das benesses do dono. Casa da comunidade e não da ação-entre-amigos. Feroz nas suas crenças e na verdade intransitiva de uma paixão e de um donaire tão altivo como pobre, no que herdamos, nesta faina e nesta obsessão, de Candido Mendes Sênior (l902-1939) e de Candido Mendes Júnior (1939-1962).
Candido Mendes
07 setembro 2007
"How we know that Paul Bremer would have been a great trial lawyer
This Thursday the NYTimes published a piece by Paul Bremer, linked above, that could have appeared in a satyrical magazine under the heading "How we know that Paul Bremer would have been a great trial lawyer." You don't really need to read his self serving and tedious argument about the disastrous handling of Iraqi security, but it is worth summarizing them:
First, the Iraqi army was not dismantled. Second, someone else did it, not me. Third, I was following orders. And fourth, it was the right thing to do.
First, the Iraqi army was not dismantled. Second, someone else did it, not me. Third, I was following orders. And fourth, it was the right thing to do.
13 julho 2007
Perseguição stalinista anti-corintiana
Procuradores da república tomam partido da KGB em sua perseguição contra o dono do Corinthians. Decretam prisão do asilado político Berezovski e de seu laranja Kia, seguindo acusações dos policiais da KGB que hoje dominam o Kremlin. Enquanto isso, centenas de peemedebistas e outros ladrões continuam soltos no congresso. Leiam a notícia na Folha de S. Paulo (exige assinatura) ou no Estadão:
http://www.estadao.com.br/esportes/futebol/noticias/2007/jul/12/180.htm
Veja também a defesa dos acusados para os jornais ingleses:
Russia moved closer to getting its hands on President Vladimir Putin's arch foe, Boris Berezovsky, yesterday after a Brazilian judge issued a warrant for the London-based billionaire's arrest on money laundering charges. (...) Mr Berezovsky swiftly denied the allegations.
"I have no doubt that the Brazilian story is an extension of the Kremlin's politicised campaign against me," he said.
http://www.estadao.com.br/esportes/futebol/noticias/2007/jul/12/180.htm
Veja também a defesa dos acusados para os jornais ingleses:
Russia moved closer to getting its hands on President Vladimir Putin's arch foe, Boris Berezovsky, yesterday after a Brazilian judge issued a warrant for the London-based billionaire's arrest on money laundering charges. (...) Mr Berezovsky swiftly denied the allegations.
"I have no doubt that the Brazilian story is an extension of the Kremlin's politicised campaign against me," he said.
Carta à Folha de S. Paulo
Prezados,
O argumento apresentado no artigo "A disfuncionalidade da universidade pública" pelo Prof Dagnino é contraditório e usa dados falsos.
Segundo o autor, "a universidade acompanha uma tendência mundial em que 70% do gasto em pesquisa é privado (deste, 70% é realizado por multinacionais)". Essa afirmação é errônea. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 60% dos fundos para pesquisa realizada em universidades vêm do governo federal (dados obtidos no documento National Patterns of R&D Resources: 2004 Data Update, NSF 06-327 | September 2006, disponível em http://www.nsf.gov/statistics/nsf06327/). No Brasil a fração dos fundos de pesquisa provenientes de fontes governamentais é muito maior.
Porém, caso fosse verdadeira, a afirmação feita pelo autor serviria para contradizer o argumento principal do artigo, que pode ser resumido usando suas próprias palavras:
"a universidade periférica não serve nem à elite econômica e política, que a ocupa e controla, nem ao que se vem chamando de movimentos sociais (...) "disfuncionalidade", que se traduz no fato de as empresas hoje pouco demandarem conhecimento localmente produzido..."
As duas afirmações centrais do artigo, que 1) a universidade não serve aos interesses do setor privado; e 2) é o setor privado que financia a pesquisa na universidade, estão em flagrante contradição. Adicionalmente, a afirmação de que estamos numa "economia que cresce sem empregar" é falsa, como sabem os leitores do noticiário econômico dessa Folha.
Numa coisa o autor tem porém razão: as "elites" que se interessam pela manutenção do modelo de universidade pública vigente são mesmo os burocratas encastelados em seus feudos departamentais. A exemplo do Dr Dagnino, esses intelectuais se acomodam em repetir disparates evidentes em jargão pseudomarxista, em lugar de se dedicar ao trabalho sério de realizar estudos que tenham relevância para o progresso da ciência ou para o povo brasileiro.
Sinceramente,
Felipe Pait
R Paulistânia 520-131
05440-001 S Paulo SP
3813-4946
O argumento apresentado no artigo "A disfuncionalidade da universidade pública" pelo Prof Dagnino é contraditório e usa dados falsos.
Segundo o autor, "a universidade acompanha uma tendência mundial em que 70% do gasto em pesquisa é privado (deste, 70% é realizado por multinacionais)". Essa afirmação é errônea. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 60% dos fundos para pesquisa realizada em universidades vêm do governo federal (dados obtidos no documento National Patterns of R&D Resources: 2004 Data Update, NSF 06-327 | September 2006, disponível em http://www.nsf.gov/statistics/nsf06327/). No Brasil a fração dos fundos de pesquisa provenientes de fontes governamentais é muito maior.
Porém, caso fosse verdadeira, a afirmação feita pelo autor serviria para contradizer o argumento principal do artigo, que pode ser resumido usando suas próprias palavras:
"a universidade periférica não serve nem à elite econômica e política, que a ocupa e controla, nem ao que se vem chamando de movimentos sociais (...) "disfuncionalidade", que se traduz no fato de as empresas hoje pouco demandarem conhecimento localmente produzido..."
As duas afirmações centrais do artigo, que 1) a universidade não serve aos interesses do setor privado; e 2) é o setor privado que financia a pesquisa na universidade, estão em flagrante contradição. Adicionalmente, a afirmação de que estamos numa "economia que cresce sem empregar" é falsa, como sabem os leitores do noticiário econômico dessa Folha.
Numa coisa o autor tem porém razão: as "elites" que se interessam pela manutenção do modelo de universidade pública vigente são mesmo os burocratas encastelados em seus feudos departamentais. A exemplo do Dr Dagnino, esses intelectuais se acomodam em repetir disparates evidentes em jargão pseudomarxista, em lugar de se dedicar ao trabalho sério de realizar estudos que tenham relevância para o progresso da ciência ou para o povo brasileiro.
Sinceramente,
Felipe Pait
R Paulistânia 520-131
05440-001 S Paulo SP
3813-4946
03 julho 2007
Proposta de regimento de pós-graduação da USP
Recebi de um colega a proposta da pró-reitoria de pós-graduação para o novo regimento da USP para a pós-graduação, documento que já foi discutido em uma primeira reunião na CPG/EPUSP. Abaixo segue uma mensagem que enviei aos colegas sobre o assunto. A proposta me parece absolutamente desastrosa. Embora esse tipo de literatura não seja exatamente do meu agrado, estou achando bom levantar o assunto porque imagino que muitos colegas tenham uma opinião parecida com a minha. Então ponho no blog. A proposta mesmo não diz nada que mereça uma leitura mais demorada, o que ela não diz é o mais esclarecedor.
Prezados,
A proposta omite vários aspectos fundamentais, dos quais vou dar quatro exemplos.
1 - Idioma. A proposta aparentemente reconhece a importância do intercâmbio internacional, assunto do Capítulo 3 Título 5. Um obstáculo à cooperação internacional é o idioma da redação de teses e dissertações. A maioria das universidades bem sucedidas internacionalmente têm tendido à flexibilização nesse ponto. Os argumentos contra a aceitação de outras línguas são quase todos irrelevantes, e o maior cuidado deve ser aceitar apenas línguas que não diminuam significativamente o universo de pesquisadores habilitados a avaliar as contribuições. Proponho a seguinte redação:
"Serão aceitas teses e dissertações nas quatro línguas mais difundidas nos meios acadêmicos do continente americano, a saber, português, inglês, espanhol, e francês. Quando apropriado serão aceitas também nas línguas indígenas nativas do Brasil."
A segunda frase me parece o mínimo absoluto que a pós-graduação da USP pode fazer pela inclusão de membros de etnias que têm difícil acesso à universidade. As exigências de que o candidato "estrangeiro" demonstre proficiência em português e de que as teses em dupla titulação sejam redigidas em português são especialmente disparatadas.
2 - Procedimento para queixas e solução de disputas. A proposta não contempla um procedimento oficial para queixas e solução de problemas. Devemos lembrar que na pós graduação o poder dos orientadores sobre os estudantes é quase absoluto. Em raros casos ocorre a percepção de que há abuso desse poder. Não imagino que as queixas seriam freqüentes, mas a simples possibilidade de recurso a uma "ouvidoria" iria contribuir muito para que o sistema seja visto como imparcial e justo por todos os integrantes, o que atualmente não é o caso.
3 - Liberdade de expressão. Não há no documento nenhuma menção à liberdade de expressão, que é o valor principal da academia. Talvez para alguns colegas nas áreas científicas e de engenharia esse conceito possa parecer remoto, porém existem muitos relatos de trabalhos de pós-graduação que foram prejudicados por contrariarem os dogmas vigentes em um ou outro departamento ou subárea do conhecimento. Formalmente acho que esses casos seriam discutidos em uma ouvidoria como a mencionada acima, mas é absolutamente indispensável que a regimento da pós-graduação afirme o comprometimento do programa com a autonomia da investigação acadêmica.
4 - Integridade e ética. O regimento tem que conter um compromisso com a integridade e ética na investigação científica, repudiando o plágio, a coação das investigações, experimentos anti-éticos com seres humanos, entre outros pontos. O silêncio da proposta de regimento em relação à ética é ensurdecedor.
Talvez o maior problema com o regimento proposto é que ele mantém e aprofunda o sistema de órgãos, conselhos, colegiados, comissões, e outras estruturas burocráticas embricadas com funções semelhantes. Isso leva a procedimentos pouco ágeis que emperram o trabalho intelectual, e cria para o corpo docente tarefas e reuniões pouco profícuas. Tanto no conteúdo como na forma da redação, o documento se aprofunda em engendrar instâncias burocráticas, em lugar de estabelecer uma base administrativa para o desenvolvimento intelectual. Para aqueles, que como quase todos os colegas que conheço, acreditam que a excessiva burocratização dos diplomas regimentais é o maior óbice estatutário à consecução das atividades-fim da universidade, a proposta vai se mostrar como um enorme passo para trás.
Para terminar, na linguagem acadêmica corrente as palavras "tese" e "dissertação" são usadas intercambiavelmente. A distinção entre "dissertação de mestrado" e "tese de doutorado" (ou seria o oposto?) é pedante. Adicionalmente, o índice nas páginas I a V está completamente errado.
Sinceramente,
F Pait
Who might have guessed that on 2 Jul 2007, around 10:03 AM, Roberto Moura Sales would write:
Prezados Professores do PTC,
O arquivo anexo contém a proposta da pró-reitoria de pós-graduação para o novo regimento da USP para a pós-graduação.
Este documento já foi discutido em uma primeira reunião na CPG/EPUSP. Vários pontos foram levantados e
serão levados pelo Prof. Paulo Miyagi nas próximas reuniões do Conselho de Pós-Graduação.
Solicito que me enviem seus comentários. A próxima reunião da CPG/EPUSP será no dia 20/08.
Roberto Moura Sales.
Prezados,
A proposta omite vários aspectos fundamentais, dos quais vou dar quatro exemplos.
1 - Idioma. A proposta aparentemente reconhece a importância do intercâmbio internacional, assunto do Capítulo 3 Título 5. Um obstáculo à cooperação internacional é o idioma da redação de teses e dissertações. A maioria das universidades bem sucedidas internacionalmente têm tendido à flexibilização nesse ponto. Os argumentos contra a aceitação de outras línguas são quase todos irrelevantes, e o maior cuidado deve ser aceitar apenas línguas que não diminuam significativamente o universo de pesquisadores habilitados a avaliar as contribuições. Proponho a seguinte redação:
"Serão aceitas teses e dissertações nas quatro línguas mais difundidas nos meios acadêmicos do continente americano, a saber, português, inglês, espanhol, e francês. Quando apropriado serão aceitas também nas línguas indígenas nativas do Brasil."
A segunda frase me parece o mínimo absoluto que a pós-graduação da USP pode fazer pela inclusão de membros de etnias que têm difícil acesso à universidade. As exigências de que o candidato "estrangeiro" demonstre proficiência em português e de que as teses em dupla titulação sejam redigidas em português são especialmente disparatadas.
2 - Procedimento para queixas e solução de disputas. A proposta não contempla um procedimento oficial para queixas e solução de problemas. Devemos lembrar que na pós graduação o poder dos orientadores sobre os estudantes é quase absoluto. Em raros casos ocorre a percepção de que há abuso desse poder. Não imagino que as queixas seriam freqüentes, mas a simples possibilidade de recurso a uma "ouvidoria" iria contribuir muito para que o sistema seja visto como imparcial e justo por todos os integrantes, o que atualmente não é o caso.
3 - Liberdade de expressão. Não há no documento nenhuma menção à liberdade de expressão, que é o valor principal da academia. Talvez para alguns colegas nas áreas científicas e de engenharia esse conceito possa parecer remoto, porém existem muitos relatos de trabalhos de pós-graduação que foram prejudicados por contrariarem os dogmas vigentes em um ou outro departamento ou subárea do conhecimento. Formalmente acho que esses casos seriam discutidos em uma ouvidoria como a mencionada acima, mas é absolutamente indispensável que a regimento da pós-graduação afirme o comprometimento do programa com a autonomia da investigação acadêmica.
4 - Integridade e ética. O regimento tem que conter um compromisso com a integridade e ética na investigação científica, repudiando o plágio, a coação das investigações, experimentos anti-éticos com seres humanos, entre outros pontos. O silêncio da proposta de regimento em relação à ética é ensurdecedor.
Talvez o maior problema com o regimento proposto é que ele mantém e aprofunda o sistema de órgãos, conselhos, colegiados, comissões, e outras estruturas burocráticas embricadas com funções semelhantes. Isso leva a procedimentos pouco ágeis que emperram o trabalho intelectual, e cria para o corpo docente tarefas e reuniões pouco profícuas. Tanto no conteúdo como na forma da redação, o documento se aprofunda em engendrar instâncias burocráticas, em lugar de estabelecer uma base administrativa para o desenvolvimento intelectual. Para aqueles, que como quase todos os colegas que conheço, acreditam que a excessiva burocratização dos diplomas regimentais é o maior óbice estatutário à consecução das atividades-fim da universidade, a proposta vai se mostrar como um enorme passo para trás.
Para terminar, na linguagem acadêmica corrente as palavras "tese" e "dissertação" são usadas intercambiavelmente. A distinção entre "dissertação de mestrado" e "tese de doutorado" (ou seria o oposto?) é pedante. Adicionalmente, o índice nas páginas I a V está completamente errado.
Sinceramente,
F Pait
Who might have guessed that on 2 Jul 2007, around 10:03 AM, Roberto Moura Sales would write:
Prezados Professores do PTC,
O arquivo anexo contém a proposta da pró-reitoria de pós-graduação para o novo regimento da USP para a pós-graduação.
Este documento já foi discutido em uma primeira reunião na CPG/EPUSP. Vários pontos foram levantados e
serão levados pelo Prof. Paulo Miyagi nas próximas reuniões do Conselho de Pós-Graduação.
Solicito que me enviem seus comentários. A próxima reunião da CPG/EPUSP será no dia 20/08.
Roberto Moura Sales.
17 maio 2007
Supremo quer soltar seqüestrador que tem diploma de advogado
Deu no Estadão hoje. Sem comentários.
17 de maio de 2007 - 10:59
Em SP, acusado de seqüestro pode ir morar do lado da vítima
Supremo admite hipótese de prisão domiciliar para advogado, vizinho de garoto que ficou 63 dias em cativeiro; destino do advogado será dado por juiz de Arujá
Marcelo Godoy
SÃO PAULO - O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu a possibilidade de o advogado Ademilson Alves de Brito responder em prisão domiciliar ao processo em que é acusado de seqüestro. A decisão foi tomada na terça-feira, 15, mas talvez o que os ministros do Supremo talvez não soubessem é que Brito é vizinho da família de Lucas, de 6 anos, cujo seqüestro em 2006 foi tramado, segundo a polícia, pelo advogado.
“Sempre acreditei na Justiça. Vou até o fim. Certamente o ministro não tinha conhecimento de que ele era nosso vizinho”, afirmou o comerciante Robson José da Silva, pai do menino Lucas. Quando soube da decisão da Justiça, Silva afirmou que “não sentiu mais o chão” sob os seus pés. Ele e a família do advogado moram no mesmo condomínio de luxo na cidade de Arujá, na Grande São Paulo. “A volta dele para cá só significa uma coisa: o crime compensa.”
O filho do comerciante passou 63 dias em cativeiro nas mãos de seqüestradores. Os bandidos queriam R$ 3 milhões do comerciante Robson José da Silva. Dois dias depois de o menino ser levado, o advogado apareceu na casa dos Silva. Gabando-se da qualidade de “advogado do PCC”, o Primeiro Comando da Capital, Brito tentou convencer o pai de Lucas que o crime era “coisa de profissionais”. Foi mais longe: afirmou que um resgate como o do menino não saía por menos de R$ 150 mil.
Preso pela polícia, o advogado foi enviado à Cadeia Pública de Barueri. Por meio de seus advogados, Brito entrou com um pedido de habeas-corpus dizendo que as instalações da cadeia eram indignas de uma pessoa registrada na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como ele. De fato, o Estatuto do Advogado garante a eles o direito a prisão especial enquanto esperam o julgamento dos crimes de que são acusados.
Em São Paulo, o pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça. Insatisfeito, Brito recorreu e viu mais uma vez seu pedido ser negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Novo recurso e, desta vez, o pedido foi parar nas mãos do ministro Sepúlveda Pertence, do STF, que relatou o caso. Este decidiu conceder ao advogado o direito da prisão domiciliar, mas fez uma ressalva: desde que não exista cela de estado-maior para abrigar o advogado. A decisão foi seguida pelos demais integrantes da 2ª Turma do STF.
Cabe agora ao juiz de Arujá decidir para onde o advogado será mandado. Caso não encontre a tal cela de estado-maior, o advogado voltará a ser vizinho da família de Lucas. Além do advogado, outras 13 pessoas acusadas de participar do seqüestro foram presas pela polícia.
Durante o tempo em que esteve em poder dos seqüestradores, Lucas foi mantido em dois cativeiros. No primeiro deles, ficou com outra vítima do bando. Transferido para uma casa em Guaianases, na zona leste de São Paulo, Lucas era vigiado o tempo todo pelos bandidos. O menino não sabia que havia sido seqüestrado, pois os bandidos diziam que seus pais haviam ido viajar e logo voltariam. Lucas havia sido levado pelos bandidos em 7 de maio quando ia para a escola. Os bandidos fecharam o carro dirigido por um irmão da vítima. Ele completou 6 anos no cativeiro.
17 de maio de 2007 - 10:59
Em SP, acusado de seqüestro pode ir morar do lado da vítima
Supremo admite hipótese de prisão domiciliar para advogado, vizinho de garoto que ficou 63 dias em cativeiro; destino do advogado será dado por juiz de Arujá
Marcelo Godoy
SÃO PAULO - O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu a possibilidade de o advogado Ademilson Alves de Brito responder em prisão domiciliar ao processo em que é acusado de seqüestro. A decisão foi tomada na terça-feira, 15, mas talvez o que os ministros do Supremo talvez não soubessem é que Brito é vizinho da família de Lucas, de 6 anos, cujo seqüestro em 2006 foi tramado, segundo a polícia, pelo advogado.
“Sempre acreditei na Justiça. Vou até o fim. Certamente o ministro não tinha conhecimento de que ele era nosso vizinho”, afirmou o comerciante Robson José da Silva, pai do menino Lucas. Quando soube da decisão da Justiça, Silva afirmou que “não sentiu mais o chão” sob os seus pés. Ele e a família do advogado moram no mesmo condomínio de luxo na cidade de Arujá, na Grande São Paulo. “A volta dele para cá só significa uma coisa: o crime compensa.”
O filho do comerciante passou 63 dias em cativeiro nas mãos de seqüestradores. Os bandidos queriam R$ 3 milhões do comerciante Robson José da Silva. Dois dias depois de o menino ser levado, o advogado apareceu na casa dos Silva. Gabando-se da qualidade de “advogado do PCC”, o Primeiro Comando da Capital, Brito tentou convencer o pai de Lucas que o crime era “coisa de profissionais”. Foi mais longe: afirmou que um resgate como o do menino não saía por menos de R$ 150 mil.
Preso pela polícia, o advogado foi enviado à Cadeia Pública de Barueri. Por meio de seus advogados, Brito entrou com um pedido de habeas-corpus dizendo que as instalações da cadeia eram indignas de uma pessoa registrada na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como ele. De fato, o Estatuto do Advogado garante a eles o direito a prisão especial enquanto esperam o julgamento dos crimes de que são acusados.
Em São Paulo, o pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça. Insatisfeito, Brito recorreu e viu mais uma vez seu pedido ser negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Novo recurso e, desta vez, o pedido foi parar nas mãos do ministro Sepúlveda Pertence, do STF, que relatou o caso. Este decidiu conceder ao advogado o direito da prisão domiciliar, mas fez uma ressalva: desde que não exista cela de estado-maior para abrigar o advogado. A decisão foi seguida pelos demais integrantes da 2ª Turma do STF.
Cabe agora ao juiz de Arujá decidir para onde o advogado será mandado. Caso não encontre a tal cela de estado-maior, o advogado voltará a ser vizinho da família de Lucas. Além do advogado, outras 13 pessoas acusadas de participar do seqüestro foram presas pela polícia.
Durante o tempo em que esteve em poder dos seqüestradores, Lucas foi mantido em dois cativeiros. No primeiro deles, ficou com outra vítima do bando. Transferido para uma casa em Guaianases, na zona leste de São Paulo, Lucas era vigiado o tempo todo pelos bandidos. O menino não sabia que havia sido seqüestrado, pois os bandidos diziam que seus pais haviam ido viajar e logo voltariam. Lucas havia sido levado pelos bandidos em 7 de maio quando ia para a escola. Os bandidos fecharam o carro dirigido por um irmão da vítima. Ele completou 6 anos no cativeiro.
15 maio 2007
Frases do Lula
Vamos falar bem do Lula. Melhor ainda, vamos deixar ele falar.
1 - "Algumas categorias ficam 40, 60, 80, 100 dias de greve e recebem pagamentos. Isso pode ser greve? Não. Isso é férias, na minha visão sindical. O servidor público não tem patrão e o prejudicado é o povo brasileiro".
2 - "A pergunta não é se é contra ou a favor [do aborto]. A pergunta é: a mulher deve ser presa? Deve morrer?"
3 - "As obras precisam sair e o Brasil precisa delas. Porém, as obras vão sair com responsabilidade ao meio ambiente, isso porque o País quer crescer economicamente, mas também quer cuidar do seu meio ambiente".
4 - "Esse prejuízo é só uma gota d'água nas contas da Petrobrás. Não compensa brigar pelo valor mais justo com a Bolívia. Não vamos criar mais confusão porque o Brasil quer US$ 10 milhões a mais e a Bolívia quer US$ 10 milhões a menos." Diante do previsível fracasso do modelo nacionalista estatizante boliviano, o presidente cuidou para que a venda das refinarias fosse feita de um jeito que 'não transformasse o governo Lula em bode expiatório'.
As frases acima saíram na imprensa na última semana. Em cada um dos casos, o Lula é o lado sensato do debate. A gente pode continuar reclamando, mas a verdade é que podia ser bem pior.
1 - "Algumas categorias ficam 40, 60, 80, 100 dias de greve e recebem pagamentos. Isso pode ser greve? Não. Isso é férias, na minha visão sindical. O servidor público não tem patrão e o prejudicado é o povo brasileiro".
2 - "A pergunta não é se é contra ou a favor [do aborto]. A pergunta é: a mulher deve ser presa? Deve morrer?"
3 - "As obras precisam sair e o Brasil precisa delas. Porém, as obras vão sair com responsabilidade ao meio ambiente, isso porque o País quer crescer economicamente, mas também quer cuidar do seu meio ambiente".
4 - "Esse prejuízo é só uma gota d'água nas contas da Petrobrás. Não compensa brigar pelo valor mais justo com a Bolívia. Não vamos criar mais confusão porque o Brasil quer US$ 10 milhões a mais e a Bolívia quer US$ 10 milhões a menos." Diante do previsível fracasso do modelo nacionalista estatizante boliviano, o presidente cuidou para que a venda das refinarias fosse feita de um jeito que 'não transformasse o governo Lula em bode expiatório'.
As frases acima saíram na imprensa na última semana. Em cada um dos casos, o Lula é o lado sensato do debate. A gente pode continuar reclamando, mas a verdade é que podia ser bem pior.
24 março 2007
Universidade se projeta em verdadeira grandeza
Deu no informativo ADUSP número 231, sob o título
"Universidade(?) Nova"
A máfia sindical universitária projetou-se em verdadeira grandeza. Perverso, para a a ADUSP, é que os alunos se formem. O bom é a picaretagem atual, onde a sociedade paga os salários de uma corja enorme de professores, a universidade finge que oferece muitas vagas, mas apenas uma pequena porcentagem dos alunos se formam.
Por exemplo, na engenharia civil da Poli o percentual de alunos formados, em relação às vagas oferecidas, é de menos de 30%. Os cursos de licenciatura nas ciências tem porcentagens minúsculas. Em certas áreas das humanidades, prefiro nem saber. Taxas de graduação altas não são raras - pelo menos não nas universidades de bom nível. 98% dos alunos de Harvard se formam em 6 anos. 10% de alunos se formando é para curso de manicure.
Os professores de primário, ginásio, e colégio (se já voltaram os milréis, porque não voltam os nomes tradicionais?) até que têm explicações para a má qualidade de ensino: falta de recursos, alunos mal preparados, salários baixos, por aí afora. A Universidade de São Paulo não - ela pode escolher os melhores estudantes de São Paulo. Se eles não se formam, é porque os cursos são irrelevantes.
"Universidade(?) Nova"
Sob a alegação de contrapor-se à evasão de estudantes e evitar a especialização precoce, o Plano “Universidade Nova” do MEC propõe um “Bacharelado Interdisciplinar” de três anos. Os efeitos perversos dessa proposta, um ataque à autonomia universitária, que só pode ser desfechado com anuência dos reitores, estão claros a partir das metas propostas até 2012: dobrar a relação estudante/professor e atingir 90% de taxa de conclusão média dos cursos de graduação. O cumprimento de metas deste tipo é condição para o financiamento da instituição, a ser avaliado anualmente pelo MEC.
Confirmam-se assim nossas piores previsões. Não é possível manter o tripé ensino-pesquisa-extensão com razões altas estudante/professor e taxas de conclusão de 90% não são usuais em universidades. Escolões com progressão continuada?
A máfia sindical universitária projetou-se em verdadeira grandeza. Perverso, para a a ADUSP, é que os alunos se formem. O bom é a picaretagem atual, onde a sociedade paga os salários de uma corja enorme de professores, a universidade finge que oferece muitas vagas, mas apenas uma pequena porcentagem dos alunos se formam.
Por exemplo, na engenharia civil da Poli o percentual de alunos formados, em relação às vagas oferecidas, é de menos de 30%. Os cursos de licenciatura nas ciências tem porcentagens minúsculas. Em certas áreas das humanidades, prefiro nem saber. Taxas de graduação altas não são raras - pelo menos não nas universidades de bom nível. 98% dos alunos de Harvard se formam em 6 anos. 10% de alunos se formando é para curso de manicure.
Os professores de primário, ginásio, e colégio (se já voltaram os milréis, porque não voltam os nomes tradicionais?) até que têm explicações para a má qualidade de ensino: falta de recursos, alunos mal preparados, salários baixos, por aí afora. A Universidade de São Paulo não - ela pode escolher os melhores estudantes de São Paulo. Se eles não se formam, é porque os cursos são irrelevantes.
16 março 2007
Não sou eu que estou dizendo
Deu nos jornais nos idos de março: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que utilizou os critérios da competência e da capacidade para definir os ministros da Educação e da Saúde:
"Eu acho que tem duas coisas que são fundamentais no Brasil: educação e saúde. A gente não brinca, a gente não partidariza e a gente monta o governo com as pessoas que têm competência, com as pessoas que têm capacidade de montar um bom governo, porque, na saúde, se você brincar, é morte; na educação, se você brincar, é analfabeto".
Segundo a Folha de S Paulo, Lula deu a declaração ao ser questionado sobre não entregar a Educação ao PT paulista e tampouco dar a Saúde à bancada do PMDB na Câmara. Lula manterá o técnico petista Fernando Haddad na Educação e nomeará para a Saúde o sanitarista José Gomes Temporão. Os ministérios não fundamentais, como a Integração Nacional, a Agricultura, e o Turismo, onde a brincadeira não tem conseqüências, foram partidarizados.
Em resumo, gente do ramo na saúde e educação. O resto tudo um bando de picaretas que querem cargo público para se locupletar e fazer caixa de campanha. Não sou eu que estou dizendo.
"Eu acho que tem duas coisas que são fundamentais no Brasil: educação e saúde. A gente não brinca, a gente não partidariza e a gente monta o governo com as pessoas que têm competência, com as pessoas que têm capacidade de montar um bom governo, porque, na saúde, se você brincar, é morte; na educação, se você brincar, é analfabeto".
Segundo a Folha de S Paulo, Lula deu a declaração ao ser questionado sobre não entregar a Educação ao PT paulista e tampouco dar a Saúde à bancada do PMDB na Câmara. Lula manterá o técnico petista Fernando Haddad na Educação e nomeará para a Saúde o sanitarista José Gomes Temporão. Os ministérios não fundamentais, como a Integração Nacional, a Agricultura, e o Turismo, onde a brincadeira não tem conseqüências, foram partidarizados.
Em resumo, gente do ramo na saúde e educação. O resto tudo um bando de picaretas que querem cargo público para se locupletar e fazer caixa de campanha. Não sou eu que estou dizendo.
06 fevereiro 2007
Gafes da semana
Comentário rápido sobre as gafes de uns políticos no Brasil e no mundo: o deputado Fernando Gabeira dando um escorregão sobre a vida noturna em Brasília, o prefeito Gilberto Kassab com um piadinha de mau gosto sobre a obra do Metrô, o Chirac falando bobagem sobre armas nucleares persas, e o senador e futuro ex-candidato a presidente Joe Biden enrolando a língua ao falar sobre o colega e candidato a vice-presidente Barack Obama.
Só um desses quatro tem o que é preciso para ser presidente de seu país. Dica: ele não é presidente, nem candidato.
E falando em candidato a vice-presidente, o de 2004 quer voltar. Dizem que o J Edwards estava concorrendo a presidente desde que John Kerry perdeu a eleição. Bobagem. Ele estava fazendo sua campanha de 2008 muito antes, desde que Kerry começou a de 2004. Por isso estava muito mais preocupado em se apresentar como bom moço do que em ajudar o colega de partido ser eleito. Perdeu de propósito, mas agora quer voltar.
Só um desses quatro tem o que é preciso para ser presidente de seu país. Dica: ele não é presidente, nem candidato.
E falando em candidato a vice-presidente, o de 2004 quer voltar. Dizem que o J Edwards estava concorrendo a presidente desde que John Kerry perdeu a eleição. Bobagem. Ele estava fazendo sua campanha de 2008 muito antes, desde que Kerry começou a de 2004. Por isso estava muito mais preocupado em se apresentar como bom moço do que em ajudar o colega de partido ser eleito. Perdeu de propósito, mas agora quer voltar.
29 janeiro 2007
The United States should impose a $70 per barrel tax on imports of oil from outside North America.
Last week President Bush, for the nth time, did not propose a serious energy policy in his State of the Union address. Big surprise. So I will do it. You read it here first.
The United States should impose a $70 per barrel tax on imports of oil from outside North America.
Consider the alternatives. One is to do nothing: continue consuming fossil fuels with abandon, and wait for the consequences of global warming. Meanwhile, outsize oil revenues will continue to bankroll *****, both sides of the civil war in Iraq, the genocidal Sudanese regime, and closer to home, the ailing Fidel Castro. Among others. (If you read the newspapers, you know where the bad guys turn to for credit.) So waiting for the problem to go away, or blow up in someone else's hand, does not sound like a very good idea.
Closely related to doing nothing are the uncountable gimmicks which are calculated to hurt no one. A good example appeared in the NYTimes blog http://pipeline.blogs.nytimes.com/ on 22 January. Resynchronize traffic lights, says one. Require trucks to use aerodynamic apparatuses, says another. Fluorescent light bulbs, of course. Regulate the refrigerator and air-conditioner industries, good point. Lower the thermostats, and prohibit idling automobiles in front of schools, on pain of hanging, I myself feel good about saying. All worthwhile suggestions in their own merits, but they do not add up to an energy policy. We can safely dismiss the chances of lowering energy usage without anyone feeling any pain as wishful thinking.
So what could America do? It is hard to impose taxes because of opposition among interests groups directly affected. Because of the energy lobby, politicians are unwilling to create a carbon tax targeted at all sources of greenhouse gas, although it would have a healthy effect on the environment and national security. There is opposition to a gasoline tax from drivers and car companies. Same for fuel economy standards, which in any case are unlikely to have a major impact on total oil usage and prices. Subsidies for alternative energy sources are just that - subsidies for the use of energy. They may increase the use of alternative sources, but will not change the fact that the US uses a lot of fossil fuels.
An import tax on oil is different, politically speaking. First, it will not generate opposition among the domestic oil producers, and it does not single out the auto industry to make efforts towards fuel efficiency. Second, the impact on energy prices will be diffused. Several alternatives to imported oil will step in: domestic, Canadian, and Mexican oil, ethanol from Brazil, and alternative energy sources - including the cheapest and most significant, conservation. Because the US is such a major importer of oil, any decrease in its demand for imports will lower significantly the price of oil in international markets. That will mean less money for tyrants who control most of the oil deposits in the world, in the Arabias, Persia, Russia, Venezuela, and so on. If you complain, we know whose side you are on.
An import tax will increase the price of imported oil to the consumer to some extent, but because alternatives are available, in effect the tax will amount to a transfer of income from oil-producing governments to the US treasury. So third, and most important, it can be explained clearly that it is a national security measure (that happens to have an important environmental benefit). Politically, this would make sense. The extra government revenue should be allocated as across the board tax relief. It will help individuals cope with higher energy costs and companies invest intelligently in alternative sources, unlike subsidies which only encourage more use of energy, although of a different type. And Congress can legislate it without waiting for the lame duck.
What about the obvious drawback that an import tariff goes squarely against the idea of free trade? Let the reader of "The Economist" call it a bad idea whose time has come. Oil is not traded freely in international markets. Nominally at least, prices are controlled by OPEC, a cartel of oil exporting countries. Oil is not regulated by the WTO, oil exporters do not practice free trade, most are not members of WTO, and frankly, let them scream.
A US tax on imports of fossil fuels from outside North America will be good for the environment, and good for world peace.
***** Insert the names of your favorite or least favorite international terrorist groups here. If I do it, Google will censor my blog!
The United States should impose a $70 per barrel tax on imports of oil from outside North America.
Consider the alternatives. One is to do nothing: continue consuming fossil fuels with abandon, and wait for the consequences of global warming. Meanwhile, outsize oil revenues will continue to bankroll *****, both sides of the civil war in Iraq, the genocidal Sudanese regime, and closer to home, the ailing Fidel Castro. Among others. (If you read the newspapers, you know where the bad guys turn to for credit.) So waiting for the problem to go away, or blow up in someone else's hand, does not sound like a very good idea.
Closely related to doing nothing are the uncountable gimmicks which are calculated to hurt no one. A good example appeared in the NYTimes blog http://pipeline.blogs.nytimes.com/ on 22 January. Resynchronize traffic lights, says one. Require trucks to use aerodynamic apparatuses, says another. Fluorescent light bulbs, of course. Regulate the refrigerator and air-conditioner industries, good point. Lower the thermostats, and prohibit idling automobiles in front of schools, on pain of hanging, I myself feel good about saying. All worthwhile suggestions in their own merits, but they do not add up to an energy policy. We can safely dismiss the chances of lowering energy usage without anyone feeling any pain as wishful thinking.
So what could America do? It is hard to impose taxes because of opposition among interests groups directly affected. Because of the energy lobby, politicians are unwilling to create a carbon tax targeted at all sources of greenhouse gas, although it would have a healthy effect on the environment and national security. There is opposition to a gasoline tax from drivers and car companies. Same for fuel economy standards, which in any case are unlikely to have a major impact on total oil usage and prices. Subsidies for alternative energy sources are just that - subsidies for the use of energy. They may increase the use of alternative sources, but will not change the fact that the US uses a lot of fossil fuels.
An import tax on oil is different, politically speaking. First, it will not generate opposition among the domestic oil producers, and it does not single out the auto industry to make efforts towards fuel efficiency. Second, the impact on energy prices will be diffused. Several alternatives to imported oil will step in: domestic, Canadian, and Mexican oil, ethanol from Brazil, and alternative energy sources - including the cheapest and most significant, conservation. Because the US is such a major importer of oil, any decrease in its demand for imports will lower significantly the price of oil in international markets. That will mean less money for tyrants who control most of the oil deposits in the world, in the Arabias, Persia, Russia, Venezuela, and so on. If you complain, we know whose side you are on.
An import tax will increase the price of imported oil to the consumer to some extent, but because alternatives are available, in effect the tax will amount to a transfer of income from oil-producing governments to the US treasury. So third, and most important, it can be explained clearly that it is a national security measure (that happens to have an important environmental benefit). Politically, this would make sense. The extra government revenue should be allocated as across the board tax relief. It will help individuals cope with higher energy costs and companies invest intelligently in alternative sources, unlike subsidies which only encourage more use of energy, although of a different type. And Congress can legislate it without waiting for the lame duck.
What about the obvious drawback that an import tariff goes squarely against the idea of free trade? Let the reader of "The Economist" call it a bad idea whose time has come. Oil is not traded freely in international markets. Nominally at least, prices are controlled by OPEC, a cartel of oil exporting countries. Oil is not regulated by the WTO, oil exporters do not practice free trade, most are not members of WTO, and frankly, let them scream.
A US tax on imports of fossil fuels from outside North America will be good for the environment, and good for world peace.
***** Insert the names of your favorite or least favorite international terrorist groups here. If I do it, Google will censor my blog!
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